domingo, 6 de setembro de 2015

Xingú ou Pandora?


Vi o filme AVATAR duas vezes, e passei um trabalho em seguida, para meus alunos de graduação analisarem a estratégia deste excelente projeto,   que evidencia,em termos  de produção cinematográfica, um divisor de águas, com quebras de paradigmas, e temas que nos fazem pensar. É mandatário frisar que sua amplitude de correlação, ultrapassa os limites da telona, e o próprio Cameron provou isso, ao visitar a volta grande do Rio Xingu, que secará durante boa parte do ano, após o barramento do Rio,para a construção da represa de Belo Monte, pois fica a juzante de suas turbinas. Um impacto ambiental a um custo  de 39 bilhões de reais,enquanto o governo fala em 19 bilhões.Com esta dinheirama toda, e com calma, melhoraríamos ainda mais nossa matriz energética, apoiando projetos diversificados, como os de energia de cogeração,solar, biogás, hidrogênio, e PCHs-pequenas centrais hidrelétricas pelo país afora, sem repetir o modelo centralizador, e pai de todos apagões que Belo Monte representa.

O cineasta de Avatar viajou 12 horas de barco para ver de perto o problema, e fez o que muito brasileiro não faz: se solidarizar com um povo que habita aquele lugar mágico desde épocas imemoriais.

Seria bom que todo cidadão do mundo,  principalmente os formadores de opinião, acessassem o conteúdo disponível em http://tinymrl.com/ykjplsu ou em http://internationalrivers.org/files  sobre as 230 páginas com fundadas  críticas ao EIA –Estudo De Impacto Ambiental- da usina de Belo Monte, feita pelos mais respeitados especialistas doutores - cientistas que tem estudado aquela  região há dezenas de anos.

É importante neste momento, deixar claro que não somos contra  projetos hydropower- por definição, energia obtida pelo uso da energia de rios e cursos d'água.Somos contra o”custe o que custar”eleiçoeiro que esta obra traz, o “tem de acontecer”porque uma de suas mentoras, a ex – ex ministra de Minas e energia  é, agora candidata à presidente.Por conta dos primeiros embates no Planalto, a ex-ministra do meio ambiente da república foi defenestrada do cargo, pois seus questionamentos atrapalhariam a carreirista de plantão.Agora a obra, cuja relação custo benefício não resiste a mais simples análise, estará sendo feita a toque de caixa, como foi o seu EIA RIMA, cujas inconsistências são mostradas neste estudo crítico, com o  “objetivo de evidenciar para a sociedade, as falhas, omissões e lacunas destes estudos(EIAs) e com o elevado objetivo de subsidiar um processo decisão, que se esperava fosse pautado pelo debate público - sério e democrático”. Todavia, segundo ao instituições que trabalharam no painel, “o próprio processo de disponibilização do EIA RIMA foi marcado por estranha celeridade, e cheio de atropelos, que se interpuseram ao processo de discussão, limitando-o, secundarizando-o e, assim, desservindo aos avanços já estabelecidos na legislação brasileira”.

Como a arte imita a vida, em Avatar os interesses imediatos e mesquinhos  fizeram alguns senhores do “stabilichment” atacarem e destruírem um povo e seu rico habitat –Pandora, que era o futuro em termos de princípios ativos contra doenças e processos naturais com retornos bilionários  e sem ferir a floresta. Aqui, o Xingu é tudo isso, além de ser nosso e das futuras gerações.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br 

Os Novos Refugiados


Fazendo uma releitura do  livro do professor  da Universidade  da Califórnia Jared Diamond “Colapso-como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso”,  quando peço vênia a meus  amigos leitores, para comparar situações que já presenciei - e relato hoje como sobrevivente, do “Vale da morte” em Cubatão- com outras análogas e desesperadoras que estão acontecendo agora no mundo, vividas por centenas de milhares retirantes, fugindo das guerras na Líbia, Síria e  Gaza refém das lideranças  do Hamas atacadas por Israel, além das infindáveis guerras tribais africanas. Com este pano de fundo, reflito sobre a pergunta do autor: “ O que é mais assustador do que o espectro do colapso de uma geração - os restos dos templos abandonados de Anykor Wat, no território de Camboja, das cidades Maias tomadas pelas selvas, ou a vigília sombria das estátuas (Moais) da ilha de Páscoa?”.

Há ainda outro panorama catastrófico sugerido pelo autor: O horror das pestes que se aproximam, na esteira das crises sociais e ambientais, principalmente a gripe aviária e a contaminação pelo vírus ebola. Aliás,  o único país que pode ensinar ao mundo como fazer gestão pós catástrofe é o Japão pós- Fukushima. Um ano após a tragédia e depois de aplicar 1 trilhão de dólares em projetos de reconstrução, o País já estava recuperado do pior. Porém nem sempre é assim: vide o pós-tragédia de Petrópolis e Teresópolis no Rio de Janeiro e  o Pós- Katrina em New Orleans. Aqui, roubaram as  doações aos desesperados, já os americanos, que possuem a melhor logística, as melhores tecnologias, deram aquele  espetáculo de despreparo ... É ou não é para se preocupar? Nosso SUS  não aguenta sequer a  dengue  endêmica, e bancar o nascimento de crianças nas santas casas ao redor do País. Suponhamos uma doença como o ebola,  que em uma semana evolui para uma morbidade de 70% dos casos!

Em Cubatão, nas décadas de 70 e 80, eu, engenheiro, aos 33 anos, na chefia da produção de aço da Cosipa, hoje Usiminas, não tinha a exata noção de tudo aquilo. Mas meus dirigentes tinham. Haviam comprado um equipamento obsoleto francês sem o lavador de benzol -cancerígeno- e esconderam isso da sociedade. Nas favelas  ao lado da fábrica - na vila Parisi, anomalias em fetos (anencefalia) eram noticiadas dentro e fora do País, todavia o ar que respirávamos era o mesmo, e muitas colegas choravam dentro da fábrica ao ficarem grávidas.

E pensar que a recuperação ambiental (embora parcial) daquele polo sídero - petroquímico, e do entorno da serra do mar, por uma equipe multidisciplinar- da qual tive a honra de fazer parte, livrou nosso principal parque industrial de ser, hoje, uma ilha de Páscoa - e as fábricas de lá,  de serem nossos Moais. Nessa  hipótese, nas décadas “perdidas” de 80 e 90, doentes de câncer e refugiados ambientais,  teriam sido retirados  daquele município, correndo dos deslizamentos da serra do mar também sobre demais cidades da baixada e o porto santista. Graças a Deus, e às tecnologias multidisciplinares da Engenharia e  da saúde ambiental da USP, e  Academia brasileira, isto não ocorreu. Que um possível novo governo de oposição, as usem em favor da sociedade no Brasil, para evitar novos quadros de refugiados ambientais e sociais  previstos  na poderosa visão de Jare Diamond.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e presidente Academia de Letras de Uberlândia(ALU)
debatef@debatef.com


Os Lacaios e a Escola

“Ser poeta é quase que divino/Homem, menino./
Ser poeta é viver, matar/Ser Deus,não como o todo-
Poderoso/Jeová./
Ser deus de uma folha de papel,/Com uma caneta./
Ser poeta é ser pateta,/Ser ridículo,um palhaço,/
Ser um eterno apaixonado,/Um desgraçado, um abençoado.”

Gilmar mendes, 17 anos, aluno da quinta série de uma escola pública de Salvador Bahia.

Mendes é negro, pobre, nordestino, sofrendo de uma paralisia cerebral, (esteve fora da escola por isso), mas apareceu com sua poesia na coluna dominical  de Gilberto Dimerstein na folha de SP, e  é  um case porque  para  sua sobrevivência emocional, se apegou à poesia como uma bóia em  mar revolto, já que preso a uma cadeira de rodas, sem recursos, morando em um bairro de periferia da capital baiana dominado pelo tráfico de drogas, não foi aceito durante anos em escolas cujos professores  não sabem ensinar português, quanto mais poesia. E concordo que  é difícil juntar a escola atual à poesia. Escola só é poesia quando os mestres se dão ao ofício como sacerdotes ao altar. Ou como artistas oleiros se dão ao barro. E elas hoje estão um desastre, para os professores e para os alunos. Quem as escolas estão servindo então?

