terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A era da Abundância

“O poeta é um fingidor /Finge tão completamente /Que chega a fingir que é dor /A dor que deveras sente”. Fernando Pessoa
Leitor da Folha de SP, me deparei dia desses com dois artigos primorosos em termos de ideias e agendas para o ano que bate à porta. O primeiro, de Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do RJ, e outro de Nizan Guanaes, premiadíssimo publicitário e empresário de SP. Ambos abordam, de forma inteligente, agendas para o futuro próximo, além de fazerem análises da atual conjuntura sócio econômico cultural do País, o que me agradou muito - haja vista a desoladora quadra que todos vivemos, na era de escândalos de corrupção e desmandos lulopetistas.
Felizmente o Brasil não é uma Venezuela e nem Cuba, e nossas Instituições se mostram fortes, a despeito dos ocupantes do máximo poder no planalto central, que aparelham a justiça, corrompem o Congresso nacional, jogam contra a estabilidade econômica ao ferirem a lei de Responsabilidade Fiscal, e para tanto retiram o povo das arquibancadas e de suas prioridades, ao, com toda desfaçatez, comprarem formalmente o voto de parlamentares, através de decreto presidencial.
Nizan Guanaes lembra que nossa força advém da experiência, pois já passamos por hiperinflação, ditadura além de várias guerras contra moinhos de vento, e devemos ser otimistas, pois o otimismo fortalece. Faz sentido. O IED (Investimento direto estrangeiro) apesar dos péssimos indicadores atuais da economia, chega este ano a 66 bilhões de dólares (investidores olham além desta conjuntura), quando se esperava 50 bilhões. O STF (Supremo Tribunal Federal), o MPF (Ministério Público Federal) e a Polícia Federal republicanos, têm prendido e julgado maus políticos, bandidos disfarçados como dirigentes de partidos ou empresas, além de banqueiros corruptores. Agora é preciso prender e julgar ex-presidentes bandidos, após impedi-los. Algo se move: Quem viver verá. E isto era impensável há alguns anos, e é pois, uma obra imaterial realizada por toda sociedade brasileira, a despeito de quem esteja ocupando o poder na vez.
Já Ronaldo Lemos joga luz sobre as cruciais transformações que a tecnologia trará para essa mesma sociedade como um todo, e afirma que como um enredo, o ano de 2014 representará o fim de um arco narrativo, e 2015 será o início de outro, muito mais significativo, pois apoiado pela base já lançada por múltiplos setores - das telecomunicações, aos serviços na internet, onde a universalização da banda larga (onde estamos 30 anos atrasados), a regulamentação do marco civil da internet, aliadas ao acesso de smartfones com mais capacidade de acesso e armazenamento de informações do que possuía o ex - presidente americano Bill Clinton – elas criarão  a era da abundância, segundo Peter Diamandis em seu livro “Abundance” citado por Nizan Guanaes.
Estas vantagens competitivas em boas escolas com educação de qualidade para as massas, gerarão, a baixo custo, soluções integradas a grandes centros de pesquisa ao redor do mundo: Mais da metade do que iremos usar no dia  a dia doravante, será concebido desta forma nos próximos cinco anos. É um espetacular mundo novo que se descortina.
Com esta visão otimista, porém sem tirar os pés do chão, me despeço do leitor amigo, desejando ótimas festas, para em seguida avançarmos rumo às mudanças que já estão escritas nas estrelas: Maktub.

José Carlos Nunes Barreto

Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia (ALU).

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Habacuque e o Crash

“Em paz /Eu digo que eu sou/O antigo /do que vai /Adiante /Sem mais /Eu fico onde estou /Prefiro continuar /Distante”
Cancioneiro popular
A propósito da onda de suicídios relatada na mídia, motivada pelas elevadas perdas patrimoniais de pessoas físicas e jurídicas com o “crash” ao redor do mundo, me pus a pensar nas palavras do profeta Habacuque após os caldeus saquearem e levarem cativa a tribo de Judá, usando para isso, seus cavalos mais ligeiros que os leopardos, e guerreiros mais perspicazes que lobos à tarde. O homem de Deus, também os compara às águias, vindas de longe voando em direção à comida. E se desespera, como qualquer mortal, vendo prisioneiros irmãos seus, serem levados com violência, pisados e ele, sendo testemunha ocular do escárnio dos opressores sobre seus príncipes e reis. E grita: ”Até quando Senhor, clamarei eu, e não me escutarás? Gritarei violência! E não salvarás?” E aí Deus responde ao profeta sinalizando que aquilo era um castigo pela iniquidade anterior de Judá e que após o sofrimento e a intercessão de Habacuque pelo seu povo, os caldeus seriam castigados a seu turno. Deus sempre cumpre o que promete-a história comprova que realmente isso aconteceu. E o profeta nos dá uma lição sobre como um intercessor deve agir e por que: “O justo viverá pela fé”. Ele se referia à fé em Deus. O poeta Carlos Drummond de Andrade completaria - fé no homem, fé na vida, fé no que virá.
Séculos depois da morte de Habacuque, Jesus o messias, entre os inúmeros sermões que fez, exorta seus discípulos para não ajuntarem tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os consomem e os ladrões roubam, mas a “ajuntar tesouros no céu, pois onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração”. Então como entender a visão patrimonialista de algumas “igrejas” que se dizem igreja de Jesus Cristo? E a atitude de pastores que não vivenciam o sofrer de suas comunidades?(e por isso não intercedem adequadamente junto a Deus por eles). Alguns, pasmem, delegam esta importante parte do seu trabalho, a diáconos e presbíteros. Já pensou se Habacuque tivesse feito assim? Se houvesse nele aquela clássica postura de funcionário público prestes a se aposentar?
Hoje estamos vivendo um tempo em que pessoas, aos bilhares, cativas do deus mercado, sucumbem sem pastor. Para que serve esse religioso se na hora crítica da tentação ou da morte não está ao lado de seu rebanho? Alguns estão tão desmotivados quanto o profeta Jonas antes de ser tragado por uma baleia assassina. Este acordou e mudou, será que nossos “clérigos” farão o mesmo?
Habacuque termina sua pequena, mas significativa participação na bíblia (são só 3 capítulos) com uma oração poderosa até os dias de  hoje, porque já varou milênios e recuperou a fé de tantos, cujos números se igualam à areia do mar. E é com ela que pretendo alentar aqueles que,desesperados por perderem patrimônio ou ente queridos, pensam na morte como solução: “Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exaltarei no Deus da minha salvação”.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com

A Educação e a Fome

“O Homem não é nada além do que a educação faz dele”
Immanel Kant
Revisito hoje um artigo de oito anos atrás em que indagava como o famoso rock: Você tem fome de que? Educação, eu completo, além de comida... bebida, diversão e arte- que ainda é a resposta do verso. Faz parte- e pra ser feliz, devemos assim, compor um hino à qualidade de vida. Mas até para reconhecer isso e preciso de professor e escola de qualidade. Sem eles não se tem a luz. E claro, depois vem a comida. É esta nossa fonte de sobrevivência, além de cultura e prazer, mesmo quando não se pode comer um macarrão com molho de tomate da mama aos domingos, por causa da inflação dilmista. Contudo, ainda há falta de alimento para bilhões de pessoas no mundo, e para milhares aqui ao nosso lado. E se não bastasse essa ausência de “fome zero”, a realidade nos remete para intoxicações e contaminações de alimentos diariamente, pelo abuso no uso de agrotóxicos que fazem do Brasil o maior consumidor mundial desses venenos, além do paradoxal desperdício, que em alguns itens chega a mais de 50% entre o produtor e a nossa mesa, haja vista as perdas da maior safra de grãos de nossa história, derramada pelas estradas engargaladas, contaminadas em caminhões, num atentado à ciência logística e ao bom senso.
  Bem dizia meu avô: “bicho de goiaba é goiaba”. Mas no tempo dele não se derramava tanto veneno de avião. Hoje quando vejo um bichinho desses, sorrio e aprovo a fruta porque como indicador biológico, ele me passa a mensagem: ”Se eu sobrevivi, você sobreviverá também”. 

