“Deem-
me uma alavanca e erguerei o mundo”. Arquimedes
Com uma simples colher de pedreiro ele ia montando,
tijolo por tijolo a parede da creche. O ambiente era de cooperação e
companheirismo. Antes de começar esta tarefa em pleno sábado à tarde, sol a
pino, ele levara as crianças ao bosque do parque, para protege-las do calor.
Estas atividades fazem parte do que se convencionou chamar de voluntarismo. Ser
voluntário é fazer algo pela sociedade, sem receber pecúnias como pagamento
pelo serviço: construir pontes para comunidades isoladas, alimentar mendigos,
dar um lar a cegos, plantar árvores, levar velhinhos do asilo ao sol da manhã.
Para a maioria de cidadãos, durante um longo tempo de suas existências, gestos
como estes são ou eram impossíveis de serem realizados, por causa da correria
da vida, todavia em certo momento, depois de um sermão de um pastor de almas -
daqueles que tocam o coração da gente, ou após
uma caminhada como a de Santiago
de Compostela na Espanha, a saída é
participar, para saciar a sede de ser útil, de ser um agente do “Reino de Deus
na terra” , e , voltando à colher de pedreiro, ela foi a ferramenta usada para dar forma , função e propósito à esta nova realidade.
Ao refletirmos sobre a importância das ferramentas,
precisamos nos lembrar da dificuldade que é não a possuirmos nos momentos
decisivos da vida, por exemplo quando, ao voltarmos à idade da pedra ,em
situações de sobrevivência –tipo “Discovery cannel”, nos vermos com a necessidade de construir algo que corte ou
que faça fogo . No dia a dia, no entanto, nem nos damos conta da benção que é
usufruirmos de todas tecnologias
desenvolvidas durante séculos , do
simples garfo até um dispositivo para trabalhar com softwares, como um notebook.
Mas ferramentas nem sempre são usadas para o bem.
Uma arma de fogo, por exemplo, pode servir para um louco tirar a vida de uma
dezena de crianças numa escola do Rio de Janeiro, e ferir outra dezena delas.
Ou seja, ferramentas podem ser usadas para maldição, para machucar e deixar
sequelas físicas, mentais e espirituais. Ao pensar sobre este massacre,
considerado o décimo maior do gênero no mundo, e como ex-professor da rede
pública em SP, me recordo do dia em que fui ameaçado por um aluno drogado, e
que havia entrado com um revolver, isso após repreendê-lo por mal procedimento
em classe. Até hoje, passados quase vinte anos, meu coração se entristece, ao
lembrar do impacto negativo daquela situação sobre minha vida e sobre os demais
alunos daquela classe. Dias depois do
ocorrido, ao participar do conselho da escola, sugeri e foi acatado e
realizado, a instalação de um detector de metais- outra ferramenta, que tantos
anos atrás nos ofereceu a segurança que
faltava. Será que é tão caro assim este dispositivo? Ou será falta de cuidado
com as vidas humanas que entram em uma escola? Se em bancos, lojas de
departamento, shoppings, aeroportos não se entra ou sai sem se passar por este
equipamento, porque não na escola?
Concluo, me solidarizando com as famílias enlutadas,
e lembrando às autoridades nacionais da educação, já tão humilhada neste País,
que o uso ou a falta de ferramentas adequadas numa escola, podem fazer a
diferença entre a vida e a morte de nossos filhos.
José
Carlos Nunes Barreto
Professor
doutor
debatef@debatef.com.br
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