Apesar dos
desastres climáticos que castigam nosso País e o mundo, e que fizeram pessoas
despertarem para a dura realidade do aquecimento no planeta, o desmatamento da
Amazônia aumentou 37% em relação ao
mesmo período do ano passado, segundo o INPE-Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais, caracterizando uma inflexão da curva que descia há 3anos e que coincide com a aprovação na Câmara
Federal do novo código florestal que afrouxa a legislação ambiental, concede
anistia a quem desmatou ,
permitindo reduções de área de reserva
legal e APAs - Área de preservação ambiental ao longo de corpos d’água, Brasil afora. Neste “affair” entre agronegócio e
ambientalistas, ainda não resolvido pelo Congresso Nacional, todos perdem se não
convergirmos para um ponto comum: a
necessidade de gerirmos melhor os recursos hídricos e preservarmos os
mananciais de água doce, para estas e as futuras gerações. Não há como produzir
no campo sem água, e esta nova legislação, visando atender situações de curto
prazo, compromete o futuro da água no País, encoraja desmatadores, e desmotiva
quem preservou, pois não há compensação por isto, muito pelo contrário,
dependendo de onde se encontra a propriedade, grande parte da área útil pra
plantar fica indisponível, diminuindo o preço da terra. Quem cumpriu a lei se
sente lesado, e a ciranda da impunidade se fortalece. Há uma miopia estratégica
que precisamos reverter no senado federal: pensar na área da floresta de pé e
preservada como improdutiva e impecílio para a produção. Por exemplo, avançando
sobre o serrado - que funciona como uma caixa d’água da Nação, a produção de
grãos ficará insustentável daqui a menos de uma década, por falta d’água. O que
fazer? ao meu ver, mudar a lei para remunerar quem preserva, quebrando este
círculo vicioso ,que é incentivado de fora do País por grandes grupos
econômicos que vêem no aumento da
demanda mundial por alimentos,
uma oportunidade fácil para ganhar muito dinheiro, com a política de “terra
arrasada”. Sobre este aspecto, chama a atenção recente publicação publicitária
financiada por empresas do agronegócio mundial, que querem orquestrar um
conceito no seio da população, de que há orgulho em nos transformarmos em ”uma
grande fazenda mundial chamada Brasil”. Uma ideia que não respeita nossas leis,
nem nosso patrimônio sócio - ambiental: este País seria simplesmente uma terra
com porteiras, cadeados, poucos donos e pouquíssima água, em sentido contrário
as lutas do agronegócio nacional e do movimento ambientalista.
Vale
registrar que uma das heranças benditas do governo Lula, foi a criação de
unidades de conservação e a demarcação de terras indígenas que somam 75 milhões
de hectares, e que equivalem a um muro de proteção que impede o avanço do
desmatamento, colaborando para a preservação da água e por conseguinte do
clima.
Concluindo,
não dá para viver sem água e em clima cada vez mais seco como o que vivemos
hoje em dia, e o Brasil precisa desconstruir esta ideia alienígena de que é só uma
fazenda. Ela nos é maligna, pois contribui para que não reajamos à
desindustrialização, já que desta forma podemos acreditar- como querem estes
mesmos atores, que a China é que é a indústria. O preço que pagaremos como
nação é alto demais para não agirmos já.
José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor
debatef@debatef.com.br
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