terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Férias nas Estradas

" Adoro andar pela estrada;tendo a felicidade acordada;acendendo a lua;feito um lampião"
Paulinho Tapajós

Os brasileiros que podem trabalham o ano inteiro e,quando resolvem sair de férias, se deparam com uma de nossas muitas guerras internas:a do trânsito nas estradas. Em um País sem ferrovias adequadas ao seu tamanho e ao seu PIB( a Argentina, por exemplo, tem o dobro de nossa malha ferroviária), em que o transporte aquaviário em rios e canais são meros apêndices, e os aeroportos ainda sofrem apagões estruturais,com passagens de elevado preço, a solução indicada ainda é pegar rodovia, e encarar verdadeiro rali com a família- um risco que nenhum de nós , se tivesse opção,gostaria de correr.


Os números das ocorrências de morte nas estradas, entre o Natal e o Ano Novo, chegam a algumas centenas de pessoas, além de milhares de feridos. A maioria dos sobreviventes tem sequelas graves, ao ser retirada de ferragens, em eventos envolvendo predominantemente caminhões. Pergunto pelos quase acidentes, como costumamos fazer nos sistemas de Gestão em Segurança e Saúde Ocupacional das normas BS 8800 e OHSAS 18001, largamente utilizados na indústria e nos serviços do País.


Respondem que não existem dados, mas  as estimativas seriam de centenas de milhares, e segundo  estatisticas consolidadas nesta área, para cada 3000 quase acidentes, teremos 1 acidente fatal e 600 acidentes com sequelas...


Um verdadeiro número de guerra...e não há na sociedade nenhum clamor público contra isso.Existe um estupor geral,que culpa sempre o motorista e, nunca a ausência de gestão nas estradas por parte do Estado.Seja pela falta de recursos humanos treinados.Seja pela falta de equipamentos como balanças e bafômetros,seja pela ausência  de projetos adequados, seguidos de manutenção apropriada.


O Brasil possui 1.7 milhão de quilômetros de estradas e só 10% estão asfaltadas, vale dizer que, quando reclamamos, estamos nos referindo à elite deste modal, ou cerca de 180.000 quilômetros, pois as estradas vicinais municipais e as estaduais e federais de terra, são o restante dos 90% intransitáveis nesta época de chuvas.


Agora pense: como puderam os governos petistas nos seus 13 anos de poder, construir infraestrutura de portos e  estradas, no valor de centenas de bilhões de dólares, em Cuba, Argentina, Peru, bolívia e  por aí vai em toda América Latina e África...como aceitar este deboche com nossos recursos públicos, e total descaso com milhares de vidas aqui perdidas, pergunto indignado.


O verso de Paulinho Tapajós portanto, deveria ser transformado em infelicidade acordada, tal a prevalência de dor e morte nas estradas, por desvio de recursos e de finalidade, de nossos impostos.
E duvido que qualquer família adore viver assim...chorando seus mortos, sobrevivendo com sequelas de uma guerra anunciada.


José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e sócio - diretor  da DEBATEF Soluções e Conhecimento
debatef@debatef,com

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