terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Um Índice para a Felicidade


O cancioneiro popular já definia na década de 60, o estado de graça de alguém possuído pelo fluido “felicidade”, caracterizado como ativo precioso e difícil de manter. “A felicidade é como a pluma/que o vento vai levando pelo ar/ voa tão leve/mas tem a vida breve/precisa que haja vento pra levar/[...] tristeza não tem fim/felicidade, sim”. Agora, empresas e governos estão utilizando métodos científicos para fazer um índice que mede o nível de bem estar físico, mental, social e de atividades espirituais de um cidadão, vejam só.


Uma revista semanal informa que, num recente seminário sobre o tema, os organizadores estabeleceram nove pilares do Índice Felicidade Interna Bruta - FIB: além do bem estar psicológico,(aí incluídos,  auto estima e otimismo em relação à própria vida), são medidos padrões de comportamento, stress, frequência de exercícios físicos, hábitos alimentares que proporcionam saúde; também a forma como cada um faz a divisão do tempo no cotidiano - quanto mais tempo preso no trânsito, e com  agenda sobrecarregada pelo que só dá dinheiro e não prazer, pior o índice; A  vitalidade dos relacionamentos afetivos, com a prática de doação e de voluntariado melhoram o índice; A educação que vai além da acadêmica e se expande como consciência ambiental e social; O desenvolvimento das capacidades artísticas, como a participação em eventos culturais, que moldam a convivência a 360 graus com as muitas faces de religiões,  raças ou gêneros, ajudam muito na conta.


O pilar meio ambiente então é um dos mais importantes, pois mede o acesso que as pessoas tem à áreas verdes e a percepção das mesmas quanto à qualidade dos recursos naturais, como a água, ar, solo e biodiversidade; Já a coluna governança é umas das que os brasileiros menos podem dela esperar, pois analisa as atribuições de instituições públicas, a imagem de políticos e governos (principalmente quanto à segurança e transparência), a situação da imprensa,judiciário e do nível de envolvimento dos cidadãos. Por último mede-se o padrão de vida, considerados aí, renda, segurança e nível de endividamento, além da qualidade das aquisições, da casa até ao alimento, passando pelos gastos com lazer.


O tripé renda, longevidade e educação, do IDH da década de 90, já foi um grande avanço sobre como medir o lado intangível do desenvolvimento humano, comparado ao PIB, mas por não pode ir fundo no que realmente importa para as pessoas – a felicidade apresenta lacunas que este novo indicador, com metodologia ainda em estudo, promete preencher. Já o indicador PIB per capita, mostrou no Brasil da ditadura, que um crescimento baseado na média aritmética da renda, é mentiroso quando se deseja diagnosticar o bem estar e o desenvolvimento social de uma nação. Fora daqui, o acidente com o super petroleiro Exonn Waldez que se chocou na costa do Alaska durante o ano de 1989, apesar do dano ambiental e do catastrófico resultado para a fauna, flora e futuras gerações, fez o PIB da região crescer - em função da mudança para lá de trabalhadores e empresas envolvidas no processo de remediação pós-acidente. Depois, o mesmo só caiu, e o IDH alto dos EUA não conseguiu medir tanta infelicidade. Viva, portanto, o novo índice de felicidade interna bruta!


José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br


Nenhum comentário:

Postar um comentário