quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Futebol é inconsciente coletivo


“Amanheceu o pensamento/ que vai mudar o mundo /com seus moinhos de vento” Cazuza


A copa aconteceu, e a sabedoria do povo está goleando a nossa nova elite estabelecida, e a antiga também. Primeiro, separou os anarquistas do quanto pior melhor, daqueles que protestam por causas notáveis e necessárias à cidadania. Depois torceu como nunca, cantou o hino nacional à capela e estabeleceu o costumeiro clima cordial que encantou os 600 mil turistas que entraram de avião, e outros estimados 500 mil que passaram pelas nossas fronteiras secas de moto, carro trem ou ônibus. Dando um recado claro: não tente tirar proveito político deste evento que encarna para nós a pátria de chuteiras. Roubar vocês já roubaram. Agora nos deixem curtir o jogo em paz. O País, portanto, está vivendo uma coisa de cada vez. Não esqueceu as estripulias contábeis de dona Dilma, que está lançando como despesas de saúde e educação, gastos exorbitantes das arenas exigidas pela FIFA. E só está esperando o momento certo para cobrar de novo, o uso correto do dinheiro público, em suas prioritárias agendas.


Gosto de observar como pessoas humildes e não letradas possuem elevado senso de justiça social, e como herdamos isso dos índios brasileiros, que usam o bem estar coletivo como forma de vida. Se alguém enriquecesse na aldeia, com certeza repartiria com suas ocas o novo PIB coletivo. Em algum ponto de nossa história passamos a importar a ética do “lobo de Wall Street” em nossas relações de concidadãos- e aí perdemos muito, principalmente parte da tal felicidade, que é o indicador chave. Neste contexto, o futebol aparece como o esporte mais popular do mundo, usa a leveza e a arte como matéria prima, e traz o inconsciente coletivo-aquela aura de euforia pela vitória, ou de tristeza absoluta na derrota, que transpassa mentes e corações - à baila como protagonista. Faz crianças aprenderem a cantar o hino pátrio, muitas vezes com uma “pátria amada, goiabada salve, salve”. E nos encanta, quando tira um menino franzino de um campinho de terra batida no agreste nordestino, e o eleva à condição de estrela mundial por gramados “nunca dantes navegados”.


O poeta perguntaria: “mas quem tem coragem de ouvir?” idêntica pergunta feita ao vento por São João Batista: Quem ouviu a nossa pregação? Com certeza não foi à elite branca que vaiou as autoridades na pífia abertura dos jogos. Eles têm ouvidos moucos diria meu avô. E visão pior, eu afirmaria. São cegos que cismaram de guiar a Nação. E a riqueza do momento é identificar o povo de olhos abertos, se desviando das pirambeiras a que são levados diuturnamente.


Quando uma empresa planeja seu futuro, é obrigada a fazer seminários com seus stackholders (parceiros/ colaboradores/ acionistas) para explicitar a sua visão. Ou seja, como ela quer se ver daqui a algumas dezenas de anos a frente. A própria FIFA – com todos seus senões, nos ensina como planejar para o cenário de 2022. E não aprendemos? Não conseguimos planejar nossas revoluções na educação, e nas áreas sanitária fiscal e política!? É bom frisar que nem sempre foi assim: Juscelino Kubisheck construiu Brasília do nada uma cidade modelo da arquitetura mundial, no cerrado vazio do planalto central em 5 anos e realmente fez 50 anos em 5. E o que ele tinha? Rompia em fé e Visão. Que seu exemplo sirva, portanto, de inspiração àqueles que se apresentam agora como alternativa real de poder para realizar as mudanças sonhadas e cobradas durante esta copa do povo.


José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e presidente da ALU-Academia de Letras de Uberlândia

debatef@debatef.com

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Mães para sempre


“Oh, maternal amor, amor que ninguém esquece, maravilhoso pão que Deus reparte e multiplica.” (Victor Hugo)
Dia das mães chega de novo,  e representa depois do Natal, a segunda data mais importante  para o comércio em geral. E a dura realidade é que deixamos todos de refletir sobre o imaterial e sagrado, representado em nossas mães, para ceder ao consumismo desenfreado, frouxo de afetos e mutilado por culpas.
 Escrevi meu artigo anterior, falando sobre a “Casa do Pai”, e evoquei a cultura judaico cristã - houve quem perguntasse, porque não “Casa da Mãe”? Então respondo com este arrazoado, afirmando claro e bom som, que a casa é dos dois - um de cada vez e respeitando suas individualidades. Para tanto, relembro duas mulheres da bíblia. A principal delas é Maria, mãe de Jesus, e a outra veremos a seguir.
 A Pietá de Michel Ângelo, que tive o prazer de curtir dentro da Catedral do Vaticano, inebria e nos faz parar no tempo, não somente  porque é uma obra de arte- mas pela aura da paixão de Cristo, e do sofrimento de sua mãe, Maria,  ali representada amparando seu filho Deus, desfalecido- uma mãe nunca desampara um filho - mesmo alguém que era Deus e fez milagres como o multiplicação dos pães,  deu vistas ao cegos, ressuscitou mortos, e estava na criação do mundo com o Pai e com o “Espírito que pairava sobre as águas”. Mas a bíblia não nos permite esquecer outra mulher, que está na linhagem do salvador do mundo, e era uma prostituta-Raabe- que apesar desta condição, fez o seu papel na história, de tal forma que gerou descendentes e o mais importante deles é o Senhor  - queiram ou não os exegetas domingueiros  , loucos por “power point”  vazios, calvinistas ou não.
Mas neste dia consagrado à quem deu à luz, homenageamos a mulher guerreira e linda, que pode ser a leitora  deste artigo, ou minha mulher, por exemplo. Pensar que de cada uma de vocês , sairam pessoas que constroem  dia a dia o futuro; e que seu útero, casa de todos nós , é o refúgio psicológico de todo ser humano que foge da crise, da dor , da solidão e  da falta de amor. Bem ensinava Vitor Hugo : Deus dá  nossa mãe, como um pão –maná de amor, que reparte e multiplica ,o que a sabedoria e simplicidade de meu avô  traduzia assim: uma mãe cuida de oito filhos-como a minha, adorada , e aqui reverenciada- mas oito filhos não cuidam de uma mãe: e filhos há que até fogem delas quando envelhecem, não dão o pão de cada dia e remédios, e muitas vezes  as depositam num frio asilo, onde morrem por causa do desprezo.
Todavia, graças a Deus, para a maioria de nós, filhos, o que queremos é uma mãe for ever, tal como magnificamente registrado no poema “Para Sempre”, do imortal Carlos Drumond de Andrade, que me ajuda a finalizar este  artigo, como um presente para todas elas:
Por que Deus permite/que as mães vão-se embora?/Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,/luz que não apaga/quando sopra o vento/e chuva desaba,veludo escondido/na pele enrugada,/água pura, ar puro,/puro pensamento.

