Na defesa de minha tese de doutorado na USP,
em 2000, citei Murgel Branco, quando definia qualidade de vida como o objetivo
final do desenvolvimento ou da civilização. O que implica necessariamente na
preservação dos padrões e características regionais, já que civilizações
milenares foram destruídas ou deformadas pelo processo, que consiste basicamente em erradicar costumes e alterar o
meio natural. Analisávamos que, ao contrário, o desenvolvimento é algo que vem
de dentro para fora, como a evolução de um embrião, o desabrochar de uma flor,
o germinar de uma semente. ”São os fatores intrínsecos já contidos na semente
ou no gérmen que mais contam, e se algo tiver de ser adicionado de fora para
acelerar seu processo, terá de respeitar o que ali existia em gérmen e não
destruí-lo”. Também concordei com a análise de Saraiva -1997, sobre as questões
relacionadas com a produção de qualquer bem ou serviço, que podem ser
sistematizadas recorrendo ao que se denominou de “tetraedro tecnológico”. Onde fica clara a evolução dos
conceitos nas sociedades tecnológicas, em especial aqueles que surgiram nas
últimas décadas. Os vértices do tetraedro são: as matérias primas, a
informação, a energia e o ambiente. Da associação desses fatores resulta um
serviço ou um bem. Há trinta anos o tetraedro se reduzia a um segmento de reta,
entre as matérias primas e a informação, uma vez que naquela altura o custo de
energia era quase nulo e os problemas relacionados com as limitações das fontes
não eram encarados, senão por alguns “pessimistas”. Há 15 anos o modelo
resumia-se a um triângulo. As questões ambientais começavam então a ser postas,
mas a avaliação dos seus custos reais eram um “problema para as gerações
futuras”. Finalmente aos poucos na última década delineou-se um tetraedro, com
o último vértice sendo ocupado pela energia a ser consumida durante o processo.
Impõe-se desde então responder que quantidade e que tipo de emergia é exigida
não só pelo próprio processo produtivo como também pelo seu transporte,
distribuição e uso. Que impacto ambiental produz o processo energético-chuvas
ácidas, aquecimento global e desatres climáticos são exemplos de problemas que
precisam ser urgentemente mitigadose/ou
eliminados.
No Livro “A Vingança de
Gaia”, em 2006, o Cientista inglês James Lovelock preconiza que o equilíbrio
ambiental já foi rompido pelo aquecimento global, e o mesmo já passou do ponto
sem volta. A única saída para a terra seria nos próximos anos, reduzir a quantidade de seres humanos, motivada pela
essência de Gaia( na sua teoria a terra seria um organismo vivo com capacidade
de se manter saudável e tem compromisso com todas as formas de vida), o que
reduziria em até 80% a população do
planeta até 2100... Loucura? Lovelock não é qualquer um. Trabalha até hoje, aos
87, em seu laboratório particular. É o Inventor do aparelho que permitiu
detectar o acúmulo do pesticida DDT nos seres vivos, motivo pelo qual se
interrompeu seu uso. O mesmo aparelho ajudou a identificar o CFC como o gás responsável pela destruição
da camada de ozônio.. Por mim rebatizaria o tetraedro tecnológico para
tetraedro “de Lovelock” .Ele merece.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor
debatef@debatef.com.br
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