quarta-feira, 11 de março de 2015

Lambanças do poder



         Na recente visita de Dilma Roussef à Cuba, ao responder uma, pergunta sobre direitos humanos na ilha, a presidente se enfiou   numa  saia justa, ao comparar Cuba aos Estados do Brasil e EUA, este principalmente por causa dos eventos de  Guantánamo. Conseguiu com isso um dos piores incidentes diplomáticos já vividos por um primeiro mandatário nacional, repetindo  e agravando,  o desastre que foi a declaração de Lula em visita anterior, comparando os dissidentes cubanos à bandidos e traficantes brasileiros. Nossa autoridade máxima queria fechar, romântica e perigosamente os   olhos, para homenagear seu passado de guerrilheira e revolucionária- que hoje respeitamos, mas o mundo mudou presidente, e prova disso é que a senhora é a primeira mulher presidente deste País. Não precisava acrescentar esta lambança ao seu belo currículo Lattes.
Todavia, não é só os representantes do PT no executivo do planalto central que reproduzem tais erros. Governos municipais, estaduais de vários partidos além do judiciário em todo território nacional, nos brindam com situações dignas do velho trio, ”Os trapalhões”- com o perdão aos artistas ainda vivos e exemplos de profissionalismo e arte. Por exemplo, o PSDB de São Paulo ao promover a bárbara desocupação da localidade Pinherinhos  com sua truculenta polícia, atendendo uma decisão judicial insensível e polêmica de  reintegração de posse, em favor de um notório usurpador social-construiu uma efeméride negativa, e um vexame perante a comunidade mundial, mostrado pelas mídias aos quatro ventos - uma vergonha!
Já o PSD de Kassab, fez coisa pior: resolveu higienizar a região da cracolândia também com a polícia do PSDB de  Alkimin, tudo visando confundir o eleitor que vota em novembro para prefeito da cidade de São Paulo- o terceiro maior orçamento do País. Note-se que este realmente é um problema-chaga da cidade que se arrasta há pelo menos dez anos e atravessou várias administrações. Sabe-se também que é mais fácil trabalhar o tangível, qual seja demolir casas, pintar muros e lavar calçadas-difícil, e foi o que não fizeram, é promover um sistema que promova recuperação física, emocional e espiritual de pessoas, escravas de um vício que incorpora a rua como parte da doença. Cadê os profissionais de saúde pública destes governos? não viram que só fizeram espalhar estas vidas por outras ruas da metrópole causando mais dor e sofrimento inclusive para familiares co - dependentes?
Concluo saudando a decisão do STF, que autorizou o CNJ a investigar as contas milionárias dos barões da justiça nacional que segundo a procuradora nacional -“alguns são bandidos de toga”, fazendo uma ressalva: foi o próprio STF em 12 de agosto de 1992 -em seção administrativa, presidida por Nelson Jobim-que encheu as burras do judiciário e MPF,  ao criar a PAE, ou norma que estabelece isonomia entre poderes com efeitos retroativos à década de 90: uma derrama de bilhões de reais, pois foi estendida ao poder judiciário e ministérios públicos estaduais. O que o STF fez, cumprindo agora sua missão, foi garantir ao CNJ o poder de abrir processos contra magistrados expostos no COAF e suspeitos de malversação de recursos, sem ter de esperar as corregedorias locais viciadas muitas vezes pelo compadrio. Isto  não aconteceria naquela ilha, senhora presidente!

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor


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