Domingo foi o dia mundial da água. E eventos em todo mundo
marcaram a data, que no Brasil, com as raras exceções de sempre, passou batido,
principalmente nas prefeituras que operam os sistemas de saneamento, incumbidos
de gerirem a água potável, e que se caracterizam como um dos mais ineficientes
e ineficazes do mundo, com perdas médias de 42%, e em alguns casos (10 empresas,
segundo o Snis - Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento, por exemplo,
no Piauí, Amazonas, Acre e Alagoas), desperdiçando mais de 50% do líquido antes
que chegue à torneira do usuário, contra um benevolente indicador de no máximo
20% da ANA- Agência Nacional da Água.
O índice 20% já é um absurdo frente às perdas toleradas de
outras manufaturas de no máximo 2%, sem falarmos nas excelentes que são seis
sigmas e erram 3,4 erros por milhão de operações, o que representaria 0,00034%,
e zeraria os vazamentos de água, utilizando uma já consolidada tecnologia de
gestão testada com êxito em grandes empresas como 3M, NOKIA, TOYOTA, MARTINS
entre outras.
A maioria das empresas está na faixa de 30%, caso da COPASA em Minas Gerais , que com
esse índice joga no esgoto 777 milhões de litros de água/dia (só na capital BH
222 milhões de litros /dia), o que garantiria duas vezes o abastecimento da
capital mineira em um dia. A ineficiência é por definição proporcionar um out-
put, utilizando alta quantidade de recursos, quando comparado a um benchmark que
gasta bem menos para atingir o mesmo resultado. Como não existe almoço grátis,
quem paga a conta é o contribuinte, e a empresa quando não é monopólio, caso das
operadoras de água, é descartada como fornecedora, por outra concorrente com
melhores serviços e preços menores.
Há, no entanto uma preocupação maior, que foi desenhada nas
conferências mundiais sobre o clima, que é o fato de cada vez mais bilhões de
pessoas ficarão sem acesso à água potável neste século, e os números da OMS
mostram que já hoje, em diversas partes do planeta a cada oito segundos morre
uma criança por falta de água potável, o que equivale a 3 milhões de meninos e
meninas mortos por ano.
É mandatário, portanto, criar políticas públicas para educar
a população a melhorar o seu padrão de consumo, para evitar absurdos vistos todos
os dias, por falta de conscientização. Mudar a legislação, focando no conceito
de pegada hídrica (volume de água doce usado para produzir os bens e serviços
consumidos por pessoa, empresa ou país), na taxação dos grandes consumidores
que esbanjam. Por exemplo, para exportarmos 67,5 milhões de toneladas de grãos
no Brasil, ano passado gastamos cerca de 70 bilhões de litros d’água. Como não
se cobra eficiência também no uso, a irrigação perde, segundo especialistas,
50% do que aplica, com técnicas de inundação e por gravidade, já que poucos
usam o gotejamento, mais eficaz indo ao ponto, e com baixo consumo de água, portanto
eficiente.
Além disso, poluímos muito a água que usamos e não a
reciclamos. Mesmo a água tratada, está cada vez mais insegura, pois as ETAS não
dispõe de tecnologia para tirar alguns produtos químicos tóxicos e cancerígenos
a taxas de 0,00000008g/l, como dioxinas e furanos, ou hormônios, ou qualquer
outro produto perigoso criado ao redor do mundo enquanto você lia este artigo.
Jose Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br
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