terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Dois discursos

“Ora direis ouvir estrelas...” Olavo Bilac

Um iluminado discurso do senador pelo PDT do DF, Cristovan Buarque, ecoou solenemente no senado da república na semana em que foi divulgada a posição do Brasil como 85º país em IDH no mundo, atrás de muitos países pobres e dos hermanos argentinos que, por exemplo, com Messi, Papa e mesmo em crise, estão em 45º. Dizia ele que o governo ao invés de reconhecer que algo não vai bem com a qualidade de vida do povo brasileiro, e a partir daí liderar uma maré para reverter este escore negativo, “com sangue suor e lágrimas” - tal qual Churchil na segunda guerra, nossa autoridade maior preferiu tentar mudar a planilha (dar uma maquiada, como suspeitamos costuma fazer). Ora senhora presidente, mesmo que estivéssemos na posição 68º com a tal correção, isto seria triste para uma nação que já é a sexta economia do mundo, pondera o nobilíssimo senador. O IDH é um indicador de Qualidade de Vida que varia de 0 a 1 - quanto mais próximo de 1 melhor, e avalia somente 3 dimensões de nossa vida: a educação, a longevidade e o salário ou capacidade econômica do cidadão. Quanto maior a educação, melhor se comporta os dois outros indicadores. Todavia, muitos aspectos ruins de nosso cotidiano, não são medidos: por exemplo, o tempo cada vez maior que gastamos no trânsito, o estupor de nossas cidades  derrotadas pelas cracolândias e a insegurança a elas associadas; as nossas águas fétidas contaminadas pelo esgoto urbano; nosso stress urbano com assaltos a luz do dia em semáforos.

Há ainda o sentimento de perda e desilusão após sucessivas cheias de rios não dragados, e encostas não escoradas em áreas de riscos, as quais todo ano, na estação chuvosa, ceifam vidas por irresponsabilidade de autor idades corruptas e desatentas.  A lista seria enorme, e por certo pesaria tanto que, sequer estaríamos em 85º lugar. Para cada problema acima citado existe uma solução já provada. E porque não conseguimos realizar estes projetos? Não há falta de recursos. Falta indignação neste País. Sequer vamos para as ruas com panelas como fazem os argentinos: morremos bovinamente - e olhe que até os bois tem hoje quem os defenda por uma morte mais digna!

Quando vejo o governador do Rio brigar por bilhões e bilhões de reais que recebe de Royalties de petróleo - pergunto: porque não escorou os barrancos de Petrópolis nestes quase dois anos? porque não reconstruiu as pontes? além disso não dá para vê-lo hoje, sem lembrar que curtiu Paris com Cavendish da Delta e com lenços de pirata na cabeça, gastando a rodo dinheiro, fazendo o papel da cigarra da parábola “ A cigarra e a formiga”. Agora cadê o dinheiro para resolver os problemas do dia a dia da população do Rio?

O segundo discurso, outra luz, foi do poeta J.B. Guimarães citando o patrono de sua cadeira, Olavo Bilac, e o belo poema em tela, ao tomar posse na ALU-Academia de Letras de Uberlândia, que tenho a honra de presidir desde janeiro. No seu “Armazém Literário” no bairro Fundinho, nosso ponto de encontro e de outros acadêmicos aos sábados, pudemos notar que a sociedade pulsa e pode sinalizar o caminho ao setor público,  como protagonista da cena cultural de nossa cidade. Por exemplo, no sábado dia 6 de abril, lançaremos o site da ALU e daremos posse ao escritor e jurista Jadir Siqueira de Souza e ao poeta Pedro Popó, como novos “imortais” do pedaço. Espero encontra-los por lá.  Abraços.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

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