segunda-feira, 15 de novembro de 2021

O Racismo Estrutural

“Eu era uma pessoa com dignidade e respeito próprio, e não deveria me considerar pior que qualquer outra pessoa , só porque era negra” (Rosa Parks) Em abril de 2002, após retornar de uma viagem de estudos à Universidade de Jiao Tong em Xangai na China, recebi uma correspondência enviada pelo gabinete da Presidência da República, me convidando para instalação de um conselho da república intitulado CNPQ - Palmares, que seria no palácio do Planalto, comandada por FHC. A única vez que entrei lá... Tomei posse, juntamente com outros 7 conselheiros, a maioria doutores e negros (uma raridade). O Objetivo do mesmo, seria implantar ações afirmativas para a população negra, e afrodescendente do País. Este conselho, iniciou toda a discussão sobre cotas, começando pelo discurso do ex-presidente, ele mesmo um estudioso das mazelas raciais do País, durante seu doutorado (embora hoje discorde dele em quase tudo, pelo menos deu espaço à ciência no seu governo). Nos debates, fui contra as pretendidas cotas no Instituto Rio Branco do Itamarati. Explicava-se a urgência, de se ter pelo menos um diplomata afrodescendente, pela vergonha passada pelo Itamaraty, ao enviar diplomatas brancos para a África do Sul de Mandela, e sofrer reprimenda do líder africano, que conhecia bem o País, e após devolvê-los, pediu para enviar um afrodescendente, que representasse mais de 50% do extrato social brasileiro. Na verdade não tínhamos... A prova do IRB-Instituto Rio Branco, é duríssima e exige estudos de pelo menos 2 línguas, e , até hoje, só a elite branca tem acesso à esta formação. Argumentei com meus pares que, minha defesa de doutorado também foi duríssima, e não gostaria que tivesse sido por cotas, porque me teria retirado o mérito, e acabara de retornar de uma viagem ao exterior para defende-la, com um artigo .Após muitas discussões, decidimos doar bolsas de estudo do CNPQ com valores de doutorado, para estudantes negros e afrodescendentes graduados, para que pudessem se preparar para o Itamarati....Um ano depois, uma médica negra, como o saudoso geógrafo Milton Santos ,foi aprovada e enviada à África do Sul . Conto de novo essa história, para defender a minha opinião favorável às ações afirmativas, e em favor da comunidade negra desta nação, e contra medidas paternalistas, que só reforçam o preconceito contra os negros, mesmo sendo intelectuais. Me lembro do prof. Milton Santos, que homenageei em vida, quando diretor do Sindicato de Engenheiros do estado de SP, como a personalidade do ano de 1989. No cafezinho ele dispara: Barreto, estamos fazendo a recontagem dos últimos negros na USP...Já com a doença em estado avançado, ele se referia e à sua saída do conselho de professores titulares da maior Academia do País, e da América latina... Meses depois faleceu, e pude entender: O outro negro entre os 400 do conselho, era angolano naturalizado brasileiro, e para vaga de Santos, foi destacado outro branco (espero que, hoje a USP tenha melhorado a representatividade dos negros, neste conselho). Numa de suas últimas entrevistas ao jornalista Roberto Dávila, na rede Cultura de SP, o sábio mestre, Doutor Honoris Causa nas principais Universidades do mundo, destilou amargura: Aqui no Brasil, sou obrigado a estar em lugares em que os negros nunca vão, e sempre me olham como se não devesse estar ali... Perfeita definição, que só os afrodescendentes vencedores, sabem o que significa: O racismo estrutural mais cruel e dissimulado do mundo. Num país que foi o último a abolir a escravatura, e olha até hoje, pouco mais de 100anos depois, negros e seus descendentes, como pessoas de segunda classe. Escrevo este artigo em homenagem à uma secretária negra, barrada em uma boate em Uberlândia, e que foi à luta, para denunciar este abuso , que é apenas a ponta do nosso constrangedor e enorme, iceberg social. Parabéns! José Carlos Nunes Barreto Pós - doutor e sócio da DEBATEF Consultoria