Quanto à bebida, por exemplo, endemicamente temos casos de Mal de Chagas registrados principalmente no norte e nordeste em bebidas como o açaí e caldo de cana, e todas as vezes que há este tipo de ocorrência, um sem número de sub notificações acontecem, ou seja, muita gente adoece ou morre, sem que a autoridade sanitária tenha o registro correto da causa.

O que dizer da diversão e arte? Dar risadas ,estudos comprovam, são um antídoto pra depressões a e a falta da libido, além de grande aliado na higidez do corpo contra doenças.Mas o que o cenário artístico e cultural de uma cidade do interior como Uberlândia oferece? Quase nada! Daí a se louvar a proposta da terceira conferência municipal de cultura do novo governo-ainda uma promessa- para diagnosticar a fome de cultura e lazer em nosso povo, que deveria consumir cultura e arte, como se come arroz com feijão e se bebe caldo de cana. A grande sacada dos americanos para dominar o mundo foi o paraíso dos filmes de Hollywood. Hitler até tentou com museus, artistas, e música clássica de Wagner. Quando não se conquista pela força, se chega a bastiões antes inacessíveis de uma nação pela estratégia do conhecimento, da cultura e da arte. Viva Bibi ferreira que estreia na Broadway aos 90, levando nossa cultura e arte ao mundo. Precisamos das milhares de Bibi que estão sem brilhar ainda.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com

Ensaio Sobre a Cegueira

“Enquanto esse velho trem/ atravessa o pantanal/.../ rumo a Santa Cruz/ de La Sierra
Cancioneiro popular

Saramago escreveu e Fernando Meireles levou para a telona, algo que ao longo da história somos protagonistas, muitas vezes testemunhas: a cegueira coletiva a depender dos olhos de poucos, como visão. Dar esse poder a alguém, de enxergar por nós é complicado. Porém situações, doenças coletivas da alma e do corpo nos levam a isso. Fome, Carências, ilusão por prestígio e dinheiro são algumas delas. O fascínio por lideranças carismáticas e fascistas é outra. Enquanto wall street se desmancha na esteira da quebra do quarto maior banco de investimento americano- o Lehmon Brothers, a marcha da insensatez bolivariana de Evo Morales insuflado por Chavez, divide a Bolívia em duas nações em guerra: A dos índios cocaleiros pobres contra as províncias que produzem a maior parte do PIB daquele País. FHC afirmou em entrevista recente, que o maior desafio de um governante é liderar de forma a não dividir um povo em facções que possam brigar entre si, causando destruição de culturas e ou atrasos no desenvolvimento de países e do mundo. Concordo plenamente. A falta de sabedoria de alguns líderes americanos do passado levou à tensão contra o mundo islâmico, que derrubou as torres gêmeas há sete anos. A falta de visão e despreparo de Jango para assumir o espólio de Vargas nos legaram 21 anos de escuridão na ditadura.
  Apesar de constantes avisos de especialistas sobre a política monetária frouxa do FED-Banco Central Americano, sob os estertores do mandato de Alan Greespean, construiu-se um castelo de cartas de créditos podres do financiamento imobiliário chamado subprime, que acaba de causar a maior crise financeira desde 1929, assolando os EUA, Europa e Ásia. Outras bolhas aconteceram. Quem não se lembra da insustentável leveza da “nova economia” das ponto com? Ou, recorrendo aos escritos de John Galbraith, da crise das tulipas na Holanda do século 17, quando uma tulipa vermelha chegou a valer 17000 euros em valores de hoje?
Os extremismos são os mesmos, incorporados que foram por líderes de pouca visão, levaram milhares de cegos ao desespero e à morte por suicídio. O próprio Galbraith afirma que a fé no mercado livre é algo irracional, o que é validado pela segunda feira negra-15/09/2008 - que obrigou o FED a injetar no mercado 700 Bilhões de dólares - quase o PIB do Brasil e ainda assim não resolver a crise. Socializou-se o prejuízo de banqueiros especuladores alavancados (o L. Brothers tinha US$20bi em ativos e US$600 bi em obrigações), que sempre pregaram remédios amargos para quem, dos pobres e em desenvolvimento, procurava suas casas de crédito. A fé cega no mercado está morta.
 Daí, outro líder aqui no Brasil vem a público dizer aos cegos da planície que nada acontecerá conosco, que somos uma ilha de prosperidade, tudo para eleger seus candidatos a prefeito? Hipócrita! Temos de colocar, isso sim, as barbas de molho. Acender todas as luzes amarelas. Cortar os excessivos gastos públicos – segundo o IPEA de cada 3 reais arrecadados só 1 é aplicado em seus fins. E Rezar. Rezar muito para que a china não seja contaminada pela crise ao ponto de deixar de comprar nossas commodities. Finalizo acreditando que ao compartilhar com vocês leitores, esta análise, deixamos todos de ser candidatos à cegueira que nos espreita.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

Cultura e poder nas organizações

“Valores transcendentes como a confiança e a integridade, traduzem-se literalmente em receita, lucros e prosperidade” Patrícia Aburdene

Nos últimos 10 anos orientei 6 mestres, 12 especialistas, além de 14 TCCs de graduação em Administração e Engenharia, além de participar de outras 20 bancas  de especialização como convidado. Fico feliz de participar deste momento singular na vida dos alunos que ajudo a formar. Como coordenador do curso de Pós Graduação em Gestão de Pessoas da UNIMINAS, já na quinta turma, sou convidado com frequência, como anteontem, quando estive na banca da aluna Ariadney Ferreira, orientada pela professora Luciane Grispe, no trabalho intitulado: “A Relação entre a Cultura Organizacional e o Poder nas Organizações”, e lá pude dar o primeiro dez em dez anos nesta atividade. E explico porque: Uma pesquisa bem feita em um assunto de suma importância e que cada vez mais necessitamos conhecer, para entendermos melhor a funcionamento das organizações. A autora demonstrou a hipótese de que a cultura organizacional influencia no tipo de poder exercido por seus gerentes. Afinal perguntaria o leitor, o que é cultura organizacional? E o que entendemos ser o poder? Na brilhante apresentação, vimos que várias palavras e/ou o conjunto delas constrói o conceito de cultura Organizacional: Identidade, costumes, normas, valores, políticas e artefatos (a parte tangível da organização). Já o poder, da mesma forma pode ser formal (coercitivo, de recompensas, de legitimidade, de referência ou de informação) ou pessoal (carismático, de talento, de perícia ou de referência - alguém que é um paradigma).
Todo trabalho científico precisa de um cuidado especial com a metodologia a ser usada, para atingir resultados. Ao investigar esta correlação, a aluna usou dois métodos já validados em muitas pesquisas anteriores: o método da abordagem que parte de teorias e leis de Gestão de Pessoas, e os métodos de Procedimento, que são o histórico, o comparativo e o estatístico, além da aplicação no campo, dos instrumentos: Escala de valores de TAMAYO (para medir a cultura organizacional) e a Escala de Poder do Supervisor de MARTINS e GUIMARÃES (para medir o poder).
Sei que artigos científicos não dão Ibope, mas é com a aplicação deles que caminhamos para um estado de bem estar social. Quando conseguimos aplicar os resultados de um trabalho como esse, na produção de bens e serviços, a prosperidade aumenta. E os resultados do trabalho apontam para a correlação positiva entre o poder e a cultura. Os talentos humanos participantes da pesquisa, vêem a empresa de forma hierarquizada e dominante, e o poder exercido pelos chefes como aquele baseado pelo conhecimento técnico. Nada mal, haja vista a notória especialização do setor pesquisado. Mas o que deve chamar a atenção é que a cultura organizacional, as competências e os resultados-lucros e dividendos, estão alinhados no mesmo vetor, agora desnudado. Logo entender a cultura e o uso do poder nas organizações, nos ajuda a trabalhar melhores instrumentos de construção da competência empresarial, adequada a cada empresa, e que gerarão os melhores resultados a curto, médio e longo Prazo. Parabéns à aluna e sua orientadora.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

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Crescimento x Desenvolvimento

“Nenhum cavalo chega a lugar algum antes de ser domado[...] Nenhuma vida se torna grande antes de ser focada, dedicada e disciplinada” Henry E. Fosdik

