quinta-feira, 28 de maio de 2015

O Tetraedro de Lovelock.

     Na defesa de minha tese de doutorado na USP, em 2000, citei Murgel Branco, quando definia qualidade de vida como o objetivo final do desenvolvimento ou da civilização. O que implica necessariamente na preservação dos padrões e características regionais, já que civilizações milenares foram destruídas ou deformadas pelo processo, que consiste  basicamente em erradicar costumes e alterar o meio natural. Analisávamos que, ao contrário, o desenvolvimento é algo que vem de dentro para fora, como a evolução de um embrião, o desabrochar de uma flor, o germinar de uma semente. ”São os fatores intrínsecos já contidos na semente ou no gérmen que mais contam, e se algo tiver de ser adicionado de fora para acelerar seu processo, terá de respeitar o que ali existia em gérmen e não destruí-lo”. Também concordei com a análise de Saraiva -1997, sobre as questões relacionadas com a produção de qualquer bem ou serviço, que podem ser sistematizadas recorrendo ao que se denominou de “tetraedro  tecnológico”. Onde fica clara a evolução dos conceitos nas sociedades tecnológicas, em especial aqueles que surgiram nas últimas décadas. Os vértices do tetraedro são: as matérias primas, a informação, a energia e o ambiente. Da associação desses fatores resulta um serviço ou um bem. Há trinta anos o tetraedro se reduzia a um segmento de reta, entre as matérias primas e a informação, uma vez que naquela altura o custo de energia era quase nulo e os problemas relacionados com as limitações das fontes não eram encarados, senão por alguns “pessimistas”. Há 15 anos o modelo resumia-se a um triângulo. As questões ambientais começavam então a ser postas, mas a avaliação dos seus custos reais eram um “problema para as gerações futuras”. Finalmente aos poucos na última década delineou-se um tetraedro, com o último vértice sendo ocupado pela energia a ser consumida durante o processo. Impõe-se desde então responder que quantidade e que tipo de emergia é exigida não só pelo próprio processo produtivo como também pelo seu transporte, distribuição e uso. Que impacto ambiental produz o processo energético-chuvas ácidas, aquecimento global e desatres climáticos são exemplos de problemas que precisam ser  urgentemente mitigadose/ou eliminados.

No Livro “A Vingança de Gaia”, em 2006, o Cientista inglês James Lovelock preconiza que o equilíbrio ambiental já foi rompido pelo aquecimento global, e o mesmo já passou do ponto sem volta. A única saída para a terra seria nos próximos anos, reduzir  a quantidade de seres humanos, motivada pela essência de Gaia( na sua teoria a terra seria um organismo vivo com capacidade de se manter saudável e tem compromisso com todas as formas de vida), o que reduziria em até  80% a população do planeta até 2100... Loucura? Lovelock não é qualquer um. Trabalha até hoje, aos 87, em seu laboratório particular. É o Inventor do aparelho que permitiu detectar o acúmulo do pesticida DDT nos seres vivos, motivo pelo qual se interrompeu seu uso. O mesmo aparelho ajudou a identificar  o CFC como o gás responsável pela destruição da camada de ozônio.. Por mim rebatizaria o tetraedro tecnológico para tetraedro “de Lovelock” .Ele merece.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com.br

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