“Oh, maternal amor, amor que ninguém esquece, maravilhoso pão que
Deus reparte e multiplica.” (Victor Hugo)
Dia das mães chega de novo, e representa depois do Natal, a segunda data mais
importante para o comércio em geral. E a
dura realidade é que deixamos todos de refletir sobre o imaterial e sagrado,
representado em nossas mães, para ceder ao consumismo desenfreado, frouxo de
afetos e mutilado por culpas.
Escrevi meu artigo anterior, falando sobre a “Casa
do Pai”, e evoquei a cultura judaico cristã - houve quem perguntasse, porque
não “Casa da Mãe”? Então respondo com este arrazoado, afirmando claro e bom
som, que a casa é dos dois - um de cada vez e respeitando suas
individualidades. Para tanto, relembro duas mulheres da bíblia. A principal
delas é Maria, mãe de Jesus, e a outra veremos a seguir.
A Pietá de Michel Ângelo, que tive o prazer de
curtir dentro da Catedral do Vaticano, inebria e nos faz parar no tempo, não
somente porque é uma obra de arte- mas pela
aura da paixão de Cristo, e do sofrimento de sua mãe, Maria, ali representada amparando seu filho Deus,
desfalecido- uma mãe nunca desampara um filho - mesmo alguém que era Deus e fez
milagres como o multiplicação dos pães, deu
vistas ao cegos, ressuscitou mortos, e estava na criação do mundo com o Pai e
com o “Espírito que pairava sobre as águas”. Mas a bíblia não nos permite
esquecer outra mulher, que está na linhagem do salvador do mundo, e era uma
prostituta-Raabe- que apesar desta condição, fez o seu papel na história, de
tal forma que gerou descendentes e o mais importante deles é o Senhor - queiram ou não os exegetas domingueiros , loucos por “power point” vazios, calvinistas ou não.
Mas neste dia consagrado à quem deu
à luz, homenageamos a mulher guerreira e linda, que pode ser a leitora deste artigo, ou minha mulher, por exemplo.
Pensar que de cada uma de vocês , sairam pessoas que constroem dia a dia o futuro; e que seu útero, casa de
todos nós , é o refúgio psicológico de todo ser humano que foge da crise, da
dor , da solidão e da falta de amor. Bem
ensinava Vitor Hugo : Deus dá nossa mãe,
como um pão –maná de amor, que reparte e multiplica ,o que a sabedoria e
simplicidade de meu avô traduzia assim:
uma mãe cuida de oito filhos-como a minha, adorada , e aqui reverenciada- mas
oito filhos não cuidam de uma mãe: e filhos há que até fogem delas quando
envelhecem, não dão o pão de cada dia e remédios, e muitas vezes as depositam num frio asilo, onde morrem por
causa do desprezo.
Todavia, graças a Deus, para a
maioria de nós, filhos, o que queremos é uma mãe for ever, tal como
magnificamente registrado no poema “Para Sempre”, do imortal Carlos Drumond de
Andrade, que me ajuda a finalizar este artigo,
como um presente para todas elas:
Por que
Deus permite/que as mães vão-se embora?/Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,/luz que não apaga/quando sopra o vento/e chuva desaba,veludo escondido/na pele enrugada,/água pura, ar puro,/puro pensamento.
Morrer acontece/com o que é breve e passa/sem deixar vestígio./
Mãe, na sua graça,/é eternidade./Por que Deus se lembra
- mistério profundo -de tirá-la um dia?/Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:/Mãe não morre nunca,/mãe ficará sempre
junto de seu filho/e ele, velho embora,/será pequenino/feito grão de milho.
é tempo sem hora,/luz que não apaga/quando sopra o vento/e chuva desaba,veludo escondido/na pele enrugada,/água pura, ar puro,/puro pensamento.
Morrer acontece/com o que é breve e passa/sem deixar vestígio./
Mãe, na sua graça,/é eternidade./Por que Deus se lembra
- mistério profundo -de tirá-la um dia?/Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:/Mãe não morre nunca,/mãe ficará sempre
junto de seu filho/e ele, velho embora,/será pequenino/feito grão de milho.
José
Carlos Nunes Barreto
Professor
doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)
debatef@debatef.com
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