quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Chão de Estrelas


“Eu canto/ porque o instante existe/ E minha vida esta completa/ não sou alegre / nem sou triste/sou poeta”.

Cecília Meireles

Cartola escreveu: “A porta do barraco era sem trinco/ mas a lua furando nosso zinco/ salpicava de estrelas nosso chão...” a proposito, esta poesia sintetiza a criatividade e visão estratégica de alguém que estava no limiar da base da pirâmide de Maslow - uma pessoa obstinada, que depois subiu até o topo da vida, por entender que naquele chão havia um céu. Nós da revista sciencomm nos espelhamos nesta poderosa visão, para aproveitar ideias e soluções de TCCs (trabalhos de conclusão de cursos) dos cursos de engenharia e administração, muitos deles relegados a uma simples brochura de capa dura, depositada na biblioteca de uma instituição de ensino superior (IES)- verdadeiro chão batido -para publicá-las em nosso sítio www.revista.sciencomm.com.br, beneficiando toda sociedade e evitando que deixem de brilhar, juntamente com seus autores e coautores.

Vida dura, a de editor de revista científica com essa proposta, neste País: falta matéria prima, primeiro por causa da lacuna na formação de nossos alunos e até professores, na língua pátria, depois, falta incentiva a experimentos e iniciação científica - por ultimo, percebe-se uma continuada anomia na gestão de talentos, por parte de organizações que deveriam estimulá-los.

Como sabem, tenho delegação do MEC para avaliar o universo de projetos de curso, instalações, professores, e Instituições de ensino superior Brasil afora, que me proporcionou nos últimos dez anos, o registro do desperdício de milhares de oportunidades para publicação de artigos, jogadas no lixo da história por parte de orientadores e Instituições. Isto equivale negar à comunidade de negócios e à sociedade como um todo, o resultado de pesquisas, inovações e soluções na área do conhecimento ocorridas na academia, que turbinariam a produtividade, gerariam patentes, e aprimorariam talentos humanos.

Pior: os números mostram que menos de 20% dos professores publicam, inclusive os mestres e doutores, o que invariavelmente obriga a equipe de avaliadores do MEC dar nota 1 ou 2 ( variação de 1 a 5) neste quesito. Sempre comparo o artigo científico à uma caçamba  com corda, através da qual se retira do fundo do poço do conhecimento, insumos para uma sedenta  sociedade, ansiosa  por matar a sede por inovações, produtividade e soluções inadiáveis para seus constantes desafios operacionais, até mesmo existenciais. Há, portanto um crime de lesa pátria sendo perpetrado por quem deveria zelar pela formação de pessoas, e pela geração de conhecimento no País.

Deixando claro que contamos com o concurso de uma das melhores agencia de regulação do mundo na área da educação- O INEP- que apesar disso, padece a meu ver, de uma miopia estratégica, ao não exigir um plano de ação imediato para mudar este importante paradigma.

Saúdo desta forma, a chegada do quarto número da #revistaciencom, certo que o mesmo cumprirá sua missão de divulgar artigos científicos garimpados como pedras preciosas retiradas do chão de escola. Contribuirá assim para o crescimento da inovação no País, através do fortalecimento da vocação de seus talentos humanos. Será mais uma lâmpada da ciência. Haja luz!

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia-ALU
debatef@debatef.com

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