domingo, 21 de junho de 2015

O construir do amor

“Eu protegi teu nome por amor/ com o codinome beija flor” Cazuza


Tudo na vida se resume em “fazer amor”. Não só da forma crua e nua. Pois ”é de sonho e de pó /o destino de um só”, segundo Renato Teixeira. Para fugir da solidão, portanto é necessário conquistar alguém. Depois  “viver um grande amor” a lá Vinícius de Moraes. Ver juntos o pôr de sol e renovar esse amor em cada amanhecer... À  noitinha quando chegar do trabalho sentir o abraço confortável e o doce beijo da pessoa amada que acelera seu pulso e faz seu coração bater mais depressa. Você se lembra no momento do parto, as mãos dele apertando as suas como a te dizer te amo? agora quando vocês vêem crescer juntos os filhos sentem a mesma” presença” que durante anos lhes proporcionou  o apaixonar-se um pelo outro. Quando numa prece, ele põe as mãos em seu ombro, frente às camas dos filhos que dormem e lhe diz para não se preocupar com o futuro, pois Deus é Pai. Você se sente segura. E se na madrugada o mais velho ainda não chegou e vocês estão acordados e preocupados juntos, isto também é uma forma de dizer “eu te amo”. Principalmente quando escutam o barulho da porta, e brincam aliviados ... disfarçam e vão dormir de pés dados. (depois de fingirem que não estavam acordados para não aborrecerem o pimpolho).

Construir o amor é caminhar juntos na vida. Superar obstáculos. Crescer (Como duas palmeiras lado a lado) juntos espiritual e intelectualmente. Revolucionar unidos e fazer o ganha-ganha. Fortalecer laços em comum, como aqueles “detalhes tão pequenos de nós dois que são coisas muito grandes para esquecer” do verso de Erasmo. Muitas vezes chamados de bobos e insignificantes, eles são fundamentais para turbinar atitudes que agradem o outro e com isso evitar a rotina que é a mais cruel inimiga do amor.

Quando se está triste e deprimido (pois “são demais os perigos desta vida”) ela vai dizer que no fim tudo vai dar certo. Aquela promoção vai chegar sim e que é preciso ter paciência. Ele dirá que esta é só uma má fase, e a inspiração chegará para ela concluir sua tese. Nesse instante qualquer um dos dois podem dizer “eu fiz amor”. “Não fiquei sentado à beira do caminho”.

E se após décadas de relacionamento pinta um perde-ganha, como no verso de Herbert Vianna?” Você me tem fácil demais /mas não parece capaz de cuidar do que possui/”!?...Tempo! Reflexão! colocar na balança tudo que se construiu. Valeu a pena? ”Os momentos felizes deixaram raízes”? Vale tentar o “começar de novo” lambendo as feridas?

Neste ponto muitas vezes é necessário ajuda de um profissional psicólogo e facilitador deste encontro de contas. Muita gente peca neste crucial momento, ao tentar fazê-lo sozinho e perde a mulher ou o homem, “amor da sua vida”. Mas se vocês fizeram “amor pra valer”, vão se espelhar na canção “iluminados” de Ivan Lins e Vitor Martins: ”O amor tem feito coisas /que até mesmo Deus duvida/Já curou desenganados/já fechou tanta ferida /O amor junta os pedaços/quando um coração se quebra/Mesmo que seja de aço/mesmo que seja de pedra/Fica tão cicatrizado/que ninguém diz que é colado/Foi assim que fez em mim/foi assim que fez em nós/esse amor iluminado”.

José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor

debatef@debatef.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário