terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Poder Bandido

Dá vontade de rir ao ver o ministro da casa civil de Temer,  explicar à planície que a crise gerada pelo adiamento, talvez sine die,da reforma da previdência, não vai trazer crise econômica ao país...

O governo provisório gastou todo capital político, para evitar a investigação das malas de dinheiro de propina, endereçado ao presidente , e nada sobrou para o que realmente interessava à economia, que vai sustentar  a sociedade brasileira ,nos próximos anos.

Esta é a marca deste governo, é bom que se diga...Dá sua primeira versão,e se colar colou. Depois vem a segunda, a terceira...

Quando chega a última versão, na maior cara de pau, já cansamos e estamos no meio de outro escândalo.Ou muita gente já quebrou , ou morreu, de acordo com o vórtice criado pelo trabalho da máquina do Estado, para fazer valer a versão do rei de plantão.

Peço vênia para citar o filme de Fernando Meireles, baseado no livro de Saramago" Ensaio sobre a Cegueira", que recomendo. Há nele uma impagável cena, quando um bandido cego(desses que nos governam, compram votos, roubam o Estado), desconfia da personagem sã e a persegue, quase a mata, afinal,sempre se paga um preço quando se enxerga.

E foi graças à astúcia dela, ao se fingir de cega , que pode salvar sua família e amigos da tirania instalada, e do caos que tomou conta da cidade, após a contaminação geral com o vírus da cegueira.

O poder detesta vácuo: em um sistema legal,( família,empresa,Estado), o poder está constituído:ótimo!viva o rei!mas, se o rei é morto, rei posto!Na favela, na cadeia , manda o poder paralelo.É a ganância imperando mediante a exploração do homem pelo homem. A  miséria humana desde sempre.

Todavia o  poder pode ser exercido com todas as distorções e crueldade, por um simples porteiro de prédio, ou guarda de empresa, ou espião do Estado- E a exemplo do filme, a história mostra o quanto estas figuras o exercem contra os mais fracos,ou até contra altos ministros- caso da ABIN em Brasília.

Exercer o poder republicano nos exige enxergar, como para atravessar a avenida Ipiranga com a  avenida São João, onde o número de atropelamentos gera 1 morte para 50 mil travessias. A solução seria saltar de paraquedas(cujo indicador bem melhor é uma morte para 200 mil saltos) ou mudar o governo,tirando os bandidos...


José Carlos Nunes Barreto
professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)
debatef@debatef.com


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