domingo, 6 de setembro de 2015

Os Lacaios e a Escola

“Ser poeta é quase que divino/Homem, menino./
Ser poeta é viver, matar/Ser Deus,não como o todo-
Poderoso/Jeová./
Ser deus de uma folha de papel,/Com uma caneta./
Ser poeta é ser pateta,/Ser ridículo,um palhaço,/
Ser um eterno apaixonado,/Um desgraçado, um abençoado.”

Gilmar mendes, 17 anos, aluno da quinta série de uma escola pública de Salvador Bahia.

Mendes é negro, pobre, nordestino, sofrendo de uma paralisia cerebral, (esteve fora da escola por isso), mas apareceu com sua poesia na coluna dominical  de Gilberto Dimerstein na folha de SP, e  é  um case porque  para  sua sobrevivência emocional, se apegou à poesia como uma bóia em  mar revolto, já que preso a uma cadeira de rodas, sem recursos, morando em um bairro de periferia da capital baiana dominado pelo tráfico de drogas, não foi aceito durante anos em escolas cujos professores  não sabem ensinar português, quanto mais poesia. E concordo que  é difícil juntar a escola atual à poesia. Escola só é poesia quando os mestres se dão ao ofício como sacerdotes ao altar. Ou como artistas oleiros se dão ao barro. E elas hoje estão um desastre, para os professores e para os alunos. Quem as escolas estão servindo então?

Temos 15 milhões de analfabetos com mais de 15 anos. Isto é meia Argentina, e a preocupação não é só quantitativa. Gente sem educação básica, é gente que não pode ser treinada, e por isso tem baixa renda, e por falta de saber ler e escrever não saberá preservar a saúde ao longo do tempo, baixando a longevidade dela e dos filhos, perpetuando a miséria. Respondo então a questão formulada acima: continuará massa de manobra de políticos vigaristas cujos estados tem os menores índices de desenvolvimento humano como o Maranhão, e Alagoas, Berthold Brech à parte.

Os gênios do PT no MEC soltaram foguetes com a marginal melhora do IDEB-Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Só que não viram que no período que vai da primeira à quarta série-crítica em todo sistema de ensino, numa classificação de 0 à 10, o índice ficou estagnado em 3,5. Mais  do que sofrível. E este indicador mostra que daqui a uma década, mesmo para  os 15% que continuarem os estudos até à universidade, esta lacuna persistirá, pois as faculdades e universidades particulares responsáveis por 75% das formaturas, não conseguirão preencher este vazio da sua formação. Como resultado, infelizmente, haverá um simples diploma que não agregará valor ao cidadão, o qual não conseguirá adquirir conhecimentos, e finalmente estacionará  profissionalmente em sub - empregos.

Já estamos cheios de engenheiros que viraram suco, administradores que  se tornaram motoristas de táxi, de pedagogos garis, num desperdício de capital humano jamais visto. E esta é uma matriz de um futuro de dependência, de países como china,Japão, Coreia do Sul e Índia, além dos EUA e CEE, já que todos levam a sério o ensino, do primário ao superior, e formam engenheiros, administradores e cientistas que fazem parte de um  projeto de nação, feito por patriotas que não vendem, como lacaios, seus países aos interesses de empresas nacionais e multinacionais. Tenho dito.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário