Ha! mama África/
A minha mãe/
É mãe solteira[...]
Chico César
Genocídio. É
definido no Aurélio como crime contra a humanidade, o que consiste em destruir
total ou parcialmente um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Cometer
contra eles, qualquer dos atos seguintes: matar membros seus; causar-lhes grave
lesão à integridade física ou mental; submeter o grupo à condições de vida
capazes de o destruir fisicamente no todo ou em parte (grifo nosso).
O tema desta
crônica é o título de um filme que reproduz uma parte da história que cobre de
vergonha a humanidade. Os europeus de forma geral, colonizaram as Américas,
Ásia e África. A África e a América Latina foram alvo do que há de pior em
termos de dominação. Foram saqueadas, humilhadas e tiveram seu futuro boicotado
por aviltamentos acontecidos neste período.E que permanecem até hoje.Vocês
acompanharam as discussões sobre a rodada de Doha e a última reunião da OMC em
Hong Kong? Homens de estado,entre eles o ministro Celso Amorim,defendem nossos
interesses contra uma nova dominação: A colonização mercadológica e tecnológica
por esses mesmos países e os EUA. Primeiro tiraram o ouro, pedras preciosas,
madeiras nobres. Agora, estão levando mercados,genes e princípios ativos. Infelizmente
foram mais cruéis com a África. Escravizaram. E ao sair queimaram as pontes do
futuro ao lançarem o dissídio entre irmãos, e dividirem países.Este filme
sugerido por um ex-chefe das forças de Paz da ONU em Angola- cel. Ribeiro ,expõe a divisão dos Tutsis e
Hutus, de forma maquiavélica- através da desigualdade na divisão de poder pelos
colonizadores belgas, que contrataram uma
guerra civil anunciada e construída pelo ódio racial. Que ceifou 2
milhões de almas tutsis .Provocou o deslocamento de outros milhões para países
limítrofes. aTudo sob o olhar atônito da ONU, e com o fornecimento de armas aos
hutus pelos franceses.
Este cenário
aconteceu há somente dez anos atrás,e não teve tanto impacto na opinião pública mundial ,por causa dos interesses “cruzados” das
mídias européias e americanas. Apesar disso, escancarou ao mundo uma ONU ,
depauperada e atada aos interesses dos EUA e de parte da Europa- tanto assim
que anos depois foi desrespeitada em sua resolução contrária à invasão do
Iraque pelos EUA.E a África? ora a África. Não é lá que vivem os negros?
Um dos poucos
momentos políticos brilhantes do governo Lula(daí a César o que é de César),foi
quando lá, em sua visita como chefe de estado ,pediu desculpas pelos 400 anos
de escravidão de africanos neste País. Mas seria bom que o Presidente,
Congresso e as demais autoridades estaduais e municipais, prestassem atenção ao
nosso grifo na definição de genocídio, dando conta das estatísticas de mortes
violentas que apontam para uma maioria (70%)de vítimas sendo jovens e negros.
Aqui as balas da polícia substituem os facões hutus. E parece que não temos um
Paul( herói e benfeitor dos tutsis).Nem um hotel Ruanda(que acolhia crianças e
famílias Tutsis). Tão pouco temos educação de qualidade e escolas, que seriam a
misericórdia para nossa população afro-brasileira.Com esta reflexão me despeço...
José Carlos
Nunes Barreto
Professor
doutor
debatef@debatef.com