terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Dois discursos

“Ora direis ouvir estrelas...” Olavo Bilac

Um iluminado discurso do senador pelo PDT do DF, Cristovan Buarque, ecoou solenemente no senado da república na semana em que foi divulgada a posição do Brasil como 85º país em IDH no mundo, atrás de muitos países pobres e dos hermanos argentinos que, por exemplo, com Messi, Papa e mesmo em crise, estão em 45º. Dizia ele que o governo ao invés de reconhecer que algo não vai bem com a qualidade de vida do povo brasileiro, e a partir daí liderar uma maré para reverter este escore negativo, “com sangue suor e lágrimas” - tal qual Churchil na segunda guerra, nossa autoridade maior preferiu tentar mudar a planilha (dar uma maquiada, como suspeitamos costuma fazer). Ora senhora presidente, mesmo que estivéssemos na posição 68º com a tal correção, isto seria triste para uma nação que já é a sexta economia do mundo, pondera o nobilíssimo senador. O IDH é um indicador de Qualidade de Vida que varia de 0 a 1 - quanto mais próximo de 1 melhor, e avalia somente 3 dimensões de nossa vida: a educação, a longevidade e o salário ou capacidade econômica do cidadão. Quanto maior a educação, melhor se comporta os dois outros indicadores. Todavia, muitos aspectos ruins de nosso cotidiano, não são medidos: por exemplo, o tempo cada vez maior que gastamos no trânsito, o estupor de nossas cidades  derrotadas pelas cracolândias e a insegurança a elas associadas; as nossas águas fétidas contaminadas pelo esgoto urbano; nosso stress urbano com assaltos a luz do dia em semáforos.

Há ainda o sentimento de perda e desilusão após sucessivas cheias de rios não dragados, e encostas não escoradas em áreas de riscos, as quais todo ano, na estação chuvosa, ceifam vidas por irresponsabilidade de autor idades corruptas e desatentas.  A lista seria enorme, e por certo pesaria tanto que, sequer estaríamos em 85º lugar. Para cada problema acima citado existe uma solução já provada. E porque não conseguimos realizar estes projetos? Não há falta de recursos. Falta indignação neste País. Sequer vamos para as ruas com panelas como fazem os argentinos: morremos bovinamente - e olhe que até os bois tem hoje quem os defenda por uma morte mais digna!

Quando vejo o governador do Rio brigar por bilhões e bilhões de reais que recebe de Royalties de petróleo - pergunto: porque não escorou os barrancos de Petrópolis nestes quase dois anos? porque não reconstruiu as pontes? além disso não dá para vê-lo hoje, sem lembrar que curtiu Paris com Cavendish da Delta e com lenços de pirata na cabeça, gastando a rodo dinheiro, fazendo o papel da cigarra da parábola “ A cigarra e a formiga”. Agora cadê o dinheiro para resolver os problemas do dia a dia da população do Rio?

O segundo discurso, outra luz, foi do poeta J.B. Guimarães citando o patrono de sua cadeira, Olavo Bilac, e o belo poema em tela, ao tomar posse na ALU-Academia de Letras de Uberlândia, que tenho a honra de presidir desde janeiro. No seu “Armazém Literário” no bairro Fundinho, nosso ponto de encontro e de outros acadêmicos aos sábados, pudemos notar que a sociedade pulsa e pode sinalizar o caminho ao setor público,  como protagonista da cena cultural de nossa cidade. Por exemplo, no sábado dia 6 de abril, lançaremos o site da ALU e daremos posse ao escritor e jurista Jadir Siqueira de Souza e ao poeta Pedro Popó, como novos “imortais” do pedaço. Espero encontra-los por lá.  Abraços.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

O Fermento dos Fariseus

“Por muito tempo achei que a ausência é falta./ E lastimava, ignorante, a falta./ Hoje não a lastimo./Não há falta na ausência./ A ausência é um estar em mim./ E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,/que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada,/ninguém a rouba mais de mim.” Carlos Drummond de Andrade

Escrevi cerca de 400 artigos neste espaço nos últimos 11 anos... e agradeço por isso a parceria dos leitores e editores do “Correio de Uberlândia”. Neste período, procurei ser propositivo, às vezes fiz desabafos, outras vezes homenagens. E, nessa linha de tempo nunca vi meu País em situação tão desesperadora em termos de perspectivas. É claro que vamos sair dessa... contudo não gostaria que esperássemos três anos de crise, corroendo  patrimônios e esperanças... a meu ver, para virarmos esta página, deveríamos fazer um grande pacto(apesar do desgaste da palavra), como o de Moncloa, na Espanha pós- ditadura Franco, quando em plena guerra fria, se conversou até com o partido comunista. Por isso, advogo que, após prendermos quem, no PT ou em outros partidos, ainda deva à justiça, devamos conversar, sim e rápido, com seus interlocutores, pois é preciso desatar nós e pacificar a Nação.

A atual conjuntura sócio-política-econômica não é favorável. E nos últimos 30 anos nunca se viu um congresso tão desconectado da sociedade e caracterizado por 3 forças  que iniciam com b: bala, boi  e bíblia... Nele, o poder econômico sequestrou nossa representatividade, pasteurizou nossas pautas e faz pouco caso do povo - um parlamentar afirmou dia desses -”Estou me lixando para a opinião pública”, e a cereja deste bolo, foi a eleição do Sr. Cunha para a presidência da Câmara representando a bancada da bíblia.

E é forçoso observar como este grupo de pseudos seguidores de Jesus, à revelia da maioria esmagadora de cristãos, está na vanguarda do atraso no congresso, e faz um papel semelhante ao do “tea party” americano. Pois estas pessoas – muitas envolvidas com falcatruas, e esperando julgamento do STF, fazem nossa gente amargar (numa imagem futebolística) um empate sem gols, em uma pelada desastrosa, de campo de chão batido, e com muita chuva. Lama!

São fariseus modernos- que, impõem  à maioria pesos e obrigações que eles mesmos nunca  carregarão. E procuram mudar as leis a seu bel prazer- usando o fermento citado por Nosso Senhor em são Mateus –“Guardai-vos com o fermento dos Fariseus”- para favorecer os 1% de abastados citados por pikety no seu livro “O Capital”. Esta elite já se apoderou de 50 % das riquezas do País, e quer mais. Vivemos como se estivéssemos no século XIX, em termos de desigualdade e opressão. Infelizmente faltam líderes que nos tirem deste atoleiro.

Por esta razão, esse acordo nacional liberaria forças vivas da Nação para as novas oportunidades de globalização das Inovações nas grandes “suply chains” do mundo. Ancorado por 3 grandes revoluções, já amplamente dissertadas : a primeira delas a educacional, a segunda a fiscal/sanitária, a terceira, a política e social.

Não será difícil fazê-las. Basta dedicarmos a mesma energia e dinheiro que devotamos à copa de 2014, onde gastamos dezenas de bilhões de dólares, e às Olimpíadas de 2016- que estão mudando a arquitetura do Rio de Janeiro. Não nos falta competência – nem recursos: carecemos é de prioridades e  lideranças.

Que Deus nos ajude!

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e presidente da Academia de Letras de UDIA-ALU
debatef@debatef.com


O Bom Pastor

“Não basta abrir a janela/Para não ver os campos e o rio./ Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores./ É preciso não ter filosofia nenhuma./Com filosofia não há árvores: há apenas ideias./ Há só cada um de nós, como uma cave./Há só uma janela fechada, e todo mundo lá fora; /E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse, /Que nunca é o que se vê quando se abre a janela” Fernando Pessoa.

A recente vinda de George Gregório- o papa Francisco ao Brasil, suscitou reflexões, pelo seu jeito despojado de ser, pelas oportunidades em que relevou recomendações da segurança para estar junto do povo, sua matéria prima, e pela sua enérgica gestão contrária à corrupção nos corredores daquele Estado. A independência deste pastor de almas, em relação ao dirigismo praticado pela cúria romana, é outro aspecto relevante a ser observado, e copiado por outros líderes, religiosos ou não, sequestrados em suas ações, por assessorias, staffs e conselhos.

Jesus Cristo também agiu assim, muitas vezes contrariando o senso comum e as normas da época. Por exemplo, ao não lavar as mãos como exigia o ritual judaico, ensinou que o que contamina o homem é o que sai pela boca – “a palavra” mal proferida em  power point,  a falsidade filosófica exposta aos incautos, como a pregação domingueira pinçada  no velho testamento, e não na nova dispensação da Graça, acontecida após o sacrifício do filho de Deus. A Herodes, que do alto de seu império, temia o prestígio de nosso Senhor junto ao povo-mandou vários recados, num deles falou claramente: “mande dizer à essa raposa, que curo cegos, expulso demônios e vou terminar minha obra ao terceiro dia, e meus discípulos (pastores?) também  farão estas maravilhas” - mostrando que tinha foco na sua missão na terra : “Meu reino não é desse mundo.”

A principal lição de Francisco é a humildade: estamos fartos de ver pastores, principalmente os protestantes, desfilar em ferraris com relógios rolex, camisas de linho egípcio e voar em seus próprios jatos de 300 milhões de dólares. Ou, pobres ainda, mas orgulhosos e buscando glória e reconhecimento (salarial?). O reino deles é deste mundo.

Os versos de Fernando Pessoa acima sugerem haver pessoas que não enxergam além de suas janelas. Acho importante pensar essas janelas como espirituais. E em altares de igrejas cristãs, onde padres, presbíteros e pastores não conseguem ver os anjos em volta, com suas espadas desembainhadas-como no episódio bíblico da mula de Balaão - ante o opróbrio, e a idolatria, igual na época da reforma de Lutero, que pregou os” 5 solas” e incendiou os dogmas de Roma: sola(somente as)escrituras, sola Cristo, Sola Graça, Sola Fé, e somente à Deus seja dada a Glória.

A agenda de Lutero, agora, deve ser usada novamente por Francisco e líderes religiosos do mundo, principalmente para barrar aqueles, que usando a Bíblia, esganam multidões como se lobos fossem; enquanto o bom pastor, Jesus, descrito abaixo no salmo 23 de Davi, é “soft” e amigo:

“O Senhor é o meu pastor e nada me faltará; Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum porque tu estás comigo; Unges a minha cabeça com óleo; Refrigera minha alma; Sinto-me como em um banquete de honra; onde são abertas as janelas da fé, o que me faz crer que no futuro habitarei na casa do Senhor por longos dias”. Que assim seja.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da A.L.U. Academia de Letras de Uberlândia

debatef@debatef.com

O Ajustar das Velas

Palavras não pagam dívidas” William Shakespeare.

Acompanho com atenção os orçamentos da União, do Estado e do Município. Falta transparência. Até onde se permite ver, absurdos desrespeitos às deliberações legislativas e à demandas da sociedade. Como num jogo, poucos que detêm o poder, fazem a fortuna de poucos ou a desgraça de milhões de pessoas. Um jovem edil da cidade de Uberlândia, está patrocinando um projeto de lei para estabelecer a transparência no orçamento. Até que enfim. Na era da internet, e da comunicação on line, é incomcebível sermos pegos de surpresa com alguns gastos municipais, que não estão dentro das prioridades da população- Oportunidade para lobistas serem locupletados.

Estive com o Prefeito Odelmo, a seu convite, após algumas críticas que fiz numa carta aberta ao mesmo no jornal “O Correio”. A ele, olhando nos olhos, disse que precisava governar junto com a sociedade. “Não se governa sozinho, ou com um pequeno grupo de séquitos”. Sugeri um Conselho de Desenvolvimento para o Município...   “Este é o maior desafio de minha vida, professor”, me disse. Acredito que sim, mesmo para um preparado ex-deputado, um dos mais influentes que o congresso já viu. Mas a questão agora é de gestão Prefeito! A coisa é diferente. Tudo começa e termina com pessoas. O secretário de Administração mostrou o planejamento em que utiliza a moderna ferramenta Balance Score Card. Após alguns minutos de conversa se rendeu às evidências de que não tem como executar vários planos de ação em virtude da desmotivação dos funcionários! Falta o principal, e sem gente comprometida (velas) não se chega a lugar nenhum em administração.

A qualificação do ser humano, nos dias de hoje, têm feito a diferença em organizações do mundo todo. Primeiro o capital humano Depois pontes, terminais rodoviários etc (por exemplo temos uma polêmica obra do corredor rodoviário em andamento de valores elevadíssimos, sem aproveitamento do que antes já existia). Jack Welch fez isso na GE, o Japão na era Menji, e aqui mesmo temos exemplos de sucesso nos negócios com as universidades corporativas do Grupo Algar e do Grupo Martins entre outras. Não dá mais para pagar dívidas com palavras e sem resultados. Veja o governo federal, que apesar dos pesares tem mais transparência que o municipal: empenhou 61% das dotações orçamentárias iniciais para a sofrida infraestrutura do País (portos, aeroportos e malha viária) até o final de novembro, segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada só havia liquidado 36,28%, apesar do clamor social, dos prejuízos para quem produz e das vidas que se perderam nos buracos das estradas brasileiras. O Congresso fez um orçamento para a nação em 2005 e só 25% foi executado!. Sobra dinheiro nos ministérios por ineficácia em gestão de pessoas! Os governos desmotivam (baixos salários, falta de treinamento, falta de reconhecimento, falta de metas, falta de padrões operacionais e falta de exemplo–vide as Universidades federais!)- E abrem as burras para os valérios e delúbios da vida e demais ratos   da fazenda nacional. As eleições vêm aí e com elas de novo, promessas vazias. Palavras, palavras, palavras...

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br  

Gestão com Melhoria Contínua


“Semeia um pensamento, colhe um ato. Semeia um ato, colhe um hábito. Semeia um hábito colhe um caráter. Semeia um caráter, colhe um destino”
Marion Lawrence


Participei de encontro de produtores de frango preocupados com a gripe aviária, e pude ver que apesar de sermos os melhores do mundo no chão de fábrica da avicultura, temos governos e instituições frágeis para deter uma possível pandemia. Tudo que se fez no setor privado em termos de produção com qualidade deveria ser estendido ao setor público, principalmente o conceito “Kaizen”– Melhoria Contínua– aplicada ao gerenciamento.

Foi um ocidental na Äsia, o Dr. Deming, que conseguiu transformar uma milenar forma oriental de ver o mundo em uma ferramenta da qualidade: O ciclo PDCA ou Roda de Deming (que gira)– Planejar, Fazer- o planejado, Checar- para verificar se está tudo conforme planejado e Agir - para corrigir se algo saiu errado ou para melhorar. Um modo prático para melhoria contínua da gestão, que está disseminado na cultura de “piso de fábrica” no mundo todo e ganhou força no Japão pós-guerra.

     O chamado “chão de fábrica”, -Gemba em japonês- é onde se agrega valor, e cliente só paga valor agregado. Logo tudo que não colabore para satisfação dos requisitos do cliente, é “muda” – perda em japonês. Aprendi como engenheiro, que o velho e bom 5S (utilização, ordenação, limpeza, saúde e autodisciplina) é a base do sucesso da Gerência da Qualidade Total, proporcionando satisfação dos clientes e na empresa, moral alto, qualidade de vida e menor tempo nos processos.

No Japão a produção no Gemba é chamada de 3K – Kitanai (sujo), Kitsui (pesado) e KiKai (perigoso) – e as gerências descobriram que é preciso ajudar o pessoal a melhorar sempre para diminuir o diferenças entre a expectativa e a satisfação do cliente final. Todos, diariamente estão envolvidos na melhoria dos processos, no “Kaizen”, que chega a ser algo religioso, que extrapola para o meio ambiente interno das organizações sob forma de 5S e para o meio ambiente externo, sob forma de parcerias de responsabilidade social incluída aí a gestão ambiental.

Às vezes é difícil ensinar Qualidade no Brasil- o mau exemplo arrasta. Em todos os níveis da gestão pública. Falo principalmente do mandatário principal e seu partido PT, que vendeu, mas não entregou “o produto”.  Trafica influência e deixa roubar(perdas). Mata quem pode atrapalhar seus planos (Celso Daniel). Gasta em cartão de créditos um milhão de reais do limite pessoal (FHC tinha 35000), e manda o Mercadante tirar da internet este escândalo porque é “questão de segurança nacional”. Compra consciências de intelectuais (Marilena Chauí). Compra os Nordestinos com o “esmola família”. Compra o mandato de políticos (Mensalão). Tenta amordaçar o Judiciário e faz como os antigos coronéis ”para os amigos tudo, para os inimigos a lei”. Mas afirmo, nem tudo está perdido, pois estamos no “c” do PDCA. Por enquanto é uma questão de constatarmos que colocamos um mau caráter à frente da nação. Só será triste o destino nosso, se deixarmos ele lá. A hora é do “A” de agir para corrigir: Fora Lula!

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
Coordenador do curso de Pós Grad.Gestão de Agronegócios da UNIMINAS
E Presidente da Debatef Consultores associados S/C ltda
Uberlândia MG

debatef@debatef.com.br

Urgente: Gestão nos Agronegócios!

Coordeno um curso de pós-graduação Lato Senso em Gestão de Agronegócios na Uniminas em Uberlândia-MG. Estamos formando a primeira turma, e 2005 foi um ano de muito trabalho e crescimento. As crises da febre aftosa, a possibilidade da gripe aviária e a quebra da safra de grãos por questões climáticas foram alvo de seminários e indicativos de soluções no campo, por alunos e professores deste curso da academia, onde todos estão diretamente ligados à produção agropecuária da região, que é um dos principais pólos do agronegócio e o maior centro de logística do País. Estamos no olho do furacão. Impossível não interagir com a sociedade, no momento em que a tecnologia das universidades aplicadas em centros de pesquisa “surpreenderam”, apesar todos os percalços acima, e geraram cerca de 44 bilhões de dólares em exportações, nesta Nação de gargalos e desperdícios seculares.

      Ilhas de excelência como universidades e centros de pesquisa, que por décadas investiram em pesquisas e produção agroindustrial, EMBRAPA, ESALQ/USP, UFU, LAVRAS, VIÇOSA, EMATER, UNESP/BOTUCATU, entre muitas faculdades de agronomia e veterinária, foram as responsáveis por este êxito, assim como o ITA foi o responsável pela Embraer e sua tecnologia na produção de aviões, outra fonte significativa de recursos exportados. ”Não existe almoço Grátis” nos ensinou um dos gurus de administração. A autossuficiência em energia do carbono através da Petrobrás - um sucesso, só aconteceu porque a sociedade embarcou na campanha “O petróleo é nosso” contra todas as previsões dos gurus e especialistas de petróleo da época (início da década de 50). Eles, nada de substancial nos ensinaram. O que nos fez suar a camisa atrás de novas tecnologias como a de águas profundas. A competição no mercado de tecnologias é duríssima. Veja o caso dos subsídios agrícolas: poderíamos ter faturado mais 5 bilhões de dólares se os países  ditos ”desenvolvidos” usassem a mesma lógica de mercado que utilizam para nos empurrar eletroeletrônicos por exemplo. É um escândalo os dois pesos duas medidas, para nos subordinar ao ”subdesenvolvimento”. Que alguém já disse, não se improvisa. É obra de séculos de manobras planejadas e cartas marcadas da agora OMC.

Mas poderíamos estar muito melhores se cuidássemos do dever de casa. Se não vejamos o desperdício de alimentos, nesta nação de 50 milhões de pessoas com déficit de calorias, que também desperdiçam milhares de ton de grãos em casa antes de levá-lo à mesa, após outra perda importante no varejo (por exemplo de cada 40,37 kg de arroz colocados em disponibilidade pelo campo, só 25,4 são efetivamente consumidos).  Recomendo consultar www.ibge.gov.br para acessar a pesquisa. O Brasil perdeu 81,5 milhões de ton de grãos de 1996 a 2003, e o IBGE revela o crescimento do desperdício na agricultura em estudo inédito nas fases de pré e pós-colheita das safras agrícolas de feijão, milho, soja, arroz e trigo. Dos impressionantes 81,5 milhões (só para comparar até meados da década de 90 não passávamos de 40 milhões por ano de produção), 2,8 milhões foram desperdiçados na pré-colheita, ou 5% do potencial de produção, enquanto 5,33 milhões de ton foram perdidas na pós-colheita, ou seja, 8,7% da produção dos 5 tipos de grãos no intervalo estudado. Tudo por causa da logística precária, da ausência de silos, da falta de universalização da aplicação de tecnologias conhecidas e desenvolvidas nas nossas universidades, que apesar de tudo que já fizeram, ainda estão longe de onde as coisas realmente acontecem. Precisamos de mais trabalhos de campo. Interação faculdades x homem do campo, inovação e novas tecnologias x fazendas e sítios. A rentabilidade neste século está não no tamanho da fazenda, mas no que se vai fazer em temos tecnológicos, em cima da terra. Com três alqueires paulistas pode-se ganhar alguns milhões de dólares/ ano com, por exemplo, exportação de rosas colombianas. E centenas de alqueires mineiros podem dar prejuízo constante com inadequação de culturas e falta de aplicação de novas tecnologias. Moral da história: não adianta dar terra para “sem terras” sem dar conhecimento aos mesmos. Nem financiamento para agricultor tradicional, o que só vai fazer o cidadão perder a terra herdada dos pais para bancos. Gerenciar a mudança de paradigmas: a questão agora é aprender a aprender. Ensinar fazendeiros a inovar no campo, atuando nos processos que geram desperdícios. O que já operamos nas universidades. E é preciso trazer a universidade para o campo. Assim como já a trouxemos para as siderúrgicas para realizarmos a execução do melhor e mais competitivo aço. E também para criarmos e fazermos um dos melhores aviões do mundo. Nestes dois exemplos, hoje, não é tolerado nenhum desperdício, caso contrário não conseguiríamos vendê-los a preços competitivos. Gestão da qualidade na logística e nos processos do agronegócio: Há urgência! O Brasil não aguenta mais tanto desperdício!

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br


A Gestão do Capital Intelectual

Terra, mão de obra e Capital eram na economia neo-clássica os fatores de produção para geração de riquezas e que compõem a famosa curva da função produção que em suma,determina aumento exponencial da quantidade de bens e serviços  à medida que se aumente um ou mais dos três itens citados.
  
No final do século passado, com o big bang da informação proporcionado pela internet, entrou em cena um novo paradigma, que demonstrou ser o único fator de produção significativo para produção de bens e serviços - o conhecimento. Em função disso, buscou-se o desenvolvimento de processos para mensuração de sistemas administrativos que visem a convergência de fins e meios entre os enfoques de Gestão do Desempenho, Gestão da Competitividade, Gestão do Capital Humano e Gestão do Valor, de forma continua e integrada, para possibilitar alcançar a performance balanceada de objetivos estratégicos em organizações da hoje chamada Economia do Conhecimento.

Mais importante do que apenas formular e implementar estratégias, a capacidade de monitorar e fazer ajustes rapidamente, tornou-se questão de vida ou morte para empresas em virtude do que M. Porter definiu como ameaças e oportunidades em um cenário geral cada vez mais competitivo.A Gestão de Valor dentro do conhecimento organizacional e alavancada por ferramentas tais como o “BSC - Balance Scored Card”, preconizada por Kaplan e Norton e que trata os indicadores de desempenho das metas gerenciais mais importantes do mesmo modo que fazemos ao consultar um painel automotivo, e volta-se atualmente e em última instância para melhorar a interatividade com as pessoas responsáveis por definir, medir, analizar, checar e melhorar os processos produtivos. Vale dizer, portanto que quando se agrega valor ao produto, antes disso trabalhou-se o Capital Humano, através de treinamento, discipulado, moldagem da pessoa no dia a dia da cultura organizacional, nesta avenida rumo à excelência. Este foi o segredo do mais importante CEO-presidente de empresa do século vinte e que gastou em um só ano 500 milhões de dólares em treinamento com seu pessoal na GE, tendo conseguido retornos de dezenas de bilhares de dólares nos anos seguintes e a dianteira nos negócios globais. Se valeu para Jack Welch e a GE, e no século passado, como não valeria para nós de Araguari, do Vale do Paranaíba e do Brasil hoje?

Prof. DR José Carlos Nunes Barreto

Coordenador do Curso de Gestão Empresarial da ACIA- Associação Industrial, Comercial e de Serviços de Araguari

A Geração de Conhecimento através da GIQ - Gestão Integrada da Qualidade

A gestão do conhecimento chegou ao novo milênio como o único fator de produção significativo para a geração de riquezas no universo corporativo. Diversos autores vêm alertando desde meados da última década do século passado sobre a importância da inovação neste processo. Descreve-se um salto quântico no sucesso empresarial toda vez que ferramentas da qualidade de última geração, tipo “seis sigma”, são incorporadas ao capital humano das organizações. Exemplos desses resultados são observados no Brasil em diversos setores produtivos, como o agronegócio, que se aproximaram desse saber fazer e o captaram diligentemente, com método, eficiência, eficácia, em atenção às necessidades dos clientes internos e externos das organizações envolvidas. Segundo TERRA,J.C. (2001)em sua tese de doutorado intitulada “Gestão do conhecimento - O Grande Desafio Empresarial”, as idéias e conceitos são adquiridos, gerados, armazenados, e difundidos através de modelos de gestão do conhecimento individual e/ou coletivo das organizações, e são advindos de uma  miríade de fontes , formas de aquisição e síntese de lições aprendidas.

É impossível hoje se falar em Gestão do Conhecimento, sem ir a fundo  na Gestão de Pessoas e seus fatores estratégicos, bem determinados nas normas globais NBRISO9001/2000-Processo de certificação e auditoria do Sistema de Gestão da Qualidade; da NBRISO14001-Sistema de Gestão Ambiental;OSHAS18001-Gestão de S&SO - Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional; NBR ISO10015/2001-Gestão da Qualidade - Diretrizes para treinamento. Os conceitos de Gestão da Qualidade que agregam valor ao produto sejam eles bens ou serviços, a partir do conhecimento organizacional, estão demonstrados nos oito princípios da norma NBRISO9001/2000, alinhados com as demais normas de certificação citadas e descritos a seguir:

1)  Foco no Cliente- Saber quem são os seus clientes, satisfazê-los em suas expectativas e necessidades ao longo do tempo.

2)  Liderança- Cabe aos líderes estabelecerem os rumos, objetivos de uma organização, o suporte, e as condições para envolvimento das pessoas coma finalidade de atingir os objetivos estratégicos.

3)  Envolvimento do Pessoal - A sinergia funcional que gera benefícios à organização, só virá com a união das proficiências, habilidades e competências específicas de cada indivíduo nos diversos níveis hierárquicos da empresa.

4)  Abordagem por processos – gerenciar como um processo todas as atividades e os inter-relacionamentos das mesmas para atingir os objetivos estratégicos de Produção.

5)  Abordagem Sistêmica para a gestão- Descrever todos os processos entendê-los, registrá-los, estabelecer suas interfaces e fazer sua gestão através de Balanced Score Cards, ou seja, comparar seus principais indicadores de desempenho, diuturnamente em “painéis” onde estarão os benchmarks.

6)  Melhoria Contínua- Baseada na ferramenta “Roda de Deming” ou ciclo PDCA- Planejar fazer, checar e agir - o Sistema de Gestão da Qualidade de uma Organização deve promover a melhoria contínua de seu desempenho de forma permanente. É uma espiral ascendente que nunca parará.

7)  Tomada de decisões baseadas em fatos- A geração de dados a partir da utilização das ferramentas da Qualidade ensinadas pelos mestres Deming, Crosby, Tom Peters, Ishikawa, Juran, Fergenbauer, Tagushi, Akao&Mizuno, Kaplan&Norton e M.Porter, dentre outros, proporcionará decisões com eficácia.

8)  Benefícios Mútuos na Cadeia de Fornecimento – O processo ganha-ganha entre as organizações e seus fornecedores, aumenta a capacidade de agregar valor e o consequente sucesso no objetivo de satisfazer o cliente no final da cadeia de suprimentos.


No Japão a Produção no Gemba – chão de fábrica-é chamada de 3K – Kitanai(sujo), Kitsui (pesado) e KiKai(perigoso) – mas as gerências descobriram que é preciso ajudar esse pessoal a melhorar sempre, para diminuir o diferenças entre a expectativa e a satisfação do cliente final. Funcionários, supervisores, média e alta gerência, diariamente estão envolvidos na manutenção e melhoria dos processos, no “Kaizen” (Ciclo Deming), que chega a ser algo religioso, uma cura interna, que extrapola para o meio ambiente interno das organizações sob forma de 5S e para o meio ambiente externo, como parcerias de Gestão Ambiental incluídas em um leque de responsabilidades sociais.

