terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A Guerra pela Informação

Esta última chuva em Uberlândia e região, veio para lavar a nossa alma e a natureza. Depois de tanta secura é bonito ver renascer o broto da relva, as flores do jardim e com elas retornarem os pássaros que dão vida ao lugar. Relembro então o verso da música de Chico Buarque: “Voa macuco/ voa sanhaço/ Vai Juriti./ Te esconde Colibri/ que o homem vem aí/ Que o homem vem aí”. A estupidez humana é escancarada pelo artista, mas infelizmente toda criação e todo ecossistema não podem se esconder da gente, daí os impactos ambientais, que tem na mudança climática e na escassez de água, seu ponto dramático. Acabo de voltar de Palmas no Tocantins e lá apesar da proximidade dos grandes rios Tocantins e Araguaia, mesmo se chover, haverá racionamento de água, tal a gravidade da situação de abastecimento de água da região. As cataratas do Iguaçu, mostradas a pouco na televisão, se apresentam como filetes de água, e nosso rio Uberabinha sofreu uma das mais drásticas reduções de vazão dos últimos 10 anos. Há ainda uma séria advertência, com o prolongamento ano a ano da estiagem, o que nos leva há imaginar o dia em que secos e sedentos, vamos esperar pela chuva e ela não virá.

A não ser que mudemos nosso paradigma. Gastarmos menos água. Educarmos o povo, principalmente as crianças, sobre atitudes sustentáveis quanto ao uso deste precioso líquido, além de fazermos planos de ação sérios para contingenciar o problema. Já existem tecnologias de ponta em nossas universidades, não utilizadas pelo poder público, por exemplo: bombardear nuvens com nitrato de prata faz chover antes que as mesmas se dispersem-diminuir a temperatura na “selva de pedra” obrigando por meio de leis municipais, os cidadãos a plantarem mais árvores e impermeabilizar o solo com grama - É inadmissível que um prefeito se utilize de verbas públicas e faça quilômetros de parques lineares em torno de um rio estratégico como o Uberabinha - principal fonte de água da cidade, e não incorpore em seu projeto a plantação de mata ciliar nativa!

Além de técnica, esta é também uma questão política: Os senhores governantes, cegos com a máxima do poder pelo poder, tal como Goebels na propaganda nazista, escondem a real situação da população, e mostram outra muito mais palatável e amena. Para isso querem calar a imprensa, e construir o “controle social da mídia”, projeto já tentado no plano federal, como fez durante décadas o estalinismo, na Rússia utilizando o jornal Pravda. No Brasil já existem jornais cassados em seu direito de informar suas cidades, o estado e até o País - caso do “Estadão”. Blogueiros são silenciados e colunistas também. No meu caso, um político que tenta se reeleger me levou até ao STF, com base na lei de imprensa da ditadura, e lá tive de esgrimir juridicamente com o cidadão até vencê-lo, a um custo muito alto para um simples professor, sem mordomias e sem jeton.

Em Palmas, quando desembarcava na segunda feira, pude presenciar a polícia do estado, a mando de um governador corrupto que tenta se reeleger tentar evitar pela força a distribuição da revista “Veja” com uma liminar comprada, e ele só não teve sucesso por conta da ação da polícia federal. Cena patética: quase uma guerra, de fato, pela informação. Para onde caminhamos com uma vitória desta turma? Pense nisso.


José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br





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