Temos 15 milhões de analfabetos com mais de 15 anos. Isto é meia Argentina, e a preocupação não é só quantitativa. Gente sem educação básica, é gente que não pode ser treinada, e por isso tem baixa renda, e por falta de saber ler e escrever não saberá preservar a saúde ao longo do tempo, baixando a longevidade dela e dos filhos, perpetuando a miséria. Respondo então a questão formulada acima: continuará massa de manobra de políticos vigaristas cujos estados tem os menores índices de desenvolvimento humano como o Maranhão, e Alagoas, Berthold Brech à parte.

Os gênios do PT no MEC soltaram foguetes com a marginal melhora do IDEB-Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Só que não viram que no período que vai da primeira à quarta série-crítica em todo sistema de ensino, numa classificação de 0 à 10, o índice ficou estagnado em 3,5. Mais  do que sofrível. E este indicador mostra que daqui a uma década, mesmo para  os 15% que continuarem os estudos até à universidade, esta lacuna persistirá, pois as faculdades e universidades particulares responsáveis por 75% das formaturas, não conseguirão preencher este vazio da sua formação. Como resultado, infelizmente, haverá um simples diploma que não agregará valor ao cidadão, o qual não conseguirá adquirir conhecimentos, e finalmente estacionará  profissionalmente em sub - empregos.

Já estamos cheios de engenheiros que viraram suco, administradores que  se tornaram motoristas de táxi, de pedagogos garis, num desperdício de capital humano jamais visto. E esta é uma matriz de um futuro de dependência, de países como china,Japão, Coreia do Sul e Índia, além dos EUA e CEE, já que todos levam a sério o ensino, do primário ao superior, e formam engenheiros, administradores e cientistas que fazem parte de um  projeto de nação, feito por patriotas que não vendem, como lacaios, seus países aos interesses de empresas nacionais e multinacionais. Tenho dito.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br

Crimes de Guerra


“ A guerra é de vital importância para a Nação. É o domínio da vida ou da morte, o caminho para a sobrevivência ou a destruição.” Sun Tzu em “ A Arte da Guerra”

Ao refletir sobre os 12 anos do “nine eleven” americano, que mudou  o mundo contemporâneo, reli a obra em epígrafe, haja vista sua luz, que atravessa séculos –desde 960, a iluminar estratégias de empresas e governos, principalmente  após arqueólogos chineses encontrarem, em  1972, fragmentos do livro deste general chinês, que é o mais sábio tratado militar da humanidade. Segundo ele “um soberano não pode convocar o exército só por raiva, e um general não pode lutar apenas por vingança. Uma pessoa com raiva pode recuperar a serenidade, e o ressentido pode ser apaziguado, mas um estado  arruinado não se recupera, e os mortos- não podem retornar à vida”. Me lembro, então, que era esperado na Universidade de Miami, para um pós doutorado a ser orientado pelo “Chair Person” do 4º “ Simpósio internacional de sistemas e novas energias”  em Shangai na China, do qual participei com um artigo do meu doutorado na USP,e que terminou menos de 20 dias antes daquela tragédia de guerra- Inclusive a tempo de eu visitar NY e uma esplêndida biblioteca que ocupava os 3 primeiros andares do World Trade Center. Estávamos em agosto de 2001 e  até aquele momento, eu pensava que iria para Universidade de Miami em janeiro de 2002. Recebi, entretanto, logo após a retaliação americana, um e-mail do orientador recomendando que ficasse no Brasil, pois alguns de seus orientandos, com o mesmo perfil étnico que eu, estavam sendo levados para Guantánamo-sem julgamento. Era a Guerra.

Segundo Sun Tzu, 5  coisas são mandatórias quando se deseja prever o desfecho de uma guerra:  “O Caminho”, ou seja, a harmonia do governante com o povo; O Tempo(clima); O Terreno; A Liderança e as Regras. Segundo o mestre, numa guerra, é fundamental destruir os planos do inimigo. Depois destruir suas alianças, e por fim atacar suas tropas. Ele destaca que o ideal é vencê-lo sem combates, o que dá sentido ao recrudescimento da espionagem, pelo Estado americano e demais países avançados em tecnologia da informação, desnudada agora pelo escândalo,  posto a nu pelo herói Snowdem.

Em toda guerra, a primeira vítima, dizem, é a verdade. Acredito. Vejam nossa guerra política interna, entre o governo petista e a classe médica, lançando a população contra os médicos. É Crime em uma guerra, não cumprir as leis- e o governo Dilma não cumpre a leis do País ao tentar revalidar, a qualquer preço, a atuação de médicos cubanos como política de estado. Subordinando a Nação à política de saúde  dos Castros ditadores, ao invés de fazer aqui as revoluções na área médica, que o País necessita e tem pressa. Dilma agora é o Bin Laden que sempre sonhou ser. Esta medida é uma cunha para que outras desregulamentações aconteçam, e um míssil ou avião, em nosso arcabouço.

Ela foi gestada como estratégia de guerra- estava pronta há um ano, enquanto seu ministro Padilha “negociava” com nossas autoridades médicas-que são culpadas sim, por não terem resolvido a tempo a mudança do currículo médico, e por não terem pressionado o congresso por leis, que obrigassem nossos médicos recém- formados prestarem serviços em lugares ermos do Brasil. Todavia, inaceitável é, que um governo democrático não cumpra a Lei, e faça propaganda contra uma classe, para tirar proveito eleitoreiro. Finalizo  com as palavras do mestre Sun Tzu, e as envio  diretamente à Presidente e aos governos de seu partido “mensaleiro”: ”Um bom líder avança sem desejar glória, e se retira sem temer os castigos”. Vide o julgamento de Nuremberg e o da ação 470 ora no STF - O crime de guerra não compensa.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlandia(ALU-MG)

O silêncio de Adão


“O que me preocupa não é o grito dos maus.  É o silêncio dos bons.”
Martin Luther King

O livro de Consuelo Dieguez - “bilhões e lágrimas”, foi comentado pela atriz e escritora  Fernandinha Torres em recente artigo, e abriu discussão sobre a história de desvios vultuosos de recursos públicos em três oportunidades concomitantes: Mensalão, Petrolão e agora em escala muito maior no BNDES - quando de maneira criminosa, e orquestrada no alienígena “foro de são Paulo”, sem passar pelo Congresso Nacional - bilhões de dólares foram enviados para fora do País  à líderes sanguinários como os irmãos Castro, ditadores africanos, além de bolivarianos cocaleiros que  destroem nossa sociedade. Uma sangria criminosa de dinheiro público, que poderia ser usado em investimentos cruciais para nosso futuro. As “ Lamburguine e Ferrari” do ex-presidente Color, contumaz desviador destes recursos, e agora os recursos escusos  do Instituto do ex-presidente Lula, envolvido até à raiz dos cabelos com a Odebrecht- abrem caminho para o impensável há alguns anos, mas que hoje diz muito bem das elites que temos: dois ex-presidentes presos na mesma cela. Collor, ex–caçador de marajás de araque, e Lula, líder corrupto dos metalúrgicos, que ao chegarem ao poder, cada um a seu modo, se tornaram predadores da Nação. Há um “líder” esperto que andou se escondendo neste momento - é José Sarney-com seu legado de opressão e baixo IDH do maranhão, e sua filha e genro também predadores do patrimônio público. Triste Nação a nossa - três ex-presidentes que não valem nada, e só sobrou  FHC, que apesar dos pesares, deixa um legado, após ser  guiado pela matriarca Ruth Cardoso - ideóloga no seu governo da distribuição de renda e da inserção de negros na sociedade. Sofreu ela, por isso, com os dossiês vazios de dona Dilma, que não rouba, mas deixa roubar, e usa o dinheiro do roubo em suas campanhas para presidente. Num claro golpe às nossas instituições republicanas. Impeachment já!

