domingo, 6 de setembro de 2015

Xingú ou Pandora?


Vi o filme AVATAR duas vezes, e passei um trabalho em seguida, para meus alunos de graduação analisarem a estratégia deste excelente projeto,   que evidencia,em termos  de produção cinematográfica, um divisor de águas, com quebras de paradigmas, e temas que nos fazem pensar. É mandatário frisar que sua amplitude de correlação, ultrapassa os limites da telona, e o próprio Cameron provou isso, ao visitar a volta grande do Rio Xingu, que secará durante boa parte do ano, após o barramento do Rio,para a construção da represa de Belo Monte, pois fica a juzante de suas turbinas. Um impacto ambiental a um custo  de 39 bilhões de reais,enquanto o governo fala em 19 bilhões.Com esta dinheirama toda, e com calma, melhoraríamos ainda mais nossa matriz energética, apoiando projetos diversificados, como os de energia de cogeração,solar, biogás, hidrogênio, e PCHs-pequenas centrais hidrelétricas pelo país afora, sem repetir o modelo centralizador, e pai de todos apagões que Belo Monte representa.

O cineasta de Avatar viajou 12 horas de barco para ver de perto o problema, e fez o que muito brasileiro não faz: se solidarizar com um povo que habita aquele lugar mágico desde épocas imemoriais.

Seria bom que todo cidadão do mundo,  principalmente os formadores de opinião, acessassem o conteúdo disponível em http://tinymrl.com/ykjplsu ou em http://internationalrivers.org/files  sobre as 230 páginas com fundadas  críticas ao EIA –Estudo De Impacto Ambiental- da usina de Belo Monte, feita pelos mais respeitados especialistas doutores - cientistas que tem estudado aquela  região há dezenas de anos.

É importante neste momento, deixar claro que não somos contra  projetos hydropower- por definição, energia obtida pelo uso da energia de rios e cursos d'água.Somos contra o”custe o que custar”eleiçoeiro que esta obra traz, o “tem de acontecer”porque uma de suas mentoras, a ex – ex ministra de Minas e energia  é, agora candidata à presidente.Por conta dos primeiros embates no Planalto, a ex-ministra do meio ambiente da república foi defenestrada do cargo, pois seus questionamentos atrapalhariam a carreirista de plantão.Agora a obra, cuja relação custo benefício não resiste a mais simples análise, estará sendo feita a toque de caixa, como foi o seu EIA RIMA, cujas inconsistências são mostradas neste estudo crítico, com o  “objetivo de evidenciar para a sociedade, as falhas, omissões e lacunas destes estudos(EIAs) e com o elevado objetivo de subsidiar um processo decisão, que se esperava fosse pautado pelo debate público - sério e democrático”. Todavia, segundo ao instituições que trabalharam no painel, “o próprio processo de disponibilização do EIA RIMA foi marcado por estranha celeridade, e cheio de atropelos, que se interpuseram ao processo de discussão, limitando-o, secundarizando-o e, assim, desservindo aos avanços já estabelecidos na legislação brasileira”.

Como a arte imita a vida, em Avatar os interesses imediatos e mesquinhos  fizeram alguns senhores do “stabilichment” atacarem e destruírem um povo e seu rico habitat –Pandora, que era o futuro em termos de princípios ativos contra doenças e processos naturais com retornos bilionários  e sem ferir a floresta. Aqui, o Xingu é tudo isso, além de ser nosso e das futuras gerações.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br 

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