Morrer acontece/com o que é breve e passa/sem deixar vestígio./
Mãe, na sua graça,/é eternidade./Por que Deus se lembra
- mistério profundo -de tirá-la um dia?/Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:/Mãe não morre nunca,/mãe ficará sempre
junto de seu filho/e ele, velho embora,/será pequenino/feito grão de milho.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)
debatef@debatef.com



Cuidar bem das pessoas é a meta(2)


Estive de férias por alguns dias, refletindo em uma praia chamada Itacoatiara, que faz parte de uma reserva florestal bem próximo ao turbilhão do Rio de Janeiro e fincada junto às pedras monumentais que seguram as ondas do atlântico, ao lado de uma preservada vegetação de mangue. Todas as vezes que isso acontece, há um produto: Estar sozinho consigo mesmo, às vezes dá medo, mas é inspirador. Tomar chuva e sol-ficar no sereno, Descobrir depois ser um animal com fome, e sede de justiça,exige coragem, mas nada como  voltar à tenda à noite  e curtir o netinho de 2 anos.

Agora entendo por que no caminho da Santiago de Compostela na Espanha, muitos mudam a vida. Descobrem vocações. E tomam decisões cruciais para suas vidas, suas famílias e suas empresas. A correria dos dias que seguem como torrente tempestuosa a escorrer pelas calçadas da vida, nos anestesia. Faz tudo parecer igual, pasteurizado e sem brilho. E pior é não poder observar as diferenças nas cores, nos sons, nos ambientes (carregados ou leves) e nas pessoas (alegres ou tristes). Principalmente, nelas. Um pai ou uma mãe que desaprende a percepção da linguagem do corpo e do tom de voz dos filhos, perde, segundo especialistas 80% da comunicação com eles. No trabalho e na vida somos muitas vezes cantores de um samba de uma nota só (com o perdão ao Tom Jobim e seu ao belo samba-arte). Não sabemos escutar. Gente. Cachoeiras. Pássaros. O vento. Não temos tempo.

Anos atrás, achei interessante e novamente comento a entrevista do antropólogo Wilian Ury - especialista em técnicas de negociação, - intitulada "O Inferno somos nós". Respondendo se concordava com Jean-Paul Sartre que cunhou "o inferno são os outros", Ury respondeu que o outro somos nós e quando dizemos que o inferno são os outros, na verdade estamos olhando para o nosso próprio inferno interior. Na negociação, o fundamental é ouvir o outro. Nos treinamentos de nossa consultoria (lançamos em 2012 um MBA em Gestão de pessoas em parceria com a UNIUBE) e ministramos cursos de extensão sobre o tema para executivos e funcionários que, como afirma Ury, querem aprender a negociar. Porque a democratização de algumas instituições (são poucas ainda – normalmente aquelas campeãs como melhor lugar para se trabalhar) está exigindo deles ouvir a outra parte. Por isso gastam mais de 50% do tempo com este item e sentem que não estão preparados para lidar com o intangível: o capital intelectual. Todos diagnósticos empresariais dos últimos anos mostram que as grandes perdas de produtividade e via de consequência de mercado se dão justamente por não começarmos por aí. Não há falta de recursos. Há desperdício... Equipamentos errados são modernizados. Instalações são aumentadas quando não há demanda para isso... Tudo sem cuidar das pessoas e do clima organizacional. E a lição de casa que fica é ir conversando com seu "chão de loja", ”chão de fábrica”, desenvolvendo talentos humanos, e os bons resultados não tardarão a acontecer. Para finalizar - ainda pensando sobre tudo que aprendemos nestes últimos anos, ao analisar essa inversão de valores, e a ausência da ética da diversidade nas empresas- nada melhor que a velha poesia da canção de Raul Seixas. "Prefiro ser esta metamorfose ambulante a ter aquela velha opinião formada sobre tudo.", mesmo revisitando um artigo de seis anos atrás.

José Carlos Nunes Barreto
Professor-doutor
Uberlândia (MG)

debatef@debatef.com

Naufrágio de Sonhos


“Pus o meu sonho num navio/e o navio em cima do mar;/- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar./Minhas mãos ainda estão molhadas/do azul das ondas entreabertas,/e a cor que escorre de meus dedos/colore as areias desertas.” – Cecília Meireles


Sou um observador das ruas, e completo minha visão com o clímax nas salas de aula. E o momento difícil que estamos vivendo, ao verificarmos a perda do emprego de mais de 7 milhões de brasileiros, está a fazer naufragar  sonhos, e criar desespero em pessoas que há bem pouco tempo ascenderam na escala social. É claro que é cruel e muito mais difícil descer nessa escala, do que permanecer sofrendo, mesmo a contragosto, num patamar de pobreza e esquecimento. Uma mistura de revolta e muita raiva, toma conta dessa população, ao perceber que foi enganada pela governanta que gastou sem controle, deu pedaladas fiscais, e, tudo indica, favoreceu o desvio de dinheiro público, com o objetivo claro de favorecer seu partido lulopetista  a se perpetuar no poder. As somas desviadas da Petrobrás passam de 70 bilhões de dólares, mostram os resultados da operação lava jato, que prendeu o tesoureiro de seu partido, como principal operador deste esquema.


E ainda existe a caixa preta do BNDES, que escolheu empresas nacionais a serem aquinhoadas com empréstimos bilionários, que desviavam pelo menos 3% do valor dos contratos para os safados, entre elas as de Elke Batista, que faliu fragorosamente, como o navio da poesia em tela de Cecília Meireles. Dilma ainda colocou outros bilhões de dólares em Cuba, na África, e na América latina, sem consentimento do Congresso nacional, sem discutir o assunto com a sociedade brasileira, e queria que esta falcatrua ficasse em sigilo completo pelos próximos 20 anos. E o povo escuta tudo isso... e sofre, pois se sente como um  velho palhaço no final da vida: sem  emprego, com fome e doente.


