É sempre
inspiradora a releitura de Peter Drucker. Chamou-me a atenção um profético
artigo publicado em abril de 2002 na Harvard business Review /Exame,
intitulado “Eles não são Empregados, são Pessoas”. Trata-se de algo espantoso:
milhares de pessoas que trabalham para grandes conglomerados, não
são empregados tradicionais destas organizações- são trabalhadores
temporários. E as empresas que ainda têm relações formais com seus funcionários
estão terceirizando suas administrações de RH, justamente aí, no
desenvolvimento de talentos, onde as principais águias da administração moderna
ensinam ser a tarefa sine qua non de uma economia do
conhecimento.
A tarefa
enfadonha de administrar empregados (plano de aposentadoria, pagamentos de
pensão, contratações, demissões, cortes, treinamentos), sua mutante legislação,
seus custos- maior que 40% para quem contrata diretamente nos EUA, e por aqui
mais que o dobro disso, dizem os especialistas- fica delegada à uma Organização
de Empregados Profissionais(OEP),que foi o serviço empresarial que mais cresceu
nos anos 90 nos EUA. Segundo P. Drucker até o final de 2005 as OEPs
tornar-se-ão co-empregadoras de 10 milhões de trabalhadores
americanos de baixo e alto escalão e esta é uma mega-Trend (tendência
predominante no cenário). Todos os dias úteis um dos maiores empregadores do
mundo, a empresa suíça Adecco, coloca 700.000 cadastrados em funções
administrativas, industriais, técnicas em negócios espalhados pelo mundo.
Estima-se em 8 milhões/dia o número de trabalhadores temporários
disponibilizados pelas OEPs pelo mundo. A Exult, provavelmente a OEP mais
conhecida, é co-empregadora de 500 companhias World Class que
fazem parte da lista da revista Fortune, teve suas receitas
aumentadas em 48% em 2001 superando o de crescimento médio de 30% ao ano das
OEPs observados desde então.
Afinal como
empregados são fardos se as pessoas são o nosso maior patrimônio? O que as empresas
e seus executivos querem é não perder 25% do tempo resolvendo problemas típicos
de empregados, e se concentrar na administração dos negócios, deixando esta
parte espinhosa para as co-empregadoras que podem gerir também com maior
eficácia as especificidades das fragmentadas carreiras dos trabalhadores do
conhecimento, que são extraordinariamente especializados e na maioria das vezes
não são ouvidos pela média e alta administração que, apesar de precisar deles (seus
conhecimentos, habilidades e atitudes) não consegue entendê-los dada a
complexidade e quantidade de áreas envolvidas (ex: eng de software, oncologia,
advocacia tributarista etc). Sem oportunidade de crescimento na
carreira, nenhum deles quer ser administrador, porque ama o que faz e porque
não tem chance de obter o cargo, daí a importância de uma OEP com gerente
especializado, que dê voz e instrumentos para fazer a
organização trabalhar para cada um dos envolvidos, buscando sua
satisfação, crescimento e consequente aumento de produtividade
dos co-empregadores.
Como P. Drucker,
concluo: “A economia do conhecimento vai exigir mais do que alguns novos
programas e práticas. Os empregados podem ser nosso passivo, mas as pessoas a
nossa maior oportunidade”.
José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor
debatef@debatef.com
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