sábado, 30 de outubro de 2021

O Nobel Brasileiro da Arquitetura

“Criações, sejam elas crianças, poemas ou organizações, têm vida própria.” Starhawk... Arquitetura é a arte de criar espaços organizados e animados, por meio do agenciamento urbano e da edificação, para abrigar diferentes tipos de atividades humanas (Aurélio).Para isso, o candidato a arquiteto, têm de fazer uma prova de habilidades específicas, que exige saber desenhar, e ter uma visão espacial desenvolvida. É necessário também, aguçada sensibilidade na utilização de cores, sombras, e saber criar. Por fim, ao longo de cinco anos de estudos, em uma grade de disciplinas que lhe farão entender, a história da arquitetura, e através dela, o conjunto de obras realizadas em cada continente, cada civilização, e cada época. Aprender a dar conforto ambiental à suas edificações, saber dispor os elementos de um espaço urbano, usando princípios, normas técnicas, e materiais adequados. O arquiteto será, por fim, um artista da função, do belo e da forma. Convivo com a alma do(a) arquiteto(a) há dezenas de anos. Como professor, durante dez anos, em laboratórios de Conforto Ambiental. Como profissional de engenharia e arquitetura, durante 30 anos, como consultor e chefe de engenharia em médias e grandes empresas, no associativismo, com destaque para os seis anos como diretor , presidente de uma associação de Engenheiros e arquitetos, seis anos como inspetor –chefe do CREA SP em cubatão SP, além de quatro anos como conselheiro estadual no CREA SP ,e um ano como Chefe da assessoria técnico jurídica no CONFEA em Brasília... Desfruto, por isso, de visão privilegiada das parcerias, que até hoje sustentam com sucesso, serviços e inovações desta classe. Apesar das diferenças gritantes e complementares, entre engenheiro(a)s e arquiteto(a)s. Que “brigam” desde sempre. A sabedoria faz o bom engenheiro(a) “arquitetar”, e apesar da ciumeira, consegue-se fazer um bom arquiteto(a) “engenheirar”. Ademais, engenharia e arquitetura constroem o mundo, e são uma dupla de muito sucesso! Na oportunidade em que Paulo Mendes da Rocha-(In memorian)_inquieto ,agitador, aplicador de soluções estéticas em locais de pouca delicadeza, incômodo para o estabelecido- recebeu em Istambul o prêmio Pritzker – considerado o Nobel da arquitetura, em 2006, não pude deixar de louvar esta classe, e o faço novamente, anos depois- principalmente por ela teimar em criar e acontecer, apesar do custo Brasil, ou seja, o custo da margem e da pouca visibilidade, nas palavras de Teixeira Coelho-Autor de “Niemeyer” ed.Iluminuras- (Este também, um sofrimento para muitos prestigiados cérebros brasileiros, de outras áreas da ciência brasileira, nesta triste quadra). Tive contato com a obra de Mendes da Rocha, durante visita aos pavilhões da Mostra “Menos estética mais ética”, na 7a Mostra de Arquitetura da Bienal de Veneza em 2000,e fiquei assombrado, ao lado de um filho arquiteto e urbanista, Gustavo Henrique Garcia Barreto, a quem homenageio. Esta convivência me fez entender melhor, o papel da inovação e da criação, como matéria prima dos processos de produção hipercompetitivos, e que Sthefen Covey (autor de “Os sete hábitos de pessoas altamente eficazes - ed. Best Seller),chama de Criar Sinergia, ou o sexto hábito eficaz, para se chegar a uma vitória pública como essa! Até ao final da vida, morto em 2021, Mendes da Rocha foi como um menino ao criar, assim como Niemeyer. Para eles somente “o céu foi o limite”. Agora, Picasso e Michelângelo os fazem companhia lá, numa festa da arte e da criatividade! E, aqui na Terra, todas as honras póstumas, portanto, ao Nobel brasileiro! José Carlos Nunes Barreto Pós-Doutor e sócio da DEBATEF Consultoria

SOS Segurança Pública

“Segurança é uma questão de Estado e deve estar acima das diferenças políticas. Precisamos de um pacto por uma reforma institucional profunda. Ou haverá segurança para todos, ou ninguém estará seguro”. Luiz Eduardo Soares - Ex-Secretário Nacional de Segurança Pública. Volto ao tema segurança pública após a leitura do livro de Allan de Abreu " Cocaína- A rota caipira". Nele entendemos o porquê do aumento da violência no triângulo mineiro nos últimos anos, pois nos tornamos rota do tráfico internacional de drogas, com tudo que isso quer dizer, em termos de morte e destruição. Primeiro a releitura de meu artigo a seguir é mandatária, para depois entender a frase de Eric Clapton: "A Cocaína não mente" . Ela corrompe policiais, políticos, magistrados, ministério público e advogados, além de impor uma guerra sangrenta entre facções criminosas. O País está despreparado para este desafio, principalmente Uberlândia e triângulo mineiro. Após o voto do decano do STF a favor dos embargos infringentes contra a formação de quadrilha durante o julgamento do mensalão ,estabeleceu-se de vez a sensação de impunidade na sociedade brasileira - uma das tragédias que fazem parte do conjunto da obra de insatisfação da Nação. Agravada depois pela soltura de bandidos e chefes de quadrilhas , inclusive as políticas... A ausência de educação e saúde com “qualidade fifa”-máxima do dilmês, aliadas aos crimes sem solução, à polícia corrupta e despreparada e à política de encarceramento em massa das classes menos favorecidas, que não podem usar a justiça da elite, e dos grandes advogados, completam a lista mas não a esgotam, tamanha a miséria espiritual desta agenda. Vou falar em seguida, alguns números instigantes citados pelo sociólogo e estudioso em tela, criador do conceito das UPPs, e autor do livro “Segurança têm Saída” pela editora Sextante, que recomendo aos dirigentes e gestores da segurança pública deste País. Começo com o número de jovens assassinados na maioria homens e afrodescendentes - são quarenta mil por ano na faixa de idade entre 14 e 24 anos - de tal impacto, que já falta na pirâmide etária social este perfil étnico. Se juntarmos a estes, os cinquenta mil mortos em acidentes de trânsito por ano e os cerca de 40000 mortos em acidentes de trabalho, teríamos mais mortos anualmente que os cem mil mortos em dois anos e meio iniciais da guerra na Síria. E porque nós e o mundo não percebemos isso? Sem dúvida porque as vítimas são da maioria silenciosa: preta, pobre e pouco representada. Basta ver o alarde que é feito quando cai um boeing, com algumas dezenas de mortos, que concentram mais usuários brancos e da elite (o que está mudando, ainda bem, mas não invalida a comparação). Das quarenta mil mortes por assassinato, a maioria se dá com a presença do trinômio álcool, armas e tráfico de drogas, potencializada pela presença de uma polícia, que é um verdadeiro macaco em loja de louças: desaparelhada, sem formação adequada, sem auxílio adequado de perícias, o que faz com que somente se esclareçam, em média 10% dos assassinatos. Via de consequência, a vida vale muito pouco neste País - a pistolagem arrebanha tanta gente, e os crimes contra a vida e o patrimônio crescem em escala geométrica. Pois o professor Soares diagnostica uma das causas: temos 56 polícias brasileiras - 27 PMs estaduais, 27 policiais civis estaduais, polícia Federal e polícia rodoviária federal. Não há um sistema nacional que organize estas instituições, que na maioria das vezes competem entre si, e raramente dialogam, mesmo quando as soluções de crimes exigem isso. Não nos esqueçamos das guardas municipais e das seguranças armadas, que equivalem a quase um exercito paralelo, com a maioria apresentando carência de formação, agravada pela falta de controle adequado por parte do estado, e eis o terrível estado da arte da segurança pública no País, Estes últimos, " longa manus" dos prefeitos e governadores de esquerda, cujas polícias, contra o art.5 da CF de 1988, restringiram truculentamente o direito de ir e vir da população, durante a pandemia. A grande verdade é que, segurança virou questão de vida e morte para todo cidadão brasileiro, que enfrenta uma verdadeira guerra , diariamente, exemplificada nas mortes sumárias dos clientes do PIX sequestrados, e é um sobrevivente da ação desordenada de nossas polícias, com eterno fogo amigo contra a população - sábia, a qual diz, algumas vezes ,ter mais medo da polícia , que dos bandidos, e o autor em epígrafe, ex -secretário nacional de segurança pública, infelizmente, mostra de maneira inequívoca, que o povo tem toda razão. A par disso, o STF mesmo instado, legisla ao contrário, rasga a CF e ainda persegue e atrapalha o executivo, enquanto o congresso nada faz para resolver este imbróglio. Todavia trabalha para aprovar leis que aumentam a impunidade de gestores públicos- eles mesmos, no refluxo da lava - jato, agora, durante uma pretensa reforma administrativa... Que Deus nos ajude! José Carlos Nunes Barreto Pós - Doutor e Sócio fundador da DEBATEF Consultoria

