O cancioneiro popular já definia na década de
60, o estado de graça de alguém possuído pelo fluido “felicidade”, caracterizado
como ativo precioso e difícil de manter. “A felicidade é como a pluma/que o
vento vai levando pelo ar/ voa tão leve/mas tem a vida breve/precisa que haja
vento pra levar/[...] tristeza não tem fim/felicidade, sim”. Agora, empresas e
governos estão utilizando métodos científicos para fazer um índice que mede o
nível de bem estar físico, mental, social e de atividades espirituais de um
cidadão, vejam só.
Uma revista semanal informa que, num recente
seminário sobre o tema, os organizadores estabeleceram nove pilares do Índice
Felicidade Interna Bruta - FIB: além do bem estar psicológico,(aí
incluídos, auto estima e otimismo em
relação à própria vida), são medidos padrões de comportamento, stress, frequência
de exercícios físicos, hábitos alimentares que proporcionam saúde; também a
forma como cada um faz a divisão do tempo no cotidiano - quanto mais tempo
preso no trânsito, e com agenda
sobrecarregada pelo que só dá dinheiro e não prazer, pior o índice; A vitalidade dos relacionamentos afetivos, com a
prática de doação e de voluntariado melhoram o índice; A educação que vai além
da acadêmica e se expande como consciência ambiental e social; O
desenvolvimento das capacidades artísticas, como a participação em eventos
culturais, que moldam a convivência a 360 graus com as muitas faces de
religiões, raças ou gêneros, ajudam
muito na conta.
O pilar meio ambiente então é um dos mais
importantes, pois mede o acesso que as pessoas tem à áreas verdes e a percepção
das mesmas quanto à qualidade dos recursos naturais, como a água, ar, solo e
biodiversidade; Já a coluna governança é umas das que os brasileiros menos
podem dela esperar, pois analisa as atribuições de instituições públicas, a
imagem de políticos e governos (principalmente quanto à segurança e
transparência), a situação da imprensa,judiciário e do nível de envolvimento
dos cidadãos. Por último mede-se o padrão de vida, considerados aí, renda, segurança
e nível de endividamento, além da qualidade das aquisições, da casa até ao
alimento, passando pelos gastos com lazer.
O tripé renda, longevidade e educação, do IDH
da década de 90, já foi um grande avanço sobre como medir o lado intangível do
desenvolvimento humano, comparado ao PIB, mas por não pode ir fundo no que
realmente importa para as pessoas – a felicidade apresenta lacunas que este
novo indicador, com metodologia ainda em estudo, promete preencher. Já o
indicador PIB per capita, mostrou no Brasil da ditadura, que um crescimento baseado
na média aritmética da renda, é mentiroso quando se deseja diagnosticar o bem
estar e o desenvolvimento social de uma nação. Fora daqui, o acidente com o
super petroleiro Exonn Waldez que se chocou na costa do Alaska durante o ano de
1989, apesar do dano ambiental e do catastrófico resultado para a fauna, flora
e futuras gerações, fez o PIB da região crescer - em função da mudança para lá
de trabalhadores e empresas envolvidas no processo de remediação pós-acidente.
Depois, o mesmo só caiu, e o IDH alto dos EUA não conseguiu medir tanta
infelicidade. Viva, portanto, o novo índice de felicidade interna bruta!
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br
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