O início do governo Lula
trouxe esperança-hoje já uma gasta redundância- às classes C, D e E do extrato
social brasileiro, onde a maioria, segundo pesquisa do IPEA-Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada-WWW.IPEA.GOV.BR- é negra ou parda (cerca de 70%), e
habitam as periferias das grandes cidades brasileiras.
O IDH-Índice de
Desenvolvimento Humano da ONU, é um indicador de Qualidade de vida criado pelo
cientista paquistanês Mahbub Ul Haq e varia de 0 (pior) à 1 (melhor), tendo por
definição três pilares: renda per capita, longevidade e educação. Segundo os
dados do IPEA-2001, o Brasil possui IDH de 0,750 semelhante a países como
Arábia Saudita e Filipinas. Ainda segundo estes dados, dentro do País existem
duas distintas populações: a dos brancos com IDH 0,805, considerado um alto
índice de desenvolvimento Humano (quadragésimo sexto lugar no mundo, como a
Croácia e Emirados árabes) e a dos negros com IDH 0,691 considerado baixo
Índice de Desenvolvimento Humano (Centésimo primeiro lugar no mundo como Vietnã
e Argélia). Estas populações representam respectivamente 54% e 45% do total de
brasileiros, e seus indicadores apontam um fosso entre as mesmas: na renda
familiar em reais- 406,35 x 174,26-; na taxa de alfabetização na população
maior de 15 anos -91,7% x 80,2%-; na expectativa de vida ao nascer em anos -71,23
x 65,12-.
Trabalho multidisciplinar
levado a efeito no Centro Universitário do Triângulo e na UFU entre 2002 e 2003
identificava cinco grandes áreas de estudo para melhoria da Qualidade de Vida
nos afrodescendentes brasileiros: 1-Imagem-auto-estima (agravada pelos veículos
de comunicação); 2-Conhecimento-Educação (ausência de negros - <1% - nas
faculdades e universidades brasileiras); 3-Longevidade (os afrodescendentes
morrem mais cedo pela mandatária e maior exposição aos riscos); 4-Renda (Ainda há trabalho escravo no país, o que se supõe renda zero para milhares –OIT- de
pretos e pobres); 5-Meio Ambiente (A degradação ambiental atinge principalmente
as periferias onde a maioria da população negra é vítima e também agente da
poluição).
O Projeto “Qualidade
Ambiental e Qualidade de vida em Bairros Periféricos de UDI”, onde é claro,
vivem a maioria de afrodescendentes, foi apresentado por este professor no
colegiado CNPQ-PALMARES de Brasília em abril de 2003 e considerado como
diretriz pelos demais conselheiros, a maioria afrodescendentes como este
escriba. Estávamos no fim do governo FHC, e a instalação deste colegiado no
CNPQ com verbas e atenção ministerial se deu após muitos anos de luta da
comunidade negra do Brasil. Veio o governo Lula e não reconduziu o Conselho, mas contingenciou as verbas de pesquisa pois havia reconduzido a política econômica
de FHC com rigores maiores, para obtenção de superávit público, e agora se vê
“emparedado” frente à sérios desvios éticos de conduta com dinheiro de
contravenção. Negritude e desesperança, até quando?
Prof.Dr José Carlos Nunes Barreto
Sócio-diretor da DEBATEF CONSULTORES ASSOCIADOS S/C
LTDA e Professor Universitário
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