Quando o fim parece chegar...

“Mas é claro que o sol / vai voltar amanhã/ mais uma vez/ escuridão já vi pior/ de endoidecer gente sã..../ ....Quem acredita sempre alcança/ Do nosso cancioneiro popular Uma medida extrema. E a vida se vai. É o suicídio. Desta forma, as reportagens das mídias eletrônicas nos mostraram dias atrás, a terrível escuridão. O sufoco. Da falta de quem escute. De quem apoie e dê ajuda...Uma palavra de carinho. ou um silêncio, mas com abraço. Talvez um: “meu amor, Ha! Se eu pudesse te abraçar agora/ poder parar o tempo nesta hora”. Quantas vezes deixamos de fazer isso! com nossos amigos e irmãos queridos, nossas esposas, maridos e filhos. E pensar que muitos deles, estão à beira de um precipício. Da vertigem sem fim! Todavia será que não o fazemos, por estarmos, nós mesmos, confusos, e/ou perdidos, precisando de fé? de acreditar na vida, no ser humano, no amor de Deus? De sermos capazes de doar nosso tempo, nossa energia, nossos bens, em favor de quem, o Senhor Jesus Cristo nos ensinou ser o próximo? daí a parábola do bom samaritano (Os palestinos de hoje):Passando pela estrada, se depara com um judeu ferido por ladrões, e deixado à morte na beira do caminho. Apesar de inimigos (até hoje), ele põe o desconhecido sobre seu cavalo, leva até a hospedaria. Cuida de seus ferimentos, salvando-lhe a vida, paga as despesas com remédios, médicos da época, e a estadia do mesmo, até seu pronto restabelecimento. Será que isso não existe mais? É claro que sim. Milhares de ONGS espalhadas pelo mundo, sustentadas por voluntários:" médicos sem fronteiras" é uma. Casa Betesda, aqui em Uberlândia, é outra. Gostaria de homenagear esta última, uma entidade reconhecida como de utilidade pública nos níveis federal, estadual e municipal, e que é uma ONG da Igreja presbiteriana Central de UDI. Em 10 anos atendeu mais de 14000 pessoas, de várias partes do País, que ao virem se tratar no HC da UFU, não teriam condição de pagar hotel para seus familiares, e para eles mesmos, antes e logo após a alta do hospital. O apoio psicológico, espiritual e material, ressuscitou milhares de vidas, quando o fim parecia chegar. Me lembro então da passagem das escrituras, em que Cristo é chamado a curar o amigo Lázaro, irmão de Maria Madalena e de Marta. Ocupado como estava, Jesus demorou, e quando chegou, ele já estava morto. Gosto de ler este texto em João11. As irmãs se jogam aos pés de Jesus, e o adoram, mas cobram: “Se o Senhor estivesse aqui, nosso irmão não teria morrido”. Faltava fé nelas, apesar de terem vistos tantos milagres do Mestre... Jesus chorou. E as repreendeu: Não falei pra vocês, naquele dia que estávamos tomando um vinho, que se cressem, veriam a glória de Deus? E a falta de fé persistiu...mas mestre, ele já cheira mal! Retirem a pedra da boca da caverna, ordenou! ninguém acreditava! e demoravam na ação! até que alguém se moveu... e logo em seguida outros. E foram em direção ao sepulcro, tampando as narinas, e retiraram a enorme pedra (muitos problemas e situações de nossas vidas, são como esta pedra) Só depois disso, Jesus agiu; Lázaro vem para fora!- Expectativa.... E lá vem ele todo atado, meio atordoado...suas irmãs correm para abraçá-lo. Última ordem do mestre: Desatai-o” -Claro, Deus não faz nada pela metade! Só precisamos....acreditar! Finalizando, e em crítico momento em que o suicídio toma conta de nossa sociedade, exigindo atenção, com fitas amarelas em nossas redes sociais, face a dor dos familiares e amigos enlutados, precisamos cada vez mais de lideranças, espirituais ou não, que afirmem aos envolvidos, como o poeta em epígrafe: “mas é claro que o sol, vai voltar amanhã /mais uma vez!”

