terça-feira, 26 de abril de 2016

Ao presidente do Congresso

“Para me punir por meu desprezo pela autoridade, o destino fez de mim uma autoridade” Albert Einstein

  Analisei o artigo “Uma agenda para a infância” publicado no Jornal Correio de 28/8/2005. Nele Vossa Excelência discorre sobre a urgência de ações em favor de 60 milhões de brasileiros (quase duas argentinas) menores de 18 anos. Para tanto diz que “será necessário uma reforma política profunda e via de consequência, instituições fortalecidas para garantir uma infância digna e saudável”. Tese louvável e óbvia, digamos assim. Mas peço vênia à Vsa Excia para citar as palavras do Professor Peter Lindert da Universidade da Califórnia, nas Páginas amarelas da Revista Veja de 31/08/2005, sobre a necessidade de mudança da prioridade de gastos sociais no País. “Gastamos muito e mal: 25% do PIB, só que majoritariamente com os mais ricos”. O entrevistado é autor de “Growing Public”, livro que mapeia a relação entre crescimento econômico e dispêndios sociais desde o século 18 ,e achou uma deformação o caso do Brasil: “apesar da prevalência de uma população jovem, a maior parte dos recursos é injetada no sistema previdenciário, que  atende principalmente as aposentadorias  de militares e juízes”. É um contrasenso. A pirâmide demográfica do Brasil é invertida
em relação à países como Itália, França e Alemanha, entretanto nossos gastos  com previdência são parecidos aos deles que possuem uma população já envelhecida. Vivemos o paradoxo de Hobin Hood: Os mais pobres contribuem para ajudar os ricos. Não temos problemas de recursos para esta agenda senador! Precisamos sim, da inversão das prioridades. A base da pirâmide social deve receber mais recursos a serem investidos principalmente em saúde e educação. Quanto ao topo dela quem sabe, taxar o consumo de itens supérfluos tipo caviar e uíque 18 anos?  Assim fazem países que nos últimos anos resgataram suas populações da miséria absoluta. A China em cinco anos tirou cerca de trezentos milhões de pessoas (cerca de uma América) dessa situação.

Senador Vossa Excelência têm nas mãos a presidência do Congresso Nacional, e o Parlamento hoje está em crise. Não fará por isso esta revolução que assistimos na Ásia, mesmo em países que estiveram em guerra como o Vietnã., porque não tem mais legitimidade. Esta revolução é possível, e precisamos apenas usar algumas ferramentas da qualidade, tal como já o fazemos para produzir o melhor aço do mundo e para estarmos com 2% da produção de artigos científicos no mundo. Faltou um elo no artigo de Vsa Excia: O como fazer, presente no 5W2H (O que fazer?, quem é o responsável? como fazer? quando? onde? porque? quanto custa?.) Já estamos fartos de promessas vazias. Existem projetos para tirar as crianças da rua, do trabalho infantil que as colocará na marginalidade e quem sabe em presídios caros para a sociedade?

Por favor senador, nestes dias de horrorosas CPMIs esperávamos ouvir de uma liderança como Vossa Excelência muito mais que isso: Quem sabe, um aceno para a quebra desta cadeia de irresponsabilidades, ou o verbo de estadista,  no mínimo, não duvidar da capacidade de pensar do povo brasileiro.

  José Carlos Nunes Barreto
  professor doutor

  debatef@debatef.com     

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