Segundo Imai, M. (Gemba – Kaizen – Ed. Iman-2000), a pirâmide social do processo no Japão é invertida em relação a que opera no ocidente. Aqui muito gerente nem vai ao 3K. Lá todos vão porque quem não se envolve nesta cena, está na “muda”-perda. Gerência lá é de apoio e está sob a parte inferior da pirâmide invertida (bico apoiado). Aqui a pirâmide está com a base apoiada (Gemba-chão). No topo, a Gerência é de controle, e na maioria das vezes as mudanças só acontecem por ação das altas gerências e à custo elevado, porque feitas por radical alteração de rumo –novos processos/equipamentos/ pessoas –e de caráter não contínuo, envolvendo muito pouco a média gerência e nunca supervisores e funcionários no Gemba.

A Ásia como um todo tem “roubado” investimentos do Brasil, pois segundo projeções do Banco Mundial de cada 2 reais investidos neste ano nos países emergentes, 1 será aplicado lá (Revista EXAME,14/04).Dentre as vantagens competitivas da região que estão fazendo diferença, a principal é o capital humano no chão de fábrica. Todavia, dentre os principais desafios para este século na locomotiva asiática, a China, surge a crise ambiental e de qualidade de vida face ao exagerado crescimento do PIB por décadas, que paradoxalmente atinge as pessoas.

      A Gestão do Meio Ambiente, da Saúde e Segurança Ocupacional que em tempos recentes eram relegados há segundos e terceiros planos em todo mundo, agora faz parte das necessidades do processo produtivo, através de sinergias entre o ambiente e gente, que é hoje o principal ativo de uma organização. Como não cuidar de quem gera riquezas nas organizações? E como crescer sem gerar passivos ambientais além de doenças profissionais no chão de fábrica? Infere-se daí que a moderna Administração fará através da Integração dos processos de Gestão da Produção, Meio Ambiente, e Saúde e Segurança Ocupacional, a chamada GIQ-Gestão Integrada da Qualidade, que adquirirá, gerará, armazenará e difundirá conhecimento, no teatro de operações – O Gemba - proporcionando Inovação e fazendo prosperar as corporações e o País.

Professor Doutor José Carlos Nunes Barreto
Sócio diretor e consultor da DEBATEF CONSULTORES ASSOCIADOS LTDA
Professor dos cursos de Pós Graduação da UNIMINAS/Uberlândia-MG.



A Terra é Plana?


O covarde nunca tenta, o fracassado nunca termina, e o vencedor nunca desiste” (Norman Vincent).

Acredito na eficácia dos pactos. O “Pacto de Moncloa” selou o destino de desenvolvimento econômico e social da Espanha após as trevas do franquismo. Nas guerras, a estratégia dos pactos de não agressão faz a diferença entre a vitória ou não em batalhas. A sociedade brasileira tem construído pactos em momentos críticos ao longo de sua história. Somos um povo que termina longos ciclos com costuras de tréguas entre facções políticas. Foi assim na proclamação da república, na edição da lei áurea, no final da ditadura, e no fim do período inflacionário. Estamos no limiar do final de um ciclo nada favorável: 25 anos de estagnação econômica aliada à banalização da vida, com 50 milhões de irmãos abaixo da linha de miséria, e 75% dos cidadãos sem conseguirem ler e entender uma notícia de jornal. O termo “brasilinização”, cunhado por Michael Lind no livro “The Next American Nation”, significa hoje no planeta, “o aumento da lacuna entre ricos e pobres e o auto isolamento dos ricos em um mundo de bairros fechados, escolas privadas, sistemas de segurança e caríssimos sistemas privados de saúde”.

Que pacto será este que se avizinha? Acho que desta vez será em torno da real valorização do homem como capital humano deste imenso País. Uma liderança nova que apresente propostas estruturantes para estes milhões que atualmente recebem esmolas do governo, estará captando mentes e corações para construção deste novo tempo.

A exemplo de Collor, Lula deveria ter sido cassado. Não o foi por covardia e miopia da oposição. Que é uma das construtoras deste paradigma-governo: o roubar o estado. Clamamos por um pacto que envolva uma lei de responsabilidade fiscal para o governo federal, aliada e irmã gêmea de outra de responsabilidade social, e com as devidas penas de inegibilidade e comprometimento do patrimônio pessoal dos governantes . Precisamos envolver neste pacto, em primeiríssimo lugar, uma educação de qualidade pública pelos próximos 30 anos; uma reforma tributária; manter baixa a inflação; e a construção modernização de uma infraestrutura ampla de serviços e de meios físicos.

     “Last but not least”, neste concerto, há de se incluir um planejamento para estancarmos e sanarmos a dívida pública interna.( pagou-se uma dívida barata no FMI e ficou a cara: estamos devendo um trilhão de reais-51% do PIB)!

Quanto ao título, deste artigo, foi sugerido pelo livro de Thomas L. Friedman. Consta que após jogo de golfe em Bangalore- Indiana EUA (alta concentração de empresas com tecnologia de ponta), e trata-se de um determinista tecnológico, pois acha que a terra é plana em razão da disseminação das forças da tecnologia da informação (computadores, internet e redes de fibras óticas), e da inclusão da China e Índia como novos “players” para os negócios. Claro que ele não considerou os 3 bilhões de pessoas na América latina ,Ásia e África que sequer tem acesso a um computador, e a outra característica central da globalização: a      “brasilinização”. Concluo: Este é o pacto-fazer a “desbrazilização” do Brasil nos próximos 10 anos independente do partido que estiver no governo.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Stress e a qualidade de vida no trabalho


          Seria o stress no trabalho uma epidemia global? Para responder a esta e outras questões sobre qualidade de vida no ambiente laboral, os professores Ana Maria Rossi, James Campbell Quick  e Pamela L. Perrewé escreveram em conjunto com vários colaboradores, todos, como eles, doutores - o livro “Stress e Qualidade de Vida no Trabalho,” publicado pela Ed. Atlas em 2008. Os autores narram a vivência do stress relacionado ao trabalho em diferentes ocupações. Utilizam para isso, uma ferramenta de breve avaliação do stress, que segundo descrições mede uma série de estressores relacionados ao trabalho, além de aferir também as conseqüências do stress, que são a falta de bem estar psicológico, a perda da saúde física e a insatisfação no emprego.   

          O motivo para o meu interesse e de outros pesquisadores por este tema, se dá em virtude dos indícios de aumento de ocorrências do stress prolongado ou intenso no local de trabalho no Brasil, e via de conseqüência, de seus impactos negativos sobre a saúde mental e física dos indivíduos, principalmente como narrado pelo HEALTH AND SAFETY EXECUTIVE do Reino Unido, em que os resultados apontam para um nível de stress tal, que meio milhão de ingleses estarão completamente doentes  em virtude disso.Alertam também para o fato de que  cerca de cinco milhões de pessoas disseram na pesquisa, sentir-se muito ou extremamente estressadas com seu trabalho,e conforme  resultados publicados anteriormente no “Journal of Managerial Psychology” número 20 de 2005, o  stress relacionado ao trabalho custa àquela sociedade cerca de 3,7 bilhões  de libras esterlinas todos os anos.Quanto estaríamos gastando por aqui?   

          Uma sociedade avançada se preocupa em como reduzir o stress negativo do trabalho(sim, porque há o stress positivo,do qual não devemos abrir mão), enquanto nós ainda contamos nossos mortos aos milhares, em acidentes de trabalho - foram segundo o IBGE, 2950 em 2009 - enquanto no cenário mundial este número chega a dois milhões de mortes por doenças ocupacionais e/ou acidentes, com um custo associado estimado em 1,5 trilhão de dólares /ano. 