E não são só as pessoas sem estudo e preparo que estão perdendo  oportunidades- gente com pós graduação e vasta experiência profissional, também está pagando o pato do ajuste fiscal terceirizado pela presidente. Todavia as barbeiragens foram muito grandes, e o TCU já caracterizou haver irresponsabilidade fiscal no período, e abriu a porteira para os pedidos de empeachment da má dirigente-É republicano tirar uma liderança assim, antes que ela comprometa as futuras gerações de brasileiros-Devemos dizer desta forma, um basta, ao jogar na lixeira da história, ela, seu mentor Lula, e o seu partido, o PT, que já foi uma esperança de renovação da política como instrumento de melhoria da sociedade, e que, infelizmente, se transformou, tanto, mas tanto, que se tornou num frankstein, e agora numa organização criminosa, com as luzes da operação lava Jato.


Que Deus nos livre desta Cosa Nostra, e que possamos seguir em frente, após este triste período, porque a Nação é maior e seu povo é grande e republicano!


José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia-ALU

debatef@debatef.com

O silêncio de Adão


“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.” Martin Luther King


O livro de Consuelo Dieguez - “bilhões e lágrimas”, foi comentado pela atriz e escritora Fernandinha Torres em recente artigo, e abriu discussão sobre a história de desvios vultuosos de recursos públicos em três oportunidades concomitantes: Mensalão, Petrolão e agora em escala muito maior no BNDES - quando de maneira criminosa, e orquestrada no alienígena “foro de são Paulo”, sem passar pelo Congresso Nacional - bilhões de dólares foram enviados para fora do País  à líderes sanguinários como os irmãos Castros, ditadores africanos, além de bolivarianos cocaleiros que  destroem nossa sociedade. Uma sangria criminosa de dinheiro público, que poderia ser usado em investimentos cruciais para nosso futuro. As “Lamburguine e Ferrari” do ex-presidente Color, contumaz desviador destes recursos, e agora os recursos escusos do Instituto do ex-presidente Lula, envolvido até à raiz dos cabelos com a Odebrecht- abrem caminho para o impensável há alguns anos, mas que hoje diz muito bem das elites que temos: dois ex- presidentes presos na mesma cela. Collor, ex–caçador de marajás de araque, e Lula, líder corrupto dos metalúrgicos, que ao chegarem ao poder, cada um a seu modo, se tornaram predadores da Nação. Há um “líder” esperto que andou se escondendo neste momento - é José Sarney-com seu legado de opressão e baixo IDH do maranhão, e sua filha e genro também predadores do patrimônio público. Triste Nação a nossa- três ex-presidentes que não valem nada, e só sobrou FHC, que apesar dos pesares, deixa um legado, após ser guiado pela matriarca Ruth Cardoso- ideóloga no seu governo da distribuição de renda e da inserção de negros na sociedade. Sofreu ela, por isso, com os dossiês vazios de dona Dilma, que não rouba, mas deixa roubar, e usa o dinheiro do roubo em suas campanhas para presidente. Num claro golpe às nossas instituições republicanas. Impeachment já!


Liderança é tudo. Adão no Eden não foi líder. Silenciou diante da mulher. Abrahão também, quando Sara, deu aquela brilhante ideia para ele dormir com a escrava a fim de gerar descendência- e ante sua omissão, presenciamos 4000 anos de lutas entre seus descendentes árabes e israelenses. Num momento crítico como o atual, faltam líderes- que é matéria prima escassa no Brasil. Não temos mais um Ulisses Guimarães, nem um Tancredo Neves, tampouco um JK.


A Nação está exasperada, e com pressa para resolver suas questões básicas de educação, saúde, e sustentabilidade social-enquanto alguns irresponsáveis como o presidente da câmara, brincam de serem líderes- se achando, e o povo mostra que não–com mais um panelaço entre muitos, que ainda virão, antes, e após o dia 16 de agosto, quando voltaremos às ruas, mas desta vez, após o  evento, haveremos de transformar nossas metas em ações legislativas, e planos de ação no executivo e na sociedade civil. Nós podemos!


Ghandhi, Churchil e Martin Luther King nos lembram de que, para serem seguidos, os mesmos tiveram de estar no meio do povo, sofrendo suas carências, passando por seus riscos ambientais, e mesmo assim prometeram uma visão de melhores dias, apesar do “sangue, suor e lágrimas”. Tiradentes – “aquele herói enlouquecido de esperança”, pagou com a vida. E por falar em silêncio, alguém aí viu Aécio Neves e Marina Silva?


José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia (ALU)

debatef@debatef.com

Crônica do imaterial

“Não me ofereça ferramentas./Ofereça- me o benefício e o prazer de fazer coisas bonitas./.../Não me ofereça coisas./Ofereça-me ideias, emoções, ambiência, sentimentos e benefícios./Por favor, não me ofereça coisas” autor desconhecido.


Interessante e estressante este País: Chama a policia para tirar cento e poucas famílias de um prédio abandonado por seus donos no centro de SP (o que ocorre em qualquer cidade neste mundão de Deus), e permite que 2 milhões de casas de alto padrão avancem sobre as bordas do manancial, em área de preservação ambiental - às vésperas da maior seca dos últimos 100 anos na região. Nova York – aquela do rio Hudson, não teve este azar, pois seus dirigentes há 20 anos atrás, fizeram um planejamento para evitar que suas fontes de água fossem dilapidadas. Chamaram cada produtor rural que possuía essas fontes em suas terras, e decretaram: Agora vocês são produtores de água, e vamos paga-los por isso. Simples assim.


Não é a toa que o candidato falecido (ou assassinado?) do PSB avisava para não desistirmos desse País. Porque não está fácil. Os jovens e os não tão jovens, estão esperando o que vai dar esta eleição, para levarem suas cabeças a passear (e viver menos estressadas) na Austrália, no Canadá, na Inglaterra etc... onde  a educação, a saúde, a segurança e outros paradigmas imateriais, realmente  prevalecem, e onde quem, às duras penas  estudou, tem seu valor reconhecido.


Ademais aqueles 0,01% de humanos representados por tais casas acima citadas,  são os donos do Território nacional. Para eles tudo pode. O aparato da lei existe para protegê-los, pois pagam excelentes advogados, e muitos, pertencem à nomenclatura do regime, onde, no anedotário político, se diz: para os amigos tudo-para os inimigos a lei. Triste País! E tais políticos voltam todos os anos a comprar votos e consciências ,seja com dinheiro vivo, seja com cargos, pelos motivos de sempre, desde o império: o poder pelo poder.


Conheço um deputado “amigo” que só me dá atenção em vésperas de eleição. Estive em Brasília com alguns intelectuais co-autores de um artigo, com soluções candentes e necessárias à republica, e ele se disse muito ocupado (hoje sei-talvez com o mensalão ou quem sabe o petrolão). Sequer nos ouviu, e passou o documento para seus assessores, que fizeram o favor de engaveta-lo.


“Casas? saneamento básico? Educação? Ha! Ha! Há!-Queremos saber quanto ganharemos. Qual é o percentual sobre o contrato? 3%???”. Este hipotético diálogo, foi ouvido diversas vezes por procuradores da república, antes de prenderem alguns figurões. Fizeram do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto um balcão de negócios. E daí partiu para as estatais. A Petrobrás que o diga. Emporcalharam o templo da Nação-são cambistas imundos, piores que aqueles da época do Cristo. Se não fizermos como o mestre-descermos o cacete- e prendermos esta corja, estaremos comprometendo o futuro do imaterial, da esperança que ainda alenta nossos jovens.


Concluo com as palavras do salmista no exílio: Ele dizia- “Quem vai andando e chorando enquanto semeia, trará na volta, com alegria, seus molhos nos braços”. Pura poesia da esperança.


José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da ALU-Academia de Letras de Uberlândia
debatef@debatef.com


A Educação e a Fome


“O Homem não é nada além do que a educação faz dele”
Immanel Kant

Revisito hoje um artigo de oito anos atrás em que indagava como o famoso rock: Você tem fome de que? Educação, eu completo, além de comida... bebida, diversão e arte- que ainda é a resposta do verso. Faz parte- e pra ser feliz, devemos assim, compor um hino à qualidade de vida. Mas até para reconhecer isso e preciso de professor e escola de qualidade. Sem eles não se tem a luz. E claro, depois vem a comida. É esta nossa fonte de sobrevivência, além de cultura e prazer, mesmo quando não se pode comer um macarrão com molho de tomate da mama aos domingos, por causa da inflação dilmista. Contudo, ainda há falta de alimento para bilhões de pessoas no mundo, e para milhares aqui ao nosso lado. E se não bastasse essa ausência de “fome zero”, a realidade nos remete para intoxicações e contaminações de alimentos diariamente, pelo abuso no uso de agrotóxicos que fazem do Brasil o maior consumidor mundial desses venenos, além do paradoxal desperdício, que em alguns itens chega a mais de 50% entre o produtor e a nossa mesa, haja vista as perdas da maior safra de grãos de nossa história, derramada pelas estradas engargaladas, contaminadas em caminhões, num atentado à ciência logística e ao bom senso.

Bem dizia meu avô: “bicho de goiaba é goiaba”. Mas no tempo dele não se derramava tanto veneno de avião. Hoje quando vejo um bichinho desses, sorrio e aprovo a fruta porque como indicador biológico, ele me passa a mensagem: ”Se eu sobrevivi você sobreviverá também”. 

Quanto à bebida, por exemplo, endemicamente temos casos de Mal de Chagas registrados principalmente no norte e nordeste em bebidas como o açaí e caldo de cana, e todas as vezes que há este tipo de ocorrência, uns sem número de subnotificações acontecem, ou seja, muita gente adoece ou morre, sem que a autoridade sanitária tenha o registro correto da causa.

O que dizer da diversão e arte? Dar risadas, estudos comprovam, - é um antídoto pra depressões a e a falta da libido, além de grande aliado na higidez do corpo contra doenças. Mas o que o cenário artístico e cultural de uma cidade do interior como Uberlândia oferece? Quase nada! Daí a se louvar a proposta da terceira conferência municipal de cultura do novo governo- ainda uma promessa - para diagnosticar a fome de cultura e lazer em nosso povo, que deveria consumir cultura e arte, como se come arroz com feijão e se bebe caldo de cana. A grande sacada dos americanos para dominar o mundo foi o paraíso dos filmes de Hollywood. Hitler até tentou com museus, artistas, e música clássica de Wagner. Quando não se conquista pela força, se chega a bastiões antes inacessíveis de uma nação pela estratégia do conhecimento, da cultura e da arte. Viva Bibi Ferreira que estreia na Broadway aos 90, levando nossa cultura e arte ao mundo. Precisamos das milhares de Bibi que estão sem brilhar ainda.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

Carta Aberta ao STF


Já escrevi várias vezes sobre a importância do STF haver julgado e condenado os ladrões petistas do mensalão e, que se deveria fazer o mesmo com os meliantes tucanos mineiros, que inventaram tal delito. Todavia, peço vênia a Vossas Excelências para, voltando ao assunto, registrar minha indignação com o julgamento dos embargos infringentes da ação 470, que livraram os apenados de pagar pelo crime de formação de quadrilha. E o que é quadrilha? No wikipédia, significa:” bando, associação criminosa ou gangue - denominações atribuídas a um grupo de pessoas, que tem por objetivo praticar crimes, ou atividades consideradas ilegais em determinado ordenamento  jurídico...”

Ora Senhores, dizer que o maior esquema de corrupção da história deste País, que se reunia dentro do palácio do Planalto para achacar empresários e desviar dinheiro público, não tinha esse fim, é querer enganar os brasileiros e despistá-los acerca da forma como foram indicados os novos postos de ministro deste tribunal. Triste País cujos dirigentes se reúnem na calada da noite, para trocar a composição da suprema corte com o único intuito de livrar criminosos, que a história haverá de enterrar como ladrões. O Brasil não merecia isto. Um processo empobrecedor de valores tão caros ao futuro de qualquer país - a meritocracia, a justiça como última instância para fazer acontecer à cidadania de um povo.
Está escrito: “Bem aventurado o homem cuja força está em Ti; em cujo coração se encontra os caminhos aplanados, o qual, passando em vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva”, salmo 84 de David. Um coração aplanado é aquele que promove a justiça aqui na terra, já que a justiça divina é certa, e colocará os bodes a arder em suas consciências ad eternum – e este é o inferno, de Dan Brown, ou não.

