Entendendo à insegurança
por Ponto de Vista - Jornal Correio de Uberlândia
- Este é o tema do livro emprestado por um amigo que é coronel da PM e especialista em segurança, a quem de publico agradeço e afirmo que já posso devolvê-lo. Os autores do mesmo, Lúcio Santo e Amauri Mereles são felizes em explicar de forma direta e sem rodeios o que cada vez mais nos preocupa: a falta de segurança nas cidades do Brasil, notadamente em Uberlândia que completa no mês de outubro 140 mortes violentas em um ano que ainda não acabou, ou seja, poderemos chegar até ao final do ano com o triplo do que a OMS recomenda como sinal amarelo de epidemia, qual seja, 8 assassinatos por 100 mil habitantes.Ou falando mais claramente estamos quase como Medelin no tempo de Pablo Escobar – traficante e escroque colombiano que marcou a década de 80, e estas mortes chegam num circulo concêntrico cada vez mais perto de cada um nós: nesta semana foi assassinada uma aluna minha, orientanda de projeto PMI/PMBoK, do curso de administração – Leandra, a quem homenageio pela coragem com que enfrentava a vida- talvez por isso num acesso de raiva, naquele segundo de ira cidadã, tenha enfrentado o ladrão muito menor que ela, uma mulher forte e decidida com quase um metro e oitenta, recém formada em administração e com um futuro brilhante pela frente, cai com três tiros, vitima de latrocínio por causa de 8 reais – é quanto vale uma vida para esses meninos monstros – que nossa sociedade permitiu fossem criados e que agora se voltam assustadoramente contra ela matando, roubando, seviciando, extorquindo e vendendo drogas e armas.Todos jovens de 19 a vinte e poucos anos, a maioria não foi à escola, e conviveu desde muito cedo com a violência e a desordem, em regiões excluídas da atenção do poder público, que se corrompeu de várias formas, porém a principal e causa deste estado de coisas, a meu ver, é a corrupção de prioridades, das lideranças que preferiram construir viadutos e palácios nababescos, a levar educação decente às escolas e segurança à população. Os autores mostram brilhantemente, a famosa teoria das janelas quebradas, onde destacam que uma vidraça de janela quebrada por muito tempo sem consertar, é um convite para que outras sejam depredadas, e se estabelecer assim o “status quo” da desordem, passo inicial para outros crimes. Esta teoria foi inspiradora do projeto ”tolerância zero” na década de 90, que tirou Nova York de uma situação parecida com Uberlândia, em alguns de seus bairros como Bronx, e os reduziu a um dígito por cem mil habitantes. Todavia lá a desigualdade social, não era tão impactante como aqui e, tenho certeza, antes deste projeto teremos mesmo de realizar o programa fome zero total, e sem ONGs espertinhas.O que dizer diante da barbárie instalada? Quando bandidos daqui da cidade abordam ônibus interestaduais como se assaltavam diligências no faroeste americano? Tudo na vida é questão de escolha. As elites uberlandenses e de Brasília escolheram prioridades que levaram a esta situação e muitas delas agora se escondem, forjam números, e tocam seus projetos pessoais ,fazendo como Luís 14 – rei da França: “O Estado sou eu”! Eu e minhas prioridades, eu e minhas circunstâncias.Triste Uberlândia dos viadutos, dos palácios, belos jardins e da insegurança que tira nossas vidas. Adeus Leandra, e meus pêsames a seus pais e familiares.José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor –Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia (ALU)debatef@debatef.com
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