Reeditando artigo publicado há 12 anos no Correio de Uberlândia por sua atualidade...
Segundo pesquisa do Instituto Ethos em
parceria com a Fundação Getúlio Vargas divulgada em Dez. 2003,entre as 500
maiores empresas brasileiras ,em 74% não há negros em cargo de direção e 58%
delas não possuem mulheres na mesma função,porém 40% têm consciência da
importância da importância da estratégia da diversidade(KLINGER K., Folha
Equilíbrio-11/03/04).
MEDEIROS M. do IPEA - Instituto de
Pesquisas Econômicas Aplicadas- em sua pesquisa de doutorado sobre desigualdade
e riqueza afirma que apenas 0,03% da população brasileira está estabelecida no
topo da pirâmide social. São os muito ricos, algo como 10000 brasileiros,que
tem renda familiar per capita mensal em torno de 22,65 mil reais. Segundo o
autor nesta faixa social há uma mobilidade social praticamente nula,pois há
“numa blindagem”, e este grupo é majoritariamente branco, tendo somente 4% de
negros ou afrodescendentes. Ainda segundo este estudo os ricos, que seriam 1%
da população e onde os muito ricos estariam incluídos ,abocanham 14% da renda
per capita total do país e representam 1,7 milhão com renda familiar mensal
percapita de R$3,27 mil e detém mais renda que 50% da população brasileira mais
pobre que detém 12% da renda per capita total do país. Cruzando estas
informações com outro estudo do IPEA- WWW.IPEA.GOV.BR- de 2001 demonstrou que
70% dos mais pobres são negros ou afrodescendentes e habitam nas periferias das
cidades brasileiras, temos o tamanho do “Apartheid’’ nacional. Talvez o melhor
título para este artigo fosse “A Gestão do Apartheid” pois estes estudos mostram a magnitude do
fosso que separa os mais ricos dos mais pobres. Os dados do estudo de MEDEIROS
mostram que o mundo corporativo no Brasil(KODAK,PÃO DE AÇUCAR, NATURA, IBM,
JPMORGAN, entre outras) ,embora tardiamente,tem acordado para a melhoria do
clima organizacional, quando inclui em suas estratégias, uma política de
diversidade, onde os negros são equiparados(sic)à deficientes, gays, mulheres e
outras minorias. Na esfera pública também há avanços em muitas cidades
(Uberlândia é uma delas)com a criação de secretarias de combate ao racismo e
forte atuação da comunidade negra nos legislativos, porém a nível federal aínda
há muita letargia e autismo, mas pelo menos conseguiu-se colocar o primeiro
negro na Suprema Côrte do País, após 100 anos.
Mas será que Gestão é isto? Em primeiro lugar
mais dados e fatos sobre este importante
assunto que explica nossa principal chaga social- a falta de segurança. Muitos
jovens negros excluídos, são cooptados pela indústria da droga, e pelo crime
organizado. Pesquisas recentes divulgadas nos meios de comunicação do País,
mostram o perfil dos combatentes do tráfico, mortos pela polícia:60%são negros,
idade entre 17 e 22 anos, baixa escolaridade, e residentes em favelas e periferias
das cidades brasileiras.Com a ausência do Poder Público,(e poder odeia
vácuo),quem manda agora é o Tráfico, com tudo que isto significa para a
sociedade - bilhares de dólares gastos em segurança pelos mais ricos,sem evitar
o caos social da guerra urbana nas grandes cidades. Quando se fala em gestão é
necessário que se estabeleça Estratégias, Políticas, Objetivos, Gerenciamento
de Metas e indicadores de desempenho. O principal indicador de desempenho para
a Gestão da Diversidade é o IDH -Índice de Desenvolvimento Humano da ONU-.
Porque? Sem estratégias, políticas, objetivos, etc.., não se consegue atender
aos seus três pilares básicos:1)Educação2)Renda3)Longevidade. Os negros morrem
mais cedo, tem renda menor, e baixa escolaridade-são secularmente excluídos
-,vivem com um IDH africano(0,691)ao lado de um IDH europeu da maioria
branca(0,805).E como fazer a Gestão da Diversidade? É a partir da melhoria do
IDH ,políticas de inclusão social, e
políticas distributivas, que vamos impedir a escalada de violência que retira
qualidade de vida de toda sociedade e nos impede de construir a “Ordem e
Progresso” da Nação.
DR José Carlos Nunes Barreto
Diretor de OperaçÕes da DEBATEF
CONSULTORES ASSOCIADOS e Professor Universitário
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