Há seis anos...no túnel do tempo...O Blog "Olhar Crítico" reproduziu  minha Carta à Dilma Roussef, revejam:

Prezada presidente: 

Apesar do acerto e do sucesso de sua fala na ONU, e mesmo com as suas justas medidas contra funcionários corruptos do primeiro escalão do seu governo, a meu ver sua excelência nada faz pelo país em questões andantes e essenciais como segurança pública, saúde e educação. 

Isso porque, ao apear do poder, seu antecessor e correligionário, para elegê-la, fez um rombo de 200 bilhões de reais, e a conta já chegou, e a senhora sabe disso. Tenta ressuscitar a famigerada CPMF para financiar a saúde — com hospitais públicos sucateados e pessoas sofrendo em macas pelos corredores — e parece esquecer que é preciso tapar os ralos da ineficiência e da ineficácia desses serviços, que custam a vida de milhares de brasileiros ano a ano. 

Infelizmente, em questões de saúde pública neste país, mesmo para os 40 milhões mais ricos que pagam plano de saúde, não há garantia de atendimento para uma série de doenças. O que fazer? 

Em outro item caro a todos nós, vossa excelência prometeu, durante a campanha, que ia segurar drogas e armas nas fronteiras e, hoje, retira verbas da polícia federal. Além disso, faltam homens e treinamento para a polícia rodoviária federal cumprir sua missão. Como livrar nossa juventude da cocaína e do crack desse jeito? 

O Brasil investe anualmente 400 dólares por aluno em educação e isso representa – para fazer uma comparação com o Cone Sul pobre – metade do que investe a argentina e dois terços do que gasta o Chile. E nosso atraso educacional trava o país e envergonha nossa bandeira. O dinheiro que falta é aquele que sai em cuecas e meias de integrantes de seu partido e da base aliada. E ainda querem mais para a reforma política? 

O “Napoleão de S. Bernardo” está costurando mais um estelionato e este sob as barbas de seu governo: estabelecer a conta de 2 bilhões de reais para a viúva bancar as campanhas eleitorais de forma que vocês se perpetuem no poder com o PMDB e seus apoiadores, e sem estancar o balcão com os corruptores da iniciativa privada, que “investem” em campanhas políticas e são o ovo da serpente de mensalões e assemelhados. 

Em tal reforma, só poderiam se candidatar quem estivesse numa “lista partidária”, para assegurar que só aqueles comprometidos com os esquemas de corrupção sejam eleitos. Enquanto isso, como disse Aécio Neves, o partidão – o seu partido – só pensa nele, e nunca no país. 

Depois de aparelhar o Estado brasileiro com 25.000 cargos para seus apaniguados políticos, tentou – e conseguiu – defenestrar o presidente de uma empresa do porte da Vale do Rio Doce, o que causa arrepios no empresariado nacional. 

Quem apoia esse tipo de iniciativa em seu governo é a oligarquia do tipo sarneysista, que comanda setores inteiros de nossa economia com suas cadeias de valor, calam a imprensa, compram o judiciário e perpetuam as desigualdades sociais – que a senhora quer eliminar, e acreditamos nisso – ao desviar dinheiro público para paraísos fiscais, ou seja, seus próprios bolsos, pois não existe forma mais fácil de enriquecer no mundo hoje, que ser político desonesto no Brasil. 

Em Minas Gerais, acreditamos que não existem homens que tenham mais direitos que outros, e desde os tempos que motivaram nossa “inconfidência” acreditamos que a justiça é para todos e contra qualquer jugo desigual que nos oprima, grafamos com sangue os termos que tremulam em nossa flâmula: “liberdade ainda que tardia”. 

José Carlos Nunes Barreto 
Professor doutor – debatef@debatef.com.br
 
 
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