Alerto a Suas Excelências para que levantem os olhos para o mundo a sua volta. Observem as barricadas de Kiev. Vejam as ruas de Paris ou do Rio de Janeiro.  As revoluções das multidões contra injustiças estão construindo a história contemporânea e, data vênia, os Senhores não poderão se esconder para sempre debaixo de suas negras togas e em caros palácios. Como “marias antonietas” do presente, serão decapitadas pelo avanço dos fatos, que farão a nova ordem prevalecer, onde não   mais aceitaremos que existam dois tipos de decisões judiciais,  a dos ricos e aboletados em altos postos da sociedade,  e a dos pretos e pobres que representam a  maioria.

Apesar disso, não apoiamos a violência como a do MST - braço armado e financiado do petismo, que esteve a ponto de invadir e quebrar este palácio, agora feito inútil. Contudo, a mesma história ensina que toda insensibilidade no poder será castigada, e isto também vale, é claro, para o executivo e o legislativo.

Concluo, deplorando o vale árido pelo qual os brasileiros atravessamos, buscando homens sábios e com coração aplanados, e ainda assim, como um simples escriba, feito portador desta missiva, lembrar aos ilustres juristas que só a fé  faz de Deus a  nossa força,  capaz de gerar bem aventuranças e paz social à Nação, como as bênçãos esverdeadas de uma primeira chuva. Que Ele nos Guie.

José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e Presidente da ALU- Academia de Letras de Uberlândia-MG

debatef@debatef.com

Lambanças do poder

Na recente visita de Dilma Roussef à Cuba, ao responder uma pergunta sobre direitos humanos na ilha, a presidente se enfiou   numa  saia justa, ao comparar Cuba aos Estados do Brasil e EUA, este principalmente por causa dos eventos de  Guantánamo. Conseguiu com isso um dos piores incidentes diplomáticos já vividos por um primeiro mandatário nacional, repetindo e agravando, o desastre que foi a declaração de Lula em visita anterior, comparando os dissidentes cubanos à bandidos e traficantes brasileiros. Nossa autoridade máxima queria fechar, romântica e perigosamente os olhos, para homenagear seu passado de guerrilheira e revolucionária- que hoje respeitamos, mas o mundo mudou presidente, e prova disso é que a senhora é a primeira mulher presidente deste País. Não precisava acrescentar esta lambança ao seu belo currículo Lattes.

Todavia, não é só os representantes do PT no executivo do planalto central que reproduzem tais erros. Governos municipais, estaduais de vários partidos além do judiciário em todo território nacional, nos brindam com situações dignas do velho trio, ”Os trapalhões”- com o perdão aos artistas ainda vivos e exemplos de profissionalismo e arte. Por exemplo, o PSDB de São Paulo ao promover a bárbara desocupação da localidade Pinherinhos com sua truculenta polícia, atendendo uma decisão judicial insensível e polêmica de reintegração de posse, em favor de um notório usurpador social-construiu uma efeméride negativa, e um vexame perante a comunidade mundial, mostrado pelas mídias aos quatro ventos - uma vergonha!

Já o PSD de Kassab, fez coisa pior: resolveu higienizar a região da Cracolândia também com a polícia do PSDB de Alkimin, tudo visando confundir o eleitor que vota em novembro para prefeito da cidade de São Paulo- o terceiro maior orçamento do País. Note-se que este realmente é um problema - chaga da cidade que se arrasta há pelo menos dez anos e atravessou várias administrações. Sabe-se também que é mais fácil trabalhar o tangível, qual seja demolir casas, pintar muros e lavar calçadas-difícil, e foi o que não fizeram, é promover um sistema que promova recuperação física, emocional e espiritual de pessoas, escravas de um vício que incorpora a rua como parte da doença. Cadê os profissionais de saúde pública destes governos? Não viram que só fizeram espalhar estas vidas por outras ruas da metrópole causando mais dor e sofrimento inclusive para familiares co-dependentes?

Concluo saudando a decisão do STF, que autorizou o CNJ a investigar as contas milionárias dos barões da justiça nacional que segundo a procuradora nacional -“alguns são bandidos de toga”, fazendo uma ressalva: foi o próprio STF em 12 de agosto de 1992 - em seção administrativa, presidida por Nelson Jobim-que encheu as burras do judiciário e MPF, ao criar a PAE, ou norma que estabelece isonomia entre poderes com efeitos retroativos à década de 90: uma derrama de bilhões de reais, pois foi estendida ao poder judiciário e ministérios públicos estaduais. O que o STF fez, cumprindo agora sua missão, foi garantir ao CNJ o poder de abrir processos contra magistrados expostos no COAF e suspeitos de malversação de recursos, sem ter de esperar as corregedorias locais viciadas muitas vezes pelo compadrio. Isto não aconteceria naquela ilha, senhora presidente!

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Empregados x Pessoas

É sempre inspiradora a releitura de Peter Drucker. Chamou-me a atenção um profético artigo publicado em abril de 2002 na Harvard business Review /Exame, intitulado “Eles não são Empregados, são Pessoas”. Trata-se de algo espantoso: milhares de pessoas que trabalham para grandes conglomerados, não são  empregados tradicionais destas organizações- são trabalhadores temporários. E as empresas que ainda têm relações formais com seus funcionários estão terceirizando suas administrações de RH, justamente aí, no desenvolvimento de talentos, onde as principais águias da administração moderna ensinam ser a tarefa sine qua non de uma economia do conhecimento.

A tarefa enfadonha de administrar empregados (plano de aposentadoria, pagamentos de pensão, contratações, demissões, cortes, treinamentos), sua mutante legislação, seus custos- maior que 40% para quem contrata diretamente nos EUA, e por aqui mais que o dobro disso, dizem os especialistas- fica delegada à uma Organização de Empregados Profissionais(OEP),que foi o serviço empresarial que mais cresceu nos anos 90 nos EUA. Segundo P. Drucker até o final de 2005 as OEPs tornar-se-ão co-empregadoras  de 10 milhões de trabalhadores americanos de baixo e alto escalão e esta é uma mega-Trend (tendência predominante no cenário). Todos os dias úteis um dos maiores empregadores do mundo, a empresa suíça Adecco, coloca 700.000 cadastrados em funções administrativas, industriais, técnicas em negócios espalhados pelo mundo. Estima-se em 8 milhões/dia o número de trabalhadores temporários disponibilizados pelas OEPs pelo mundo. A Exult, provavelmente a OEP mais conhecida, é co-empregadora de 500 companhias World Class que fazem parte da lista da revista Fortune, teve suas receitas aumentadas em 48% em 2001 superando o de crescimento médio de 30% ao ano das OEPs observados desde então.

