“Por
muito tempo achei que a ausência é falta./ E lastimava, ignorante, a falta./ Hoje
não a lastimo./Não há falta na ausência./ A ausência é um estar em mim./ E
sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,/que rio e danço e
invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência
assimilada,/ninguém a rouba mais de mim.” Carlos
Drummond de Andrade
Escrevi cerca de 400 artigos neste espaço nos
últimos 11 anos... e agradeço por isso a parceria dos leitores e editores do
“Correio de Uberlândia”. Neste período, procurei ser propositivo, às vezes fiz
desabafos, outras vezes homenagens. E, nessa linha de tempo nunca vi meu País
em situação tão desesperadora em termos de perspectivas. É claro que vamos sair
dessa... contudo não gostaria que esperássemos três anos de crise,
corroendo patrimônios e esperanças... a
meu ver, para virarmos esta página, deveríamos fazer um grande pacto(apesar do
desgaste da palavra), como o de Moncloa, na Espanha pós- ditadura Franco,
quando em plena guerra fria, se conversou até com o partido comunista. Por
isso, advogo que, após prendermos quem, no PT ou em outros partidos, ainda deva
à justiça, devamos conversar, sim e rápido, com seus interlocutores, pois é
preciso desatar nós e pacificar a Nação.
A atual conjuntura sócio-política-econômica
não é favorável. E nos últimos 30 anos nunca se viu um congresso tão
desconectado da sociedade e caracterizado por 3 forças que iniciam com b: bala, boi e bíblia... Nele, o poder econômico
sequestrou nossa representatividade, pasteurizou nossas pautas e faz pouco caso
do povo - um parlamentar afirmou dia desses -”Estou me lixando para a opinião
pública”, e a cereja deste bolo, foi a eleição do Sr. Cunha para a presidência
da Câmara representando a bancada da bíblia.
E é forçoso observar como este grupo de pseudos
seguidores de Jesus, à revelia da maioria esmagadora de cristãos, está na
vanguarda do atraso no congresso, e faz um papel semelhante ao do “tea party” americano.
Pois estas pessoas – muitas envolvidas com falcatruas, e esperando julgamento
do STF, fazem nossa gente amargar (numa imagem futebolística) um empate sem
gols, em uma pelada desastrosa, de campo de chão batido, e com muita chuva. Lama!
São fariseus modernos- que, impõem à maioria pesos e obrigações que eles mesmos
nunca carregarão. E procuram mudar as
leis a seu bel prazer- usando o fermento citado por Nosso Senhor em são Mateus
–“Guardai-vos com o fermento dos Fariseus”- para favorecer os 1% de abastados
citados por pikety no seu livro “O Capital”. Esta elite já se apoderou de 50 %
das riquezas do País, e quer mais. Vivemos como se estivéssemos no século XIX,
em termos de desigualdade e opressão. Infelizmente faltam líderes que nos tirem
deste atoleiro.
Por esta razão, esse acordo nacional
liberaria forças vivas da Nação para as novas oportunidades de globalização das
Inovações nas grandes “suply chains” do mundo. Ancorado por 3 grandes
revoluções, já amplamente dissertadas : a primeira delas a educacional, a
segunda a fiscal/sanitária, a terceira, a política e social.
Não será difícil fazê-las. Basta dedicarmos a
mesma energia e dinheiro que devotamos à copa de 2014, onde gastamos dezenas de
bilhões de dólares, e às Olimpíadas de 2016- que estão mudando a arquitetura do
Rio de Janeiro. Não nos falta competência – nem recursos: carecemos é de
prioridades e lideranças.
Que
Deus nos ajude!
José
Carlos Nunes Barreto
Professor
doutor e presidente da Academia de Letras de UDIA-ALU
debatef@debatef.com
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