“Na primeira
noite eles se aproximam e colhem uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam o nosso cão, e não
dizemos nada. Até que
um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,
arranca-nos a voz da garganta e porque não dissemos nada, já não podemos dizer
nada.” Maiakóvski
Li
atentamente as diversas reportagens do jornal “O Correio” sobre a devastação
que atinge a nascente e os tributários do rio Uberabinha. Pude ver diversas
manifestações de leitores, muitos de fora da cidade preocupados com a falta d’água
que está sendo contratada ainda para esta década. Uso este espaço como voz de
muitos leitores que através de e mails tem mostrado indignação com a alienação
de autoridades com tudo que está acontecendo a este corpo d’água. Principalmente
o ministério público que normalmente é a grande esperança do povo para reverter
situações como essa. Com artigos de jornal e os estudos da UFU sobre o tema, qualquer
promotor de meio ambiente já tem condições de promover uma ação civil pública,
obrigando autoridades municipais, estaduais e federais a realizar ou interditar
obras em favor da saúde e do futuro do rio. Não entendo o que está impedindo
estes senhores de fazer o seu dever!
Há
preocupação com a desarticulação da sociedade com relação a este assunto. Não
existe um conselho Municipal de Meio Ambiente, que seria um dos fóruns
adequados. O outro seria um comitê de bacia, a exemplo de tantos já instalados no
País e no mundo. Interesses divergentes entre cidades quanto ao uso da água.
Denúncias e ações contra crimes ambientais. Planejamento estratégico envolvendo
várias regiões metropolitanas. Tudo deve ser discutido nesses fóruns. Há falta
de vontade política dos governantes. Só restam os trabalhos idealistas das ONGs
de Meio Ambiente. Que representam um novo paradigma com sua voz rouca de
gritar, e que acabará por ser ouvida - porque estruturará a reação da
sociedade. Me lembro do NPABS- Núcleo de Pesquisas Ambientais da Baixada
Santista- uma ONG que ajudei a fundar e fui seu primeiro presidente. Queríamos
somente ajudar a população contra os impactos sobre sua saúde da poluição residual
em Cubatão. E conseguimos, defendendo teses de mestrado, doutorado. Aliados a
promotores públicos centros de pesquisa, outras ONGs, Universidades, buscamos
força política contra o poder político viciado e o poder econômico das
indústrias interessados em que não viesse a tona os resultados das pesquisas.
Houve ameaças contra pesquisadores e até morte de promotor público (Talvez seja
por isso que assistimos tanto silêncio de alguns). Mas conseguimos vitórias
significativas. Cinco anos e 300milhões de dólares depois a solução está
acontecendo. Um sucesso para a saúde da sociedade da baixada santista. Aqui o
ar empestado do jardim patrícia e adjacências por importante indústria avícola
não incomoda a FEAM e promotores de meio ambiente, tampouco nossos políticos,
que só pensam na próxima eleição. E o Rio? deixaremos morrer? Finalizando, uma homenagem à voz que
o governo Lula calou. Bóris Casói – que se tivesse aqui diria: Isto é uma
vergonha!
José Carlos
Nunes Barreto
Professor
doutor-debatef@debatef.com.br
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