Seria o crescimento sustentável uma utopia? Alguns cientistas e economistas dizem que sim. Segundo eles basta olhar para a quantidade de países sub-desenvolvidos ao longo de séculos, e comparar com o baixo número de povos desenvolvidos, para comprovarem sua hipótese, logo apregoada como tese. Na década de 70 esses “think thanks” achavam que era melhor o PIB crescer para depois fazer a distribuição de renda. Aqui tivemos um porta voz deles no poder de triste memória, durante a “dita branda” para alguns, e ditadura para mim: o Delfim Neto, que hoje pensa diferente, mas deixou com sua longa gestão na economia, um rastro de pobreza e desigualdade neste País, esta sim uma herança maldita e filha daquela teoria maluca.
Hoje existe uma corrente que, guardadas as devidas proporções e o distanciamento pelas circunstâncias, prega algo similar. Segundo esses formuladores, um país degrada o meio ambiente até que a curva de ascensão de seu PIB chegue a 8000 dólares per capita. Então bastaria crescer para que tudo se resolvesse no âmbito da gestão ambiental? As evidências do aquecimento solar, e da exposição a produtos perigosíssimos cujos antídotos sequer conhecemos, provam quão frágil é esse argumento.
A desilusão com o desenvolvimento no entanto, tem alguns pontos que merecem análise: quem disse que o modelo de desenvolvimento americano e europeu é o melhor para a África, América Latina e Ásia? Ao invadirem culturas e destruírem formas de produção, criam necessidades absurdas para a população, só vista como mercado de consumo. Este modelo ainda “exporta” a degradação ambiental das águas, solo e ar, além de trazer doenças novas, cujos remédios devem ser comprados de indústrias de medicamentos oriundas de lá, o  que só repete o círculo vicioso de dependência.
 A recente quebra de bancos americanos soou como música aos ouvidos de parte de pensadores de esquerda, que colocaram lupa nos bônus ganhos pela elite mundial gestora deste modelo, antes da queda do sistema, e mesmo após o dilúvio, se deixassem - caso da seguradora AIG que praticamente repassaria a seus gestores, toda ajuda dada pelos EUA à instituição em dificuldades, cerca de 170 milhões de dólares. Pergunto: se fazem isso com o contribuinte americano, o que não fariam conosco e demais colonizados do mundo “globalizado”?
Um economista paquistanês ficou intrigado nos 30 anos que serviu a ONU e ao Banco mundial, com a falta de indicadores adequados para medir o crescimento sustentável de países. Só havia o PIB per capita, que considera a média da renda, que no caso do Brasil, somaria os 7 bi de dólares de Eike Batista com os 100 dólares da bolsa esmola de milhões. O cientista criou então o IDH- índice de desenvolvimento humano, que se alicerça sobre três bases: a taxa bruta de matrícula escolar, a longevidade e a renda per capita. Este índice é imbatível em termos de medir o desenvolvimento, e ele varia de 0 a 1, e quanto mais próximo de 1 melhor a qualidade de vida de um povo.
Finalizando, acredito em desenvolvimento sustentável. No papel do estado como regulador da economia e da livre iniciativa. E principalmente na educação como motor deste desenvolvimento com foco em pessoas.

José Carlos Nunes Barreto
Professor-doutor

debatef@debatef.com 

Câncer de mama: uma epidemia

 Em setembro, junto com a chegada da primavera, percebi que, paradoxalmente, um inverno se pronunciava: outra crise na saúde pública do País. E não se tratava de algo conjuntural, mas de um esgotamento do modelo de geração de riqueza, que além de excluir e gerar desigualdades de todo tipo, gera câncer. Simples: o modus operandis do ter e acumular riquezas para as 20000 famílias que mandam no Brasil(de acordo com o IPEA), não respeita limites naturais, quer sejam os ambientais ou sociais. E existe uma relação biunívoca entre câncer e poluição, câncer e degradação ambiental, câncer e grandes empreendimentos com baixa sustentabilidade sócio-ambiental. Mais uma vez fica comprovado, que a parte mais frágil da sociedade brasileira paga o preço do que Michael Lind cunhou de brazilinização: as mulheres negras e com baixa escolaridade, são as que mais morrem por não conseguirem o diagnóstico a tempo de se tratarem, em hospitais públicos, onde se leva até seis meses para se conseguir uma biópsia, e até um ano para se fazer um tratamento, isto, quando não são enganadas pela falta de equipamentos e profissionais treinados, como protesta a Sociedade Brasileira de Mastologia.
Li os tópicos principais da dissertação de mestrado sobre o assunto –“Sobrevida em cinco anos e fatores prognósticos em mulheres com câncer de mama em Santa Catarina”. Ela foi defendida pela fisioterapeuta Joyce Ceola Schneider na UFSC- Universidade Federal de Santa Catarina, e seus resultados decretam que, o diagnóstico de câncer para mulheres jovens, não brancas e analfabetas, é uma condenação de morte em até 5 anos.
Na verdade o que é comum, onde se tem uma saúde pública medianamente adequada, mesmo em países muito mais pobres que o Brasil, é tratar o tumor na sua fase inicial, ou seja, menor que 1cm e com chance em torno de 100% de cura. Ocorre que, devido às piores condições sociais das pretas, pobres e analfabetas, há falta de acesso ao diagnóstico, à informação correta e ao tratamento, pois só podem usar os hospitais públicos com suas filas intermináveis, seu despreparo técnico e de pessoal, além do comum frio descaso, com que são tratados os negros, pardos, e indígenas neste País.
 Na pesquisa de Schneider, que catalogou prontuários de 1002 mulheres com informações abrangendo 5 anos, em 2 hospitais públicos, menos de 50% delas, com idade inferior a 30 anos, sobreviveram após 5 anos.
Enquanto no mundo a mortalidade por câncer de mama está diminuindo, no Brasil ela está aumentando, reclamam os especialistas e ONGs envolvidas na ajuda a essa gente. Uma epidemia evitável se formou entre nossas jovens não brancas, e um modelo que se esgota, tira vidas preciosas que farão falta ao Brasil do futuro – aquele com uma sociedade sustentável. Enquanto isso, o INCA-Instituto Nacional do câncer, estima que só neste ano, 50 mil casos de tumores de mama vão aparecer. Um tsunami cancerígeno, portanto, que atingirá milhares de famílias brasileiras. Não adianta pensar que não é com a gente. Concluo pedindo mobilização social já! Porque talvez muito perto de você, uma estrela negra pode se apagar para sempre.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

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Água Seis Sigma já

Domingo foi o dia mundial da água. E eventos em todo mundo marcaram a data, que no Brasil, com as raras exceções de sempre, passou batido, principalmente nas prefeituras que operam os sistemas de saneamento, incumbidos de gerirem a água potável, e que se caracterizam como um dos mais ineficientes e ineficazes do mundo, com perdas médias de 42%, e em alguns casos (10 empresas, segundo o Snis - Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento, por exemplo, no Piauí, Amazonas, Acre e Alagoas), desperdiçando mais de 50% do líquido antes que chegue à torneira do usuário, contra um benevolente indicador de no máximo 20% da ANA- Agência Nacional da Água.
O índice 20% já é um absurdo frente às perdas toleradas de outras manufaturas de no máximo 2%, sem falarmos nas excelentes que são seis sigmas e erram 3,4 erros por milhão de operações, o que representaria 0,00034%, e zeraria os vazamentos de água, utilizando uma já consolidada tecnologia de gestão testada com êxito em grandes empresas como 3M, NOKIA, TOYOTA, MARTINS entre outras.
A maioria das empresas está na faixa de 30%, caso da COPASA em Minas Gerais, que com esse índice joga no esgoto 777 milhões de litros de água/dia (só na capital BH 222 milhões de litros /dia), o que garantiria duas vezes o abastecimento da capital mineira em um dia. A ineficiência é por definição proporcionar um out- put, utilizando alta quantidade de recursos, quando comparado a um benchmark que gasta bem menos para atingir o mesmo resultado. Como não existe almoço grátis, quem paga a conta é o contribuinte, e a empresa quando não é monopólio, caso das operadoras de água, é descartada como fornecedora, por outra concorrente com melhores serviços e preços menores.
Há, no entanto uma preocupação maior, que foi desenhada nas conferências mundiais sobre o clima, que é o fato de cada vez mais bilhões de pessoas ficarão sem acesso à água potável neste século, e os números da OMS mostram que já hoje, em diversas partes do planeta a cada oito segundos morre uma criança por falta de água potável, o que equivale a 3 milhões de meninos e meninas mortos por ano.
É mandatário, portanto, criar políticas públicas para educar a população a melhorar o seu padrão de consumo, para evitar absurdos vistos todos os dias, por falta de conscientização. Mudar a legislação, focando no conceito de pegada hídrica (volume de água doce usado para produzir os bens e serviços consumidos por pessoa, empresa ou país), na taxação dos grandes consumidores que esbanjam. Por exemplo, para exportarmos 67,5 milhões de toneladas de grãos no Brasil, ano passado gastamos cerca de 70 bilhões de litros d’água. Como não se cobra eficiência também no uso, a irrigação perde, segundo especialistas, 50% do que aplica, com técnicas de inundação e por gravidade, já que poucos usam o gotejamento, mais eficaz indo ao ponto, e com baixo consumo de água, portanto eficiente.
Além disso, poluímos muito a água que usamos e não a reciclamos. Mesmo a água tratada, está cada vez mais insegura, pois as ETAS não dispõe de tecnologia para tirar alguns produtos químicos tóxicos e cancerígenos a taxas de 0,00000008g/l, como dioxinas e furanos, ou hormônios, ou qualquer outro produto perigoso criado ao redor do mundo enquanto você lia este artigo.

