A
gestão do conhecimento chegou ao novo milênio como o único fator de produção
significativo para a geração de riquezas no universo corporativo. Diversos
autores vêm alertando desde meados da última década do século passado sobre a
importância da inovação neste processo. Descreve-se um salto quântico no sucesso
empresarial toda vez que ferramentas da qualidade de última geração, tipo “seis
sigma”, são incorporadas ao capital humano das organizações. Exemplos desses
resultados são observados no Brasil em diversos setores produtivos, como o
agronegócio, que se aproximaram desse saber fazer e o captaram diligentemente,
com método, eficiência, eficácia, em atenção às necessidades dos clientes
internos e externos das organizações envolvidas. Segundo TERRA,J.C. (2001)em
sua tese de doutorado intitulada “Gestão do conhecimento - O Grande Desafio
Empresarial”, as idéias e conceitos são adquiridos, gerados, armazenados, e
difundidos através de modelos de gestão do conhecimento individual e/ou
coletivo das organizações, e são advindos de uma miríade de fontes , formas de aquisição e
síntese de lições aprendidas.
É
impossível hoje se falar em Gestão do Conhecimento, sem ir a fundo na Gestão de Pessoas e seus fatores
estratégicos, bem determinados nas normas globais NBRISO9001/2000-Processo de
certificação e auditoria do Sistema de Gestão da Qualidade; da
NBRISO14001-Sistema de Gestão Ambiental;OSHAS18001-Gestão de S&SO - Gestão
de Segurança e Saúde Ocupacional; NBR ISO10015/2001-Gestão da Qualidade -
Diretrizes para treinamento. Os conceitos de Gestão da Qualidade que agregam
valor ao produto sejam eles bens ou serviços, a partir do conhecimento
organizacional, estão demonstrados nos oito princípios da norma
NBRISO9001/2000, alinhados com as demais normas de certificação citadas e
descritos a seguir:
1)
Foco no Cliente- Saber quem são os seus clientes,
satisfazê-los em suas expectativas e necessidades ao longo do tempo.
2)
Liderança- Cabe aos líderes estabelecerem os rumos, objetivos
de uma organização, o suporte, e as condições para envolvimento das pessoas
coma finalidade de atingir os objetivos estratégicos.
3)
Envolvimento do Pessoal - A sinergia funcional que
gera benefícios à organização, só virá com a união das proficiências,
habilidades e competências específicas de cada indivíduo nos diversos níveis
hierárquicos da empresa.
4)
Abordagem por processos – gerenciar como um processo
todas as atividades e os inter-relacionamentos das mesmas para atingir os
objetivos estratégicos de Produção.
5)
Abordagem Sistêmica para a gestão- Descrever todos
os processos entendê-los, registrá-los, estabelecer suas interfaces e fazer sua
gestão através de Balanced Score Cards, ou seja, comparar seus principais
indicadores de desempenho, diuturnamente em “painéis” onde estarão os
benchmarks.
6)
Melhoria Contínua- Baseada na ferramenta “Roda de
Deming” ou ciclo PDCA- Planejar fazer, checar e agir - o Sistema de Gestão da
Qualidade de uma Organização deve promover a melhoria contínua de seu
desempenho de forma permanente. É uma espiral ascendente que nunca parará.
7)
Tomada de decisões baseadas em fatos- A geração de
dados a partir da utilização das ferramentas da Qualidade ensinadas pelos
mestres Deming, Crosby, Tom Peters, Ishikawa, Juran, Fergenbauer, Tagushi, Akao&Mizuno,
Kaplan&Norton e M.Porter, dentre outros, proporcionará decisões com
eficácia.
8)
Benefícios Mútuos na Cadeia de Fornecimento – O
processo ganha-ganha entre as organizações e seus fornecedores, aumenta a
capacidade de agregar valor e o consequente sucesso no objetivo de satisfazer o
cliente no final da cadeia de suprimentos.
No Japão a Produção no Gemba – chão de fábrica-é chamada
de 3K – Kitanai(sujo), Kitsui (pesado) e KiKai(perigoso) – mas as gerências
descobriram que é preciso ajudar esse pessoal a melhorar sempre, para diminuir
o diferenças entre a expectativa e a satisfação do cliente final. Funcionários,
supervisores, média e alta gerência, diariamente estão envolvidos na manutenção
e melhoria dos processos, no “Kaizen” (Ciclo Deming), que chega a ser algo
religioso, uma cura interna, que extrapola para o meio ambiente interno das
organizações sob forma de 5S e para o meio ambiente externo, como parcerias de Gestão
Ambiental incluídas em um leque de responsabilidades sociais.
Segundo Imai, M. (Gemba – Kaizen – Ed. Iman-2000), a
pirâmide social do processo no Japão é invertida em relação a que opera no
ocidente. Aqui muito gerente nem vai ao 3K. Lá todos vão porque quem não se
envolve nesta cena, está na “muda”-perda. Gerência lá é de apoio e está sob a
parte inferior da pirâmide invertida (bico apoiado). Aqui a pirâmide está com a
base apoiada (Gemba-chão). No topo, a Gerência é de controle, e na maioria das
vezes as mudanças só acontecem por ação das altas gerências e à custo elevado,
porque feitas por radical alteração de rumo –novos processos/equipamentos/
pessoas –e de caráter não contínuo, envolvendo muito pouco a média gerência e
nunca supervisores e funcionários no Gemba.
A Ásia como um todo tem “roubado” investimentos do
Brasil, pois segundo projeções do Banco Mundial de cada 2 reais investidos
neste ano nos países emergentes, 1 será aplicado lá (Revista
EXAME,14/04).Dentre as vantagens competitivas da região que estão fazendo
diferença, a principal é o capital humano no chão de fábrica. Todavia, dentre
os principais desafios para este século na locomotiva asiática, a China, surge
a crise ambiental e de qualidade de vida face ao exagerado crescimento do PIB
por décadas, que paradoxalmente atinge as pessoas.
A Gestão do Meio Ambiente, da Saúde e
Segurança Ocupacional que em tempos recentes eram relegados há segundos e
terceiros planos em todo mundo, agora faz parte das necessidades do processo
produtivo, através de sinergias entre o ambiente e gente, que é hoje o
principal ativo de uma organização. Como não cuidar de quem gera riquezas nas
organizações? E como crescer sem gerar passivos ambientais além de doenças
profissionais no chão de fábrica? Infere-se daí que a moderna Administração
fará através da Integração dos processos de Gestão da Produção, Meio Ambiente,
e Saúde e Segurança Ocupacional, a chamada GIQ-Gestão Integrada da Qualidade,
que adquirirá, gerará, armazenará e difundirá conhecimento, no teatro de
operações – O Gemba - proporcionando Inovação e fazendo prosperar as
corporações e o País.
Professor
Doutor José Carlos Nunes Barreto
Sócio
diretor e consultor da DEBATEF CONSULTORES ASSOCIADOS LTDA
Professor
dos cursos de Pós Graduação da UNIMINAS/Uberlândia-MG.
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