domingo, 19 de setembro de 2021

A Economia da Água

“Terra planeta água/Terra Planeta água” - do nosso cancioneiro popular Em época de aquecimento global, elevação do nível do mar, tsunamis, ficamos encharcados e ao mesmo tempo horrorizados, com o paradoxo da crescente falta de água doce no planeta. Mas, que tal refletirmos sobre a “economia da agua”? Alguns especialistas nos fazem entender sua importância, ao transformar em litros de água todos bens e serviços que chegam até nós. Assim, para um simples galeto que tenha chegado à nossa mesa,1200litros foram necessários. Naquele quilo de carne consumido durante a semana, mais 2000 mais 2000 litros. Em cada quilo de grãos que compramos, foram gastos em média, mais 1000litros. Se você está em uma grande cidade, precisa de cerca de 150 litros dia para seu uso diário, e por aí vai. Os números acima, nos dão segurança para afirmar que, utilizamos em média 4000 litros de água por dia, para vivermos no conforto estabelecido pela sociedade baseada na “economia da agua”. Quanto custa isso para a sociedade? Esta é a questão, cujas ameaças e oportunidades precisamos entender. Segundo a ONU em 2050 mais de 45% da população mundial não desfrutará de água potável, tal é a marcha inexorável dos usos e contaminações das águas superficiais e subterrâneas do mundo E esta é uma previsão otimista, em função da estarrecedora velocidade das mudanças climáticas globais, que dia a dia nos mostram que esta perspectiva virá muito antes de 2050. Apesar de sermos planeta água, somente 0,02% dela está disponível para beber em lagos e rios e a continuar assim este pouco se tornará quase nada. Basta olharmos nos entornos das nossas cidades. O ciclo hidrológico tornou-se caótico: transformou-se em enchentes com a ação antrópica de impermeabilizações, canalizações de rios, adição de esgotos industriais e urbanos-destruição pura. Será que o que aconteceu no Iraque, com relação ao petróleo, não acontecerá no futuro com o Brasil, já que possuímos 12% das reservas de água doce do mundo? E o que é exportar etanol e grãos, senão toneladas de água, enviadas para fora do País? As bacias hidrográficas, são áreas adjuntas ao rio e seus tributários. E nelas, que são uma inteligente forma de fazer política da água, com centenas de cidades a cobrar por seu multiuso, para aplicar na preservação deste bem, adequando legislações já amadurecidas aqui, e em várias partes do mundo. Um famoso “case” é a bacia do rio Paraíba do Sul, que atende mais de 300 cidades no sudeste do país, sendo o rio, para a maioria delas a única fonte de água. Isto em um país possuidor de um aquífero chamado “Guarani” ,um dos maiores reservatórios de água doce do mundo que se estende por aproximadamente 840 800 Km2 no Brasil, distribuídos por 8 estados, entre eles SP,RJ e MG atendidos pela bacia do rio).As reservas disponíveis de água filtrada e auto- depurada biogeoquimicamente, neste aquífero, são da ordem de 45 trilhões de m3,e a população que poderia ser atendida, sustentavelmente seria em torno de 15 milhões de pessoas, sem necessidade de tratamento da água(ABAS-Associação Brasileira de Aguas Subterrâneas). Uma riqueza desprezada pelo setor público, que nela não investe. Agora que já preocupei você também(espero), deem uma olhada no que o governo federal está fazendo no Rio São Francisco: desrespeitando orientações da ANA-Agência Nacional de Aguas, o Comitê de Bacia, as decisões do plenário da CONAMA, e sociedade civil organizada, além de toda tecnologia de gestão de bacias em uso no mundo, para fazer a qualquer custo, e com empreiteiras sem EIA/RIMA, uma sangria num rio que exige cuidados de preservação, como um organismo vivo .Alguém que está ambientalmente na UTI porque foi violentamente agredido todos estes anos- poluição de toda ordem, extinção da mata ciliar, assoreamentos, excassez de água.Apesar da necessidade do povo nordestino sedento , O governo federal perpetra um crime ambiental. Desrespeita leis, pessoas, e a nação. Em um universo que clama por água doce em plena crise hídrica. Até quando? José Carlos Nunes Barreto Pós-doutor e Sócio da DEBATEF Consultoria