          Sensibilizado pela questão, trato do assunto em minhas aulas de “ Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho” que ministro em vários cursos de Pós graduação, e tenho com isso conseguido alguns discípulos seguidores, que realizarão no futuro muito mais do que tenho feito, ao unir este tema, ao da qualidade dos processos e à qualidade ambiental.Jean Tófoles Martins Bernardes é um deles e seu brilhante artigo  “ A Incidência de Stress em Executivos de um Grupo Empresarial e suas particularidades”- disponível em WWW.SCIENCOMM.COM.BR -, me honra como seu orientador.Ele mostra em sua pesquisa que o andar de cima está doente com o stress (alguns já morreram), e as mulheres são as que mais sofrem principalmente com os sintomas psicológicos.  

          Os dados mostrados em seu trabalho corroboram com as pesquisas científicas do grupo acima citado, que destaca a vulnerabilidade de trabalhadores que exercem função de liderança, quanto à convivência com o stress organizacional. Propõe programas voltados para saúde mental nas organizações, voltados principalmente para essas lideranças, essenciais - segundo suas palavras - para suas empresas atingirem metas financeiras e corporativas. Parabéns Jean!  

* Professor Doutor 
debatef@debatef.com.br  
Gazeta do Triângulo

Tempo X Humanização


Gostaria de compartilhar com vocês um dos e-mails de ex-alunos-desses que se tornam amigos para o resto da vida -sobre Qualidade de vida:

“ Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food. A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem sua base na Itália (o site, é muito interessante. Veja-o). O que o movimento Slow.

Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade. A idéia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida. A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week em sua última edição européia.

A base de tudo está no questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qualidade de vida ou à "qualidade do ser". Segundo a Business Week os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas, (35 horas por semana) são mais produtivos que seus colegas americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%. Essa chamada "slow attitude" está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it Now" (faça já).

Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem menor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade" com  maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos "stress". Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do  "local", presente e concreto em contraposição ao  "global"  - indefinido e anônimo. Significa a retomada dos valores essenciais do ser  humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé.

Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.

Nesta semana, gostaria que você pensasse um pouco sobre isso. Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A pressa é inimiga da perfeição" não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura? Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa" até para aumentar a produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da "qualidade do ser"?

No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela responde: "Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos...". "Mas em um momento se vive uma vida" - responde ele, conduzindo-a num passo de tango. E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme. Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim. Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe. Tempo todo mundo tem, por igual.
Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que.

Cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon... "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos Planos para o futuro".

Assino em baixo.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br


Somos os 99%?

Ainda vai levar um tempo/ Pra fechar/ O que feriu por dentro/.../Assim caminha a humanidade” cancioneiro popular

Chamou a atenção novamente na mídia, semana passada, o movimento “ocupe wall Street” feito por bem nascidos jovens americanos em Nova York. Eles querem dizer ao mundo que são pobres e que não estão entre os 1% das pessoas da terra possuidoras da maioria das riquezas do planeta. Todavia um estudo do cientista BranKo Milanovic, pelo Banco Mundial desmitificou o assunto, e mostrou que grande parte deles está entre a minoria “odiada”. Os números de Milanovic são taxativos: 60 milhões de pessoas compõe o universo dos 1% mais ricos do planeta, dos quais 29 milhões vivem nos EUA-muitos deles pais, irmãos e primos dos revoltosos. O estudo considerou rica uma pessoa com renda anual maior ou igual a U$34mil dólares (já descontados os impostos), ou pouco mais de 5mil reais por mês, segundo dados de 2005. Quem não conhece pessoas que ganham por mês aqui no Brasil estes valores? Pois estão entre os 1% - e muitos ainda ocupando as praças da vida para se dizerem injustiçados e pobres. Aqui , segundo o estudo, são 2 milhões de pessoas, já que chegamos a sexta posição em PIB no mundo. E na minha opinião, temos é de parar de reclamar, gastar menos e economizar mais. Algumas carreiras de estado começam com salários bem superiores a isso, e perderam a noção do que ganham, e das referências com o País e o resto do mundo. Os dados do economista excluem Índia e China para não rebaixar muito as bases de cálculo, mas deixa claro que uma classe média global incluindo estes países, vive em média com apenas U$1225 por ano (cerca de 2500 reais). E isso significa que os 5% mais pobres dos Estados Unidos ainda tem uma vida financeira melhor que dois terços do planeta. Esses guris são os 5% mais pobres de lá? claro que não!

Depois dos EUA o país com maior número de ricos é a Alemanha com 4 milhões de pessoas, seguido do Reino Unido, França e Itália-todos com 3 milhões de pessoas “bem de vida”. Canadá, Coréia do sul e Japão, como o Brasil, tem 2 milhões. O autor, segundo matéria publicada no site CNNMoney, mostra dados divulgados em seu livro ”The have  and  the have-not”(“os que tem e os que não tem”- em tradução livre), e afirma que existe uma classe média global em plena expansão, deixou de fora muitos dos “ocupantes” por receberem ajuda do governo americano, em muito superior ao que se observa no mundo.

 Voltando nossos olhos para o Brasil percebemos situações parecidas: ajuda governamental, bem vinda colocou “ex-miseráveis” no mapa da “classe média global” o que dá ao mercado interno brasileiro um valor enorme para empresas transnacionais players usarem e literalmente abusarem (vide TIM, Oi e assemelhados) além de servir como colchão de amortecimento para crises externas e barbeiragens de economistas do governo de plantão.

Não estou pregando que estamos ganhando bem demais e por isso não devemos buscar melhorias salariais- estou afirmando que algumas categorias, notadamente as federais, perderam as referencias e peço vênia para dizer neste arrazoado quais são elas, para uso da Nação, e dos contribuintes que pagam a conta da insensatez, por não poderem, em função da sangria dos cofres públicos, exigir do Estado fazer seu papel primordial, que é cuidar das Infraestruturas, Segurança, Saúde e Educação.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

Bancos x Revoluções


“Dinheiro na mão é vendaval”- cancioneiro popular

Sempre fiquei perplexo com a rubrica presente no balanço dos bancos intitulada “provisão para devedores duvidosos”, que aparece e desaparece a mercê da canetada do gestor, e por isso um prejuízo certo pode se tornar um lucro contábil e, vice versa, dependendo da situação e da necessidade do banco -de tal forma que um amigo, que trabalha como diretor financeiro nesta área me informou com a maior desfaçatez: quem faz o lucro ou prejuízo da instituição sou eu, trabalhando isso aí. Como assim cara pálida? E ele desconversou, pois o momento não permitia maiores detalhamentos. É... esta artimanha ,pouco clara, foi usada segundo publicações especializadas, na falência fraudulenta do Banco Santos , está presente na compra pelo ITAÚ ,do BMG - o rei dos créditos consignados, e está no DNA da crise bancária americana de 2008, e na atual crise econômico –financeira da Eurozona. Uma organização assim, faz muitas vítimas - os fundos garantidores, os correntistas, o tesouro nacional- todos perdem, menos os banqueiros. Foi assim também com o banco Pan Americano do Sílvio Santos, às vésperas da eleição de Dilma Roussef, e que foi abafado pelo governo Lula, até que se abrissem as urnas. E porque? Claro que por causa da diferença gritante entre o montante devido a bolsa família, e aquele dispendido para Bolsa _Banqueiros, que poderia sobressair e ficar claro naquele momento para a sociedade, por conseguinte milhões de votos iriam pelo ralo. Todavia onde estava a oposição? ela não teve intelligentsia trabalhando a seu favor, e se deixou tripudiar pelo Napoleão de São Bernardo e mestre do mensalão ,que deu migalhas aos pobres, e banquetes com caviar e vinhos caros aos banqueiros e empreiteiros corruptores.