Afinal como empregados são fardos se as pessoas são o nosso maior patrimônio? O que as empresas e seus executivos querem é não perder 25% do tempo resolvendo problemas típicos de empregados, e se concentrar na administração dos negócios, deixando esta parte espinhosa para as co-empregadoras que podem gerir também com maior eficácia as especificidades das fragmentadas carreiras dos trabalhadores do conhecimento, que são extraordinariamente especializados e na maioria das vezes não são ouvidos pela média e alta administração que, apesar de precisar deles (seus conhecimentos, habilidades e atitudes) não consegue entendê-los dada a complexidade e quantidade de áreas envolvidas (ex: eng de software, oncologia, advocacia tributarista  etc). Sem oportunidade de crescimento na carreira, nenhum deles quer ser administrador, porque ama o que faz e porque não tem chance de obter o cargo, daí a importância de uma OEP com gerente especializado, que dê voz e instrumentos para fazer a organização  trabalhar para cada um dos envolvidos, buscando sua satisfação, crescimento e consequente aumento de produtividade dos  co-empregadores.

Como P. Drucker, concluo: “A economia do conhecimento vai exigir mais do que alguns novos programas e práticas. Os empregados podem ser nosso passivo, mas as pessoas a nossa maior oportunidade”.

José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor

debatef@debatef.com

Veja o que mudou desde 2005 Sierra Maestra e Sun Tzu



“Aprenda a lutar”
   Sun Tzu

O senador e ex-ministro da educação Cristovam Buarque, escrevendo artigo sobre educação no jornal Valor Econômico de 7/01/2005 demonstra que apenas 1,09% do orçamento de 683 bilhões da república são necessários para se fazer uma revolução educacional no Brasil, 12o economia do mundo. Segundo o professor- senador o Brasil é um dos raros países com maioria de população de baixa renda em  que o PIB e a carga fiscal já permitem a realização de um choque de políticas públicas para superar a exclusão social. Ivan Santos, meses atrás em editorial do CORREIO, destacou as migalhas do orça mento da União–6 bilhões de reais- para o “bolsa–esmola”, que caem da mesa do banquete de 147 bilhões de reais pagos religiosamente à banca internacional. A sobra, primeiro é disputada a unhas e dentes pelos representantes dos falcões de  nossas elites nos parlamentos. A revista veja de12/02/2005 mostra a revolução que a educação básica fez no PIB da Coréia do sul. Eis o ponto, também destacado na revista Carta Capital de 29/12/2004 por Gustavo Ioschpe: A educação básica é o nó que precisa ser desatado. A repetência passa de 20% ao ano, a evasão faz com que 2,5 milhões de alunos/ano deixem a escola todo ano. Os resultados do sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) mostram que mais  da metade das crianças de quarta série estão em nível crítico ou muito crítico. Só um quarto da população brasileira  consegue ler e entender uma notícia de jornal ou realizar operações aritméticas concatenadas. Em suma enquanto o mundo entra na era do conhecimento, nós mal conseguimos alfabetizar. Porque isso acontece? Impossível falar de alunos sem olhar de perto seus professores e estes não consegue transmitir conhecimentos porque eles mesmos não os têm em nível necessário. Não discutiremos a tão decantada questão do salário, já que empiricamente estudos mostram não existir relação significativa entre ele é a performance dos alunos.(deixo claro a indignidade do salário da maioria de professores deste país). O que realmente “pega” é a falta da educação de base para os futuros professores, além da parca existência de cursos de magistério que burilem competências técnicas e desestimulem a forte carga ideológica do professorado nacional- uma questão de foco. Ainda segundo Ioschpe (autor de “A ignorância custa um mundo-o valor da Educação no Desenvolvimento do Brasil”-ed.W11-2004)é necessário instituir incentivos que premiem a qualidade, além de desmontar as conexões políticas que nomeiam diretores, e que por isso não utilizam ferramentas de avaliação da Qualidade(como é feito em  empresas que conseguem chegar à excelência) para não  desagradar seus professores-eleitores, os quais preferem culpar pelo seu fracasso o capitalismo, o governo, ou  pasmem, seus próprios alunos!

No século passado Fidel Castro fez uma revolução em Cuba, gostemos ou não dela. Concordo com o senador: nossa  Sierra Maestra está nas comissões de orçamento dos parlamentos federal, estadual e municipal. Você já aprendeu a lutar?

José Carlos Nunes barreto
Professor Doutor

nunesbarreto@debatef.com
     


Economia da água

                    

Em época de aquecimento global, elevação  do nível do mar e tsunamis, ficamos encharcados e  ao mesmo tempo horrorizados, com o paradoxo da crescente falta de água doce no planeta. Mas, que tal refletirmos sobre a “economia da água”?

Alguns especialistas nos fazem entender sua importância  ao transformar em litros de água todos os bens e serviços que chegam até nós. Assim para  um simples galeto que tenha chegado à nossa mesa, 1.200 litros   foram necessários. Naquele quilo de carne consumido durante a semana mais 2.000  mais 2.000 litros. Em cada quilo de grãos que compramos em média mais 1000litros, Se você está em uma grande cidade, precisa de cerca de 150 litros dia para seu uso diário, e por aí vai. Os números acima nos dão segurança para considerar que utilizamos em média 4000 litros de água por dia para vivermos no conforto estabelecido pela sociedade baseada na “economia da agua”. Quanto custa isso para a sociedade? Esta é a questão, cujas ameaças e oportunidades precisamos entender. Segundo a ONU em 2050 mais de 45% da população mundial não desfrutará de água potável, tal é a marcha inexorável dos usos e contaminações das águas superficiais e subterrâneas do mundo E esta é uma  previsão otimista, em função da estarrecedora velocidade das mudanças climáticas globais, que dia a dia nos mostram que esta perspectiva virá muito antes de 2050. Apesar de sermos planeta água, somente 0,02% dela está disponível para beber em lagos e rios e a continuar assim este pouco se tornará quase nada. Basta olharmos nos entornos das nossas cidades. O ciclo hidrológico tornou-se caótico: transformou-se em enchentes com a ação antrópica de impermeabilizações, canalizações de rios, adição de esgotos industriais e urbanos - destruição pura. Será que o que aconteceu no Iraque, com relação ao petróleo, não acontecerá no futuro com o Brasil, já que possuímos 12% das reservas de água doce do mundo? E o que é exportar etanol e grãos senão toneladas de água, enviadas para fora do País?

