“Saber, poder, querer. A trilogia do empreendedorismo.
Tal qual na trilogia do “triângulo do fogo”, (calor, combustível, comburente), é
necessário existir os três ingredientes que se completam.”
(Adaptado).
Tenho feito reflexões sobre
a reforma universitária que gostaria de compartilhar. Em primeiro lugar
parabenizo o ministério da educação pela iniciativa , pelo debate decorrente, pela luz
acompanhada de calor. A universidade, mil anos após sua fundação, é vítima de esgotamento em seus modelos, e é tempo de
repensá-la principalmente aqui no Brasil. Para melhor contribuição, tenho o
olhar voltado para pontos, a meu ver
equivocados do projeto. Por ordem de importância:
1-Uma reforma do ensino
superior nunca deveria estar dissociada dos ensinos fundamental e médio.” A
universidade começa na pré-escola”, como prega com propriedade o ex-ministro da
educação, o professor Cristovam Buarque.
2- A reforma não toca na
questão crucial do efeito cartorial do diploma universitário. Milhares de pessoas
acreditam que o diploma universitário lhes abrirá a porta para os empregos, e é
necessário assegurar que na era do conhecimento as habilidades e competências
devem ser construídas durante e após a formação, sendo testadas periodicamente
para validação do diploma, mesmo décadas após a formatura do aluno.
Eliminar-se-ia o termo ex-aluno e teríamos então ex-médico, ex-engenheiro, ex-advogado,
ex-doutor, etc. Aliás esta medida seria um tsunami sobre todos os cartórios
profissionais que deverão ser repensados e requalificados, ficando somente os
indispensáveis ao exercício profissional, em benefício da sociedade.
3-O conceito de público e
privado está totalmente fora de foco neste projeto. Há universidades
particulares que possuem cursos que atendem o interesse público e há
universidades públicas que só atendem o interesse privado (vide a nebulosa
atuação das fundações). O que não podemos é impor conselhos em universidades,
pois isto fere a autonomia universitária!
4- É imoral o termo
popularização da universidade, num país onde somente 1/3da população completa o
segundo grau e menos de 10%dos jovens entre 18 e 24 anos chegam à universidade (contra
50% nos países desenvolvidos).O que precisamos é de uma base de ensino que
cresça e eleve os melhores à universidade pela meritocracia, mesmo que com
políticas compensatórias para minorias, como na UNICAMP.É assim em todo lugar
do mundo, porque de bom senso!
5-Como na constituição
americana, com poucas linhas, devemos traçar diretrizes que serão seguidas ou
não e que quando comparadas aos “benchmarks”, através de ferramentas tipo
“Balance Score Card”, e divulgadas, farão crescer as melhores e perder mercado
as piores, como aprendemos com o provão.
6-Na Pós graduação temos
excelentes centro de pesquisas, como IAC, Hospital Sara Kubschek entre outros,
formando especialistas e mestres e a reforma sequer menciona esta hipótese. Porque?
7-Depois de décadas formando
doutores nas universidades públicas num esforço da sociedade, agora os “caça
níqueis” particulares estão despedindo todos os professores com esta titulação
após terem seus cursos aprovados pelo MEC. Um escândalo que só acontece no
Brasil e que não é corrigido neste arremedo de reforma.
Finalizo com mais uma
questão: Porque não institucionalizar o ensino
universitário fora do campus e para o mundo, através dos endereços
eletrônicos, via ensino a distância, como já fazem as grandes USP,Harvard e
MIT?
José
Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor
debatef@debatef.com
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