Liderança é tudo. Adão no Eden não foi líder. Silenciou diante da mulher. Abrahão também, quando Sara, deu aquela brilhante ideia  para ele dormir com a escrava a fim de gerar descendência- e ante sua omissão, presenciamos 4000 anos de lutas entre seus descendentes árabes e israelenses. Num momento crítico como o atual, faltam líderes- que são matéria prima escassa no Brasil. Não temos mais um Ulisses Guimarães, nem um Tancredo Neves, tampouco um JK.

A Nação está exasperada, e com pressa para resolver suas questões básicas de educação, saúde, e sustentabilidade social- enquanto alguns irresponsáveis como o presidente da câmara, brincam de serem líderes- se achando, e o povo mostra que não -com mais um panelaço entre muitos, que ainda virão, antes, e após o dia 16 de agosto, quando voltaremos às ruas, mas desta vez, após  o  evento, haveremos de transformar nossas metas em ações legislativas, e planos de ação no executivo e na sociedade civil. Nós podemos!

Ghandhi, Churchil e Martin Luther King nos lembram que, para serem seguidos, os mesmos tiveram de estar no meio do povo, sofrendo suas carências, passando por seus riscos ambientais, e mesmo assim prometeram uma visão de melhores dias, apesar do “sangue, suor e lágrimas”. Tiradentes – “aquele herói enlouquecido de esperança”, pagou com a vida. E por falar em silêncio, alguém aí viu Aécio Neves e Marina Silva?

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia (ALU)

debatef@debatef.com

O legado de 2011-2012


”De tudo ficam três coisas:/A certeza de que estamos sempre começando,/A certeza  de que  precisamos continuar,/A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar./Portanto, devemos fazer da interrupção um caminho novo,/da queda, um passo de dança, do medo uma escada,/ Do sonho uma ponte, da procura um encontro”(Fernando Pessoa).

Existem anos que nunca terminam: 1968 foi um deles, e este escriba  era um adolescente à época da  transformação  social empreendida pelos  babyboomers  com o woodstock, e a tríade  sexo, drogas e rock em roll; 2001 com o evento “ataque e destruição das  torres gêmeas “foi outro ícone, e, 2011-dez anos depois, com  a crise econômica do mundo desenvolvido, somado à primavera árabe, nos transmite a mesma sensação de que um novo  tempo de mudanças apenas está iniciando.

Uma era de oportunidades e de mudanças que nos colocam desafios como Nação, que peço vênia ao leitor amigo para  enumerar: primeiro  realizar um a revolução educacional, segundo  uma revolução sanitária - em paralelo com a revolução sociológica e  a partir de reformas estruturais  que propiciarão a   implantação da igualdade social,(as reformas tributária, política e fiscal), pois não queremos repetir a Grécia de 2011. Em terceiro seria desejável a construção de um marco de gestão ambiental no País, como bechmarking  para o mundo, aproveitando nossas vantagens comparativas inatas. Sobre este tema é relevante  lembrar a Rio +20 summit, que se  realizará agora  em 2012 com temas caros ao mundo como as medidas necessárias para evitar maiores desastres climáticos com o aumento da temperatura da Terra. Vale lembrar que a construção de Belo Monte vai  em sentido contrário a este paradigma, haja vista seu planejamento ter acontecido antes da agudização dos eventos do clima. Uma obra cujos impactos sociais e ambientais sequer são conhecidos em sua totalidade - e o debate que querem calar,  deveria ter acontecido democraticamente antes da tomada de  decisão da construção.

Há também que  que se  Lutar pela consolidação da  reforma  do judiciário não permitindo retrocessos no controle externo deste poder pela  procuradoria do CNJ. Aplicar a lei ficha limpa, apesar do STF e de seu casulo de mediocridade (“aos amigos tudo”)  e espirito de corpo. Se quisermos  poderemos fazer  em cinco anos  principal revolução  necessária ao  País, a educacional, e  para tanto precisaremos de menos recursos e energias do que estamos devotando à FIFA para realização da Copa de 2014: vide os acordos ora realizados no Congresso Nacional  para votação de legislações   específicas, muitas delas deletérias ao arcabouço institucional e jurídico da Nação, como o favorecimento  de stackholders  de cervejarias através de venda de álcool em estádios. A revolução sanitária  a meu ver é simples de ser feita, e junto com ela deixaríamos de gastar vários bilhões de dólares ano com o  SUS: basta sanearmos as cidades brasileiras, construindo estações de tratamento de água e esgoto  além de aterros sanitários. Estas metas estratégicas farão girar a economia e os resultados  ficarão para sempre como marcos  favoráveis às atuais e futuras gerações de brasileiros, aos invés dos elefantes brancos que se converterão após a copa, vários estádios de futebol agora em construção.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

O capital


As pessoas costumam afirmar que os economistas são arrogantes. Falam uma língua diferente, o economês, e tem linhas de pensamento  conflitantes, que quando contrariadas pelos fatos, não são revistas pelo autores e seguidores. O tema de nossa reflexão hoje, é baseado em uma leitura que fiz nas férias, e que julgo  indispensável neste começo de século: “O Capital no século XXI” de Tomas Piketty - que não é arrogante, nem tem um discurso de economês, pelo contrário, é elegante, possui  um suave trato com as palavras, e apresenta competentes pesquisas sobre desigualdade de riqueza e renda, que inovam e impactarão o cenário da economia politica,   no século  XXI, tanto quanto Marx no século XX, daí  o sucesso editorial jamais visto em um livro de economia.

A principal força desestabilizadora da distribuição de renda, é o fato da taxa de rendimento do capital privado  ser muito mais elevada que o crescimento dos salários e da produção, e se nada for feito, algo acontecerá de muito grave e revolucionário, envolvendo o despertar das massas prejudicadas . O trabalho  é conclusivo, ao comparar as desigualdades de renda e capital, no tempo e no espaço, ao redor do mundo, utilizando o coeficiente  de Gini(indicador sintético de desigualdade que varia de 0 a 1 – quanto mais próximo de 1 pior). Em 2010  este índice era 0,36  na Europa, 0,49 nos Estados Unidos,  e 0,19 nos países escandinavos – O PNUD, órgão da ONU,  avaliou o Brasil em  0,56- o 3º mais desigual. E o que mais me impressionou  nas pesquisas de Piketty, é que pouca coisa mudou desde  a belle époque,  as  pequenas  mudanças  que  ocorreram foram exógenas (com ação de fora das sociedades estudadas). Via de consequência, a  desigualdade  não mudou por ações de governantes, nem em países democráticos como Inglaterra e EUA. Como seria diferente por aqui?

Aprecio tabelas e gráficos com análise quantitativas e qualitativas,  para expressar resultados,  o que o livro apresenta fartamente. No capítulo sete,  por exemplo, em três tabelas, o autor mostra qualitativamente  que em 2010, em termos de propriedade do capital, em todos países o índice médio de Gini foi 0,70, enquanto que  para renda do trabalho foi  0,30(menos da metade). Percebam que o indicador  gini, de capital somado à  renda, mascara o poder dos rentistas, enquanto, sabe-se que  esta desigualdade  é por demais potencializada com ações de patrimonialismo, corrupção e desvios de orçamentos públicos. Uma das sugestões de Piketty (Polêmica) é taxar os mais ricos com, por exemplo, impostos sobre grandes fortunas, de tal forma que o estado  lidere e reproduza, uma distribuição mais equânime:os 10% mais ricos  ficariam  com 30%do capital nacional, os 50% mais pobres com 25% e os  do meio com 45% (contra os atuais 10% mais ricos com mais de  50% de renda e capital, os 50%mais pobres com menos de  20%).

Nas notas de conclusão, o autor dá uma estocada  em textos consagrados de Sartre, Althusser e Baldiou - seguidores de Marx, que segundo ele, não apresentam, soluções sobre a questão do capital e das desigualdades entre  classes  sociais, por  terem sido comunistas  engajados, e usarem esses dados para lutas de outras naturezas. Tudo isso  faz sentido, ao olharmos para este  desigual,  mas querido País, no lado de baixo do Equador. 

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e presidente da Academia de Letras de Uberlândia-ALU

debatef@debatef.com

Luz x Apagões


No gênesis disse Deus: Haja Luz; e houve luz. Que bom, porque só nos damos conta da importância da luz, quando estamos em trevas, como agora, neste apagão de sete horas em 18 estados brasileiros. Se ele tivesse acontecido em 1960- época das máquinas de escrever, o prejuízo não seria tão grande em nossas vidas. O paradigma da energia elétrica condiciona nosso cotidiano à dependência de equipamentos que nos dão conforto, e em alguns casos até a vida, como em uma UTI. E nem cogitamos que de repente ela pode falhar, e isso ocorre em todos os lugares do mundo- em alguns com freqüência maior, dependendo de como são projetados e geridos estes sistemas. Nos EUA,  por exemplo, empresas com nível de qualidade seis sigma proporcionam 1 hora de falta de energia elétrica a cada 34 anos, enquanto empresas com nível de qualidade quatro sigmas sete horas de falta de energia elétrica por mês, em média (Werkema,C.Criando a Cultura Seis sigma, Ed. Qualitymark RJ 2002). Um sistema elétrico seis sigma gasta menos que 1% do seu faturamento com retrabalho e erros operacionais por isso é tão confiável. Já um sistema com nível de qualidade quatro sigma gasta até 25%  do faturamento com erros e retrabalhos, perfazendo cerca de 6000 erros por cada milhão de operações. Quantos erros tem o processo seis sigma?cerca de 3 por cada milhão de operações. A má notícia é que as evidências mostradas na operação do sistema energético brasileiro (apesar de não conhecer nenhuma pesquisa da ANEEL com esta métrica), apontam para um nível de qualidade entre 3 e 3,5 sigmas, o que eleva o número de erros para até 66000 erros por cada milhão de operações, o que significa gastar até 40% do faturamento com erros e retrabalhos - pagamentos com precatórios e demandas judiciais, advindas de prejuízos e mortes causadas a consumidores.

O atual apagão é muito diferente daquele de 2001,quando faltou oferta de energia devido a uma equivocada falta de investimentos estatais, que aliada às condições hidrológicas desfavoráveis e  uma expansão da economia, fez de uma crise anunciada, a realidade de um apagão continuado. Medidas de racionamento foram então coordenadas por um ministério da falta de luz, e por um governo comandado por um presidente alcunhado à época de “príncipe das trevas”. Não há como um apagão acontecer sem desdobramentos técnicos e políticos. O que de novo acontecerá sob a era dilmista.

Ocorre que depois da porta arrombada, buscam-se a toque de caixa soluções e não raro os “Midas” como os que, na contramão das medidas consensuais contra o aquecimento do planeta, implantaram as termoelétricas e ainda encareceram nossas contas de luz,  ao invés de conceberem uma cesta de soluções (PChs-pequenas centrais hidrelétricas, eólicas, solar, células de combustível, gaz natural e a associação destas), teimaram no paradigma grandes centrais hidrelétricas com milhares de quilômetros de linhões, o que agrava a vulnerabilidade do sistema.

Enquanto isso, no plano mundial, há uma revolução tecnológica na produção e transporte de energia elétrica semelhante àquela ocorrida quando passamos do mainframe para os laptops, deixando a produção de ser centralizada para ser gerada localmente. Será que vamos perder o bonde da história  da energia reprisando erros de governos e sem uma política de Estado?

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

Lua de sangue


“Este eclipse acontece quando a lua é encoberta pela sombra da Terra. Conforme o meteorologista Leandro Puchalski, a coloração avermelhada ocorre por conta da refração e dispersão da luz do Sol na atmosfera terrestre, que desvia apenas alguns comprimentos de onda – É o mesmo fenômeno que acontece durante o nascer e o pôr do sol" noticia nas mídias-ontem.

No começo  do século 20, um triste canto de louvor, entoado por negros americanos durante a pascoa, ainda   podia ser ouvido, enquanto sua igreja ardia nas chamas da Ku klus Kan: “De joelhos  partamos nosso pão/De joelhos partamos nosso pão/Se de joelhos estou/Contemplando o nascer do sol/Senhor tem pena de mim/De joelhos partamos nosso pão...” Era como se nada estivesse acontecendo, embora muito sangue e  dor crispasse o ar. De onde viria aquela força?

Século zero: Jesus é morto na Cruz e este evento divide a história em AC e DC. Os profetas que o precederam e os que o sucederam, foram mortos das mais cruéis formas possíveis: crucificados, apedrejados, serrados ao meio, queimados em fogueiras, decapitados. Muito sangue jorrou ao longo de milênios na história do cristianismo. E a força dos que morriam  em paz, vinha de Jeová Jihé.

Século 21 no Brasil: cerca de 40 mil pessoas são assassinadas todo ano por motivos fúteis, além do latrocínio, e menos de 10% dos autores destes crimes são punidos, na maior nação “cristã” da América latina. Se de cada uma dessas mortes,  sair  alguns litros de sangue, seriam centenas de caixas d'agua de mil litros cheias do conhecido líquido vermelho, que poderiam, num suposto protesto, ser  despejadas na areia de Copacabana no Rio, poluindo o mar e impedindo o banho. Talvez assim o mundo enxergasse tantas vidas perdidas por nada. Não pregavam o evangelho, não eram revolucionários em valores, simplesmente  foram eliminadas como cidadãs, durante  seu pacato cotidiano.

Já somos o País mais violento do mundo, e os que morrem suplicam por suas vidas, não como os negros supliciados na América do séculos 19 e 20, por uma entidade que  tinha cara e  identidade, por isso foram resilientes até a chagada de Martin Luther King, mas por uma cultura de violência, horror e impunidade que  não tem cara,   nem dono - não é de ninguém, nem do Estado, nem da sociedade, muito menos de Deus.

A estranha coincidência, desta lua de sangue em plena Páscoa me intrigou muito - ela é rara, e para mim trouxe uma mensagem da não superficialidade incomum nestes tempos;  da superação   das velhas lutas e dores: É como se Jesua mandasse seus anjos turgir de vermelho o branco brilhante da lua, num celeste protesto, para nos alertar sobre a Nação que estamos construindo,  com tanta  lama de sangue sob nossos pés, igual a que Noé –um bom filme- presenciou - olhou na sola do  calçado para se certificar, e a partir daí construiu  o novo, na arca,  sobrevivendo ao dilúvio.

Finalizo sonhando assim, e esperando que  este texto  possa  ajudar leitores e leitoras a   refletir sobre esse  evento cristão,  chamado Páscoa.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia

debatef@debatef.com

Ira santa é indignação


A Bíblia ensina sabiamente  que  não se deve permitir que o sol se se ponha  sobre a nossa ira,  pois os apóstolos e profetas, e até o  próprio Cristo ficavam irados, mas não iam dormir assim. Aproveitava-se  a energia vital da raiva para transformar pessoas, situações e até mercados. Quem não se lembra da parte do texto sagrado em que Jesus açoita os cambistas, revira mesas com produtos expostos como em uma  feira livre montada dentro do templo? Se  eles, que eram santos, sentiam e usavam esta poderosa emoção básica, porque não nós?

