“Toda
idéia realmente nova, a princípio, parece loucura” A.H. Maslow
Muitas revoluções começaram por simples
inovações. Imagine a pólvora na arte da guerra. Ou o conceito de “micróbio”,
que explicou o mal dos pântanos. Muitas delas aconteceram por acaso, como a
maçã na cabeça de Isac Newton, ou o priapismo - ereção involuntária acometida
por certos pacientes - ao tomarem medicamentos com determinada fórmula, que
estudada mais de perto, fez os cientistas criarem o fenômeno “a calda abana o
cachorro”, ou seja, o princípio ativo, agora, deveria ser usado só para o
efeito colateral, e estava criado o Viagra. Vilfredo Pareto ordenou dados
estatísticos de modo a orientar, quem administra, sobre o que é mais
importante. Alguns itens fazem você conseguir 80% de resultado com 20% de
esforço. Estava criada a curva ABC, e os modernos conceitos de priorização de
investimentos na administração pública e de empresas.
As vezes me pergunto como se prioriza
50 milhões de reais de gastos em um ano para um palácio (o do planalto) e se
corta 20 milhões do orçamento destinado a erradicação da dengue no Rio de
Janeiro. O fim, quero dizer o resultado para a Saúde, não seria o prioritário
em relação ao meio, o palácio? O pior é que dezenas de vidas já se foram, e a
julgar pelo andar da carruagem, infelizmente, muitas dezenas ainda irão. E haja
estômago para ouvir políticos discutirem, se o mosquito é federal, municipal ou
estadual. Ainda mais porque esta é uma epidemia anunciada. Outras virão, e os
cientistas epidemiologistas já estão afirmando, que em 2009 outras cidades
brasileiras passarão por este mesmo problema. Todavia, gostaria de inovar, caro
leitor, no conceito de epidemia. Seriam os gastos inconsequentes privados
(crise sub prime americana) ou de estado (cartões corporativos no Brasil),
epidemias? Imaginemos que sim. Então poderíamos afirmar que teríamos milhares,
talvez bilhares de vítimas, certo? Pois leio em manchetes: Milhares de empregos
ceifados no mundo pela crise americana, que pode exigir aportes de até 1
trilhão de dólares, para não se tornar sistêmica. No estado de Minas, o governo
Aécio gastou 60 milhões em diárias em 2007. Diárias são meios e não fins. Esse
montante supera em 4 milhões o gasto na universalização do ensino médio. Quem
são as vítimas? Você já sabe, é só visitar escolas e ver. Aliás, o ministro da
educação já afirmou que o ensino médio é o elo mais fraco da educação no País. Outra
epidemia. Escolas abandonadas, alunos idem. Evasão escolar. Professores
desmotivados. Melhorou alguma coisa? Não sejamos xiitas. Claro que sim. Mas
epidemia só nos permite apagar incêndio. E nada deve ser feito sem planejamento
estratégico. Na era do conhecimento, como explicar que dos 24 milhões de jovens
entre 18 e 24 anos no Brasil 82% estão fora das universidades? E dos 18% que
estão estudando a maioria (75%) estão em escolas privadas e nelas,segundo o
Instituto Educar, a inadimplência chega a 50%? Mais um dado estarrecedor nesta
epidemia: Só 48 mil estudantes foram atendidos pelo FIES -Financiamento do
ensino superior do MEC. Ou seja, com tanto dinheiro indo para o ralo, o principal,
e mandatário não está sendo realizado. Uma última inovação: é mais barato criarmos
um bolsa - político, mandar esse pessoal pra casa, e colocar administradores profissionais
nestas áreas epidêmicas.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com
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