“Por isso
eu vou/esquecer de tudo/das dores do
mundo/Não quero saber e err errr...”
Cancioneiro
popular
Escrevo no rastro da maior crise humanitária desde a
segunda guerra, com cerca de 700000 refugiados atravessando o mar mediterrâneo
em direção ao Reino Unido e Alemanha, com milhares de mortos (por afogamento,
asfixia, e por toda sorte de privações)- além de outros 4 milhões se deslocando
entre as fronteiras da síria, Líbia, Iraque, em direção a Turquia e arredores, além
de países norte da África, todos correndo da morte certa,
dos horrores da guerra contra a besta do apocalipse – o ISIS ou Estado Islãmico, em sua cruzada contra o ocidente e sua cultura
judaico cristã representada pela cruz de Cristo. Neste cenário, algo me iluminou
de esperança: um exército de mulheres em Khobane, que,
mesmo com armamentos precários, venceu os jiradistas do ISIS, ao coloca-los em
retirada, isso após 25 mil homens dos exércitos regulares do Iraque e Líbia
recuarem, dando espaço para esses rebeldes, mesmo contando com os melhores
armamentos cedidos por forças americanas.
Esse nosso mundo não aprende mesmo: o atual estado
da arte é resultado do vazio de poder propiciado por erros dramáticos dos
americanos no Iraque e na Líbia, sob o olhar atônito da ONU e a complacência da
União Europeia. E o que se viu, foram menos
esforços e ações do que o momento exigia - quando os EUA e suas forças
invasoras mataram líderes regionais que amalgamavam tribos e nações, com histórias
de rivalidades e guerras há milhares de anos. O vácuo se estabeleceu e foi
preenchido pelos extremistas financiados por islamistas do mundo inteiro.
O mais perto que se chega deste dramático tempo. Simbolizado
pelo menino sírio de três anos morto nas praias da Turquia, é o holocausto dos
judeus na segunda grande guerra. Também naquela época, o vácuo de poder contra
a Alemanha de Hitler, começou a ser arquitetado pelo tratado de Versalhes, que
impôs à Alemanha penas impagáveis, como resultado da capitulação na primeira
guerra mundial e que fizeram nascer o nazismo e o ódio aos prósperos judeus que
viviam em seus territórios. O resto da história já é conhecido. Agora temos um
“deja vi”: O que dizer das decapitações do EI?
Dos padres e pastores queimados vivos em gaiolas?
Não quero ver crianças brasileiras mortas nas areias
da praia de Copacabana, para acordar sobre a importância de combatermos o EI e
o Jiradismo em suas atuais fronteiras, antes de cooptarem nossos jovens, contra
nossa cultura ocidental libertária. Todavia, como ensina o cancioneiro popular,
quero afirmar, que “Minha dor é perceber, que apesar de tudo que fizemos, ainda
somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.
O torpor da Europa contra o Dragão Hitleriano é o
mesmo que observo hoje nos líderes europeus que armaram cercas e resoluções
para impedir os migrantes de caminharem rumo a seus objetivos de sobrevivência.
O êxodo não se extinguiu, só ganhou força - apesar do racismo, e do ódio contra
imigrantes presentes hoje no solo europeu – como nunca antes observado. Alerto
que um novo holocausto poderá acontecer daí, agora em tempo real em nossas
redes sociais. Precisamos agir como as meninas de Khobane, e, orar como o
salmista para que “Deus nos aguce os dedos para a batalha”.
José Carlos
Nunes Barreto
Professor Doutor
e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)
debatef@debatef.com
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