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

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Epidemias

 “Toda idéia realmente nova, a princípio, parece loucura” A.H. Maslow
   
Muitas revoluções começaram por simples inovações. Imagine a pólvora na arte da guerra. Ou o conceito de “micróbio”, que explicou o mal dos pântanos. Muitas delas aconteceram por acaso, como a maçã na cabeça de Isac Newton, ou o priapismo - ereção involuntária acometida por certos pacientes - ao tomarem medicamentos com determinada fórmula, que estudada mais de perto, fez os cientistas criarem o fenômeno “a calda abana o cachorro”, ou seja, o princípio ativo, agora, deveria ser usado só para o efeito colateral, e estava criado o Viagra. Vilfredo Pareto ordenou dados estatísticos de modo a orientar, quem administra, sobre o que é mais importante. Alguns itens fazem você conseguir 80% de resultado com 20% de esforço. Estava criada a curva ABC, e os modernos conceitos de priorização de investimentos na administração pública e de empresas.
As vezes me pergunto como se prioriza 50 milhões de reais de gastos em um ano para um palácio (o do planalto) e se corta 20 milhões do orçamento destinado a erradicação da dengue no Rio de Janeiro. O fim, quero dizer o resultado para a Saúde, não seria o prioritário em relação ao meio, o palácio? O pior é que dezenas de vidas já se foram, e a julgar pelo andar da carruagem, infelizmente, muitas dezenas ainda irão. E haja estômago para ouvir políticos discutirem, se o mosquito é federal, municipal ou estadual. Ainda mais porque esta é uma epidemia anunciada. Outras virão, e os cientistas epidemiologistas já estão afirmando, que em 2009 outras cidades brasileiras passarão por este mesmo problema. Todavia, gostaria de inovar, caro leitor, no conceito de epidemia. Seriam os gastos inconsequentes privados (crise sub prime americana) ou de estado (cartões corporativos no Brasil), epidemias? Imaginemos que sim. Então poderíamos afirmar que teríamos milhares, talvez bilhares de vítimas, certo? Pois leio em manchetes: Milhares de empregos ceifados no mundo pela crise americana, que pode exigir aportes de até 1 trilhão de dólares, para não se tornar sistêmica. No estado de Minas, o governo Aécio gastou 60 milhões em diárias em 2007. Diárias são meios e não fins. Esse montante supera em 4 milhões o gasto na universalização do ensino médio. Quem são as vítimas? Você já sabe, é só visitar escolas e ver. Aliás, o ministro da educação já afirmou que o ensino médio é o elo mais fraco da educação no País. Outra epidemia. Escolas abandonadas, alunos idem. Evasão escolar. Professores desmotivados. Melhorou alguma coisa? Não sejamos xiitas. Claro que sim. Mas epidemia só nos permite apagar incêndio. E nada deve ser feito sem planejamento estratégico. Na era do conhecimento, como explicar que dos 24 milhões de jovens entre 18 e 24 anos no Brasil 82% estão fora das universidades? E dos 18% que estão estudando a maioria (75%) estão em escolas privadas e nelas,segundo o Instituto Educar, a inadimplência chega a 50%? Mais um dado estarrecedor nesta epidemia: Só 48 mil estudantes foram atendidos pelo FIES -Financiamento do ensino superior do MEC. Ou seja, com tanto dinheiro indo para o ralo, o principal, e mandatário não está sendo realizado. Uma última inovação: é mais barato criarmos um bolsa - político, mandar esse pessoal pra casa, e colocar administradores profissionais nestas áreas epidêmicas.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Conhecer o Futuro


Este é o tema do artigo científico que apresento com meus alunos do oitavo período de administração, no terceiro seminário de pesquisa do ENUTEC - encontro UNIUBE de Tecnologia. O objetivo deste seminário é promover a participação de pesquisadores, professores, alunos de graduação e pós graduação, no esforço de publicar seus experimentos e revisões bibliográficas num ambiente próprio, onde há expositores de novas tecnologias, professores convidados com expertises de notória especialização, além do mercado que participa buscando talentos e inovações. Peço vênia para dividir com o leitor amigo, a sequência utilizada para chegar a este momento especial na vida destes alunos, que vão agora em direção ao futuro. Tudo começou com a disciplina que lhes apresento no último semestre do curso de Administração: “Análise e elaboração de projetos” que tem como finalidade gerar a competência gerencial para o aluno criar, operar e gerenciar projetos, utilizando a tecnologia PMI/PMBoK reconhecida em qualquer parte do mundo. Iniciamos o semestre com um brainwriting 6-3-5, ou seja um toró de idéias escrito em  papel pelas equipes com  seis participantes. Cada membro pode apresentar até 3 idéias em até 5 minutos em uma roda. Ao sinal do facilitador, passam o papel para o participante da direita, e cada membro tem acesso às idéias do companheiro do lado, de forma que todos tenham conhecimento das propostas do grupo, quando muitos “absurdos” à primeira vista, se revelam grandes inovações após implementações. E foi o que aconteceu com “Conhecer o Futuro” - projeto voltado para jovens carentes de 13 a 17 anos, que tem como objetivo fazer palestras e visitas técnicas nas áreas sonhadas como possíveis profissões para esses adolescentes. Aqueles que querem ser médicos ouvem palestras de médicos convidados e que doam seu tempo à causa. O mesmo acontece com engenheiros, juízes, geólogos, padres etc... Após este encontro, são disponibilizados ônibus com facilitadores que levam os interessados para visita técnica em sua área desejada, e no projeto há o controle posterior dos estudos e avanços dos meninos e meninas, envolvidos neste processo. Na contextualização do projeto, está colocada a carência de mão de obra qualificada no País, o que tem gerado importação de cérebros, enquanto nossos jovens permanecem desempregados ou sub empregados por não terem as habilidades e atitudes  necessárias para atuar no mercado. O caso da engenharia é gritante: em 1992 - quando atuei como chefe da assessoria técnica do CONFEA, em Brasília - o problema era a falta de oportunidade para engenheiros: vivíamos então a “década perdida”. Hoje este órgão libera por ano cerca de 20000 vistos de trabalho em áreas tecnológicas para indianos, chineses, argentinos e profissionais de toda parte do mundo, sem os quais o País não conseguiria crescer. Nossa elite dirigente, infelizmente, deixou no limbo a juventude do Brasil e somos obrigados a dar os melhores empregos para pessoas de outros países.

