A crise fiscal do estado do Rio de Janeiro escancara, as tragédias pessoais de pessoas que, de repente ficam sem seus salários, deixam de pagar suas contas, comprar seus remédios, alimentos, e mostram como a imprevidência e irresponsabilidade de governantes, aliados à corrupção e desvios de recursos, podem vitimar as populações no Brasil e em qualquer parte do mundo, vide a Grécia. Precisamos dar um tempo, e buscar lideranças que cuidem bem de gente. Esta é a meta.
Cuidar bem de pessoas é a meta
Estive de férias por alguns dias, refletindo em uma
praia chamada Itacoatiara, que faz parte de uma reserva florestal bem próximo ao turbilhão do Rio de Janeiro e
fincada junto à. pedras monumentais que seguram as ondas do atlântico, ao lado
de uma preservada vegetação de mangue. Todas as vezes que isso acontece, há um
produto : Estar sozinho consigo mesmo, às vezes dá medo, mas é inspirador.
Tomar chuva e sol-ficar no sereno , Descobrir depois ser um animal com fome, e sede
de justiça ,exige coragem, mas nada como
voltar à tenda à noite e curtir o
netinho de 2 anos.
Agora entendo por que no caminho da Santiago de
Compostela , na Espanha, muitos mudam a vida. Descobrem vocações. E tomam
decisões cruciais para suas vidas, suas famílias e suas empresas. A correria
dos dias que seguem como torrente tempestuosa a escorrer pelas calçadas da vida
,nos anestesia. Faz tudo parecer igual, pasteurizado e sem brilho. E pior é não poder observar as diferenças nas cores,
nos sons, nos ambientes (carregados ou leves) e nas pessoas (alegres ou
tristes). Principalmente, nelas. Um pai ou uma mãe que desaprende a percepção
da linguagem do corpo e do tom de voz dos filhos, perde, segundo especialistas
80% da comunicação com eles. No trabalho e na vida somos muitas vezes cantores
de um samba de uma nota só (com o perdão ao Tom Jobim e seu ao belo
samba-arte). Não sabemos escutar. Gente.
Cachoeiras. Pássaros. O vento. Não temos tempo.
Anos atrás, achei interessante e novamente comento
, a entrevista do antropólogo Wilian Ury - especialista em técnicas de
negociação - , intitulada "O Inferno somos nós". Respondendo se
concordava com Jean-Paul Sartre que cunhou "o inferno são os outros",
Ury respondeu que o outro somos nós e quando dizemos que o inferno são os
outros, na verdade estamos olhando para o nosso próprio inferno interior. Na
negociação, o fundamental é ouvir o outro. Nos treinamentos de nossa
consultoria (lançamos em 2012 um MBA em
Gestão de pessoas em parceria com a UNIUBE) e ministramos cursos de extensão
sobre o tema para executivos e
funcionários que, como afirma Ury, querem aprender a negociar. Porque a
democratização de algumas instituições(são
poucas ainda – normalmente aquelas campeãs como melhor lugar para se trabalhar)
está exigindo deles ouvir a outra parte. Por isso gastam mais de 50% do tempo
com este item e sentem que não estão preparados para lidar com o intangível: o
capital intelectual .Todos diagnósticos empresariais dos últimos anos mostram que as grandes perdas de produtividade e via
de conseqüência de mercado, se dão justamente por não começarmos por aí. Não há
falta de recursos. Há desperdício.. Equipamentos errados são modernizados.
Instalações são aumentadas quando não há demanda para isso.. Tudo sem cuidar
das pessoas e do clima organizacional. E
a lição de casa que fica é ir conversando com seu "chão de
loja", ”chão de fábrica” ,desenvolvendo talentos humanos, e os bons resultados .não tardarão a acontecer.
Para finalizar - ainda pensando sobre tudo que aprendemos nestes últimos anos, ao
analisar essa inversão de valores, e a
ausência da ética da diversidade nas empresas- nada melhor que a velha poesia
da canção de Raul Seixas. "Prefiro ser esta metamorfose ambulante do que
ter aquela velha opinião formada sobre tudo.", mesmo revisitando um artigo
de seis anos atrás.
José Carlos Nunes Barreto
Professor-doutor
Uberlândia (MG)
Professor-doutor
Uberlândia (MG)
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