sábado, 28 de maio de 2016

Hotel Ruanda


Ha! mama África/

A minha mãe/

É mãe solteira[...]

Chico César


Genocídio. É definido no Aurélio como crime contra a humanidade, o que consiste em destruir total ou parcialmente um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Cometer contra eles, qualquer dos atos seguintes: matar membros seus; causar-lhes grave lesão à integridade física ou mental; submeter o grupo à condições de vida capazes de o destruir fisicamente no todo ou em parte (grifo nosso).
O tema desta crônica é o título de um filme que reproduz uma parte da história que cobre de vergonha a humanidade. Os europeus de forma geral, colonizaram as Américas, Ásia e África. A África e a América Latina foram alvo do que há de pior em termos de dominação. Foram saqueadas, humilhadas e tiveram seu futuro boicotado por aviltamentos acontecidos neste período.E que permanecem até hoje.Vocês acompanharam as discussões sobre a rodada de Doha e a última reunião da OMC em Hong Kong? Homens de estado,entre eles o ministro Celso Amorim,defendem nossos interesses contra uma nova dominação: A colonização mercadológica e tecnológica por esses mesmos países e os EUA. Primeiro tiraram o ouro, pedras preciosas, madeiras nobres. Agora, estão levando mercados,genes e princípios ativos. Infelizmente foram mais cruéis com a África. Escravizaram. E ao sair queimaram as pontes do futuro ao lançarem o dissídio entre irmãos, e dividirem países.Este filme sugerido por um ex-chefe das forças de Paz da ONU em Angola-  cel. Ribeiro ,expõe a divisão dos Tutsis e Hutus, de forma maquiavélica- através da desigualdade na divisão de poder pelos colonizadores belgas, que contrataram uma  guerra civil anunciada e construída pelo ódio racial. Que ceifou 2 milhões de almas tutsis .Provocou o deslocamento de outros milhões para países limítrofes. aTudo sob o olhar atônito da ONU, e com o fornecimento de armas aos hutus pelos franceses.
Este cenário aconteceu há somente dez anos atrás,e não teve tanto  impacto na opinião pública mundial  ,por causa dos interesses “cruzados” das mídias européias e americanas. Apesar disso, escancarou ao mundo uma ONU , depauperada e atada aos interesses dos EUA e de parte da Europa- tanto assim que anos depois foi desrespeitada em sua resolução contrária à invasão do Iraque pelos EUA.E a África? ora a África. Não é lá que vivem os negros?
Um dos poucos momentos políticos brilhantes do governo Lula(daí a César o que é de César),foi quando lá, em sua visita como chefe de estado ,pediu desculpas pelos 400 anos de escravidão de africanos neste País. Mas seria bom que o Presidente, Congresso e as demais autoridades estaduais e municipais, prestassem atenção ao nosso grifo na definição de genocídio, dando conta das estatísticas de mortes violentas que apontam para uma maioria (70%)de vítimas sendo jovens e negros. Aqui as balas da polícia substituem os facões hutus. E parece que não temos um Paul( herói e benfeitor dos tutsis).Nem um hotel Ruanda(que acolhia crianças e famílias Tutsis). Tão pouco temos educação de qualidade e escolas, que seriam a misericórdia para nossa população afro-brasileira.Com esta  reflexão me despeço...
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor


debatef@debatef.com    


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