quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Economia da água

                    

Em época de aquecimento global, elevação  do nível do mar e tsunamis, ficamos encharcados e  ao mesmo tempo horrorizados, com o paradoxo da crescente falta de água doce no planeta. Mas, que tal refletirmos sobre a “economia da água”?

Alguns especialistas nos fazem entender sua importância  ao transformar em litros de água todos os bens e serviços que chegam até nós. Assim para  um simples galeto que tenha chegado à nossa mesa, 1.200 litros   foram necessários. Naquele quilo de carne consumido durante a semana mais 2.000  mais 2.000 litros. Em cada quilo de grãos que compramos em média mais 1000litros, Se você está em uma grande cidade, precisa de cerca de 150 litros dia para seu uso diário, e por aí vai. Os números acima nos dão segurança para considerar que utilizamos em média 4000 litros de água por dia para vivermos no conforto estabelecido pela sociedade baseada na “economia da agua”. Quanto custa isso para a sociedade? Esta é a questão, cujas ameaças e oportunidades precisamos entender. Segundo a ONU em 2050 mais de 45% da população mundial não desfrutará de água potável, tal é a marcha inexorável dos usos e contaminações das águas superficiais e subterrâneas do mundo E esta é uma  previsão otimista, em função da estarrecedora velocidade das mudanças climáticas globais, que dia a dia nos mostram que esta perspectiva virá muito antes de 2050. Apesar de sermos planeta água, somente 0,02% dela está disponível para beber em lagos e rios e a continuar assim este pouco se tornará quase nada. Basta olharmos nos entornos das nossas cidades. O ciclo hidrológico tornou-se caótico: transformou-se em enchentes com a ação antrópica de impermeabilizações, canalizações de rios, adição de esgotos industriais e urbanos - destruição pura. Será que o que aconteceu no Iraque, com relação ao petróleo, não acontecerá no futuro com o Brasil, já que possuímos 12% das reservas de água doce do mundo? E o que é exportar etanol e grãos senão toneladas de água, enviadas para fora do País?

As bacias hidrográficas são áreas adjuntas ao rio e seus tributários. E elas, são uma inteligente forma de fazer política da água, com centenas de cidades a cobrar pelo seu multiuso, para aplicar na preservação deste bem,  adequando  legislações já amadurecidas aqui e em várias partes do mundo. Um famoso “case” é a bacia do rio Paraíba do Sul  que atende mais de 300 cidades no sudeste do país, sendo o rio, para a maioria delas a única fonte de água.  Isto em um país  possuidor de um aquífero chamado “Guarani”, um dos maiores reservatórios de água doce do mundo, que se estende por aproximadamente 840 800 Km2 no Brasil, Distribuídos por 8 estados, entre eles SP, RJ e MG atendidos pela bacia do rio São Francisco. As reservas disponíveis de água filtrada, e auto-depurada bio-geo-químicamente, neste aquífero são da ordem de 45 trilhões de m3, e a população que poderia ser atendida sustentavelmente, seria em torno de 15 milhões de pessoas, sem necessidade de tratamento da água (ABAS-Associação Brasileira de Águas Subterrâneas). Uma riqueza desprezada pelo setor público, que nela não investe. Agora que já preocupei você também( espero)Dê uma olhada no que o governo federal está fazendo no Rio São Francisco: desrespeitando  orientações da ANA - Agência Nacional de Aguas, O Comitê de Bacia, as decisões do plenário da CONAMA, e  sociedade civil organizada, além de toda tecnologia de gestão de bacias em uso  no mundo, para fazer a qualquer custo, e com empreiteiras sem EIA/RIMA, uma sangria num rio que exige cuidados de preservação como um organismo vivo - Alguém que está ambientalmente na UTI, porque foi violentamente agredido todos estes anos - poluição de toda ordem, extinção da  mata ciliar, assoreamentos, escassez de água: O governo federal perpetra um crime ambiental. Desrespeita leis, pessoas, nação, em um universo que clama por água doce. Até quando? 

José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor

debatef@debatef.com.br

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