O Projeto “Conhecer o Futuro”- faz análise técnico econômico financeira e comprova ser viável. Usa a ferramenta MS PROJECT que delimita o caminho crítico de execução, e tem uma relação custo - benefício excelentíssima, por resgatar a um custo baixo (graças à Deus e ao voluntarismo), o futuro de nossos jovens, filhos e filhas do Brasil.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br 

Chão de Estrelas

“Eu canto/ porque o instante existe/ E minha vida esta completa/ não sou alegre/ nem sou triste/ sou poeta”.
Cecília Meireles

Cartola escreveu: “A porta do barraco era sem trinco/mas a lua furando nosso zinco/salpicava de estrelas nosso chão...” a proposito, esta poesia sintetiza a criatividade e visão estratégica de alguém que estava no limiar da base da pirâmide de Maslow - uma pessoa obstinada, que depois subiu até o topo da vida, por entender que naquele chão havia um céu.  Nós da revista sciencomm nos espelhamos nesta poderosa visão, para aproveitar idéias e soluções de TCCs (trabalhos de conclusão de cursos) dos cursos de engenharia e administração, muitos deles relegados a uma simples brochura de capa dura, depositada na biblioteca de uma instituição de ensino superior (IES)- verdadeiro chão batido -para publicá-las em nosso sítio www.revista.sciencomm.com.br, beneficiando toda sociedade e evitando que deixem de brilhar, juntamente com seus autores e coautores.

Vida dura, a de editor de revista científica com essa proposta, neste País: falta matéria prima, primeiro por causa da lacuna na formação de nossos alunos e até professores, na língua pátria, depois, falta incentivo a experimentos e iniciação científica - por ultimo, percebe-se uma continuada  anomia na gestão de talentos, por parte de organizações que deveriam estimulá-los.

Como sabem, tenho delegação do MEC para avaliar o universo de projetos de curso, instalações, professores, e Instituições de ensino superior Brasil afora, que me proporcionou nos últimos dez anos, o registro do desperdício de milhares de oportunidades para publicação de artigos, jogadas no lixo da história por parte de orientadores e Instituições.  Isto equivale negar à comunidade de negócios e à sociedade como um todo, o resultado de pesquisas, inovações e soluções na área do conhecimento ocorridas na academia, que turbinariam a produtividade, gerariam patentes, e aprimorariam talentos humanos.

Pior: os números mostram que menos de 20% dos professores publicam, inclusive os mestres e doutores, o que invariavelmente obriga a equipe de avaliadores do MEC dar nota 1 ou 2 (variação de 1 a 5) neste quesito. Sempre comparo o artigo científico à uma caçamba  com corda, através da qual se retira do fundo do poço do conhecimento, insumos para uma sedenta  sociedade, ansiosa  por matar a sede por inovações, produtividade e soluções inadiáveis para seus constantes desafios operacionais, até mesmo existenciais. Há portanto, um crime de lesa pátria sendo perpetrado por quem deveria zelar pela formação de pessoas, e pela geração de conhecimento no País.

Deixando claro que contamos com o concurso de uma das melhores agencias de regulação do mundo na área da educação - O INEP - que apesar disso, padece a meu ver, de uma miopia estratégica, ao não exigir um plano de ação imediato para mudar este importante paradigma.

Saúdo desta forma, a chegada do quarto número da #revistaciencomm, certo que o mesmo cumprirá sua missão de divulgar artigos científicos garimpados como pedras preciosas retiradas do chão de escola. Contribuirá assim para o crescimento da inovação no País, através do fortalecimento da vocação de seus talentos humanos. Será mais uma lâmpada da ciência. Haja luz!

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia-ALU
debatef@debatef.com


Tragédia Brasileira

“Segurança é uma questão de Estado e deve estar acima das diferenças políticas. Precisamos de um pacto por uma reforma institucional profunda. Ou haverá segurança para todos, ou ninguém estará seguro” Luiz  Eduardo Soares  Ex - Secretário Nacional de Segurança Pública.

Após o voto do decano do STF a favor dos embargos infringentes estabeleceu-se de vez  a sensação de impunidade na sociedade brasileira - uma das tragédias que fazem parte do conjunto da obra de insatisfação  da Nação. A ausência de educação e saúde com “qualidade fifa”,  aliadas aos crimes sem solução ,à polícia corrupta e despreparada e a política de encarceramento em massa das classes menos favorecidas, que não podem usar a justiça da elite e dos grandes advogados ,completam a lista mas não a esgotam, tamanha a miséria espiritual desta agenda.

Vou falar em seguida alguns números instigantes citados pelo sociólogo e estudioso em tela, criador do conceito das UPPs, e autor do livro “Segurança tem Saída” pela editora Sextante, que recomendo aos dirigentes e gestores da segurança pública deste País. Começo com o número de jovens assassinados na maioria homens e afrodescendentes-são quarenta mil por ano na faixa de idade entre 14 e 24 anos-de tal impacto, que já falta na pirâmide etária social este perfil étnico. Se juntarmos a estes, os cinquenta mil mortos em acidentes de trânsito por ano e os cerca de 40000 mortos em acidentes de trabalho, teríamos mais mortos anualmente que os cem mil mortos em dois anos e meio de guerra na Síria. E porque nós e o mundo não percebemos isso? Sem dúvida porque as vítimas são da maioria silenciosa: preta, pobre e pouco representada. Basta ver o alarde que é feito quando cai um boeing com algumas dezenas de mortos, que concentram mais usuários brancos e da elite (o que está mudando, ainda bem, mas  não invalida a comparação).

Das quarenta mil mortes por assassinato, a maioria se dá com a presença do trinômio álcool, armas e tráfico de drogas, potencializada pela presença de uma polícia que é um verdadeiro macaco em loja de louças: desaparelhada, sem formação adequada, sem auxílio adequado de perícias, o que faz com que somente se esclareçam em média 10% dos assassinatos. Via de consequência, a vida vale muito pouco neste País, a pistolagem arrebanha tanta gente, e os crimes contra a vida e o patrimônio cresce em escala geométrica. Pois o professor Soares diagnostica: temos 56 polícias brasileiras-27 PMs estaduais, 27polícias civis estaduais, polícia Federal e polícia rodoviária federal. Não há um sistema nacional que organize estas instituições, que na maioria das vezes competem entre si, e raramente dialogam, mesmo quando as soluções de crimes exigem  isso. Não nos esqueçamos das guardas municipais e das seguranças armadas, que equivalem a quase um exercito paralelo, com a maioria apresentando carência de formação, agravada pela falta de controle adequado por parte do estado, e eis o terrível estado da arte da segurança pública no Pais.

A grande verdade é que este assunto virou questão de vida e morte para todo cidadão brasileiro, que enfrenta esta guerra da falta de segurança diariamente, e é um sobrevivente da ação desordenada de nossas polícias, com eterno fogo amigo contra a população - sábia, a qual diz ter mais medo da polícia que dos bandidos, e o autor em epígrafe, infelizmente, mostra de maneira inequívoca, que ela tem toda razão. Que Deus nos ajude!

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e Presidente da Academia de letras de Uberlândia(ALU-MG)

debatef@debatef.com

Crônica do imaterial

“Não me ofereça ferramentas./ Ofereça- me o benefício e o prazer de fazer coisas bonitas./.../Não me ofereça coisas./ Ofereça-me ideias, emoções, ambiência, sentimentos e benefícios./Por favor, não me ofereça coisas” autor desconhecido.

Interessante e estressante este País: Chama a policia para tirar cento e poucas famílias de um prédio abandonado por seus donos no centro de SP (o que ocorre em qualquer cidade neste mundão de Deus), e permite que 2 milhões de casas de alto padrão avancem sobre as bordas do manancial ,em área de preservação ambiental - às vésperas da maior seca dos últimos 100 anos na região. Nova York – aquela do rio Hudson, não teve este azar, pois seus dirigentes há 20 anos atrás, fizeram um planejamento para evitar que suas fontes de água fossem dilapidadas. Chamaram cada produtor rural que possuía essas fontes em suas terras, e decretaram: Agora vocês são produtores de água, e vamos paga-los por isso. Simples assim.

Não é a toa que o candidato falecido (ou assassinado?) do PSB avisava para não desistirmos desse País. Porque não está fácil. Os jovens e os não tão jovens, estão esperando o que vai dar esta eleição, para levarem suas cabeças a passear (e viver menos estressadas) na Austrália, no Canadá, na Inglaterra etc... onde  a educação ,a saúde ,a segurança e outros paradigmas imateriais ,realmente  prevalecem, e onde quem, às duras penas  estudou, tem seu valor reconhecido.

