sábado, 31 de dezembro de 2016

O Último Verso


                   

 

“ Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida  dos dicionários e do pântano enganoso das bocas.A partir deste instante, a liberdade será algo vivo e transparente, como um fogo ou um rio. E  a sua morada será sempre, o coração do homem.”

Thiago de Mello

 

Tempos difíceis atravessamos em 2016.Tempos em que o pântano enganoso das bocas,  dos políticos,magistrados e dos  lulocastristas, cansaram de tentar  subverter a ética da república, com uma agenda oculta da sociedade, a quem deveriam prestar contas.Parece que este será mais um daqueles anos que nunca acabarão,a exemplo de 1968,e 2001.Que venha logo 2017(feliz Ano Novo!), pois não é em qualquer ano que se faz uma “lava jato”,  que coloca de joelhos toda classe política corrupta  do País, emparedando magistrados macunados com ela. Se não bastasse isso,nele ainda prendemos o terceiro na linha de poder , e fizemos com sucesso o empeachment da presidente da república, antes que o estado derretesse como na Venezuela... Também não é simples viver num ano, em que se estabeleceu a pior recessão do Brasil neste século, gestada e administrada, pelo PT. Todavia não vivemos um mar de rosas com  Temer, que assumiu levando uma quadrilha para dentro do Palácio do Planalto e, teve que mudar um ministro por mês, enquanto a sociedade, atenta, sabe que precisa deste governo tampão, para sanear as finanças públicas.

Feliz o povo que consegue a tempo e à hora,  fazer um “dow sizing” de suas caras estruturas fiscais, e ousa reverter estas despesas para atender, às áreas constitucionais de educação,saúde e segurança, e à previdencia, cujas reformas precisam acontecer, antes que viremos uma Grécia  dos trópicos .

Muitas perdas nas fotos deste ano...12 milhões de empregos, o time da Chapecoense , o poeta Ferreira Gullart,e o jornal Correio de Uberlândia...Sobre a ùltima é até difícil falar.Foi aqui que ousei expressar sentimentos, e mover mentes e corações através da palavra escrita,  eu que sou um engenheiro-professor.Graças a esse espaço criei asas e voei, através de  arrazoados ,e me conectei com milhares, nas alturas de debates, cobranças,poesias e canções.Fiz amigos e desafetos, fui processado, julgado e absolvido , tive muitas alegrias .Cheguei às academia de Letras do Brasil Central e de Uberlândia, embora não me reconheça merecedor desta honraria.

Mas a vida é assim...ensinava meu pai.Vc pode ser o que quiser, desde que se dedique e corra atrás... corri atrás do conhecimento e  cheguei ao pós doutorado, corri atrás do amor e  formei uma família linda, corri atrás das palavras, e encontrei  versos e canções, que dividi com meu paciente leitor, que foi, afinal, o oleiro deste escritor que vos fala, com voz embargada  na  despedida,desta imprensa – mãe , e que agora deixa de existir...

Me socorro, então no verso de Carlos Drumond de Andrade, ao dar  esse adeus:

  Por que Deus permite/que as mães vão-se embora?/Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,/luz que não apaga/quando sopra o vento/e chuva desaba,veludo escondido/na pele enrugada,/água pura, ar puro,/puro pensamento.

Morrer acontece/com o que é breve e passa/sem deixar vestígio./
Mãe, na sua graça,/é eternidade./Por que Deus se lembra
- mistério profundo -de tirá-la um dia?/Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:/Mãe não morre nunca,/mãe ficará sempre
junto de seu filho/e ele, velho embora,/será pequenino/feito grão de milho.

José Carlos Nunes Barreto

Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)

Debatef@debatef.com

 

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