Esta última
chuva em Uberlândia e região, veio para lavar a nossa alma e a natureza. Depois
de tanta secura é bonito ver renascer o broto da relva, as flores do jardim e
com elas retornarem os pássaros que dão vida ao lugar. Relembro então o verso
da música de Chico Buarque: “Voa macuco/ voa sanhaço/ Vai Juriti./ Te esconde
Colibri/ que o homem vem aí/ Que o homem vem aí”. A estupidez humana é
escancarada pelo artista, mas infelizmente toda criação e todo ecossistema não
podem se esconder da gente, daí os impactos ambientais, que tem na mudança
climática e na escassez de água, seu ponto dramático. Acabo de voltar de Palmas
no Tocantins e lá apesar da proximidade dos grandes rios Tocantins e Araguaia,
mesmo se chover, haverá racionamento de água, tal a gravidade da situação de
abastecimento de água da região. As cataratas do Iguaçu, mostradas a pouco na
televisão, se apresentam como filetes de água, e nosso rio Uberabinha sofreu
uma das mais drásticas reduções de vazão dos últimos 10 anos. Há ainda uma
séria advertência, com o prolongamento ano a ano da estiagem, o que nos leva há
imaginar o dia em que secos e sedentos, vamos esperar pela chuva e ela não virá.
A não ser que
mudemos nosso paradigma. Gastarmos menos água. Educarmos o povo, principalmente
as crianças, sobre atitudes sustentáveis quanto ao uso deste precioso líquido,
além de fazermos planos de ação sérios para contingenciar o problema. Já
existem tecnologias de ponta em nossas universidades, não utilizadas pelo poder
público, por exemplo: bombardear nuvens com nitrato de prata faz chover antes
que as mesmas se dispersem-diminuir a temperatura na “selva de pedra” obrigando
por meio de leis municipais, os cidadãos a plantarem mais árvores e
impermeabilizar o solo com grama - É inadmissível que um prefeito se utilize de
verbas públicas e faça quilômetros de parques lineares em torno de um rio
estratégico como o Uberabinha - principal fonte de água da cidade, e não
incorpore em seu projeto a plantação de mata ciliar nativa!
Além de técnica,
esta é também uma questão política: Os senhores governantes, cegos com a máxima
do poder pelo poder, tal como Goebels na propaganda nazista, escondem a real
situação da população, e mostram outra muito mais palatável e amena. Para isso
querem calar a imprensa, e construir o “controle social da mídia”, projeto já
tentado no plano federal, como fez durante décadas o estalinismo, na Rússia
utilizando o jornal Pravda. No Brasil já existem jornais cassados em seu
direito de informar suas cidades, o estado e até o País - caso do “Estadão”.
Blogueiros são silenciados e colunistas também. No meu caso, um político que
tenta se reeleger me levou até ao STF, com base na lei de imprensa da ditadura,
e lá tive de esgrimir juridicamente com o cidadão até vencê-lo, a um custo muito
alto para um simples professor, sem mordomias e sem jeton.
Em Palmas,
quando desembarcava na segunda feira, pude presenciar a polícia do estado, a
mando de um governador corrupto que tenta se reeleger tentar evitar pela força
a distribuição da revista “Veja” com uma liminar comprada, e ele só não teve
sucesso por conta da ação da polícia federal. Cena patética: quase uma guerra,
de fato, pela informação. Para onde caminhamos com uma vitória desta turma?
Pense nisso.
José Carlos
Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br
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