Ademais aqueles 0,01% de humanos representados por tais casas acima citadas, são os donos do Território nacional. Para eles tudo pode. O aparato da lei existe para protege-los, pois pagam excelentes advogados, e muitos, pertencem à nomenclatura do regime, onde, no anedotário político, se diz: para os amigos tudo-para os inimigos a lei. Triste País! E tais políticos voltam todos os anos a comprar votos e consciências ,seja com dinheiro vivo, seja com cargos, pelos motivos de sempre, desde o império: o poder pelo poder.

Conheço um deputado “amigo” que só me dá atenção em vésperas de eleição. Estive em Brasília com alguns intelectuais co-autores de um artigo, com soluções candentes e necessárias à republica, e ele se disse muito ocupado(hoje sei-talvez com o mensalão ou quem sabe o petrolão). Sequer nos ouviu, e passou o documento para seus assessores, que fizeram o favor de engaveta-lo.

“Casas? saneamento básico? Educação? Ha!Ha! Há!-Queremos saber quanto ganharemos. Qual é o percentual sobre o contrato?3%???”. Este hipotético diálogo, foi ouvido diversas vezes por procuradores da república, antes de prenderem alguns figurões. Fizeram do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto um balcão de negócios. E daí partiram para as estatais. A Petrobrás que o diga. Emporcalharam o templo da Nação-são cambistas imundos, piores que aqueles da época do Cristo. Se não fizermos como o mestre-descermos o cacete- e prendermos esta corja, estaremos comprometendo o futuro do imaterial, da esperança que ainda alenta nossos jovens.

Concluo com as palavras do salmista no exílio: Ele dizia- “Quem vai andando e chorando enquanto semeia, trará na volta, com alegria, seus molhos nos braços”. Pura poesia da esperança.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da ALU-Academia de Letras de Uberlândia

debatef@debatef.com

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Risco, Prevenção e Culpa

“Se não conhecerdes o inimigo e nem a si próprio, perderás todas as batalhas - se conhecerdes a si próprio e não o inimigo, ganharás metade delas e perderás a outra parte. Se, todavia conhecerdes a si e o inimigo, ganharás todas as pelejas.”
Sun Tsu

Toda vez que acontece uma tragédia no Brasil, o poder estabelecido, quando muito, se mobiliza para expressar palavras de encorajamento, e condolências com promessas de atendimento. Neste momento de luto nacional pelo acontecido em Santa Maria, a Presidente Dilma só cumpriu sua obrigação, colocando ministros de Estado e os recursos federais para ajudar as vítimas do incêndio da boite Kiss no RS. Todavia, os marqueteiros de Sua Excia, já estão usando este fato em sua campanha extemporânea para reeleição, ao arrepio da lei. E o que nos interessa saber, é se, quando tudo tiver esfriado, quais os reais resultados deste ativismo repentino do palácio planalto. Será que repetiremos, o “follow up” do que aconteceu a pouco mais de um ano atrás no dilúvio da serra no RJ? Vamos torcer para que daqui a um ano, algo tenha sido feito para melhoria no gerenciamento de riscos em situações similares, Brasil a fora. Vamos querer saber então, se foram fechados todos  espaços  de atendimento ao público com alvarás vencidos; se foram julgados e presos os responsáveis pelos crimes cometidos. Essas coisas básicas e republicanas...

Não faltam leis neste País-falta vergonha. Como desabafou um médico plantonista em Santa Maria que atendeu a filha já morta: a falta de respeito às leis é norma, não só na base da pirâmide social, onde estão os flanelinhas que cobram o espaço na rua para o cidadão que paga impostos (como se fora ele quem tivesse pago), mas segundo aquele  infelicitado pai, tal  absurdo chega  ao olimpo onde estão os atuais condenados do mensalão( apesar de donos do poder- aí esta uma mudança importante). Contudo, se não nos unirmos exigindo a pena, ficarão fora da cadeia desmoralizando a justiça, tal como fizeram os chavistas na Venezuela.

Mas afinal, de quem é a culpa, perguntaria meu aturdido amigo leitor. E eu respondo antes que mandem prender os guardas da boite, como sempre acontece nesta nação: a NBR 9077, da ABNT é a lei para edificações no Brasil que garante, desde 30 de junho de 1993,que uma população possa abandonar o espaço em caso de incêndio, ”completamente protegida em sua integridade física”. Pergunto então quem são os responsáveis técnicos do projeto e execução na boite Kiss. E o faço diretamente aos presidentes do CREA- RS e  CAU-RS que tem o dever moral de responder, e denunciar tais engenheiros e /ou arquitetos ao Ministério Público. Os conhecimentos desta norma são mandatários para todos Engenheiros civis, de Segurança e arquitetos, e a falta de qualidade de muitos cursos de Engenharia e arquitetura, tem lançado no mercado profissionais despreparados. Não basta fechar o vestibular de 2000 faculdades, como faz hoje apropriadamente o MEC. É necessário que os conselhos de classe acompanhem o desempenho destas turmas com vermelho na nota. Caso contrário, a sociedade brasileira terá de chorar ainda muitas lágrimas. Estamos avançando para o conhecimento de nós mesmos como sociedade planetária na internet- segundo Al gore em “Future”- todavia, somos derrotados dia a dia, ao não reconhecer nosso maior inimigo: a falta de educação de qualidade.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com



Errado ou Inadequado?

“Para os outros, estar errado é uma fonte de vergonha; para mim, reconhecer meus erros é uma fonte de orgulho. Quando entendemos que a compreensão imperfeita faz parte da condição humana, não há vergonha em estar errado, mas sim em não reconhecer os erros”.
George Soros

Em tempos de casamento gay na igreja, abençoado pela decisão do STF de tornar legal a união de pessoas de mesmo sexo. Em época em que a homofobia, (que pode ser uma indignação mal interpretada) está prestes a virar crime, o politicamente correto virou uma forma de sobrevivência. Apesar disso, não podemos nos calar diante da marcha acelerada dos acontecimentos, “quando a coisa assume um vulto tal que “o errado” vira certo e o padrão considerado normal se torna o inadequado” em várias áreas de nossas vidas, e principalmente sob um governo que resolve transformar este estado da arte em políticas públicas.
Como trabalho com educação de pessoas e organizações, procuro focar em assuntos da área de ensino e aprendizagem, e este mês correu pela internet um belo artigo supostamente atribuído à  Alexandre Garcia, criticando o   livro “Por uma vida melhor”, que não teve o português adequadamente revisado , foi publicado com erros terríveis de concordância, e  distribuído pelo Ministério da Educação assim mesmo, para meio milhão de crianças de norte a sul do País.
           O MEC ultimamente tem errado onde não deveria, mas até aqui sempre se desculpou. Todavia desta vez fez o impensável: validou o erro abarcando uma teoria  esdrúxula, de que o  erro de português deve ser tolerado , para não haver uma “discriminação linguística” com quem o comete, pois não haveria mais certo ou errado e sim adequado ou inadequado dependendo da situação .O que  os novos “çábios” querem  é que, daqui para frente devamos  tolerar erros de português até em livros e seus autores, apesar de afirmarem, paradoxalmente, que a norma culta continuará sendo cobrada nas provas e avaliações. O que dizer? viva o Tiriica! no salve-se quem puder da incompetência, tornada  política de educação pelo governo do  PT, sem pensar no que virá em termos estratégicos.
Tomara que tudo não passe de um enorme e fenomenal erro, e uma nota admitindo isso encerre a questão, após autorizar a logística reversa do lixo cultural entregue a nossos filhos, e pago com dinheiro público. Em seguida, como deveria ser praxe em nossas instituições republicanas, o ministério público federal, como guarda da lei exigiria dos responsáveis o ressarcimento ao erário público dos valores gastos irresponsavelmente.
Como observo o País em que vivo, sei que nada disso acontecerá e mais um crime cometido contra a educação ficará impune, todavia não abro mão do direito de protestar e gritar bem alto que, bem mais do que o dinheiro, roubam o futuro desta nação, e nossa elite sequer toma conhecimento, pois está entretida em contar a pecúnia obtida vendendo sua consciência. Para esses relembro Maiakóvski: “Na primeira noite eles se aproximam e colhem uma flor no nosso jardim. E não dizemos nada”. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, arranca-nos a voz da garganta. E, porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada”.