Mônica Simonato em seu  livro “Competências emocionais - O Diferencial competitivo no mercado” ed. Qualitymark - 2006, estuda a raiva e suas consequências, e nos ajuda a medi-la, classifica-la e gerenciá-la. Segundo ela, são  4 tipos: a implosiva, que se acende no interior, ataca o estômago, a cabeça, eleva a pressão e mata; a gerenciada, cuja forma de atuar  faz de seu portador uma pessoa  sadia e equilibrada, pois aprendeu a saber quando está perdendo as estribeiras,  pois já tem controle sobre as próprias emoções; a explosiva, que  é  aquela que faz seu dono ser tomado de uma ira que não respeita nada, nem pessoas nem ocasiões, “quebra tudo”, vítima de um “sequestro emocional; Por último ela cita a raiva normativa, cujo dom peculiar de quem a nutre, é dar broncas e fazer críticas para desafoga-la, e se sentir melhor,  causando  danos ao seu relacionamento interpessoal. No filme “Tratamento de choque” o tímido Dave Buznik (Adam Sandler), por causa de um imprevisto banal, foi condenado à pena alternativa de fazer um curso para controlar a raiva, dado por Buddy Rydell (Jack Nicholson), um psicoterapeuta imprevisível, de métodos desconcertantes, que predispõe a uma cura perturbadora. Para isso se muda para a casa do paciente, e passa a interferir no seu cotidiano  de tal forma que o tímido Dave se satura  e explode diante da imperturbável postura do doutor Rydell, que afirmava então que fazia parte do tratamento,  tirar Dave da “zona de conforto” para se conhecer melhor. Dave descobriu após suas desventuras, hilariantes para o expectador, que o fato de nunca  exprimir sua raiva, na verdade, era uma forma de  reprimir sua identidade, e um fator limitante para seu crescimento pessoal e profissional. O filme traz provocações: por exemplo, como no caso de Dave, porque não reagimos com ira coletiva ante o desrespeito e falta de espírito público por parte de governantes?

A propósito estive na comissão de orçamento da câmara de deputados que aprovava a LDO e percebi o quanto somos o “país Dave”. Aceitamos bovinamente que retirem do nosso orçamento cerca de 47% para pagamento de uma dívida pública  escravizadora. Permitimos “acordos espúrios de líderes”, que aprovam emendas de bilhares de reais viciadas por propinas a empreiteiras e políticos, tais, que especialistas afirmam que levam 7% do PIB per capita. Procurei nosso representante Gilmar Machado e mostrei os números, apresentei um artigo sobre o assunto. Ele prometeu estudar com seus assessores, e me retornar, mas até agora não o fez. A meu ver está faltando nele e também em nosso povo, a ira santa de Cristo- de chutar o balde dos cambistas que conspurcam o templo sagrado da nação, pois quem cala consente. Estou esperando deputado!

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br

Futebol e inconsciente coletivo


“Amanheceu o pensamento/ que vai mudar o mundo /com seus moinhos de vento”. Cazuza.

A copa aconteceu, e a sabedoria do povo  está goleando a nossa nova  elite estabelecida, e a antiga também. Primeiro, separou os anarquistas do quanto pior melhor, daqueles que protestam por causas notáveis e necessárias à cidadania. Depois torceu como nunca, cantou o hino nacional à capela e estabeleceu o costumeiro clima cordial que encantou os 600 mil turistas que entraram de avião, e outros estimados 500 mil que passaram pelas nossas fronteiras secas de moto, carro  trem ou ônibus. Dando um recado claro: não tentem tirar proveito político deste evento que encarna para nós a pátria de chuteiras. Roubar vocês já roubaram. Agora nos deixem curtir o jogo em paz. O País, portanto, está vivendo uma coisa de cada vez. Não esqueceu as estripulias contábeis de dona Dilma, que está lançando como despesas de saúde e educação, gastos exorbitantes das arenas exigidas pela FIFA. E só está esperando o momento certo para  cobrar de novo, o uso correto do dinheiro público, em suas prioritárias agendas.

Gosto de observar como pessoas humildes e não letradas possuem elevado senso de justiça social, e como herdamos isso dos índios brasileiros, que usam o bem estar coletivo como forma de vida. Se alguém enriquecesse na aldeia, com certeza repartiria com suas ocas o novo PIB coletivo. Em algum ponto de nossa história passamos a importar a ética do “lobo de Wall Street” em nossas relações de  concidadãos- e aí perdemos muito, principalmente parte da tal felicidade, que  é o indicador chave. Neste contexto, o futebol aparece  como o esporte mais popular do mundo, usa a  leveza e a arte como matéria prima, e traz o inconsciente coletivo-aquela aura de  euforia pela  vitória, ou de tristeza absoluta na derrota, que transpassa  mentes e corações-à baila como protagonista. Faz crianças aprenderem a cantar o hino pátrio,muitas vezes com um “pátria amada, goiabada salve salve”. E nos encanta, quando tira um menino franzino de um campinho de terra batida no agreste nordestino, e o eleva à condição de estrela mundial por gramados “nunca dantes navegados”.

O poeta perguntaria: ”mas quem tem coragem de ouvir?” Idêntica pergunta feita ao vento por São João Batista: Quem ouviu a nossa pregação? Com certeza não foi a elite branca que vaiou as autoridades na pífia abertura dos jogos. Eles tem ouvidos moucos diria meu avô. E visão pior, eu afirmaria.São cegos que cismaram de guiar a Nação. E a riqueza do momento é identificar   o povo de olhos abertos, se desviando das pirambeiras a que são levados diuturnamente.

Quando uma empresa planeja seu futuro, é obrigada a fazer seminários com seus stackholders (parceiros/ colaboradores/ acionistas) para explicitar a sua visão. Ou seja,  como ela quer se ver  daqui a algumas dezenas de anos a frente. A própria Fifa –com todos seus senões, nos ensina como planejar para o cenário de 2022. E não aprendemos?  não conseguimos planejar nossas revoluções na educação, e nas áreas sanitária fiscal e política!? É bom frisar que nem sempre foi assim: Juscelino Kubisheck construiu Brasília do nada uma cidade modelo da arquitetura mundial, no cerrado vazio do planalto central em 5 anos e realmente fez 50 anos em 5.E o que ele tinha? Rompia em fé e visão. Que seu exemplo sirva, portanto, de inspiração àqueles que se apresentam agora como alternativa real de poder para realizar as mudanças sonhadas e cobradas durante esta copa do povo.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e presidente da ALU-Academia de Letras de Uberlândia

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Eu estava lá...


O povo na rua tem precipitado mudanças na governança do mundo. Os tiranos são retirados após batalhas sangrentas. Os democratas modificam seus gabinetes, e se moldam às demandas da sociedade com planos de ação. O último dia 15 de março vai entrar na história do País, ao levar 2 milhões de pessoas às manifestações pacíficas Brasil a fora. O  que querem os brasileiros? Aquilo que  mais ouvi, foi  fora Dilma, abaixo PT e abaixo Petrolão. Logo a insatisfação do povo, está ligada à gestão lulopetista e sua ligação com os desvios de dinheiro e corrupção, notadamente na Petrobrás. Não ouvi ninguém pedindo reforma política, para colocar dinheiro público em campanhas de políticos – aliás, isso seria execrável no atual estado da arte de desgoverno dilmista. E não é que a cara de pau destes protagonistas, estão a propor exatamente isso? Inacreditável! A formação stanilista desse pessoal, faz uma rápida versão  para os fatos- bem a seu favor, diga-se de passagem – e, em seguida, tenta ver se “cola” na sociedade.

A operação  “Lava jato” desvendou o que nunca aconteceu antes neste País: O uso indevido de  dinheiro público, através de propinas para um partido político- O PT- se eternizar no poder. Isto sim, é golpe de estado, e após o devido julgamento, esperamos as devidas  penas a esta organização partidária, que tem se transformado cada vez mais,(já fui simpatizante da mesma quando não era criminosa - meia culpa), abarcando crimes, para se apoderar de dinheiro dos brasileiros, e depois desviá-lo para Cuba, Bolívia, África de déspotas, sem passar pelo Congresso Nacional, e com   cifras bilionárias, em dólares, o que, agora, faz exigir um duro ajuste fiscal, em cima dos contribuintes brasileiros.