domingo, 5 de setembro de 2021

Os Novos Refugiados 2

Agradeço à gazeta Mercantil de Araguari-MG, pela parceria, e pela atualização deste artigo, publicado inicialmente em 2014 Fazendo mais uma releitura do premiadíssimo livro do professor da Universidade da Califórnia, Jared Diamond “Colapso – como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso”, quando peço vênia a meus amigos leitores, para comparar situações que presenciei – e relato hoje como sobrevivente, do “Vale da morte” em Cubatão( a destruição do MA, as doenças na população da cidade, e a morte, causada pela instalação do maior polo industrial da AL, à época ,sem planejamento ambiental, e sem equipamentos de controle de poluição adequados). Estas tribulações são análogas e desesperadoras, e estão acontecendo agora no mundo, vividas por centenas de milhares de retirantes, fugindo das guerras do Afeganistão, da Síria e de Gaza , esta, refém das lideranças do Hamas, antagônico e sempre atacado por Israel, além das infindáveis e sangrentas contendas tribais africanas. Com este pano de fundo, reflito sobre a pergunta do autor: “O que é mais assustador do que o espectro do colapso de uma geração : os restos dos templos abandonados de Anykor Wat, no território de Camboja; as cidades Maias tomadas pelas selvas, ou a vigília sombria das estátuas (Moais) da ilha de Páscoa?” As imagens dessas ruínas, sugerem a pergunta: será que isso também não pode acontecer conosco? Neste livro intrigante, este pesquisador sugere a outra face da moeda, que as civilizações ocidentais teimam em não enxergar, após 100 anos de guerras e 50 milhões de mortos, e centenas de milhões de feridos e refugiados ao redor do planeta. Há ainda outro panorama catastrófico, sugerido, profeticamente, pelo autor: o horror das pestes que se aproximam, na esteira das crises sociais e ambientais, exemplificadas pela atual pandemia de Covid 19,após a gripe aviária, o H1N1 e a contaminação africana pelo vírus Ebola. Aliás, o único país que pode ensinar ao mundo, como fazer gestão pós catástrofe. é o Japão, pós-Fukushima. Daquela feita, e um ano após a tragédia, depois de aplicar 1 trilhão de dólares em projetos de reconstrução, o País estava recuperado do pior, fazendo a mitigação da radiação da usina termonuclear atingida, que persiste até hoje. Todavia nem sempre é assim: vide o pós-tragédia de Petrópolis e Teresópolis no Rio de Janeiro, e o Pós-Katrina em New Orleans. Aqui, roubaram até caminhões de doações da Cruz Vermelha aos desesperados, quanto aos americanos, que possuem a melhor logística, as melhores tecnologias, deram aquele dantesco espetáculo de despreparo e falta de gestão… É ou não é motivo para preocupação? Nosso SUS, apesar de todas as honras por existir, e cuidar da sociedade brasileira nesta pandemia, não aguenta sequer a dengue endêmica, e bancar o nascimento de crianças nas santas casas ao redor do País. Suponhamos uma doença ,como o ebola, que em uma semana evolui para uma mortalidade de 70%dos casos! (ou seja, de cada 100 infectados 70 morrem) , lembrando que a mortalidade na atual pandemia é 3%... Em Cubatão, nas décadas de 70 e 80, eu, engenheiro, aos 33 anos, na chefia da produção de aço da Cosipa-Siderbrás, hoje Usiminas, infelizmente não tinha todas informações, mas os meus dirigentes na Siderbrás, sim. Haviam comprado um obsoleto equipamento francês, sem o lavador de benzol-que é descobriu-se mutagênico e cancerígeno- e, criminosamente esconderam isso da sociedade. Nas favelas ao lado da fábrica – na vila Parisi, anomalias em fetos (anencefalia) eram noticiadas dentro e, principalmente fora do País, mas o ar que respirávamos era o mesmo, e muitas colegas choravam dentro da fábrica, ao ficarem grávidas. E pensar que a recuperação ambiental (embora ainda parcial) daquele polo sídero-petroquímico, e do entorno da serra do mar, por uma equipe multidisciplinar, da qual tive a honra de participar, livrou nosso principal parque industrial de ser, hoje, nossa ilha de Páscoa – e as fábricas de lá, de serem nossos Moais. Nessa hipótese, milhares de desempregados vagariam pela baixada santista, nas décadas “perdidas” de 80 e 90, e se juntariam aos doentes de câncer e refugiados ambientais, que teriam sido retirados daquele município, correndo dos deslizamentos da serra do mar, sobre as demais cidades da baixada, e o porto santista. Graças a Deus, e às tecnologias multidisciplinares da Engenharia e da saúde ambiental da USP. e da Academia brasileira, isto não ocorreu. Que nossas autoridades as usem hoje, em favor da sociedade, no Brasil inteiro, para evitar possíveis quadros de refugiados ambientais e sociais , previstos na poderosa visão de Jare Diamond. José Carlos Nunes Barreto Pós doutor e sócio da DEBATEF Consultoria

sábado, 4 de setembro de 2021

Freakonomics ou Eureca!

Freakonomics ou Eureca! “Desconfie sempre da sabedoria convencional. O senso comum precisa ser confrontado com perguntas, muitas perguntas...” Steven Levitt Num dos meus recentes artigos tomei emprestada , a forma de ver o mundo do premiado professor Steven Levitt, (co-autor de Freakonomics) da Universidade de Chicago, quando em suas análises de extrema simplicidade, desvenda o lado oculto das coisas. Me refiro à questão do aborto: A legalização do mesmo em 1973 trouxe como benefício acidental a queda da criminalidade nos EUA. Este é um fato constatado em dados estatísticos no seu trabalho que ganhou a prestigiosa medalha John Bates Clark,que é uma ante-sala do prêmio Nobel. Neste estudo Levitt demonstra que a legalização do aborto foi responsável por metade da queda da criminalidade nos anos 90.Explica-se: Com esta medida se impediu o nascimento de milhões de crianças pobres e principalmente indesejadas, muitas vezes filhas de mães solteiras. Condições que matematicamente aumentam a probabilidade do ingresso do menor ,em uma vida de crimes. A esquerda acusou-o de propor medidas racistas e eugenistas(ou seja eliminar os negros, índios,e minorias). Os conservadores acusam o professor ,de ser propagandista do aborto. Também a este escriba, por ter afirmado que a igreja, notadamente a romana, tem que assumir suas responsabilidades por impedir o aborto( entre outras tantas medidas contraceptivas importantes e que evitam a gravidez sem precisar chegar a este extremo de matar um feto ) Como cristão não recomendaria o aborto. Mas estou trabalhando sobre dados e fatos científicos, que não podem ficar na penumbra, neste momento de caos e reflexão sobre a segurança pública. As igrejas, como integrantes da sociedade, não podem fugir a este debate em função da sua responsabilidade, ao guiar seu rebanho. Não teremos recursos para construir presídios de segurança máxima para tanta gente, que seria boa, caso nascesse num ambiente de amor, exemplos e compreensão do lar, ou de sucedâneos. Tudo que fizermos atualmente será pouco, porque juntamente com esta política pública, deveria haver outras “casadas” como a acabar ou enfraquecer o mercado de drogas, que subjuga esta gente infeliz... Al capone, um mito por sua força mafiosa, só existiu por causa da lei seca nos EUA. Uma simples aplicação da lei de oferta e procura, como sabemos hoje. Então não adianta me atacarem por causa do aborto. Acho que antes disso o estado, a sociedade ,a igreja que somos todos nós, deveríamos aplicar a prevenção, para principalmente evitar a epidemia de grávidas menores, e com problemas de insegurança alimentar(vide última pesquisa IBGE sobre o assunto) Este é um momento crítico, em que além de, ter fé em Deus, e rezar , fazer o bem é assumir escolhas cruciais para os próximos 20 anos: Votar certo; educação de qualidade em tempo integral com formação tecnológica tipo SENAI; Merenda escolar reforçada; Primeiro emprego para valer (não a vergonha que este governo faz);Políticas de adoção de órfãos com os paradigmas de mercado , e tendo o estado apenas como regulador. Como diria meu avô: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. José Carlos Nunes Barreto Pós doutor e sócio da DEBATEF Consultoria