Aprendi que valor é igual a Função dividida pelo Custo ao executá-la. Logo, para que se tenha valor, há que se executar algo a um preço adequado. Quando se faz as coisas a qualquer preço, o valor diminui drasticamente e se torna tão ínfimo que o custo nesta operação se mostra iníquo-saltando a vista do povo, e a partir daí ninguém segura revoluções -as primaveras árabes da vida.

O Dinheiro das nações tem sido gasto para salvar o sistema bancário mundial-dezenas de trilhões de dólares tem saído dos tesouros nacionais, e a conta amarga tem sido paga pelos orçamentos destes países. Este paradigma, no Brasil, é responsável pela desigualdade social extrema e pela cruel exclusão social. O BNDES perde dezenas de bilhões de dólares ao investir e perder a aposta em grandes conglomerados econômicos, e é incapaz de ajudar da mesma forma, milhões de pequenas e médias empresas nacionais, que representam mais de 80% dos empregos nacionais. Dá pra se calar diante de tanta iniquidade? Os espanhóis foram para a rua, os gregos também, os argentinos bateram panelas, os americanos ocuparam Wall Street. E nós?

Temos sido enganados por políticos que se locupletam com “operações uruguais”, mensalões, escândalos econômicos do clã Sarney, milhões de reais de aloprados do PT, e desvios do tesouro para as Deltas e seus Cachoeiras. É muito pouco falar “acorda Brasil”. Temos de gritar e ir para as ruas antes que seja tarde demais. É mandatário construirmos esse legado de liberdade, tão caro a nós e às futuras gerações.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com



O capital


As pessoas costumam afirmar que os economistas são arrogantes. Falam uma língua diferente, o economês, e tem linhas de pensamento conflitantes, que quando contrariadas pelos fatos, não são revistas pelos autores e seguidores. O tema de nossa reflexão hoje, é baseado em uma leitura que fiz nas férias, e que julgo indispensável neste começo de século: “O Capital no século XXI” de Tomas Piketty - que não é arrogante, nem tem um discurso de economês, pelo contrário, é elegante, possui um suave trato com as palavras, e apresenta competentes pesquisas sobre desigualdade de riqueza e renda, que inovam e impactarão o cenário da economia politica, no século XXI, tanto quanto Marx no século XX, daí o sucesso editorial jamais visto em um livro de economia.

A principal força desestabilizadora da distribuição de renda, é o fato da taxa de rendimento do capital privado ser muito mais elevada que o crescimento dos salários e da produção, e se nada for feito, algo acontecerá de muito grave e revolucionário, envolvendo o despertar das massas prejudicadas. O trabalho é conclusivo, ao comparar as desigualdades de renda e capital, no tempo e no espaço, ao redor do mundo, utilizando o coeficiente de Gini (indicador sintético de desigualdade que varia de 0 a 1–quanto mais próximo de 1 pior). Em 2010 este índice era 0,36 na Europa, 0,49 nos Estados Unidos, e 0,19 nos países escandinavos – O PNUD órgão da ONU avaliou o Brasil em 0,56- o 3º mais desigual. E o que mais me impressionou nas pesquisas de Piketty, é que pouca coisa mudou desde a belle époque- as pequenas mudanças que ocorreram foram exógenas (com ação de fora das sociedades estudadas –como por exemplo guerras) –via de consequência, a desigualdade  não mudou por ações de governantes, nem em países democráticos como Inglaterra e EUA. Como seria diferente por aqui?

Aprecio tabelas e gráficos com análise quantitativas e qualitativas para expressar resultados, o que o livro apresenta fartamente. No capítulo sete, por exemplo, em três tabelas, o autor mostra qualitativamente que em 2010, em termos de propriedade do capital, em todos países o índice médio de Gini foi 0,70, enquanto que para renda do trabalho foi  0,30 (menos da metade). Percebam que o indicador gini de capital somado à renda, mascara o poder dos rentistas, enquanto sabe-se que esta desigualdade é por demais potencializada com ações de patrimonialismo, corrupção e desvios de orçamentos públicos. Uma das sugestões de Piketty (Polêmica) é taxar os mais ricos com, por exemplo, impostos sobre grandes fortunas, de tal forma que o estado lidere e reproduza uma distribuição mais equânime: os 10% mais ricos ficariam com 30%do capital nacional, os 50% mais pobres com25% e os do meio com 45% (contra os atuais 10% mais ricos com mais de 50% de renda e capital, os 50%mais pobres com menos de 20%).

Nas notas de conclusão, o autor dá uma estocada em textos consagrados de Sartre, Althusser e Baldiou - seguidores de Marx, que segundo ele, não apresentam com o mestre, soluções sobre a questão do capital e das desigualdades entre classes sociais, por terem sido comunistas engajados, e usarem esses dados para lutas de outras naturezas. Tudo isso faz muito sentido, ao olharmos para este seco, desigual e esquecido País no lado de baixo do equador.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e presidente da Academia de Letras de Uberlândia-ALU

debatef@debatef.com

IDH-Índice de Desenvolvimento Humano e a Afrodescendência


O início do governo Lula trouxe esperança-hoje já uma gasta redundância- às classes C, D e E do extrato social brasileiro, onde a maioria, segundo pesquisa do IPEA-Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada-WWW.IPEA.GOV.BR- é negra ou parda (cerca de 70%), e habitam as periferias das grandes cidades brasileiras.

O IDH-Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, é um indicador de Qualidade de vida criado pelo cientista paquistanês Mahbub Ul Haq e varia de 0 (pior) à 1 (melhor), tendo por definição três pilares: renda per capita, longevidade e educação. Segundo os dados do IPEA-2001, o Brasil possui IDH de 0,750 semelhante a países como Arábia Saudita e Filipinas. Ainda segundo estes dados, dentro do País existem duas distintas populações: a dos brancos com IDH 0,805, considerado um alto índice de desenvolvimento Humano (quadragésimo sexto lugar no mundo, como a Croácia e Emirados árabes) e a dos negros com IDH 0,691 considerado baixo Índice de Desenvolvimento Humano (Centésimo primeiro lugar no mundo como Vietnã e Argélia). Estas populações representam respectivamente 54% e 45% do total de brasileiros, e seus indicadores apontam um fosso entre as mesmas: na renda familiar em reais- 406,35 x 174,26-; na taxa de alfabetização na população maior de 15 anos -91,7% x 80,2%-; na expectativa de vida ao nascer em anos -71,23 x 65,12-.

Trabalho multidisciplinar levado a efeito no Centro Universitário do Triângulo e na UFU entre 2002 e 2003 identificava cinco grandes áreas de estudo para melhoria da Qualidade de Vida nos afrodescendentes brasileiros: 1-Imagem-auto-estima (agravada pelos veículos de comunicação); 2-Conhecimento-Educação (ausência de negros - <1% - nas faculdades e universidades brasileiras); 3-Longevidade (os afrodescendentes morrem mais cedo pela mandatária e maior exposição aos riscos); 4-Renda (Ainda há trabalho escravo no país, o que se supõe renda zero para milhares –OIT- de pretos e pobres); 5-Meio Ambiente (A degradação ambiental atinge principalmente as periferias onde a maioria da população negra é vítima e também agente da poluição).

