quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Relembrando artigo de 15 anos atrás, ainda atual, sobre a produção Científica Brasileira

                   
     
Os professores Jean Pierre Férézou e Roberto Nikolsky, analisaram a produção científica brasileira  em instigante artigo publicado na Folha de São Paulo intitulado “Excelência científica e Crescimento”, sob o impacto da publicação pela revista científica “Nature” do ranking de países que concentram 98% dos artigos das publicações mais citadas. Nele o Brasil ocupa o 19º lugar de um grupo de 31 países de vanguarda. Estamos na frente de 174 países e passamos de 0,84% dos artigos  publicados em Ciência e Engenharia no quinquênio de 1993-1997, para 1,21% em 1997-2001, o que representa um crescimento de 45% acima da média mundial. Porque esse desempenho não correspondeu a um crescimento expressivo do nosso PIB, no mesmo período? Segundo os autores a resposta é que não é a ciência (Geração de Conhecimentos), mas sim o domínio da tecnologia industrial(ou seja a competência no uso de conhecimento capaz de gerar inovações) é  que torna nossa indústria mais competitiva e faz a economia crescer de modo sustentado e rápido. Exemplo: os países orientais chegam a ter 30 vezes mais patentes que o Brasil (caso da Coréia do Sul) concedido no maior mercado, o americano.

Lancemos  luz sobre a estratégia destes países: 1)As Indústrias em parceria com as  universidades criam o saber no chão de fábrica focando em inovações tecnológicas e só então publicam; 2) Há uma sinergia entre inovações e ciência e dispêndios maiores de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) não acadêmicos, mas são proporcionados pelos resultados em todas as cadeias produtivas; 3) No conceito 80/20, 80% dos pesquisadores trabalham nas indústrias e em projetos industriais é 20% na universidade.

Como participante de congressos internacionais tenho presenciado milhares de jovens doutores chineses, coreanos e indianos na faixa de  28 anos tendo seus trabalhos financiados por  corporações   e os resultados maiores se dão no mercado e no PIB daqueles países.   Voltando os olhos para nosso país, temos um excelente case endógeno desta estratégia oriental: trata-se da EMBRAPA, que hoje sozinha responde por 3% dos artigos científicos do mundo em sua área e possui dezenas de patentes homologadas em NY no Escritório de marcas e patentes dos EUA - o USPTO, explicando o nosso atual aumento do PIB, e superávit comercial baseado no agronegócio. Quanto as demais publicações, salvo raras exceções, seguem o 20/80 da lei de PARETO, ou seja, o substancial, que está em um número muito maior que 80% talvez 95%, está sendo realizado na universidade e muito longe dos meios de produção, daí sua alienação, “num processo elitizante e estéril para o desenvolvimento econômico e social do país”.

Concluindo gostaria de fazer um chamamento aos candidatos a reitor da UFU E DEMAIS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS: Não formemos doutores para a dicotomia desemprego ou aulista! Vamos quebrar  este ciclo de desperdício do capital intelectual brasileiro! A questão é de estratégia e não de recursos!  Façamos melhor Gestão da Excelência Científica!

Prof. Dr José Carlos Nunes Barreto
Sócio-diretor da DEBATEF SOLUÇÕES E CONHECIMENTO
debatef@debatef.com

Um comentário:

  1. Bom texto para refletir. As empresas brasileira precisam quebrar paradigmas e investir no conhecimento e na pesquisa.

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