“E cada qual no
seu canto/E em cada canto uma dor/”
Cancioneiro
popular
O crescimento
contínuo do consumo de energia e as suas consequências, via de regra negativas
para o ambiente, põem um conjunto de questões que, no mínimo, se poderão
considerar como complexas. Complexas porque se a energia é hoje considerada um dos elementos fundamentais do
desenvolvimento econômico e social de todas as nações, não é menos verdade que
o homem começou, finalmente, a perceber
que a sua disponibilidade está ligada
à todos os aspectos relacionados com o
equilíbrio do meio ambiente.
Falemos sobre
as energias renováveis: são todas as
derivadas do sol – Hidrelétrica, Biomassa, geotérmica, eólica, marés - e estão em franco crescimento em termos de
tecnologia disponível e redução de custo. Já a célula de Hidrogênio e a energia
nuclear, chegam à maturidade tecnológica,e a segunda, em alguns países chega a ser
a mais viável, todavia têm sobre seu uso uma espada de Dêmocles que é o resíduo
perigoso (radiativo por milhares de anos)além da síndrome “Não em meu Quintal”,
pelo medo que as populações nutrem, com toda razão, pelo vazamento radiativo. As pessoas contaminadas mundo afora, pelas sucessivas nuvens radiativas
da usina de Fukushima no Japão, após maremoto seguido de tsunami, são a prova
viva de que os protocolos de segurança, quanto ao uso dessa energia, devem ser
revistos. A meu ver, há possibilidade de se continuar usando as energia nuclear
para diversos fins, desde que com muito maior rigor e segurança.
Também
concordo com a análise de Saraiva-1997, em minha publicação
pela USP em 2000, sobre as questões relacionadas com a produção de qualquer bem
ou serviço, que podem ser sistematizadas recorrendo ao que se denominou de
“tetraedro tecnológico”. Os vértices do
tetraedro são: as matérias primas, a informação, a energia e o ambiente. Da
associação desses fatores resulta um
serviço ou um bem. Há trinta anos o tetraedro se reduzia a um segmento de reta,
entre matérias primas e informação, uma vez que naquela altura o custo
de energia era considerado nulo e os problemas relacionados com as limitações
de suas fontes não eram encarados, senão por alguns “pessimistas”. Há vinte
anos o modelo resumia-se a um triângulo. As questões ambientais
começavam então a ser postas, mas a avaliação dos seus custos reais eram um
“problema para as gerações futuras”. Comentava no texto que, finalmente, aos
poucos, nas últimas duas décadas, delineava-se um tetraedro, com o último
vértice sendo ocupado pela energia a ser consumida durante os processos. Desde
então se impõe responder, que quantidade e que tipo de emergia é exigida, não
só pelo processo produtivo como também
pelo transporte, distribuição e uso do
bem resultante. No Livro “A Vingança de Gaia”, em 2006, o Cientista inglês
James Lovelock preconiza que o
equilíbrio ambiental já foi rompido pelo aquecimento global, e que o mesmo já passou do ponto sem volta. Daí muitos
cientistas passaram a pregar a solução da energia nuclear, sem fazer análise de
risco adequada. Concluo compartilhando da mesma angústia do amigo leitor, sobre os rumos da catástrofe japonesa. E pergunto: com os acontecimentos ocorridos
nas operações de usinas nucleares de Chernobyl a Fukushima, será demais
revermos o uso desta tecnologia?
Jose Carlos Nunes
Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.
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