As bacias hidrográficas são áreas adjuntas ao rio e seus tributários. E elas, são uma inteligente forma de fazer política da água, com centenas de cidades a cobrar pelo seu multiuso, para aplicar na preservação deste bem,  adequando  legislações já amadurecidas aqui e em várias partes do mundo. Um famoso “case” é a bacia do rio Paraíba do Sul  que atende mais de 300 cidades no sudeste do país, sendo o rio, para a maioria delas a única fonte de água.  Isto em um país  possuidor de um aquífero chamado “Guarani”, um dos maiores reservatórios de água doce do mundo, que se estende por aproximadamente 840 800 Km2 no Brasil, Distribuídos por 8 estados, entre eles SP, RJ e MG atendidos pela bacia do rio São Francisco. As reservas disponíveis de água filtrada, e auto-depurada bio-geo-químicamente, neste aquífero são da ordem de 45 trilhões de m3, e a população que poderia ser atendida sustentavelmente, seria em torno de 15 milhões de pessoas, sem necessidade de tratamento da água (ABAS-Associação Brasileira de Águas Subterrâneas). Uma riqueza desprezada pelo setor público, que nela não investe. Agora que já preocupei você também( espero)Dê uma olhada no que o governo federal está fazendo no Rio São Francisco: desrespeitando  orientações da ANA - Agência Nacional de Aguas, O Comitê de Bacia, as decisões do plenário da CONAMA, e  sociedade civil organizada, além de toda tecnologia de gestão de bacias em uso  no mundo, para fazer a qualquer custo, e com empreiteiras sem EIA/RIMA, uma sangria num rio que exige cuidados de preservação como um organismo vivo - Alguém que está ambientalmente na UTI, porque foi violentamente agredido todos estes anos - poluição de toda ordem, extinção da  mata ciliar, assoreamentos, escassez de água: O governo federal perpetra um crime ambiental. Desrespeita leis, pessoas, nação, em um universo que clama por água doce. Até quando? 

José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor

debatef@debatef.com.br

Relembrando artigo de 15 anos atrás, ainda atual, sobre a produção Científica Brasileira

                   
     
Os professores Jean Pierre Férézou e Roberto Nikolsky, analisaram a produção científica brasileira  em instigante artigo publicado na Folha de São Paulo intitulado “Excelência científica e Crescimento”, sob o impacto da publicação pela revista científica “Nature” do ranking de países que concentram 98% dos artigos das publicações mais citadas. Nele o Brasil ocupa o 19º lugar de um grupo de 31 países de vanguarda. Estamos na frente de 174 países e passamos de 0,84% dos artigos  publicados em Ciência e Engenharia no quinquênio de 1993-1997, para 1,21% em 1997-2001, o que representa um crescimento de 45% acima da média mundial. Porque esse desempenho não correspondeu a um crescimento expressivo do nosso PIB, no mesmo período? Segundo os autores a resposta é que não é a ciência (Geração de Conhecimentos), mas sim o domínio da tecnologia industrial(ou seja a competência no uso de conhecimento capaz de gerar inovações) é  que torna nossa indústria mais competitiva e faz a economia crescer de modo sustentado e rápido. Exemplo: os países orientais chegam a ter 30 vezes mais patentes que o Brasil (caso da Coréia do Sul) concedido no maior mercado, o americano.

Lancemos  luz sobre a estratégia destes países: 1)As Indústrias em parceria com as  universidades criam o saber no chão de fábrica focando em inovações tecnológicas e só então publicam; 2) Há uma sinergia entre inovações e ciência e dispêndios maiores de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) não acadêmicos, mas são proporcionados pelos resultados em todas as cadeias produtivas; 3) No conceito 80/20, 80% dos pesquisadores trabalham nas indústrias e em projetos industriais é 20% na universidade.

Como participante de congressos internacionais tenho presenciado milhares de jovens doutores chineses, coreanos e indianos na faixa de  28 anos tendo seus trabalhos financiados por  corporações   e os resultados maiores se dão no mercado e no PIB daqueles países.   Voltando os olhos para nosso país, temos um excelente case endógeno desta estratégia oriental: trata-se da EMBRAPA, que hoje sozinha responde por 3% dos artigos científicos do mundo em sua área e possui dezenas de patentes homologadas em NY no Escritório de marcas e patentes dos EUA - o USPTO, explicando o nosso atual aumento do PIB, e superávit comercial baseado no agronegócio. Quanto as demais publicações, salvo raras exceções, seguem o 20/80 da lei de PARETO, ou seja, o substancial, que está em um número muito maior que 80% talvez 95%, está sendo realizado na universidade e muito longe dos meios de produção, daí sua alienação, “num processo elitizante e estéril para o desenvolvimento econômico e social do país”.

Concluindo gostaria de fazer um chamamento aos candidatos a reitor da UFU E DEMAIS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS: Não formemos doutores para a dicotomia desemprego ou aulista! Vamos quebrar  este ciclo de desperdício do capital intelectual brasileiro! A questão é de estratégia e não de recursos!  Façamos melhor Gestão da Excelência Científica!

Prof. Dr José Carlos Nunes Barreto
Sócio-diretor da DEBATEF SOLUÇÕES E CONHECIMENTO
debatef@debatef.com

Lembrando o “fora Bush”!


