quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Errado ou Inadequado?

“Para os outros, estar errado é uma fonte de vergonha; para mim, reconhecer meus erros é uma fonte de orgulho. Quando entendemos que a compreensão imperfeita faz parte da condição humana, não há vergonha em estar errado, mas sim em não reconhecer os erros”.
George Soros

Em tempos de casamento gay na igreja, abençoado pela decisão do STF de tornar legal a união de pessoas de mesmo sexo. Em época em que a homofobia, (que pode ser uma indignação mal interpretada) está prestes a virar crime, o politicamente correto virou uma forma de sobrevivência. Apesar disso, não podemos nos calar diante da marcha acelerada dos acontecimentos, “quando a coisa assume um vulto tal que “o errado” vira certo e o padrão considerado normal se torna o inadequado” em várias áreas de nossas vidas, e principalmente sob um governo que resolve transformar este estado da arte em políticas públicas.
Como trabalho com educação de pessoas e organizações, procuro focar em assuntos da área de ensino e aprendizagem, e este mês correu pela internet um belo artigo supostamente atribuído à  Alexandre Garcia, criticando o   livro “Por uma vida melhor”, que não teve o português adequadamente revisado , foi publicado com erros terríveis de concordância, e  distribuído pelo Ministério da Educação assim mesmo, para meio milhão de crianças de norte a sul do País.
           O MEC ultimamente tem errado onde não deveria, mas até aqui sempre se desculpou. Todavia desta vez fez o impensável: validou o erro abarcando uma teoria  esdrúxula, de que o  erro de português deve ser tolerado , para não haver uma “discriminação linguística” com quem o comete, pois não haveria mais certo ou errado e sim adequado ou inadequado dependendo da situação .O que  os novos “çábios” querem  é que, daqui para frente devamos  tolerar erros de português até em livros e seus autores, apesar de afirmarem, paradoxalmente, que a norma culta continuará sendo cobrada nas provas e avaliações. O que dizer? viva o Tiriica! no salve-se quem puder da incompetência, tornada  política de educação pelo governo do  PT, sem pensar no que virá em termos estratégicos.
Tomara que tudo não passe de um enorme e fenomenal erro, e uma nota admitindo isso encerre a questão, após autorizar a logística reversa do lixo cultural entregue a nossos filhos, e pago com dinheiro público. Em seguida, como deveria ser praxe em nossas instituições republicanas, o ministério público federal, como guarda da lei exigiria dos responsáveis o ressarcimento ao erário público dos valores gastos irresponsavelmente.
Como observo o País em que vivo, sei que nada disso acontecerá e mais um crime cometido contra a educação ficará impune, todavia não abro mão do direito de protestar e gritar bem alto que, bem mais do que o dinheiro, roubam o futuro desta nação, e nossa elite sequer toma conhecimento, pois está entretida em contar a pecúnia obtida vendendo sua consciência. Para esses relembro Maiakóvski: “Na primeira noite eles se aproximam e colhem uma flor no nosso jardim. E não dizemos nada”. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, arranca-nos a voz da garganta. E, porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada”.

          José Carlos Nunes Barreto
          Professor doutor
          debatef@debatef.com.br


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