"Da faculdade de Direito de
Uberlândia/ Jacy de Assis foi fundador/ Mas fazia outras coisas/ De lá também
era diretor/ Não isso somente/ Também era professor.
Não ficou
só em Uberlândia/ No Rio também trabalhou/ Membro do Instituto do direito
processual/ Em SP também ficou/ Trabalhou em Goiás/ E lá também se casou.
Em 1995 ele
morreu/ mas a sociedade o homenageou/ Com escola, praça e presídio,/ O seu nome
todo mundo honrou/ Ele merecia porque além de tudo/ Por todos ele lutou.
Minha
escola fez uma homenagem/ aquele que sempre lutou/ Recebeu o nome de Jacy de
Assis/ Dele a população recordou/ Porque falo de um grande homem/ Então nesta
escola aqui estou."
Após um
silêncio de 200 dias, começo a opinar hoje, sobre as ações do governo Gilmar
Machado nesta cidade. Primeiro deixar claro que apoiei com meu voto esta
mudança, que caracterizou uma alternância de poder, apesar de na maioria das
vezes discordar do estilo de seu partido ao governar. Desde janeiro presido uma
ONG – A Academia de Letras de Uberlândia, e temos uma comenda intitulada Jacy
de Assis, que entregamos para as personalidades, empresas e organizações que
constroem o capital social da cidade, através da colaboração em prol da cultura
e das artes. Entre outros homenageados, fomos dia 14 de maio até a Escola Jacy
de Assis no bairro São Jorge, e ali, em singela solenidade com participação da
direção, professores e alunos, entregamos a comenda, ocasião em que foi exaltada
a figura do nosso patrono, em prosa, versos e cordel como o mostrado em tela,
de autoria de 2 alunos que cursam o oitavo ano do turno da manhã, discípulos da
professora Eliane Cristina, a quem parabenizamos. Todavia uma ausência foi
notada: apesar de convidada, a secretaria de educação não compareceu e sequer
mandou representante.
Por ironia
do destino, o mesmo nome da escola serve a um presídio. E uma reflexão se faz
necessária: a inspiração para construção de mais escolas, irá reduzir o número
de cárceres num País, que apesar do clamor para redução da impunidade, só
esclarece 8 por cento dos homicídios e já possui a quarta população carcerária
do mundo. Afinal estamos vivendo em uma sociedade violenta e importa pensarmos
no porque disso - faltam escolas e professores de qualidade - e em como reduzir
estes indicadores. E por falar neles, os do Brasil figuram entre os piores - só
para entender, a violência é medida pelo índice que conta o número de mortes
violentas-homicídios, por grupo de 100 mil habitantes. O número considerado “normal”
pela OPAS -Organização Pan Americana de Saúde, varia de 0 a 5,0. Canadá está
com 1,5, os EUA com 6,4 o Uruguai com 4,0, Chile com 5,3, e México com 10,9. O
Brasil comparece com 31,0, superior à média da América Latina 25,3. Os números
de Uberlândia estão em torno de 36 mortes por 100.000 habitantes. Somos,
portanto, um dos povos mais violentos do mundo. E sofremos por isso. O risco de
se viver em um lugar assim é muito alto. Morre-se mais nos assaltos e durante a
ação da polícia contra bandidos. O prefeito desta cidade deveria ter em mente
que prestigiar escolas e melhorá-las, é uma forma de trabalhar positivamente o
intangível capital social, que salvará vidas e resgatará seu governo de ser
sócio da iniquidade, e candidato ao esquecimento pela história.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da
ALU-Academia de Letras de Uberlândia
debatef@debatef.com
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