No Vale de Ossos Secos

“Olha/será que é estrela/Será que é mentira/será que é comédia/será que é divina/a vida de atriz/.../se os pagantes lhe pedirem bis/ .../ se eu pudesse entrar na sua vida” Do nosso cancioneiro popular Li dias desses, de novo, a definição de entusiasmo: na etimologia do grego, é ter Deus dentro de você. E nem sempre isso significa sucesso. Jacó teve entusiasmo, mesmo com o corpo coberto de feridas. Mandela passou vinte anos preso, por acreditar na igualdade entre os homens. Mesmo em masmorras, as frestas de sol irradiavam em sua alma, a liberdade... Tantos heróis nos ensinaram. E é hora de exercitarmos as lições. A censura do poder judiciário- leia-se STF, chegou à vários sites e mídias da direita, além de personalidades, algumas com prerrogativas parlamentares, inflando a crise institucional em voga na praça dos três poderes de Brasília no DF... O endividamento, e a dependência econômica construíram a subserviência de parte da classe média, principalmente de pequenos e médios empresários na pós pandemia. Entrevistas, pesquisas eleitorais e reportagens, compradas pelo “mecanismo” coordenado pelos ícones do Foro de São Paulo, e pelo longo braço do Partido comunista Chinês, assustam os não iniciados... Notas para conspurcar governos e pessoas. Silêncios reveladores. Ordens diretas do ministro Moraes do STF, e do corregedor do STE, calam colunistas na internet e na blogosfera conservadora de direita. E, nomes famosos como pastores, cantores e presidentes de partido. No âmbito estadual e municipal, Brasil afora, colunas são excluídas, por criticarem desvios na área de saúde(Covidão) e a falta de transparência com o dinheiro público. A ditadura do pensamento único está aí. Stalin, Hitler, Mao Tsetung além de Fidel Castro, fizeram escola, infelizmente...Nessa história, muitos se perderam no caminho. Milhares pagaram com a vida, por cometerem o delito de opinião. Antes disso, todavia, acredito, milhões apagaram a chama interior da indignação. Ou se quedaram na indiferença, a que o apóstolo Paulo cunhou como morna,”nem fria nem quente, por isso a vomitarei”. Hoje é nauseante também, ver a inteligenttsia nacional, ora se calar, ora vender suas consciências aos violadores da constituição... Para que serve um intelectual assim? Na classe artística , pessoas antes comprometidas com a ética na política, agora relativizam princípios. E valores. Termos chulos e mal cheirosos são utilizados para definir a atual oposição ao governo , que quer subverter com golpes de esquerda , a vontade popular que elegeu a direita como caminho. Lamentável. Estamos ainda vivos, e cercados por um vale de ossos secos... Como ainda ter entusiasmo? Contudo me socorro de dois paradigmas: Na classe artística ,um manifesto divulgado na internet, anos atrás, da cantora mineira de Juiz de Fora, Ana Carolina, da canção em epígrafe, quando diz que aprendeu, desde pequena com seus pais, a não matar, não roubar. Devolver o lápis que não era seu. Pedir desculpas ao colega, depois de uma falha qualquer. E não se conformar com os escândalos da república- ela se referia ao lulopetismo, na época... Aprendendo com o olhar marejado, a vislumbrar frestas de luz. O outro paradigma, eu leio em Ezequiel 37. O profeta estava como muitos de nós. Sem entusiasmo. Tudo cinza em volta. Só ele vivo, e em meio a um vale de ossos secos. Deus ordenou que ele profetizasse, para aqueles ossos secos. E ele obedeceu. Teve fé. E logo em seguida as escrituras relatam que, os ossos começaram a se levantar, nervos foram criados, carnes, sobre os ossos, e o sopro do espírito fez surgir um exército exuberante, excelente e pronto para batalhas que se impunham. Talvez você não creia no sobrenatural, sequer no intangível, mas aprenda com o verso de canção de Geraldo Vandré: ”Esperar não é saber/Quem sabe faz a hora não espera acontecer”: E vá comigo às ruas no próximo dia 7 de setembro de 2021, defender a liberdade e a constituição de 1988. José Carlos Nunes Barreto Pós doutor e Sócio da DEBATEF Consultoria

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

As Pedras do Caminho2

                         

 

"Pedras no caminho, indago...Guardo todas... um dia vou construir um castelo"(Fernando Pessoa)



Leio postagem de um colega engenheiro, criticando a omissão (que não é de hoje) do CREA, na esteira das reformas vigentes que servem, muitas vezes, somente para abater o piso salarial dos engenheiros.

E isso,   não só limita a entrada de novos profissionais  no mercado, tantas vezes aviltado, mas colabora para que  empresas não escolham bem funcionários, excelentemente preparados em Engenharia de Produção e Segurança, Engenharias Química e Mecânica ,por exemplo, com  conhecimentos profundos de processos e BPF- Boas práticas de Fabricação.

E  que incluem o APPPC- Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle, o  que evitaria a contaminação da cerveja pelo fluido de arrefecimento, que só deveria passar, com estanqueidade, nas serpentinas dos tanques do processo cervejeiro, e nunca contaminar o produto a ser ofertado ao público, pois é tóxico e mortal, como acontecido no caso na cervejaria Backer!

Lamentável formarmos engenheiros e administradores, que precisam permanecer como operadores de luxo em máquinas de processos industriais, por não haver lugar para os mesmos nas fábricas, que não os contratam. Tomara que este acidente sirva para que  autoridades competentes, verifiquem e valorizem os responsáveis técnicos de engenharia nas fábricas, não só de alimentos, deste   País. Basta de acidentes evitáveis. Basta de omissões!

 

Neste contexto, volto a comentar a operação da empresa DMAE- aqui de Uberlândia, do qual sou um cliente insatisfeito, deste que é um monopólio, na verdade uma estrutura de mercado, que não tem apreço pelas críticas e demandas de quem compra seus produtos, e isso nunca acaba bem para o público consumidor, que usa os bens ou serviços advindos destes processos...

Uma empresa de saneamento, que deveria investir na operação, é usada pelo prefeito para manipular os gastos do orçamento municipal- a famosa pedalada usada nos tempos da Dilma, é também um cabide de empregos - cartilha da velha política, com  sua sublime missão deixada em segundos e terceiros  planos.

 

Nela, faltam trabalhadores qualificados, falta supervisão, faltam EPIs e equipamentos essenciais ao serviço de manutenção das redes. A terceirização acentua o problema, e aumenta a distância entre a organização e o cliente. E, historicamente, vender água tratada, coletar lixo e esgoto, tem se tornado um foco de propinas, e financiamento do crime organizado dentro dos governos, no País inteiro, e aqui, acredito, não deve ser diferente...

 

Um parlamentar fez uma denúncia ao MPE, contra as evidencias de desvios de recursos na legislatura passada, e apesar de 20 dos 27 colegas estarem  presos e com seus mandatos cassados, apesar  de desvios de finalidade de  recursos, e da total falta de propósito em melhor atender a clientela, as medidas saneadoras do MPE, não chegaram ao executivo, e ao DMAE,  por isso, creio,  o atual prefeito  foi reeleito, inclusive com novas evidências de desvio de dinheiro do Covidão  para fazer viadutos, contaminando o  mandato recém iniciado. Mais um desastre evitável, e bem  aqui em nosso torrão.

Até quando, indago...

 

           

      José Carlos Nunes Barreto

Pós doutor e Sócio da DEBATEF Consultoria

 

 

  

 

quinta-feira, 29 de julho de 2021

O Absurdo do Assédio Moral

   Vivemos um momento de extrema penúria em termos de segurança jurídica. O TSE  vai e volta em suas interpretações sobre verticalização das coligações partidárias para as próximas eleições. Uma enxurrada de decisões dos tribunais superiores deram liberdade a criminosos, corruptos e prejudicaram as CPIs  do Congresso nacional ao ”blindarem” alguns ilustres investigados. Tudo isto em setores, em que a lei é muito clara. 

Imagine alguém que precisa procurar a justiça, numa área em que legalmente não há clareza, como na questão do  assédio moral. Que é  a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras, à situações humilhantes e constrangedoras, durante a jornada de trabalho, e no exercício de suas funções. Se no caso, é sobre professores mestres e doutores, a coisa fica mais confusa ainda ,pois se trataria de uma “elite” que estaria muito bem colocada na vida, e por isto, nem precisaria de atenção do estado e da justiça.

 Absurdos estão acontecendo, e a sociedade está impassível. Calada e autista. As relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, principalmente em universidades particulares “caça níqueis”,  fazem os professores que obtiveram o título de doutor, “esconderem” o mesmo, com medo de serem demitidos. Há um pacto de tolerância e silêncio, que faz a vítima, gradativamente se desestabilizar, fragilizar-se e perder sua auto estima. A organização tem uma degradação de seu clima organizacional, onde passa a imperar atitudes e condutas negativas dos chefes, sobre os subordinados. As vítimas são isoladas do grupo , hostilizadas , ridicularizadas,  e desacreditadas diante de seus pares,  forçando-o muitas vezes a mudar de emprego, e dependendo da especialidade, de região.  

A revista Banas Qualidade de abril de 2006, entrevistou o consultor e especialista em assédio moral no trabalho ,Gustavo  Galleazzo. Dele :”O assédio moral é um processo que vai congelando o profissional e o tira do centro de decisão. Quando você o  tira do centro de decisão, a capacidade de informação vai se esvaziando. E os prejuízos para empresa são infindáveis. Primeiro há o reflexo na produtividade . Depois  é um risco para a empresa porque o assediado começa a ficar tenso, desgostoso com a organização e começa a divulgar informações sigilosas, deixando de ter zelo com a informação, deixando de ter zelo com os processos  Nada mais claro.

 Contudo,  foi cruel demais o acontecido tempos atrás ao professor doutor Bernardo Bernadino, de um Centro universitário yYY. Negro lutou até ser doutor. Éramos colegas de trabalho, mas sua vida mudou após resolver agir contra este estado de coisas, através de uma legítima ação sindical, nunca aceita pela mantenedora da instituição. Que lhe cortou os vencimentos, após escrever um simples artigo reinvidicatório. As últimas notícias que tive dele não foram nada boas. 