          José Carlos Nunes Barreto
          Professor doutor
          debatef@debatef.com.br


Código Florestal e Água


Apesar dos desastres climáticos que castigam nosso País e o mundo, e que fizeram pessoas despertarem para a dura realidade do aquecimento no planeta, o desmatamento da Amazônia aumentou  37% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, caracterizando uma inflexão da curva que descia há 3anos  e que coincide com a aprovação na Câmara Federal do novo código florestal que afrouxa a legislação ambiental, concede anistia  a quem desmatou , permitindo  reduções de área de reserva legal e APAs - Área de preservação ambiental ao longo de  corpos d’água, Brasil afora.  Neste “affair” entre agronegócio e ambientalistas, ainda não resolvido pelo Congresso Nacional, todos perdem se não convergirmos para um ponto  comum: a necessidade de gerirmos melhor os recursos hídricos e preservarmos os mananciais de água doce, para estas e as futuras gerações. Não há como produzir no campo sem água, e esta nova legislação, visando atender situações de curto prazo, compromete o futuro da água no País, encoraja desmatadores, e desmotiva quem preservou, pois não há compensação por isto, muito pelo contrário, dependendo de onde se encontra a propriedade, grande parte da área útil pra plantar fica indisponível, diminuindo o preço da terra. Quem cumpriu a lei se sente lesado, e a ciranda da impunidade se fortalece. Há uma miopia estratégica que precisamos reverter no senado federal: pensar na área da floresta de pé e preservada como improdutiva e impecílio para a produção. Por exemplo, avançando sobre o serrado - que funciona como uma caixa d’água da Nação, a produção de grãos ficará insustentável daqui a menos de uma década, por falta d’água. O que fazer? ao meu ver, mudar a lei para remunerar quem preserva, quebrando este círculo vicioso ,que é incentivado de fora do País por grandes grupos econômicos que vêem no aumento da  demanda mundial  por alimentos, uma oportunidade fácil para ganhar muito dinheiro, com a política de “terra arrasada”. Sobre este aspecto, chama a atenção recente publicação publicitária financiada por empresas do agronegócio mundial, que querem orquestrar um conceito no seio da população, de que há orgulho em nos transformarmos em ”uma grande fazenda mundial chamada Brasil”. Uma ideia que não respeita nossas leis, nem nosso patrimônio sócio - ambiental: este País seria simplesmente uma terra com porteiras, cadeados, poucos donos e pouquíssima água, em sentido contrário as lutas do agronegócio nacional e do movimento ambientalista.
Vale registrar que uma das heranças benditas do governo Lula, foi a criação de unidades de conservação e a demarcação de terras indígenas que somam 75 milhões de hectares, e que equivalem a um muro de proteção que impede o avanço do desmatamento, colaborando para a preservação da água e por conseguinte do clima.
Concluindo, não dá para viver sem água e em clima cada vez mais seco como o que vivemos hoje em dia, e o Brasil precisa desconstruir esta ideia alienígena de que é só uma fazenda. Ela nos é maligna, pois contribui para que não reajamos à desindustrialização, já que desta forma podemos acreditar- como querem estes mesmos atores, que a China é que é a indústria. O preço que pagaremos como nação é alto demais para não agirmos já.

José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor

debatef@debatef.com.br

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Crônica do imaterial

“Não me ofereça ferramentas./Ofereça- me o benefício e o prazer de fazer coisas bonitas./.../Não me ofereça coisas./Ofereça-me ideias, emoções, ambiência, sentimentos e benefícios./Por favor, não me ofereça coisas” autor desconhecido.

Interessante e estressante este País: Chama a policia para tirar cento e poucas famílias de um prédio abandonado por seus donos no centro de SP (o que ocorre em qualquer cidade neste mundão de Deus), e permite que 2 milhões de casas de alto padrão avancem sobre as bordas do manancial ,em área de preservação ambiental - às vésperas da maior seca dos últimos 100 anos na região. Nova York – aquela do rio Hudson, não teve este azar, pois seus dirigentes há 20 anos atrás, fizeram um planejamento para evitar que suas fontes de água fossem dilapidadas. Chamaram cada produtor rural que possuía essas fontes em suas terras, e decretaram: Agora vocês são produtores de água, e vamos paga-los por isso. Simples assim.

Não é a toa que o candidato falecido (ou assassinado?) do PSB avisava para não desistirmos desse País. Porque não está fácil. Os jovens e os não tão jovens, estão esperando o que vai dar esta eleição, para levarem suas cabeças a passear (e viver menos estressadas) na Austrália, no Canadá, na Inglaterra etc...onde  a educação ,a saúde ,a segurança e outros paradigmas imateriais ,realmente  prevalecem, e onde quem, às duras penas  estudou, tem seu valor reconhecido.

Ademais aqueles 0,01% de humanos representados por tais casas acima citadas, são os donos do Território nacional. Para eles tudo pode. O aparato da lei existe para protege-los, pois pagam excelentes advogados, e muitos, pertencem à nomenclatura do regime, onde, no anedotário político, se diz: para os amigos tudo-para os inimigos a lei. Triste País! E tais políticos voltam todos os anos a comprar votos e consciências ,seja com dinheiro vivo, seja com cargos, pelos motivos de sempre, desde o império: o poder pelo poder.

Conheço um deputado “amigo” que só me dá atenção em vésperas de eleição. Estive em Brasília com alguns intelectuais co-autores de um artigo, com soluções candentes e necessárias à republica, e ele se disse muito ocupado(hoje sei-talvez com o mensalão ou quem sabe o petrolão). Sequer nos ouviu, e passou o documento para seus assessores, que fizeram o favor de engaveta-lo.

“Casas? saneamento básico? Educação? Ha!Ha! Há!-Queremos saber quanto ganharemos. Qual é o percentual sobre o contrato?3%???”. Este hipotético diálogo, foi ouvido diversas vezes por procuradores da república, antes de prenderem alguns figurões. Fizeram do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto um balcão de negócios. E daí partiram para as estatais. A Petrobrás que o diga. Emporcalharam o templo da Nação-são cambistas imundos, piores que aqueles da época do Cristo. Se não fizermos como o mestre-descermos o cacete- e prendermos esta corja, estaremos comprometendo o futuro do imaterial, da esperança que ainda alenta nossos jovens.

Concluo com as palavras do salmista no exílio: Ele dizia- “Quem vai andando e chorando enquanto semeia, trará na volta, com alegria, seus molhos nos braços”. Pura poesia da esperança.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da ALU-Academia de Letras de Uberlândia

debatef@debatef.com

Não é o dinheiro!

“Não me amarra dinheiro não/.../a formosura..aa/
Cancioneiro popular

Um iluminado artigo de Nizan Guanaes semana passada, na Folha, me inspirou a ponto de escrever hoje, sobre a estupidez de pessoas só fazerem as coisas por dinheiro. Principalmente as que formam gente, as que cuidam da saúde, e as que são pastoras de almas. Dizia ele: “Quem pensa só em dinheiro, não consegue sequer ser um grande bandido ou um grande canalha”. Napoleão não conquistou a Europa por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro.

            E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. Tudo o que fica pronto na vida foi antes construído na alma. A propósito, lembro-me de um diálogo extraordinário entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar dos leprosos, diz: “Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo”. E ela responde: “Eu também não, meu filho”.

Algumas pessoas de biografia impar, como o senador Pedro Simon, mancham-na após 50 anos de impoluta vida pública, ao tentar ganhar um dinheiro legal, mas imoral, advindo de uma aposentadoria polêmica de governador. Outros, religiosos, de tal forma se macularam que, não coram mais de vergonha ao aparecerem nos jornais, em escândalos de desvios de milhões de dólares, a partir de ONGs criadas para desviar dinheiro do erário. E para onde vai o “larjean”? Para compra de aviões de luxo, roupas de grife, haras de cavalos de raça. Uma boa notícia: alguns fiéis já estão na justiça para reaver terrenos e casas, que doaram em pleno transe, que pensaram ser do espírito santo, mas que na verdade era do maligno. Aqueles são grandes canalhas, pois precisaram sonhar antes para roubar, primeiro as pessoas, e depois o estado. Todavia existem os pequenos canalhas, no dia a dia, que tiram dinheiro até de viúvas, para com sua incompetência, aplicarem mal, fazendo investimentos em nome da coletividade, no que não entendem.  Mesquinhos de alma, fazem questão de centavos, e não dão um pão à própria mãe, mas são capazes de fazer sermões ,por horas ,sobre o que é ser misericordioso.A respeito destes Jesus advertiu que são sepulcros caiados. E pensar que o apóstolo Paulo nada tinha, a não ser uma bela capa, que ordenava a seus seguidores trazê-la para poder enfrentar o frio!

