“Para me punir por meu desprezo pela
autoridade, o destino fez de mim uma autoridade” Albert Einstein
Analisei o artigo “Uma agenda para a infância” publicado no Jornal
Correio de 28/8/2005. Nele Vossa Excelência discorre sobre a urgência de ações
em favor de 60 milhões de brasileiros (quase duas argentinas) menores de 18
anos. Para tanto diz que “será necessário uma reforma política profunda e via
de consequência, instituições fortalecidas para garantir uma infância digna e saudável”.
Tese louvável e óbvia, digamos assim. Mas peço vênia à Vsa Excia para citar as
palavras do Professor Peter Lindert da Universidade da Califórnia, nas Páginas
amarelas da Revista Veja de 31/08/2005, sobre a necessidade de mudança da
prioridade de gastos sociais no País. “Gastamos muito e mal: 25% do PIB, só que
majoritariamente com os mais ricos”. O entrevistado é autor de “Growing
Public”, livro que mapeia a relação entre crescimento econômico e dispêndios
sociais desde o século 18 ,e achou uma deformação o caso do Brasil: “apesar da
prevalência de uma população jovem, a maior parte dos recursos é injetada no
sistema previdenciário, que atende
principalmente as aposentadorias de
militares e juízes”. É um contrasenso. A pirâmide demográfica do Brasil é
invertida
em relação à países como Itália, França
e Alemanha, entretanto nossos gastos com
previdência são parecidos aos deles que possuem uma população já envelhecida.
Vivemos o paradoxo de Hobin Hood: Os mais pobres contribuem para ajudar os ricos.
Não temos problemas de recursos para esta agenda senador! Precisamos sim, da
inversão das prioridades. A base da pirâmide social deve receber mais recursos
a serem investidos principalmente em saúde e educação. Quanto ao topo dela quem
sabe, taxar o consumo de itens supérfluos tipo caviar e uíque 18 anos? Assim fazem países que nos últimos anos
resgataram suas populações da miséria absoluta. A China em cinco anos tirou
cerca de trezentos milhões de pessoas (cerca de uma América) dessa situação.
Senador Vossa Excelência
têm nas mãos a presidência do Congresso Nacional, e o Parlamento hoje está em
crise. Não fará por isso esta revolução que assistimos na Ásia, mesmo em países
que estiveram em guerra como o Vietnã., porque não tem mais legitimidade. Esta revolução
é possível, e precisamos apenas usar algumas ferramentas da qualidade, tal como
já o fazemos para produzir o melhor aço do mundo e para estarmos com 2% da
produção de artigos científicos no mundo. Faltou um elo no artigo de Vsa Excia:
O como fazer, presente no 5W2H (O que fazer?, quem é o responsável? como fazer?
quando? onde? porque? quanto custa?.) Já estamos fartos de promessas vazias.
Existem projetos para tirar as crianças da rua, do trabalho infantil que as
colocará na marginalidade e quem sabe em
presídios caros para a sociedade?
Por favor senador, nestes
dias de horrorosas CPMIs esperávamos ouvir de uma liderança como Vossa
Excelência muito mais que isso: Quem sabe, um aceno para a quebra desta cadeia
de irresponsabilidades, ou o verbo de estadista, no mínimo, não duvidar da capacidade de
pensar do povo brasileiro.
José Carlos Nunes Barreto
professor doutor
debatef@debatef.com
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