Fica difícil acreditar que a dupla Dima -Lula não tinha domínio destas facções da “Cosa Nostra brasileira”, haja vista o uso de pelo menos 200 milhões de dólares pelo partido político em tela, para eleger Dilma e muitos políticos em 2010 e 2014 -  que agora serão investigados e processados pelo STF- esperamos. Ao final do processo, a sociedade quer luz e transparência, e, não aceitará acobertamentos, principalmente quanto à participação destes dirigentes, pois no mensalão, o principal protagonista, o ex-presidente, sequer foi julgado, apesar de todas evidências de uso do dinheiro sujo em seu favor, com o  julgamento e condenação, de seus principais assessores e lugares tenentes, entre eles, o chefe da casa civil, que amealhou 30 milhões de reais de propinas, segundo o inquérito em andamento, e feito público pelo grande brasileiro, juiz Moro, responsável pela operação Lava Jato.

O impedimento de Dilma não será um golpe, se, como Collor, restarem comprovadas seu dolo na eleição de 2014 - e por isso fomos às ruas. Já temos o fluxo do dinheiro sujo, executado pelos procuradores públicos - e não adianta o ódio pregado pelo sr Lula, como ameaça à sociedade brasileira, chamando o exercito do Stédile - pago com dinheiro público: as cores do nosso exército são verde- oliva,  e eles estão do lado da lei e da ordem, como mostra nosso  lábaro, que ostenta,  estrelado, a  ordem e progresso que a nação precisa, e resguardará. Tenho dito.

Prof.Dr josé Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia-ALU

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Energia Nuclear e Catástrofe


“E cada qual no seu canto/E em cada canto uma dor/”
Cancioneiro popular

O crescimento contínuo do consumo de energia e as suas consequências, via de regra negativas para o ambiente, põem um conjunto de questões que, no mínimo, se poderão considerar como complexas. Complexas porque se a energia é hoje  considerada um dos elementos fundamentais do desenvolvimento econômico e social de todas as nações, não é menos verdade que o homem  começou, finalmente, a perceber que a sua disponibilidade está    ligada à  todos os aspectos relacionados com o equilíbrio do  meio ambiente.

Falemos sobre as  energias renováveis: são todas as derivadas do sol – Hidrelétrica, Biomassa, geotérmica, eólica, marés  - e estão em franco crescimento em termos de tecnologia disponível e redução de custo. Já a célula de Hidrogênio e a energia nuclear, chegam à maturidade tecnológica,e a segunda, em alguns países chega a ser a mais viável, todavia têm sobre seu uso uma espada de Dêmocles que é o resíduo perigoso (radiativo por milhares de anos)além da síndrome “Não em meu Quintal”, pelo medo que as populações nutrem, com toda razão, pelo  vazamento radiativo. As pessoas contaminadas  mundo afora, pelas sucessivas nuvens radiativas da usina de Fukushima no Japão, após maremoto seguido de tsunami, são a prova viva de que os protocolos de segurança, quanto ao uso dessa energia, devem ser revistos. A meu ver, há possibilidade de se continuar usando as energia nuclear para diversos fins, desde que com muito maior rigor e segurança.

Também concordo  com a  análise de Saraiva-1997, em minha publicação pela USP em 2000, sobre as questões relacionadas com a produção de qualquer bem ou serviço, que podem ser sistematizadas recorrendo ao que se denominou de “tetraedro  tecnológico”. Os vértices do tetraedro são: as matérias primas, a informação, a energia e o ambiente. Da associação desses fatores  resulta um serviço ou um bem. Há trinta anos o tetraedro se reduzia a um segmento de reta, entre  matérias primas e  informação, uma vez que naquela altura o custo de energia era considerado nulo e os problemas relacionados com as limitações de suas fontes não eram encarados, senão por alguns “pessimistas”. Há vinte anos o modelo  resumia-se  a um triângulo. As questões ambientais começavam então a ser postas, mas a avaliação dos seus custos reais eram um “problema para as gerações futuras”. Comentava no texto que, finalmente, aos poucos, nas últimas duas décadas, delineava-se um tetraedro, com o último vértice sendo ocupado pela energia a ser consumida durante os processos. Desde então se impõe responder, que quantidade e que tipo de emergia é exigida, não só pelo processo produtivo como também pelo transporte, distribuição e uso do bem resultante. No Livro “A Vingança de Gaia”, em 2006, o Cientista inglês James Lovelock preconiza que o equilíbrio ambiental já foi rompido pelo aquecimento global, e que  o mesmo já passou do ponto sem volta. Daí muitos cientistas passaram a pregar a solução da energia nuclear, sem fazer análise de risco adequada. Concluo compartilhando da mesma angústia do amigo leitor,  sobre os rumos da catástrofe japonesa.   E pergunto: com os acontecimentos ocorridos nas operações de usinas nucleares de Chernobyl a Fukushima, será demais revermos o uso desta tecnologia?

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.

Dengue e Morte

“A sabedoria e a ignorância se transmitem como doenças; daí a necessidade de se saber escolher as companhias.” William Shakespeare

Já escrevi muitas vezes sobre este assunto nos últimos dez anos, mas nunca como vítima da doença. Estar com dengue prostra, deixa seu corpo com baixa produção de plaquetas, o que pode levar à morte sangrando pelos poros e internamente: um horror. E nove em cada dez mortos tem mais de 60 anos, como eu  e minha mulher, e  sucumbem pobres ou  celebridades, como o ator global Claudio Marzo, tombado no interior de SP do PSDB, no ápice da epidemia, com dezenas de milhares de vítimas.

Esse arbovírus  existe há milhões de anos, e é descrito desde o Egito antigo. No Brasil, chegou com os navios negreiros-mais uma sina para os negros, que sofrem neste País, além do preconceito e desigualdade social, a  moleza, manha advinda da falta de saneamento em suas casas, e da falta de educação de qualidade - usadas por este inimigo para ajuda-los a procriar e então atacar os incautos –  somos todos vítimas deste mal, é produzido por um mosquito malevolente, o Aedes Aegypti, que infectado voa sobre muros, e é uma verdadeira praga egípcia, reproduzida em água parada qualquer lugar que junte água, seja num copinho no lixo,  pneu velho ou e uma calha entupida. Vejam que ele usa o lixo e a desordem como vantagem competitiva.  É um forte. Um guerrilheiro vietnamita que consegue proezas ao atacar na espreita, adversários milhares de vezes vezes maiores que ele,  e ganha sempre, ao contar com a parceria do vírus, do qual é hospedeiro.

Todavia, o que aconteceu com os protocolos de saúde pública que praticamente eliminaram  filas de doentes em barracas de campanha armadas em praças públicas da década passada?

O tal contingenciamento de verbas do Ministério da Saúde em 2014,  tirou os funcionários da vigilância epidemiológica das ruas- eles iam de casa em casa, alertando moradores, e, treinados, retiravam ninhos com larvas nos criadouros, cujo ciclo é rápido- três a 10 dias, além de  medirem o índice de infestação-caso extrapolassem a meta, seja em bairros chiques(vizinhos podem ser assassinos)ou, na periferia, os bichos ao voar,  eram abatidos  pelo famoso fumacê, que não apareceu mais.

Em minhas caminhadas diárias, conversava com estes agentes sanitário, e ficava sabendo se subiu ou não, o índice, e, em que rua, que vizinho não permitia a entrada para inspeção etc... Desde janeiro não mas os vi na minha rua. Justamente na época que mais recrudesceu a epidemia, quando os protocolos foram afrouxados, como nunca nos últimos 10 anos, pelo atual governo do PT desta cidade- Um crime de responsabilidade.

Concluo triste, pensando com meus botões sobre o aviso em epígrafe de  - William Shakespeare -, esta foi a escolha dos eleitores de Uberlândia, que precisam  escolher melhor companhia, se não quiserem morrer com as próximas cepas de vírus que estão chegando por aí, com cada nome, que nem compensa falar pra não dar azar. Chô mosquito!Chô PT!

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
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Cuidar bem das pessoas é a meta



Estive de férias por alguns dias, refletindo em uma praia chamada Itacoatiara, que faz parte de uma reserva florestal  bem próximo ao turbilhão do Rio de Janeiro e fincada junto à. Pedras monumentais que seguram as ondas do atlântico, ao lado de uma preservada vegetação de mangue. Todas as vezes que isso acontece, há um produto: Estar sozinho consigo mesmo, às vezes dá medo, mas é inspirador. Tomar chuva e sol-ficar no sereno, Descobrir depois ser um animal com fome, e sede de justiça, exige coragem, mas nada como  voltar à tenda à noite  e curtir o netinho de 2 anos.

