Os professores
Jean Pierre Férézou e Roberto Nikolsky, analisaram a produção científica
brasileira em instigante artigo publicado na Folha de São Paulo intitulado
“Excelência científica e Crescimento”, sob o impacto da publicação pela revista
científica “Nature” do ranking de países que concentram 98% dos artigos das
publicações mais citadas. Nele o Brasil ocupa o 19º lugar de um grupo de 31
países de vanguarda. Estamos na frente de 174 países e passamos de 0,84% dos
artigos publicados em Ciência e Engenharia no quinquênio de 1993-1997, para
1,21% em 1997-2001, o que representa um crescimento de 45% acima da média
mundial. Porque esse desempenho não correspondeu a um crescimento expressivo do
nosso PIB, no mesmo período? Segundo os autores a resposta é que não é a ciência
(Geração de Conhecimentos), mas sim o domínio da tecnologia industrial(ou seja a
competência no uso de conhecimento capaz de gerar inovações) é que torna
nossa indústria mais competitiva e faz a economia crescer de modo sustentado e
rápido. Exemplo: os países orientais chegam a ter 30 vezes mais patentes que o
Brasil (caso da Coréia do Sul) concedido no maior mercado, o americano.
Lancemos
luz sobre a estratégia destes países: 1)As Indústrias em parceria com as
universidades criam o saber no chão de fábrica focando em inovações
tecnológicas e só então publicam; 2) Há uma sinergia entre inovações e ciência
e dispêndios maiores de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) não acadêmicos, mas são
proporcionados pelos resultados em todas as cadeias produtivas; 3) No conceito
80/20, 80% dos pesquisadores trabalham nas indústrias e em projetos industriais é 20% na universidade.
Como participante
de congressos internacionais tenho presenciado milhares de jovens doutores
chineses, coreanos e indianos na faixa de 28 anos tendo seus trabalhos
financiados por corporações e os resultados maiores se dão no
mercado e no PIB daqueles países. Voltando os olhos para nosso país, temos um excelente case endógeno desta estratégia oriental: trata-se da
EMBRAPA, que hoje sozinha responde por 3% dos artigos científicos do mundo em
sua área e possui dezenas de patentes homologadas em NY no Escritório de marcas
e patentes dos EUA - o USPTO, explicando o nosso atual aumento do PIB, e
superávit comercial baseado no agronegócio. Quanto as demais publicações, salvo
raras exceções, seguem o 20/80 da lei de PARETO, ou seja, o substancial, que
está em um número muito maior que 80% talvez 95%, está sendo realizado na
universidade e muito longe dos meios de produção, daí sua alienação, “num
processo elitizante e estéril para o desenvolvimento econômico e social do
país”.
Concluindo
gostaria de fazer um chamamento aos candidatos a reitor da UFU E DEMAIS
UNIVERSIDADES BRASILEIRAS: Não formemos doutores para a dicotomia desemprego ou
aulista! Vamos quebrar este ciclo de desperdício do capital intelectual
brasileiro! A questão é de estratégia e não de recursos! Façamos melhor
Gestão da Excelência Científica!
Prof. Dr José Carlos Nunes Barreto
Sócio-diretor da DEBATEF SOLUÇÕES E
CONHECIMENTO
debatef@debatef.com
Bom texto para refletir. As empresas brasileira precisam quebrar paradigmas e investir no conhecimento e na pesquisa.
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