O Projeto “Qualidade Ambiental e Qualidade de vida em Bairros Periféricos de UDI”, onde é claro, vivem a maioria de afrodescendentes, foi apresentado por este professor no colegiado CNPQ-PALMARES de Brasília em abril de 2003 e considerado como diretriz pelos demais conselheiros, a maioria afrodescendentes como este escriba. Estávamos no fim do governo FHC, e a instalação deste colegiado no CNPQ com verbas e atenção ministerial se deu após muitos anos de luta da comunidade negra do Brasil. Veio o governo Lula e não reconduziu o Conselho, mas contingenciou as verbas de pesquisa pois havia reconduzido a política econômica de FHC com rigores maiores, para obtenção de superávit público, e agora se vê “emparedado” frente à sérios desvios éticos de conduta com dinheiro de contravenção. Negritude e desesperança, até quando?


Prof.Dr José Carlos Nunes Barreto

Sócio-diretor da DEBATEF CONSULTORES ASSOCIADOS S/C LTDA e Professor Universitário

A Educação e a Fome


“O Homem não é nada além do que a educação faz dele”.

Immanel Kant


Revisito hoje um artigo de oito anos atrás em que indagava como o famoso rock: Você tem fome de que? Educação, eu completo, além de comida... bebida, diversão e arte- que ainda é a resposta do verso. Faz parte- e pra ser feliz, devemos assim, compor um hino à qualidade de vida. Mas até para reconhecer isso e preciso de professor e escola de qualidade. Sem eles não se tem a luz. E claro, depois vem à comida. É esta nossa fonte de sobrevivência, além de cultura e prazer, mesmo quando não se pode comer um macarrão com molho de tomate da mama aos domingos, por causa da inflação dilmista. Contudo, ainda há falta de alimento para bilhões de pessoas no mundo, e para milhares aqui ao nosso lado. E se não bastasse essa ausência de “fome zero”, a realidade nos remete para intoxicações e contaminações de alimentos diariamente, pelo abuso no uso de agrotóxicos que fazem do Brasil o maior consumidor mundial desses venenos, além do paradoxal desperdício, que em alguns itens chega a mais de 50% entre o produtor e a nossa mesa, haja vista as perdas da maior safra de grãos de nossa história, derramada pelas estradas engargaladas, contaminadas em caminhões, num atentado à ciência logística e ao bom senso.
 Bem dizia meu avô: “bicho de goiaba é goiaba”. Mas no tempo dele não se derramava tanto veneno de avião. Hoje quando vejo um bichinho desses, sorrio e aprovo a fruta porque como indicador biológico, ele me passa a mensagem: ”Se eu sobrevivi, você sobreviverá também”.

Quanto à bebida, por exemplo, endemicamente temos casos de Mal de Chagas registrados principalmente no norte e nordeste em bebidas como o açaí e caldo de cana, e todas as vezes que há este tipo de ocorrência, um sem número de sub notificações acontecem, ou seja muita gente adoece ou morre, sem que a autoridade sanitária sanitária tenha o registro correto da causa.

O que dizer da diversão e arte? dar risadas, estudos comprovam, _são um antídoto pra depressões a e a falta da libido, além de grande aliado na higidez do corpo contra doenças. Mas o que o cenário artístico e cultural de uma cidade do interior como Uberlândia oferece? quase nada! Daí a se louvar a proposta da terceira conferência municipal de cultura do novo governo- ainda uma promessa- para diagnosticar a fome de cultura e lazer em nosso povo, que deveria consumir cultura e arte, como se come arroz com feijão e se bebe caldo de cana. A grande sacada dos americanos para dominar o mundo foi o paraíso dos filmes de Hollywood. Hitler até tentou com museus, artistas, e música clássica de wagner. Quando não se conquista pela força, se chega a bastiões antes inacessíveis de uma nação pela estratégia do conhecimento, da cultura e da arte. Viva Bibi ferreira que estréia na Broadway aos 90, levando nossa cultura e arte ao mundo. Precisamos das milhares de Bibi que estão sem brilhar ainda.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Chão de Estrelas


“Eu canto/ porque o instante existe/ E minha vida esta completa/ não sou alegre / nem sou triste/sou poeta”.

Cecília Meireles

Cartola escreveu: “A porta do barraco era sem trinco/ mas a lua furando nosso zinco/ salpicava de estrelas nosso chão...” a proposito, esta poesia sintetiza a criatividade e visão estratégica de alguém que estava no limiar da base da pirâmide de Maslow - uma pessoa obstinada, que depois subiu até o topo da vida, por entender que naquele chão havia um céu. Nós da revista sciencomm nos espelhamos nesta poderosa visão, para aproveitar ideias e soluções de TCCs (trabalhos de conclusão de cursos) dos cursos de engenharia e administração, muitos deles relegados a uma simples brochura de capa dura, depositada na biblioteca de uma instituição de ensino superior (IES)- verdadeiro chão batido -para publicá-las em nosso sítio www.revista.sciencomm.com.br, beneficiando toda sociedade e evitando que deixem de brilhar, juntamente com seus autores e coautores.

Vida dura, a de editor de revista científica com essa proposta, neste País: falta matéria prima, primeiro por causa da lacuna na formação de nossos alunos e até professores, na língua pátria, depois, falta incentiva a experimentos e iniciação científica - por ultimo, percebe-se uma continuada anomia na gestão de talentos, por parte de organizações que deveriam estimulá-los.

Como sabem, tenho delegação do MEC para avaliar o universo de projetos de curso, instalações, professores, e Instituições de ensino superior Brasil afora, que me proporcionou nos últimos dez anos, o registro do desperdício de milhares de oportunidades para publicação de artigos, jogadas no lixo da história por parte de orientadores e Instituições. Isto equivale negar à comunidade de negócios e à sociedade como um todo, o resultado de pesquisas, inovações e soluções na área do conhecimento ocorridas na academia, que turbinariam a produtividade, gerariam patentes, e aprimorariam talentos humanos.

Pior: os números mostram que menos de 20% dos professores publicam, inclusive os mestres e doutores, o que invariavelmente obriga a equipe de avaliadores do MEC dar nota 1 ou 2 ( variação de 1 a 5) neste quesito. Sempre comparo o artigo científico à uma caçamba  com corda, através da qual se retira do fundo do poço do conhecimento, insumos para uma sedenta  sociedade, ansiosa  por matar a sede por inovações, produtividade e soluções inadiáveis para seus constantes desafios operacionais, até mesmo existenciais. Há, portanto um crime de lesa pátria sendo perpetrado por quem deveria zelar pela formação de pessoas, e pela geração de conhecimento no País.

Deixando claro que contamos com o concurso de uma das melhores agencia de regulação do mundo na área da educação- O INEP- que apesar disso, padece a meu ver, de uma miopia estratégica, ao não exigir um plano de ação imediato para mudar este importante paradigma.

Saúdo desta forma, a chegada do quarto número da #revistaciencom, certo que o mesmo cumprirá sua missão de divulgar artigos científicos garimpados como pedras preciosas retiradas do chão de escola. Contribuirá assim para o crescimento da inovação no País, através do fortalecimento da vocação de seus talentos humanos. Será mais uma lâmpada da ciência. Haja luz!

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia-ALU
debatef@debatef.com