quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Bancos x Revoluções


“Dinheiro na mão é vendaval”- cancioneiro popular

Sempre fiquei perplexo com a rubrica presente no balanço dos bancos intitulada “provisão para devedores duvidosos”, que aparece e desaparece a mercê da canetada do gestor, e por isso um prejuízo certo pode se tornar um lucro contábil e, vice versa, dependendo da situação e da necessidade do banco -de tal forma que um amigo, que trabalha como diretor financeiro nesta área me informou com a maior desfaçatez: quem faz o lucro ou prejuízo da instituição sou eu, trabalhando isso aí. Como assim cara pálida? E ele desconversou, pois o momento não permitia maiores detalhamentos. É... esta artimanha ,pouco clara, foi usada segundo publicações especializadas, na falência fraudulenta do Banco Santos , está presente na compra pelo ITAÚ ,do BMG - o rei dos créditos consignados, e está no DNA da crise bancária americana de 2008, e na atual crise econômico –financeira da Eurozona. Uma organização assim, faz muitas vítimas - os fundos garantidores, os correntistas, o tesouro nacional- todos perdem, menos os banqueiros. Foi assim também com o banco Pan Americano do Sílvio Santos, às vésperas da eleição de Dilma Roussef, e que foi abafado pelo governo Lula, até que se abrissem as urnas. E porque? Claro que por causa da diferença gritante entre o montante devido a bolsa família, e aquele dispendido para Bolsa _Banqueiros, que poderia sobressair e ficar claro naquele momento para a sociedade, por conseguinte milhões de votos iriam pelo ralo. Todavia onde estava a oposição? ela não teve intelligentsia trabalhando a seu favor, e se deixou tripudiar pelo Napoleão de São Bernardo e mestre do mensalão ,que deu migalhas aos pobres, e banquetes com caviar e vinhos caros aos banqueiros e empreiteiros corruptores.

Aprendi que valor é igual a Função dividida pelo Custo ao executá-la. Logo, para que se tenha valor, há que se executar algo a um preço adequado. Quando se faz as coisas a qualquer preço, o valor diminui drasticamente e se torna tão ínfimo que o custo nesta operação se mostra iníquo-saltando a vista do povo, e a partir daí ninguém segura revoluções -as primaveras árabes da vida.

O Dinheiro das nações tem sido gasto para salvar o sistema bancário mundial-dezenas de trilhões de dólares tem saído dos tesouros nacionais, e a conta amarga tem sido paga pelos orçamentos destes países. Este paradigma, no Brasil, é responsável pela desigualdade social extrema e pela cruel exclusão social. O BNDES perde dezenas de bilhões de dólares ao investir e perder a aposta em grandes conglomerados econômicos, e é incapaz de ajudar da mesma forma, milhões de pequenas e médias empresas nacionais, que representam mais de 80% dos empregos nacionais. Dá pra se calar diante de tanta iniquidade? Os espanhóis foram para a rua, os gregos também, os argentinos bateram panelas, os americanos ocuparam Wall Street. E nós?

Temos sido enganados por políticos que se locupletam com “operações uruguais”, mensalões, escândalos econômicos do clã Sarney, milhões de reais de aloprados do PT, e desvios do tesouro para as Deltas e seus Cachoeiras. É muito pouco falar “acorda Brasil”. Temos de gritar e ir para as ruas antes que seja tarde demais. É mandatário construirmos esse legado de liberdade, tão caro a nós e às futuras gerações.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com



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