domingo, 21 de junho de 2015

A Reforma


“Saber, poder, querer. A trilogia do empreendedorismo. Tal qual na trilogia do “triângulo do fogo”, (calor, combustível, comburente), é necessário existir os três ingredientes que se completam.”
(Adaptado).

Tenho feito reflexões sobre a reforma universitária que gostaria de compartilhar. Em primeiro lugar parabenizo o ministério da educação pela iniciativa  , pelo debate decorrente, pela luz acompanhada de calor. A universidade, mil anos após sua fundação, é vítima  de esgotamento em seus modelos, e é tempo de repensá-la principalmente aqui no Brasil. Para melhor contribuição, tenho o olhar voltado para  pontos, a meu ver equivocados do projeto. Por ordem de importância:

1-Uma reforma do ensino superior nunca deveria estar dissociada dos ensinos fundamental e médio.” A universidade começa na pré-escola”, como prega com propriedade o ex-ministro da educação, o professor Cristovam Buarque.

2- A reforma não toca na questão crucial  do efeito cartorial  do diploma universitário. Milhares de pessoas acreditam que o diploma universitário lhes abrirá a porta para os empregos, e é necessário assegurar que na era do conhecimento as habilidades e competências devem ser construídas durante e após a formação, sendo testadas periodicamente para validação do diploma, mesmo décadas após a formatura do aluno. Eliminar-se-ia o termo ex-aluno e teríamos então ex-médico, ex-engenheiro, ex-advogado, ex-doutor, etc. Aliás esta medida seria um tsunami sobre todos os cartórios profissionais que deverão ser repensados e requalificados, ficando somente os indispensáveis ao exercício profissional, em benefício da sociedade.

3-O conceito de público e privado está totalmente fora de foco neste projeto. Há universidades particulares que possuem cursos que atendem o interesse público e há universidades públicas que só atendem o interesse privado (vide a nebulosa atuação das fundações). O que não podemos é impor conselhos em universidades, pois isto fere a autonomia universitária!

4- É imoral o termo popularização da universidade, num país onde somente 1/3da população completa o segundo grau e menos de 10%dos jovens entre 18 e 24 anos chegam à universidade (contra 50% nos países desenvolvidos).O que precisamos é de uma base de ensino que cresça e eleve os melhores à universidade pela meritocracia, mesmo que com políticas compensatórias para minorias, como na UNICAMP.É assim em todo lugar do mundo, porque de bom senso!

5-Como na constituição americana, com poucas linhas, devemos traçar diretrizes que serão seguidas ou não e que quando comparadas aos “benchmarks”, através de ferramentas tipo “Balance Score Card”, e divulgadas, farão crescer as melhores e perder mercado as piores, como aprendemos com o provão.

6-Na Pós graduação temos excelentes centro de pesquisas, como IAC, Hospital Sara Kubschek entre outros, formando especialistas e mestres   e  a reforma sequer menciona esta hipótese. Porque?

7-Depois de décadas formando doutores nas universidades públicas num esforço da sociedade, agora os “caça níqueis” particulares estão despedindo todos os professores com esta titulação após terem seus cursos aprovados pelo MEC. Um escândalo que só acontece no Brasil e que não é corrigido neste arremedo de reforma. 

Finalizo com mais uma questão: Porque não institucionalizar o ensino  universitário fora do campus e para o mundo, através dos endereços eletrônicos, via ensino a distância, como já fazem as grandes USP,Harvard e MIT?

José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor

debatef@debatef.com

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