Agora  entendo por que no caminho da Santiago de Compostela, na Espanha, muitos mudam a vida. Descobrem vocações. E tomam decisões cruciais para suas vidas, suas famílias e suas empresas. A correria dos dias que seguem como torrente tempestuosa a escorrer pelas calçadas da vida, nos anestesia. Faz tudo parecer igual, pasteurizado e sem brilho. E pior é  não poder observar as diferenças nas cores, nos sons, nos ambientes (carregados ou leves) e nas pessoas (alegres ou tristes). Principalmente, nelas. Um pai ou uma mãe que desaprende a percepção da linguagem do corpo e do tom de voz dos filhos, perde, segundo especialistas 80% da comunicação com eles. No trabalho e na vida somos muitas vezes cantores de um samba de uma nota só (com o perdão ao Tom Jobim e seu ao belo samba-arte). Não sabemos  escutar. Gente. Cachoeiras. Pássaros. O vento. Não temos tempo.

Anos atrás, achei interessante e novamente comento, a entrevista do antropólogo Wilian Ury - especialista em técnicas de negociação -, intitulada "O Inferno somos nós". Respondendo se concordava com Jean-Paul Sartre que cunhou "o inferno são os outros", Ury respondeu que o outro somos nós e quando dizemos que o inferno são os outros, na verdade estamos olhando para o nosso próprio inferno interior. Na negociação, o fundamental é ouvir o outro. Nos treinamentos de nossa consultoria (lançamos em 2012  um MBA em Gestão de pessoas em parceria com a UNIUBE) e ministramos cursos de extensão sobre o tema  para executivos e funcionários que, como afirma Ury, querem aprender a negociar. Porque a democratização de algumas  instituições (são poucas ainda – normalmente aquelas campeãs como melhor lugar para se trabalhar) está exigindo deles ouvir a outra parte. Por isso gastam mais de 50% do tempo com este item e sentem que não estão preparados para lidar com o intangível: o capital intelectual .Todos diagnósticos empresariais dos últimos anos mostram  que as grandes perdas de produtividade e via de conseqüência de mercado, se dão justamente por não começarmos por aí. Não há falta de recursos. Há desperdício... Equipamentos errados são modernizados. Instalações são aumentadas quando não há demanda para isso... Tudo sem cuidar das pessoas e  do clima organizacional. E a  lição de casa que fica é  ir conversando com seu "chão de loja", ”chão de fábrica”, desenvolvendo talentos humanos, e  os bons resultados não tardarão a acontecer. Para finalizar - ainda pensando sobre tudo que aprendemos nestes últimos anos, ao analisar essa  inversão de valores, e a ausência da ética da diversidade nas empresas- nada melhor que a velha poesia da canção de Raul Seixas. "Prefiro ser esta metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo", mesmo revisitando um artigo de seis anos atrás.

José Carlos Nunes Barreto
Professor-doutor
Uberlândia (MG)

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Crônica do Imaterial

“Não me ofereça ferramentas./Ofereça- me o benefício e o prazer de fazer coisas bonitas./.../Não me ofereça coisas./Ofereça-me ideias, emoções, ambiência, sentimentos e benefícios./Por favor, não me ofereça coisas” autor desconhecido

Interessante e estressante este País: Chama a policia para tirar cento e poucas famílias de um prédio abandonado por seus donos no centro de SP (o que ocorre em qualquer cidade neste mundão de Deus), e permite que 2 milhões de casas de alto padrão avancem sobre as bordas do manancial, em área de preservação ambiental - às vésperas da maior seca dos últimos 100 anos na região. Nova York – aquela do rio Hudson, não teve este azar, pois seus dirigentes há 20 anos atrás, fizeram um planejamento para evitar que suas fontes de água fossem dilapidadas. Chamaram cada produtor rural que possuía essas fontes  em suas terras, e decretaram: Agora vocês são produtores de água, e vamos paga-los por isso. Simples assim.

Não é a toa que o candidato falecido (ou assassinado?)do PSB avisava para não desistirmos desse País. Porque não está fácil. Os jovens e os não tão jovens, estão esperando o que vai dar esta eleição, para levarem suas cabeças a passear (e viver menos estressadas)na Austrália, no Canadá, na Inglaterra etc... onde  a educação, a saúde, a segurança e outros paradigmas imateriais, realmente  prevalecem, e onde quem, às duras penas  estudou, tem seu valor reconhecido.

Ademais  aqueles  0,01% de humanos  representados por tais casas acima citadas,  são os donos do Território nacional. Para eles tudo pode. O aparato da lei existe para protege-los, pois pagam excelentes advogados, e muitos, pertencem à nomenclatura do regime, onde, no anedotário político, se diz: para os amigos tudo-para os inimigos a lei. Triste País! E tais políticos voltam todos os anos a comprar votos e consciências, seja com dinheiro vivo, seja com cargos, pelos motivos de sempre, desde o império:  o poder pelo poder.

Conheço um deputado “amigo” que só me dá atenção em vésperas de eleição. Estive em Brasília com alguns intelectuais co-autores de um artigo, com soluções candentes e necessárias à republica, e ele se disse muito ocupado(hoje sei-talvez com o mensalão ou quem sabe o petrolão).  Sequer nos ouviu, e passou o documento para seus assessores, que fizeram o favor de engaveta-lo.

“Casas? saneamento básico?Educação?Ha!Ha! Há!-Queremos saber quanto ganharemos. Qual é o percentual sobre o contrato? 3%???”. Este hipotético diálogo, foi ouvido diversas vezes por procuradores da república, antes de prenderem alguns figurões. Fizeram do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto um balcão de negócios. E daí partiram para as estatais. A Petrobrás que o diga. Emporcalharam o templo da Nação-são cambistas imundos, piores que  aqueles da época do Cristo. Se não fizermos como o mestre-descermos o cacete- e prendermos esta corja, estaremos comprometendo o futuro do imaterial, da esperança que ainda alenta nossos jovens .

Concluo com as palavras do salmista no exílio: Ele dizia- “Quem vai andando e chorando enquanto semeia, trará na volta, com alegria,  seus molhos nos braços”. Pura poesia da esperança.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da ALU-Academia de Letras de Uberlândia
debatef@debatef.com


Conhecer o Futuro


Este é o tema do artigo científico que apresento com meus alunos do oitavo período de administração, no terceiro seminário de pesquisa do ENUTEC- encontro UNIUBE de Tecnologia. O objetivo deste seminário é promover a participação de pesquisadores, professores, alunos de graduação e pós graduação, no esforço de publicar seus experimentos e revisões bibliográficas num ambiente próprio, onde há expositores de novas tecnologias, professores convidados com expertises de notória especialização, além do mercado que participa buscando talentos e inovações. Peço vênia para dividir com o leitor amigo, a  sequência utilizada para chegar a este momento especial na vida destes alunos, que vão agora em direção ao futuro. Tudo começou com a disciplina que lhes apresento no último semestre do curso de Administração: “Análise e elaboração de projetos” que tem como finalidade gerar a competência gerencial para o aluno criar, operar e gerenciar projetos, utilizando a tecnologia PMI/PMBoK reconhecida em qualquer parte do mundo. Iniciamos o semestre com um brainwriting 6-3-5, ou seja um toró de idéias escrito em  papel pelas equipes com  seis participantes. Cada membro pode apresentar até 3 idéias em até 5 minutos em uma roda. Ao sinal do facilitador, passam o papel para o participante da direita, e cada membro tem acesso às idéias do companheiro do lado, de forma que todos tenham conhecimento das propostas do grupo, quando muitos “absurdos” à  primeira vista, se revelam  grandes inovações após  implementações. E foi o que aconteceu com “Conhecer o Futuro” - projeto voltado para jovens carentes  de 13 a 17 anos, que tem como objetivo fazer palestras e visitas técnicas  nas áreas sonhadas como possíveis profissões para esses adolescentes. Aqueles que querem ser  médicos, ouvem palestras de médicos  convidados e que doam seu tempo à causa. O mesmo acontece com engenheiros, juízes, geólogos, padres etc... Após este encontro, são disponibilizados ônibus com facilitadores que levam os interessados para visita técnica em sua área desejada, e no projeto há o controle posterior dos estudos e avanços dos meninos e meninas, envolvidos neste processo. Na contextualização do projeto, está colocada a carência de mão de obra qualificada no País, o que tem gerado importação de cérebros, enquanto nossos jovens permanecem desempregados ou sub empregados por não terem as habilidades e atitudes  necessárias para atuar no mercado. O caso da engenharia é gritante: em 1992- quando atuei como chefe da assessoria técnica do CONFEA, em Brasília- o problema era a falta de oportunidade para engenheiros: vivíamos então a “década perdida”. Hoje este órgão libera por ano cerca de 20000 vistos de trabalho em áreas tecnológicas para  indianos, chineses, argentinos e profissionais de toda parte do mundo, sem os quais o País não conseguiria crescer. Nossa elite dirigente, infelizmente, deixou no limbo a juventude do Brasil e somos obrigados a dar os melhores empregos para pessoas de outros países.

