quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Somos os 99%?

Ainda vai levar um tempo/ Pra fechar/ O que feriu por dentro/.../Assim caminha a humanidade” cancioneiro popular

Chamou a atenção novamente na mídia, semana passada, o movimento “ocupe wall Street” feito por bem nascidos jovens americanos em Nova York. Eles querem dizer ao mundo que são pobres e que não estão entre os 1% das pessoas da terra possuidoras da maioria das riquezas do planeta. Todavia um estudo do cientista BranKo Milanovic, pelo Banco Mundial desmitificou o assunto, e mostrou que grande parte deles está entre a minoria “odiada”. Os números de Milanovic são taxativos: 60 milhões de pessoas compõe o universo dos 1% mais ricos do planeta, dos quais 29 milhões vivem nos EUA-muitos deles pais, irmãos e primos dos revoltosos. O estudo considerou rica uma pessoa com renda anual maior ou igual a U$34mil dólares (já descontados os impostos), ou pouco mais de 5mil reais por mês, segundo dados de 2005. Quem não conhece pessoas que ganham por mês aqui no Brasil estes valores? Pois estão entre os 1% - e muitos ainda ocupando as praças da vida para se dizerem injustiçados e pobres. Aqui , segundo o estudo, são 2 milhões de pessoas, já que chegamos a sexta posição em PIB no mundo. E na minha opinião, temos é de parar de reclamar, gastar menos e economizar mais. Algumas carreiras de estado começam com salários bem superiores a isso, e perderam a noção do que ganham, e das referências com o País e o resto do mundo. Os dados do economista excluem Índia e China para não rebaixar muito as bases de cálculo, mas deixa claro que uma classe média global incluindo estes países, vive em média com apenas U$1225 por ano (cerca de 2500 reais). E isso significa que os 5% mais pobres dos Estados Unidos ainda tem uma vida financeira melhor que dois terços do planeta. Esses guris são os 5% mais pobres de lá? claro que não!

Depois dos EUA o país com maior número de ricos é a Alemanha com 4 milhões de pessoas, seguido do Reino Unido, França e Itália-todos com 3 milhões de pessoas “bem de vida”. Canadá, Coréia do sul e Japão, como o Brasil, tem 2 milhões. O autor, segundo matéria publicada no site CNNMoney, mostra dados divulgados em seu livro ”The have  and  the have-not”(“os que tem e os que não tem”- em tradução livre), e afirma que existe uma classe média global em plena expansão, deixou de fora muitos dos “ocupantes” por receberem ajuda do governo americano, em muito superior ao que se observa no mundo.

 Voltando nossos olhos para o Brasil percebemos situações parecidas: ajuda governamental, bem vinda colocou “ex-miseráveis” no mapa da “classe média global” o que dá ao mercado interno brasileiro um valor enorme para empresas transnacionais players usarem e literalmente abusarem (vide TIM, Oi e assemelhados) além de servir como colchão de amortecimento para crises externas e barbeiragens de economistas do governo de plantão.

Não estou pregando que estamos ganhando bem demais e por isso não devemos buscar melhorias salariais- estou afirmando que algumas categorias, notadamente as federais, perderam as referencias e peço vênia para dizer neste arrazoado quais são elas, para uso da Nação, e dos contribuintes que pagam a conta da insensatez, por não poderem, em função da sangria dos cofres públicos, exigir do Estado fazer seu papel primordial, que é cuidar das Infraestruturas, Segurança, Saúde e Educação.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

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