Hoje alguns destes só mudam de cidades para ganhar altos salários e morar em bairros elegantes, além de outras exigências, dignas de cantor de rock. Fazem o que fazem por dinheiro, por isso tenho pena deles, pois assim terminam ganhando muito pouco nesta vida, em que Deus dá aos seus filhos, segundo o salmista, fortunas enquanto dormem.

           Para que dinheiro? Pois é ... e nesta linha o  Nizan vai, focando nas pessoas, que mais parecem a igreja de Laodicéia do apocalipse: “nem quente nem frio”,  fazem qualquer coisa por dinheiro, sem por a alma no ofício: o texto sagrado afirma que “Deus a vomitará”. Rarará. Antes fosse fria. Necessitando de misericórdia, e buscando-a!O mesmo recomendo para meus discípulos: Nota ruim? Tropeço? Tudo colabora para podermos dar a volta por cima. Melhor isso e aprender depois da derrota, que construir uma média anã que o incapacite como profissional depois. Digo mais: buscando de fé em fé, Deus o abençoará como fez com Jacó. Que assim seja.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br




Das Ferramentas

“Deem- me uma alavanca e erguerei o mundo”. Arquimedes

Com uma simples colher de pedreiro ele ia montando, tijolo por tijolo a parede da creche. O ambiente era de cooperação e companheirismo. Antes de começar esta tarefa em pleno sábado à tarde, sol a pino, ele levara as crianças ao bosque do parque, para protege-las do calor. Estas atividades fazem parte do que se convencionou chamar de voluntarismo. Ser voluntário é fazer algo pela sociedade, sem receber pecúnias como pagamento pelo serviço: construir pontes para comunidades isoladas, alimentar mendigos, dar um lar a cegos, plantar árvores, levar velhinhos do asilo ao sol da manhã. Para a maioria de cidadãos, durante um longo tempo de suas existências, gestos como estes são ou eram impossíveis de serem realizados, por causa da correria da vida, todavia em certo momento, depois de um sermão de um pastor de almas - daqueles que tocam o coração da gente, ou após  uma caminhada como a de  Santiago de Compostela  na Espanha, a saída é participar, para saciar a sede de ser útil, de ser um agente do “Reino de Deus na terra” , e , voltando à colher de pedreiro, ela  foi a ferramenta usada para dar  forma , função  e propósito à esta  nova realidade.

Ao refletirmos sobre a importância das ferramentas, precisamos nos lembrar da dificuldade que é não a possuirmos nos momentos decisivos da vida, por exemplo quando, ao voltarmos à idade da pedra ,em situações de sobrevivência –tipo “Discovery cannel”,    nos vermos com  a necessidade de construir algo que corte ou que faça fogo . No dia a dia, no entanto, nem nos damos conta da benção que é usufruirmos de todas  tecnologias desenvolvidas durante séculos ,  do simples garfo até um dispositivo para trabalhar com softwares, como um  notebook.

Mas ferramentas nem sempre são usadas para o bem. Uma arma de fogo, por exemplo, pode servir para um louco tirar a vida de uma dezena de crianças numa escola do Rio de Janeiro, e ferir outra dezena delas. Ou seja, ferramentas podem ser usadas para maldição, para machucar e deixar sequelas físicas, mentais e espirituais. Ao pensar sobre este massacre, considerado o décimo maior do gênero no mundo, e como ex-professor da rede pública em SP, me recordo do dia em que fui ameaçado por um aluno drogado, e que havia entrado com um revolver, isso após repreendê-lo por mal procedimento em classe. Até hoje, passados quase vinte anos, meu coração se entristece, ao lembrar do impacto negativo daquela situação sobre minha vida e sobre os demais alunos daquela classe.   Dias depois do ocorrido, ao participar do conselho da escola, sugeri e foi acatado e realizado, a instalação de um detector de metais- outra ferramenta, que tantos anos atrás nos ofereceu  a segurança que faltava. Será que é tão caro assim este dispositivo? Ou será falta de cuidado com as vidas humanas que entram em uma escola? Se em bancos, lojas de departamento, shoppings, aeroportos não se entra ou sai sem se passar por este equipamento, porque não na escola?

Concluo, me solidarizando com as famílias enlutadas, e lembrando às autoridades nacionais da educação, já tão humilhada neste País, que o uso ou a falta de ferramentas adequadas numa escola, podem fazer a diferença entre a vida e a morte de nossos filhos.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Educação e competitividade


“Todo gestor é um gestor de pessoas” Cavalcanti apud Annelise

A falta de competitividade do país, a meu ver esta escancarada com a ausência de produtos de nossa indústria que possam, a preços competitivos, abastecer o mercado interno brasileiro. Tudo que fazemos é pior e mais caro. Ir a Miami fazer a sacola, infelizmente, faz parte da agenda de nossa classe média e alta, que gasta sofregamente bilhões de dólares por ano que fazem falta aqui. Afinal, porque isso acontece na sétima economia do mundo?
Como consultor e professor tenho lutado à exaustão, contra este paradigma. Muitas empresas e alunos que tenho ajudado nesta batalha, conseguiram expressivas vitórias, todavia, tenho números entristecedores, sobre como a educação neste país tem levado a humilhantes derrotas, pessoas e organizações, principalmente as últimas onde empreendedores que iniciam negócios perdem economias de décadas, e empresários sêniors tem prejuízos inaceitáveis. Quando contratado para implantar um sistema integrado de gestão, com as normas de gestão da qualidade, meio ambiente e saúde ocupacional-um trabalho que exige da liderança empresarial alto comprometimento, em tempo e investimentos, constato o não treinamento de pessoal e a falta de consolidação do redesenho de processos. No caso de alunos, muitas vezes já no MBA ou mestrado, a mesma falta de gastar tempo, agora em estudos e pesquisas, aliada a lacunas na formação, faz 30 por cento dos mesmos desistirem.
Há no ar uma cultura da falta de qualidade em tudo que se realiza aqui. Constitui-se exceção o sucesso, e não o contrário. Daí a perda de energia em tudo que é out put (saída). O elevado preço cobrado pelo retrabalho em nossos itens industriais, e a ausência de eficiência e eficácia ao formarmos gente, para cuidar da miríade de processos – explicam como operar desastrosamente uma nação.
Neste contexto podemos colocar a construção da “copa das copas” em 2014, a um custo maior que ao da soma das três últimas três copas realizadas ao redor do mundo. E a um preço exorbitante em  perdas de vidas jamais acontecido. Uma vergonha nacional (ainda temos?),que mostra o quanto precisamos revolucionar a educação para a qualidade.  A começar em nossas escolas, não com slogans vazios como “Esta é uma cidade educadora”- sem prestigiar e treinar professores, construir creches equipar escolas, padronizar processos críticos e medir resultados a partir de indicadores como o IDEB,- e aí sim fazer planos de ação “matadores” .
É triste pensar que a história tem sido madrasta com o Brasil: 36 anos de ditadura Vargas e militar aprisionaram a criatividade e o empreendedorismo; quatrocentos anos de escravidão moldaram um desprezo pelo trabalho em seus detalhes. Isto tira os empresários, a academia e a elite do chão de fábrica, chão de loja e chão de escola. E é lá que as coisas acontecem.  É lá que a produtividade aparece ou não- já que é onde está o ser humano, com suas ilimitadas possibilidades de desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes, que gerem  inovação e riquezas.
Estamos no limiar de um novo tempo de oportunidades de mudanças. Contudo há falta de propostas de lideranças da oposição que sacudam mentes e corações dos brasileiros em direção a esta revolução – um resgate da tirania do inconsciente coletivo do passado , e um seguro caminho rumo a um novo oriente – sucesso  por vir.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e presidente da ALU-Academia de Letras de Uberlândia

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