“Longa é a arte/ Breve é a vida”  
Tom Jobim

A tecnologia do etanol ocupou corações e mentes na semana que passou. Bush veio. Ficou 24 horas e trouxe com ele um exército.  O macaco Simão afirmou na “Folha” que isto foi uma invasão. Concordo. Em todos os sentidos, inclusive no da privacidade. Pessoas em pleno século 21 ficaram em SP sem poder sair de casa por horas, em virtude da passagem da comitiva do imperador da “pax americana”. Outros tiveram prejuízos de diversas formas. Restaurantes, profissionais liberais, médicos, artistas, com suas vidas paralisadas por alguém que tem nas mãos uma máquina de mentir e sensibilizar: A arte de Holyood.  Desta vez  eu e Chavez estamos do mesmo lado: Bush veio nos dar uma esmola e, subservientes aceitamos. Chavez exporta petróleo com tarifa cheia, e nós continuaremos sendo sobretaxados em 0,14 dólares o litro de etanol, para não “prejudicar” os produtores americanos até 2009. Bush que é sócio de empresas petrolíferas está ligado até a alma com os barões sauditas do petróleo e com o aquecimento do climático - um vilão. Mandou fazer a guerra do Iraque, para atender inclusive a seus interesses  empresariais. Porque ele estaria interessado em nosso etanol de cana de açúcar se as pesquisas de sua bilionária área de C&T em breve lançarão o etanol de baixo custo oriundo de qualquer biomassa, inclusive capim? Estaria o Sr.  Bush tentando ganhar tempo?

Desde Alexandre - o grande, os impérios só movem o imperador quando se vêem ameaçados. Foi daí que começou o uso de “estratégias de marketing”,  o uso da mentira como política de estado para engrupir povos conquistados. Ao cunhar moedas com seu rosto, e espalhar estátuas nas terras conquistadas, aliadas a divulgação de vitórias antecipadas, completava sua  dominação. Mais a frente já na “pax romana” Augustus seguiu a mesma linha. Conseguiu reunificar Roma, 43 AC conquistando os republicanos com uma falsa mensagem (em estátuas) de humildade, despojo, e cidadania. Mentira que inaugurou uma ditadura de 400 anos com tudo ao contrário do que pregou. (Alguma semelhança com o PT de Lula?). A arte nas moedas e  estátuas foram usadas para mentir e iludir como fazem as “campanhas de marketing” de Odelmo, Lula, Chavez, Stalin, do PC chinês, de Hitler, e de  tantos ocupantes do poder, quantos formos analisar. Interessante notar  que de todos, Hitler foi o mais eficiente. Gostava de arquitetura, de quadros caros e relíquias que saqueava após invadir nações. Chegou ao absurdo matar a influente classe média judia, com a complacência de toda sociedade alemã, dita cristã, mas anestesiada pela propaganda feita  para iludir a todos utilizando a arte escrita, falada, esculpida e musicada. Dizer que pessoas eram piores que animais e por isso teriam que ser primeiramente e sorrateiramente afastadas do convívio social. Depois eliminadas como animais peçonhentos. E todo mundo acreditar, salvo alguns “loucos” gritando no deserto? Finalizando e voltando para a tal visita, o que precisamos fazer é investir pesadamente nesta nossa tecnologia, inclusive com planejamento estratégico para área de cultivos. Mercados já têm na EU, JP e no USA – que quer taxem ou não terão de nos engolir! E para mim já chega: Fora Bush!

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com

Khobani vive!

“Por isso eu vou/ esquecer de tudo/das  dores do mundo/Não quero saber e err errr...”
Cancioneiro popular

Escrevo no rastro da maior crise humanitária desde a segunda guerra, com cerca de 700.000 refugiados atravessando o mar mediterrâneo em direção ao Reino Unido e Alemanha, os milhares de mortos (por afogamento, asfixia, e por toda sorte de privações) além de outros 4 milhões se deslocando entre as fronteiras da síria , Líbia, Iraque, em direção a Turquia e arredores, além de  países  norte da África, todos correndo da morte certa, dos horrores da guerra contra a besta do apocalipse – o ISIS  ou Estado Islâmico, em sua  cruzada contra o ocidente e sua cultura judaico cristã representada pela cruz de Cristo. Neste cenário, algo me  iluminou de esperança: um exército de mulheres em Khobani, que, mesmo com armamentos precários, venceu os jiradistas do ISIS, ao  coloca-los em retirada, isso após 25 mil homens dos exércitos regulares do Iraque e Líbia recuarem, dando espaço para esses rebeldes,  mesmo contando com os melhores armamentos cedidos por forças americanas.

Esse nosso mundo não aprende mesmo: o atual estado da arte é resultado do vazio de poder propiciado por erros dramáticos dos americanos no Iraque e na Líbia, sob o olhar atônito da ONU e a complacência  da União  Europeia.  E o que se viu, foram menos esforços e ações do que o momento exigia - quando os EUA e suas forças invasoras mataram líderes regionais que amalgamavam tribos e nações, com histórias de rivalidades e  guerras há milhares de anos. O vácuo se estabeleceu e foi preenchido pelos extremistas financiados por islamistas do mundo inteiro.

O mais perto que se chega deste dramático tempo simbolizado pelo menino sírio de três anos morto nas praias da Turquia, é o holocausto dos judeus na segunda grande guerra. Também naquela época, o vácuo de poder contra a Alemanha de Hitler, começou a ser arquitetado pelo tratado de Versalhes, que impôs à Alemanha penas impagáveis, como resultado da capitulação na primeira guerra mundial e que fizeram nascer o nazismo e o ódio aos prósperos judeus que viviam em seus territórios. O resto da história é conhecida. Agora temos um “deja vi”: O que dizer das decapitações do EI?  Dos padres e pastores queimados vivos em gaiolas?

Não quero ver crianças brasileiras mortas nas areias  da praia de Copacabana, para acordar sobre a importância de combatermos  o EI e o Jiradismo em suas atuais fronteiras, antes de cooptarem nossos jovens,  contra nossa cultura ocidental libertária. Todavia, como ensina o cancioneiro popular, quero afirmar, que “Minha dor é perceber, que apesar de tudo que fizemos,  ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.

O torpor da Europa contra o Dragão hitleriano é o mesmo que observo hoje nos líderes europeus que armaram cercas e resoluções para impedir os migrantes  de caminharem rumo a seus objetivos de sobrevivência. O êxodo não se extinguiu, só ganhou força - apesar do racismo, e do ódio contra imigrantes presentes hoje no solo europeu – como nunca antes observado. Alerto  que um novo holocausto poderá  acontecer daí, agora em tempo real em nossas redes sociais. Precisamos agir como as meninas de Khobani, e,  orar  como o salmista para que “Deus nos aguce os dedos para a batalha”.

José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia (ALU)

debatef@debatef.com