terça-feira, 28 de novembro de 2017

Eu, Caçador de Mim 2

"Nada a temer;Se não o correr da luta;Nada a fazer;  Se não esquecer o medo;Abrir o peito;À força de uma procura;Fugir das armadilhas; da mata escura"(Milton Nascimento)

Vivi 40 dos meus 67 anos entre o Rio de Janeiro, Niterói  e Santos, onde permaneci por 22 anos.Uberlândia foi a cidade do coração, e a escolhida para viver após a aposentadoria ,que apesar da idade ainda não se fez chegar. Quanto ao Rio , Niterói e Santos, três cidades conhecidas pelo prazer de viver à beira mar. Faz sentido observar as culturas das mesmas onde vivemos, e compará-las , para descobrir o que herdamos como maneira de ser e viver. Também para quem tem tempo e dinheiro, ir atrás da árvore genealógica, ajuda muito.Por isso o tema...Tenho pensado muito sobre isso, e tendo como metas para  minhas próximas viagens de turismo, ir à África atrás de minhas raízes por parte de mãe, já que já estive na Holanda entendendo um pouco as do pai.
Todavia, muito há para se desvendar, das influências de um passado recente destas cidades litorâneas , notadamente  o Rio e Santos,que possuem um povo aberto, afetuoso e com história- orgulhosos de seu passado- infelizmente, a partir do término das olimpíadas de 2016, uma queda vertiginosa nas arrecadações fiscais, tem levado o caos a estas cidades, notadamente ao Rio,e a operação Lava Jato, num ineditismo que merece nobre destaque, prendeu seus 3 ex- governadores  por crimes dos mais variados contra a população...
Santos, com a queda na exploração do pré sal, o fechamento da siderúrgica em Cubatão-sua região metropolitana, além de sua cadeia de "suply chain", tem levado tristeza e penúria a este povo agora menos feliz. Todavia sua história é linda, com a hospedaria dos imigrantes,com o caminho do mar a instalar o solar da marquesa de Santos, a vida e o túmulo do patriarca da independência.Também o Rio , por ter sido capital da república por tanto tempo,berço da república, mesmo tão maltratada pelos governos federais-assim que se mudou a capital para o planalto central do País, se transformou no "tambor" do Brasil,com tudo que acontece por lá repercutindo, para o bem ou para o mal, em todo território nacional.
Em Uberlândia onde vivo há 22 anos(cinco como estudante de Engenharia e 17 após escolha como opção para envelhecer), acho interessante observar a seguir, algumas de suas características  marcantes . Do portal do cerrado, vêem-se fazendas, indústrias, o polo logístico, e o posicionamento privilegiado e equidistante aos principais centros de produção e poder do País. Não se fica impunemente nesta posição.Há que se pagar o preço em termos de aculturamento, de descobertas, de influências.Um povo audacioso,que pensa grande.E a  audácia distingue você do rebanho.
Sempre digo aos meus alunos: sejam ousados.Evitem a hesitação  que coloca obstáculos no caminho, enquanto a audácia, bem colocada, os elimina.
Milton Nascimento, em sua música ensina" Doce ou atroz;Manso ou feroz;A vida me fez assim". Entendo que isso é   conhecer a si mesmo,por exemplo,saber que da cultura do mar ,você ganha a contemplação, a poesia,e a cabeça aberta à pessoas e às situações.E, da cultura das montanhas e do cerrado, adquire um certo desconfiar, que lhe dá poder.Uma confiança de que tudo dará certo.Um saber das horas que correm, e ,que nos cobram ações e coerência. É lá que as pessoas descobrem, com seus sextos sentidos, O Espírito do Criador, a lhes imprimir firmeza de propósitos, e visões de dias melhores, com sonhos de repartir o pão, e as oportunidades.
 Concluo com o verso forte da canção de Milton, que tem cara de Ouro Preto, Aleijadinho e Zumbi dos Palmares:
"Longe se vai sonhando demais;
Mas onde se chega assim;
Vou descobrir;
O que me faz sentir;
Eu caçador de mim"

Jose Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)
debatef@debatef.com

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