“O poeta é um fingidor /Finge tão completamente /Que chega a
fingir que é dor /A dor que deveras sente”. Fernando Pessoa
Leitor da Folha de SP, me deparei dia desses com dois
artigos primorosos em termos de ideias e agendas para o ano que bate à porta. O
primeiro, de Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do
RJ, e outro de Nizan Guanaes, premiadíssimo publicitário e empresário de SP. Ambos
abordam, de forma inteligente, agendas para o futuro próximo, além de fazerem
análises da atual conjuntura sócio econômico cultural do País, o que me agradou
muito - haja vista a desoladora quadra que todos vivemos, na era de escândalos
de corrupção e desmandos lulopetistas.
Felizmente o Brasil não é uma Venezuela e nem Cuba, e nossas
Instituições se mostram fortes, a despeito dos ocupantes do máximo poder no
planalto central, que aparelham a justiça, corrompem o Congresso nacional,
jogam contra a estabilidade econômica ao ferirem a lei de Responsabilidade
Fiscal, e para tanto retiram o povo das arquibancadas e de suas prioridades, ao,
com toda desfaçatez, comprarem formalmente o voto de parlamentares, através de
decreto presidencial.
Nizan Guanaes lembra que nossa força advém da experiência,
pois já passamos por hiperinflação, ditadura além de várias guerras contra
moinhos de vento, e devemos ser otimistas, pois o otimismo fortalece. Faz
sentido. O IED (Investimento direto estrangeiro) apesar dos péssimos
indicadores atuais da economia, chega este ano a 66 bilhões de dólares (investidores
olham além desta conjuntura), quando se esperava 50 bilhões. O STF (Supremo
Tribunal Federal), o MPF (Ministério Público Federal) e a Polícia Federal
republicanos, têm prendido e julgado maus políticos, bandidos disfarçados como dirigentes
de partidos ou empresas, além de banqueiros corruptores. Agora é preciso prender
e julgar ex-presidentes bandidos, após impedi-los. Algo se move: Quem viver
verá. E isto era impensável há alguns anos, e é pois, uma obra imaterial realizada
por toda sociedade brasileira, a despeito de quem esteja ocupando o poder na vez.
Já Ronaldo Lemos joga luz sobre as cruciais transformações
que a tecnologia trará para essa mesma sociedade como um todo, e afirma que como
um enredo, o ano de 2014 representará o fim de um arco narrativo, e 2015 será o
início de outro, muito mais significativo, pois apoiado pela base já lançada
por múltiplos setores - das telecomunicações, aos serviços na internet, onde a
universalização da banda larga (onde estamos 30 anos atrasados), a
regulamentação do marco civil da internet, aliadas ao acesso de smartfones com
mais capacidade de acesso e armazenamento de informações do que possuía o ex - presidente
americano Bill Clinton – elas criarão a
era da abundância, segundo Peter Diamandis em seu livro
“Abundance” citado por Nizan Guanaes.
Estas vantagens competitivas em boas escolas com educação de
qualidade para as massas, gerarão, a baixo custo, soluções integradas a grandes
centros de pesquisa ao redor do mundo: Mais da metade do que iremos usar no
dia a dia doravante, será concebido
desta forma nos próximos cinco anos. É um espetacular mundo novo que se
descortina.
Com esta visão otimista, porém sem tirar os pés do chão, me
despeço do leitor amigo, desejando ótimas festas, para em seguida avançarmos
rumo às mudanças que já estão escritas nas estrelas: Maktub.
José Carlos Nunes Barreto
Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de
Uberlândia (ALU).