sábado, 28 de maio de 2016

Gestão da Diversidade:a Luta Continua...


 Reeditando artigo publicado há 12 anos no Correio de Uberlândia por sua atualidade...

Segundo pesquisa do Instituto Ethos em parceria com a Fundação Getúlio Vargas divulgada em Dez. 2003,entre as 500 maiores empresas brasileiras ,em 74% não há negros em cargo de direção e 58% delas não possuem mulheres na mesma função,porém 40% têm consciência da importância da importância da estratégia da diversidade(KLINGER K., Folha Equilíbrio-11/03/04).
MEDEIROS M. do IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas- em sua pesquisa de doutorado sobre desigualdade e riqueza afirma que apenas 0,03% da população brasileira está estabelecida no topo da pirâmide social. São os muito ricos, algo como 10000 brasileiros,que tem renda familiar per capita mensal em torno de 22,65 mil reais. Segundo o autor nesta faixa social há uma mobilidade social praticamente nula,pois há “numa blindagem”, e este grupo é majoritariamente branco, tendo somente 4% de negros ou afrodescendentes. Ainda segundo este estudo os ricos, que seriam 1% da população e onde os muito ricos estariam incluídos ,abocanham 14% da renda per capita total do país e representam 1,7 milhão com renda familiar mensal percapita de R$3,27 mil e detém mais renda que 50% da população brasileira mais pobre que detém 12% da renda per capita total do país. Cruzando estas informações com outro estudo do IPEA- WWW.IPEA.GOV.BR- de 2001 demonstrou que 70% dos mais pobres são negros ou afrodescendentes e habitam nas periferias das cidades brasileiras, temos o tamanho do “Apartheid’’ nacional. Talvez o melhor título para este artigo fosse “A Gestão do Apartheid”  pois estes estudos mostram a magnitude do fosso que separa os mais ricos dos mais pobres. Os dados do estudo de MEDEIROS mostram que o mundo corporativo no Brasil(KODAK,PÃO DE AÇUCAR, NATURA, IBM, JPMORGAN, entre outras) ,embora tardiamente,tem acordado para a melhoria do clima organizacional, quando inclui em suas estratégias, uma política de diversidade, onde os negros são equiparados(sic)à deficientes, gays, mulheres e outras minorias. Na esfera pública também há avanços em muitas cidades (Uberlândia é uma delas)com a criação de secretarias de combate ao racismo e forte atuação da comunidade negra nos legislativos, porém a nível federal aínda há muita letargia e autismo, mas pelo menos conseguiu-se colocar o primeiro negro na Suprema Côrte do País, após 100 anos.
 Mas será que Gestão é isto? Em primeiro lugar mais dados e fatos sobre este  importante assunto que explica nossa principal chaga social- a falta de segurança. Muitos jovens negros excluídos, são cooptados pela indústria da droga, e pelo crime organizado. Pesquisas recentes divulgadas nos meios de comunicação do País, mostram o perfil dos combatentes do tráfico, mortos pela polícia:60%são negros, idade entre 17 e 22 anos, baixa escolaridade, e residentes em favelas e periferias das cidades brasileiras.Com a ausência do Poder Público,(e poder odeia vácuo),quem manda agora é o Tráfico, com tudo que isto significa para a sociedade - bilhares de dólares gastos em segurança pelos mais ricos,sem evitar o caos social da guerra urbana nas grandes cidades. Quando se fala em gestão é necessário que se estabeleça Estratégias, Políticas, Objetivos, Gerenciamento de Metas e indicadores de desempenho. O principal indicador de desempenho para a Gestão da Diversidade é o IDH -Índice de Desenvolvimento Humano da ONU-. Porque? Sem estratégias, políticas, objetivos, etc.., não se consegue atender aos seus três pilares básicos:1)Educação2)Renda3)Longevidade. Os negros morrem mais cedo, tem renda menor, e baixa escolaridade-são secularmente excluídos -,vivem com um IDH africano(0,691)ao lado de um IDH europeu da maioria branca(0,805).E como fazer a Gestão da Diversidade? É a partir da melhoria do IDH ,políticas de inclusão social,  e políticas distributivas, que vamos impedir a escalada de violência que retira qualidade de vida de toda sociedade e nos impede de construir a “Ordem e Progresso” da Nação.   

DR José Carlos Nunes Barreto

Diretor de OperaçÕes da DEBATEF CONSULTORES ASSOCIADOS e Professor Universitário  

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