quinta-feira, 5 de novembro de 2015

IDH-Índice de Desenvolvimento Humano e a Afrodescendência


O início do governo Lula trouxe esperança-hoje já uma gasta redundância- às classes C, D e E do extrato social brasileiro, onde a maioria, segundo pesquisa do IPEA-Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada-WWW.IPEA.GOV.BR- é negra ou parda (cerca de 70%), e habitam as periferias das grandes cidades brasileiras.

O IDH-Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, é um indicador de Qualidade de vida criado pelo cientista paquistanês Mahbub Ul Haq e varia de 0 (pior) à 1 (melhor), tendo por definição três pilares: renda per capita, longevidade e educação. Segundo os dados do IPEA-2001, o Brasil possui IDH de 0,750 semelhante a países como Arábia Saudita e Filipinas. Ainda segundo estes dados, dentro do País existem duas distintas populações: a dos brancos com IDH 0,805, considerado um alto índice de desenvolvimento Humano (quadragésimo sexto lugar no mundo, como a Croácia e Emirados árabes) e a dos negros com IDH 0,691 considerado baixo Índice de Desenvolvimento Humano (Centésimo primeiro lugar no mundo como Vietnã e Argélia). Estas populações representam respectivamente 54% e 45% do total de brasileiros, e seus indicadores apontam um fosso entre as mesmas: na renda familiar em reais- 406,35 x 174,26-; na taxa de alfabetização na população maior de 15 anos -91,7% x 80,2%-; na expectativa de vida ao nascer em anos -71,23 x 65,12-.

Trabalho multidisciplinar levado a efeito no Centro Universitário do Triângulo e na UFU entre 2002 e 2003 identificava cinco grandes áreas de estudo para melhoria da Qualidade de Vida nos afrodescendentes brasileiros: 1-Imagem-auto-estima (agravada pelos veículos de comunicação); 2-Conhecimento-Educação (ausência de negros - <1% - nas faculdades e universidades brasileiras); 3-Longevidade (os afrodescendentes morrem mais cedo pela mandatária e maior exposição aos riscos); 4-Renda (Ainda há trabalho escravo no país, o que se supõe renda zero para milhares –OIT- de pretos e pobres); 5-Meio Ambiente (A degradação ambiental atinge principalmente as periferias onde a maioria da população negra é vítima e também agente da poluição).

O Projeto “Qualidade Ambiental e Qualidade de vida em Bairros Periféricos de UDI”, onde é claro, vivem a maioria de afrodescendentes, foi apresentado por este professor no colegiado CNPQ-PALMARES de Brasília em abril de 2003 e considerado como diretriz pelos demais conselheiros, a maioria afrodescendentes como este escriba. Estávamos no fim do governo FHC, e a instalação deste colegiado no CNPQ com verbas e atenção ministerial se deu após muitos anos de luta da comunidade negra do Brasil. Veio o governo Lula e não reconduziu o Conselho, mas contingenciou as verbas de pesquisa pois havia reconduzido a política econômica de FHC com rigores maiores, para obtenção de superávit público, e agora se vê “emparedado” frente à sérios desvios éticos de conduta com dinheiro de contravenção. Negritude e desesperança, até quando?


Prof.Dr José Carlos Nunes Barreto

Sócio-diretor da DEBATEF CONSULTORES ASSOCIADOS S/C LTDA e Professor Universitário

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