“O que a gente
pode/ O que a gente não pode/ explodirá/Realce...”. Cancioneiro popular
Ando as voltas
com análises de viabilidade técnicas econômicas financeiras de projetos por
conta das minhas atividades profissionais. E dias desses apareceu uma
inusitada, pois era de um aterro industrial. Digo isso porque este equipamento
de controle de poluição é dos mais esquecidos nas cidades brasileiras,
principalmente agora quando a produção Industrial explode puxada por um aumento
do PIB de 6% no último trimestre. Um aterro industrial possui ETE - Estação de
Tratamento de Esgoto, e incineradores para resíduos perigosos, que podem ser
industriais, de farmácias, de hospitais e de laboratórios, ou da sua casa.
Porque nossos resíduos são tão desconsiderados nos planejamentos estratégicos
de governos e de empresas? Porque existe uma propensão natural do ser humano,
desde nossos pais bíblicos, até por sobrevivência, de afastar para longe de sua
tenda seus resíduos. Uberlândia por exemplo manda seus resíduos classe 1 – os
perigosos, para Ribeirão preto, o que caracteriza a expressão internacionalmente
conhecida “NO in my back Yard”, não em meu quintal, por favor!
Primeiro vamos
deixar claro uma coisa: Lixo é resíduo, e ele pode ser perigoso ou não (o
classe 2). Mesmo o não perigoso traz sérios problemas para a saúde pública, por
conta dos vetores de contaminação, tão conhecidos, como ratos, baratas, moscas
e principalmente pelo líquido efluente que brota dele-o chorume, altamente
poluidor, porque tem alta demanda biológica de oxigênio e alta demanda química
de oxigênio, é pior que esgoto, e quando cai em um corpo d’agua retira
rapidamente seu oxigênio gerando os tietês da vida, mesmo no subsolo onde a
gente não vê. Em virtude disso, deve ser tratado em uma estação de esgoto
acoplada ao aterro sanitário para não afetar o lençol freático e a água da
região. Nosso aterro sanitário em Uberlândia está no final de vida útil, porque
ninguém discute isso em campanha eleitoral? Mais de 70% das cidades brasileiras
dispõe inadequadamente o lixo, sem coletar chorume, logo grande partes das
doenças do SUS são devido às contaminações deste estado da arte. Portanto o
lixo quando depositado em lixão, e ou aterro controlado, não tem o efluente
tratado, como quando disposto em aterro sanitário feito adequadamente com
estudos de impacto ambiental, e respeito às normas técnicas vigentes para
destino final de resíduos domésticos não perigosos.
Via de
consequência remédios vencidos, pilhas e lâmpadas fluorescentes à base de
mercúrio não deveriam estar em aterro sanitário, muito menos em lixão e aterro
controlado, mas sim em aterro industrial, mas por falta de políticas publicas e
de comunicação, a população joga neles e até nos rios e terrenos baldios e tudo
acaba nos rios e mananciais de superfície, voltando depois na água que se bebe,
pois, atenção, nenhuma ETA deste País tem capacidade técnica para extrair
micros poluentes orgânicos persistentes e outros que se agregam à água,
causando a epidemia de cânceres que estamos assistindo. Explodirá ainda mais,
se as autoridades não atentarem em seus programas de governo, para os resíduos
urbanos, perigosos ou não, que são, todavia, seguros indicadores de aumento da
riqueza de um povo que vota.
José Carlos
Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário