“Enquanto esse velho trem/ atravessa o
pantanal/.../ rumo a Santa Cruz/ de La Sierra ”
Cancioneiro popular
Saramago escreveu e Fernando Meireles
levou para a telona, algo que ao longo da história somos protagonistas, muitas
vezes testemunhas: a cegueira coletiva a depender dos olhos de poucos, como
visão. Dar esse poder a alguém, de enxergar por nós é complicado. Porém
situações, doenças coletivas da alma e do corpo nos levam a isso. Fome, Carências,
ilusão por prestígio e dinheiro são algumas delas. O fascínio por lideranças
carismáticas e fascistas é outra. Enquanto wall street se desmancha na esteira
da quebra do quarto maior banco de investimento americano- o Lehmon Brothers, a
marcha da insensatez bolivariana de Evo Morales insuflado por Chavez, divide a
Bolívia em duas nações em guerra: A dos índios cocaleiros pobres contra as
províncias que produzem a maior parte do PIB daquele País. FHC afirmou em
entrevista recente, que o maior desafio de um governante é liderar de forma a
não dividir um povo em facções que possam brigar entre si, causando destruição
de culturas e ou atrasos no desenvolvimento de países e do mundo. Concordo
plenamente. A falta de sabedoria de alguns líderes americanos do passado levou
à tensão contra o mundo islâmico, que derrubou as torres gêmeas há sete anos. A
falta de visão e despreparo de Jango para assumir o espólio de Vargas nos
legaram 21 anos de escuridão na ditadura.
Apesar de constantes avisos de especialistas sobre a política monetária
frouxa do FED-Banco Central Americano, sob os estertores do mandato de Alan Greespean,
construiu-se um castelo de cartas de créditos podres do financiamento
imobiliário chamado subprime, que acaba de causar a maior crise financeira
desde 1929, assolando os EUA, Europa e Ásia. Outras bolhas aconteceram. Quem
não se lembra da insustentável leveza da “nova economia” das ponto com? Ou, recorrendo
aos escritos de John Galbraith, da crise das tulipas na Holanda do século 17, quando
uma tulipa vermelha chegou a valer 17000 euros em valores de hoje?
Os extremismos são os mesmos, incorporados
que foram por líderes de pouca visão, levaram milhares de cegos ao desespero e
à morte por suicídio. O próprio Galbraith afirma que a fé no mercado livre é
algo irracional, o que é validado pela segunda feira negra-15/09/2008 - que obrigou
o FED a injetar no mercado 700 Bilhões de dólares - quase o PIB do Brasil e
ainda assim não resolver a crise. Socializou-se o prejuízo de banqueiros
especuladores alavancados (o L. Brothers tinha US$20bi em ativos e US$600 bi em
obrigações), que sempre pregaram remédios amargos para quem, dos pobres e em
desenvolvimento, procurava suas casas de crédito. A fé cega no mercado está
morta.
Daí,
outro líder aqui no Brasil vem a público dizer aos cegos da planície que nada
acontecerá conosco, que somos uma ilha de prosperidade, tudo para eleger seus
candidatos a prefeito? Hipócrita! Temos de colocar, isso sim, as barbas de
molho. Acender todas as luzes amarelas. Cortar os excessivos gastos públicos –
segundo o IPEA de cada 3 reais arrecadados só 1 é aplicado em seus fins. E Rezar.
Rezar muito para que a china não seja contaminada pela crise ao ponto de deixar
de comprar nossas commodities. Finalizo acreditando que ao compartilhar com
vocês leitores, esta análise, deixamos todos de ser candidatos à cegueira que
nos espreita.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com
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