“Segurança
é uma questão de Estado e deve estar acima das diferenças políticas. Precisamos
de um pacto por uma reforma institucional profunda. Ou haverá segurança para
todos, ou ninguém estará seguro” Luiz
Eduardo Soares Ex - Secretário
Nacional de Segurança Pública.
Após
o voto do decano do STF a favor dos embargos infringentes estabeleceu-se de
vez a sensação de impunidade na
sociedade brasileira - uma das tragédias que fazem parte do conjunto da obra de
insatisfação da Nação. A ausência de
educação e saúde com “qualidade fifa”,
aliadas aos crimes sem solução ,à polícia corrupta e despreparada e a
política de encarceramento em massa das classes menos favorecidas, que não
podem usar a justiça da elite e dos grandes advogados ,completam a lista mas
não a esgotam, tamanha a miséria espiritual desta agenda.
Vou
falar em seguida alguns números instigantes citados pelo sociólogo e estudioso
em tela, criador do conceito das UPPs, e autor do livro “Segurança tem Saída” pela
editora Sextante, que recomendo aos dirigentes e gestores da segurança pública
deste País. Começo com o número de jovens assassinados na maioria homens e
afrodescendentes-são quarenta mil por ano na faixa de idade entre 14 e 24
anos-de tal impacto, que já falta na pirâmide etária social este perfil étnico.
Se juntarmos a estes, os cinquenta mil mortos em acidentes de trânsito por ano
e os cerca de 40000 mortos em acidentes de trabalho, teríamos mais mortos
anualmente que os cem mil mortos em dois anos e meio de guerra na Síria. E
porque nós e o mundo não percebemos isso? Sem dúvida porque as vítimas são da
maioria silenciosa: preta, pobre e pouco representada. Basta ver o alarde que é
feito quando cai um boeing com algumas dezenas de mortos, que concentram mais
usuários brancos e da elite (o que está mudando, ainda bem, mas não invalida a comparação).
Das
quarenta mil mortes por assassinato, a maioria se dá com a presença do trinômio
álcool, armas e tráfico de drogas, potencializada pela presença de uma polícia
que é um verdadeiro macaco em loja de louças: desaparelhada, sem formação
adequada, sem auxílio adequado de perícias, o que faz com que somente se
esclareçam em média 10% dos assassinatos. Via de consequência, a vida vale
muito pouco neste País, a pistolagem arrebanha tanta gente, e os crimes contra
a vida e o patrimônio cresce em escala geométrica. Pois o professor Soares
diagnostica: temos 56 polícias brasileiras-27 PMs estaduais, 27polícias civis
estaduais, polícia Federal e polícia rodoviária federal. Não há um sistema
nacional que organize estas instituições, que na maioria das vezes competem
entre si, e raramente dialogam, mesmo quando as soluções de crimes exigem isso. Não nos esqueçamos das guardas
municipais e das seguranças armadas, que equivalem a quase um exercito
paralelo, com a maioria apresentando carência de formação, agravada pela falta
de controle adequado por parte do estado, e eis o terrível estado da arte da
segurança pública no Pais.
A
grande verdade é que este assunto virou questão de vida e morte para todo
cidadão brasileiro, que enfrenta esta guerra da falta de segurança diariamente,
e é um sobrevivente da ação desordenada de nossas polícias, com eterno fogo
amigo contra a população - sábia, a qual diz ter mais medo da polícia que dos
bandidos, e o autor em epígrafe, infelizmente, mostra de maneira inequívoca,
que ela tem toda razão. Que Deus nos ajude!
Jose
Carlos Nunes Barreto
Professor
Doutor e Presidente da Academia de letras de Uberlândia(ALU-MG)
debatef@debatef.com
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