O Projeto “Conhecer o Futuro”- faz análise técnico econômico financeira e comprova ser viável. Usa a ferramenta MS PROJECT que delimita o caminho crítico de execução, e tem uma relação custo - benefício excelentíssima, por resgatar a um custo baixo (graças à Deus e ao voluntarismo), o futuro de nossos jovens, filhos e filhas do Brasil.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

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Câncer de mama: uma epidemia

Em setembro,junto com a chegada da  primavera, percebi que, paradoxalmente, um  inverno se pronunciava: outra crise na saúde pública do País. E não se tratava de algo conjuntural, mas de um esgotamento do modelo de geração de riqueza, que além de excluir e gerar desigualdades de todo tipo, gera câncer. Simples:  o modus operandis do ter e acumular riquezas para as 20 000 famílias que mandam no Brasil(de acordo com o IPEA), não  respeita   limites naturais, quer sejam os ambientais ou sociais. E existe uma relação biunívoca entre câncer e poluição, câncer e degradação ambiental, câncer e grandes empreendimentos com baixa sustentabilidade sócio-ambiental. Mais uma vez fica comprovado, que a parte mais frágil da sociedade brasileira paga o preço do que Michael  Lind cunhou de brazilinização: as mulheres negras e com baixa escolaridade,  são as que mais morrem por não conseguirem o diagnóstico a tempo de se tratarem, em hospitais públicos, onde se leva até seis meses para se conseguir uma biópsia, e até um ano para se fazer um tratamento, isto, quando não são enganadas pela falta de equipamentos e profissionais treinados, como protesta a Sociedade Brasileira de Mastologia.

Li os tópicos principais  da dissertação de mestrado sobre o assunto – “Sobrevida em cinco anos e fatores prognósticos em mulheres com câncer de mama em Santa Catarina”. Ela foi defendida  pela fisioterapeuta Joyce Ceola Schneider na UFSC- Universidade Federal de Santa Catarina, e seus resultados   decretam que, o diagnóstico de câncer para mulheres jovens, não brancas e analfabetas, é uma condenação de morte em até 5 anos.

Na verdade o que é comum, onde se tem uma saúde pública medianamente adequada, mesmo em países muito mais pobres que o Brasil, é tratar o tumor na sua fase inicial, ou seja, menor que 1 cm e com chance em torno de 100% de cura. Ocorre que,  devido às piores condições sociais das pretas, pobres e analfabetas, há falta de acesso ao diagnóstico, à informação correta e ao tratamento, pois só podem usar os hospitais públicos com suas filas intermináveis,seu despreparo técnico e de pessoal, além  do comum  frio descaso, com que são tratados os negros, pardos, e indígenas neste País.

Na pesquisa de Schneider, que catalogou prontuários de 1002 mulheres com informações abrangendo 5 anos,em 2 hospitais públicos, menos de 50% delas, com idade inferior a 30 anos, sobreviveram após 5 anos.

Enquanto no mundo a mortalidade por câncer de mama está diminuindo, no Brasil ela está aumentando, reclamam os especialistas e Ongs envolvidas na ajuda a essa gente. Uma epidemia evitável se formou entre nossas jovens não brancas, e um modelo que se esgota, tira vidas preciosas que farão falta ao Brasil do futuro – aquele com uma sociedade sustentável. Enquanto isso, o INCA-Instituto Nacional do câncer, estima que só neste ano, 50 mil casos de tumores de mama vão aparecer. Um tsunami cancerígeno portanto, que  atingirá milhares de famílias brasileiras. Não adianta pensar que não é com a gente. Concluo pedindo mobilização social já! Porque talvez muito perto de você, uma estrela negra pode se apagar para sempre.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br


A Educação e a Fome


“O Homem não é nada além do que a educação faz dele”
Immanel Kant.

Revisito hoje um artigo de oito anos atrás em que indagava como o famoso rock: Você tem fome de que? Educação, eu completo, além  de comida... bebida, diversão e arte- que ainda é a resposta do verso.Faz parte - e pra ser feliz, devemos assim, compor um hino à qualidade de vida. Mas até para reconhecer isso e preciso de professor e escola de qualidade. Sem eles não se tem a luz. E claro, depois vem a comida. É esta  nossa fonte de sobrevivência, além de cultura e prazer, mesmo quando não se pode comer um macarrão com molho de tomate da mama aos domingos, por causa da inflação dilmista. Contudo, ainda há falta de alimento para bilhões de pessoas no mundo, e para milhares aqui ao nosso lado. E se não bastasse essa ausência de “fome zero”, a realidade nos remete para intoxicações e contaminações de alimentos diariamente, pelo abuso no uso de agrotóxicos que fazem do Brasil o maior consumidor mundial desses venenos, além do paradoxal desperdício, que em alguns itens chega a mais de 50% entre o produtor e a nossa mesa, haja vista as perdas da maior safra de grãos de nossa história, derramada pelas estradas engargaladas, contaminadas em caminhões, num atentado à ciência logística e ao bom senso.

Bem dizia meu avô: “bicho de goiaba é goiaba”. Mas no tempo dele não se derramava tanto veneno de avião. Hoje quando vejo um bichinho desses, sorrio e aprovo a fruta porque como indicador  biológico, ele me passa a mensagem: ”Se eu sobrevivi, você sobreviverá também”. 

Quanto à bebida, por exemplo, endemicamente temos casos de Mal de Chagas registrados principalmente no norte e nordeste em bebidas como o açaí e  caldo de cana, e todas as vezes que há este tipo de ocorrência,  um sem número de sub notificações acontecem, ou seja muita gente adoece ou morre, sem que a autoridade sanitária sanitária tenha o registro correto da causa.

O que dizer da diversão e arte?dar risadas, estudos comprovam, _ são um antídoto pra depressões a e a falta da libido, além de grande aliado na higidez do corpo contra doenças.Mas o que o cenário artístico e cultural de uma cidade do interior como Uberlândia oferece?quase nada! Daí a se louvar a proposta da terceira conferência municipal de cultura do novo governo- ainda uma promessa -  para diagnosticar a fome de cultura e lazer em nosso povo, que deveria consumir cultura e arte, como se come arroz com feijão e se bebe caldo de cana. A grande sacada dos americanos para dominar o mundo foi o paraíso dos filmes de  Hollywood. Hitler até tentou com museus, artistas, e música clássica de Wagner. Quando não se conquista pela força, se chega a bastiões antes inacessíveis de uma nação pela estratégia do conhecimento, da cultura e da arte. Viva Bibi ferreira que estréia na Broadway aos 90, levando nossa cultura e arte ao mundo. Precisamos das milhares de Bibi que estão sem brilhar ainda.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
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