Havia tentado o suicídio após seis meses de privações com água e luz cortadas e sendo socorrido por colegas. Sobreviveu com muitas sequelas físicas e emocionais. Eu, como o mais velho do grupo, tive de vir a público responsabilizar a direção da IES pela vida deste professor, que defendeu os interesses da classe tantas vezes vilipendiada e predada. Claro que sofri represálias, mas faria tudo de novo, e isso foi há 20 anos.

 Hoje, vejo acontecer de novo este processo, até em universidades públicas  federais , em que pesquiso e estudo. Uma verdadeira praga contra a inovação e a criatividade, que os supostos autores destes crimes - e ainda se intitulam gestores, buscam alcançar com suas desastradas atitudes.

 

      José Carlos Nunes Barreto

Pós-Doutor e Sócio fundador da DEBATEF Consultoria

 

domingo, 25 de julho de 2021

A Agenda Oculta


“ Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida  dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante, a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo, ou um rio. E,  a sua morada será sempre o coração do homem.”

Thiago de Mello

 

Após o empeachment de Dilma Roussef em 31 de agosto de 2016, Lula e Dilma foram ao funeral de Fidel Castro, em 25 de novembro do mesmo ano, onde confabularam com bolivarianos. Deixaram de ir ao funeral da chapecoense que uniu colombianos, brasileiros e o mundo.  Maduro já estava louco, e a Venezuela derretia, mesmo assim, a agenda lulocastrista se estabelecia, embora escondida e envergonhada, na política de esquerda, então derrotada no País.

 

Todo mês ficamos à espera dos rendimentos, auferidos pelas atividades que nos sustentam, quer sejam trabalho, investimentos ou aposentadorias. Todos  ganhos de forma honesta, pelo menos para a esmagadora maioria dos incluídos, socialmente falando. Existe uma minoria que trafica influência, entorpecentes, fauna e gente. Para esses, não existe espera, porque os ganhos são enormes, e a curva do crescimento da riqueza ,se torna exponencial em pouquíssimos anos. No meio destas duas situações, perdido, está o socialmente excluído. Quem não tem rendimento nenhum. Zero de grana, vivendo seja de bolsas do estado, de ONGS, doações ou de favor. Alguns chegam à beira do desespero  da fome, e são cooptados  pelo mundo do crime.

 

 São bilhares no mundo, 46 milhões aqui no Brasil da bolsa esmola(que  o governo federal diz que são invisíveis).  Na França,  da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, três gerações de imigrantes africanos, latinos e turcos amargam a falta de oportunidades, e sobrevivem na periferia , com o bolsa família de lá. A falta de possibilidade de sonhar, nos jovens, faz crescer a revolta social , e  as chamas da violência sobre Paris. Nos morros do Rio, armamentos de última geração, financiados com dinheiro de drogas municiam uma guerra suja, de sangue e de palavras.

 

Para os governos do Estado e da cidade do Rio, vale  dizer para o poder público, o importante é criminalizar a favela, vociferar que só nascem bandidos lá, o que não é verdade, pois são trabalhadores reféns do crime organizado, em sua esmagadora maioria. Esta é mais uma agenda, para ocultar a ineficiência do estado, em subir nos elevadores sociais  das avenidas beira mar, e flagrar  os “incluídos” consumindo as drogas do morro nas festas noturnas, após terem participado pela manhã, de passeatas contra a violência, de que são vítimas pelas armas do tráfico.

 

Nestas festas, delegados, professores universitários, artistas , juízes etc., juntamente com suas famílias ,  se confraternizam , fazem “networking” e traficam influência após alguns uíques e uso de drogas ilícitas. E, não são criminalizados por financiarem assim, o tráfico de drogas e armas, que matará algum dos seus nos próximos dias. Há uma importante agenda oculta, neste comportamento da sociedade  incluída, qual seja “ na noite tudo se pode e tudo se sabe...”.

 

Me fez então lembrar os versos de Thiago de Mello em tela: a tal  liberdade como pântano enganoso das bocas, na visão do poeta, se exacerba, e só os fará  acordar na  manhã seguinte, entre lençóis de cetim azul, e pontos de interrogações, tipo o que eu fiz? E quem é você? Presa a grilhões da dor da dependência, e ao choro contido do arrependimento.

 

Quantas “mentiras sinceras”  são levadas em conta, pela sociedade, afim  de esconder “ verdades inconvenientes”? Por exemplo, que o mensalão do governo tucano de   Minas Gerais em 1998, não roubou o Estado para tentar reeleger-se. Que há liberdade na Venezuela de Maduro e na Cuba dos Castros, e que não há agenda oculta no Foro de São Paulo  de Lula...

 

Concluo  sonhando sobre como seria o mundo, sob as asas da liberdade  do ideário republicano, não nas bocas , mas nos corações, qual fogo a inflamar verdades e gerar soluções para todos: acordo pedindo voto auditável , prisão em segunda estância , prisão para quem desviou dinheiro da saúde na pandemia, e o fim desta vergonhosa CPI do fim do mundo!

Tenho dito.



            José Carlos Nunes Barreto

Pós-doutor e Editor Executivo da Revista Sciencomm



 



 



 

 

sábado, 3 de julho de 2021

Namorados


Quando o homem ama uma mulher, fala muito com ela, e sobre ela; quando deixa de a amar, fala com ela sobre ele.”

Johann Goethe

 

Há poesia  no olhar. Um certo clima... De algo novo como criança. Doce como a esperança. Coração pulando a mil. Que faço para expressar  meu amor? Flores nem pensar, isso já faço sempre. Em dias especiais ,como o dia dos namorados, presentes devem ser especiais. Talvez um jantar, quem sabe uma poesia...mas, e se a  rima não for rica? E se as palavras não saírem ?

 

Hoje acordei assim: encantado com o amor. Duas vidas, um homem, uma mulher, que antes nunca se cruzaram, de repente, ao gatilho do olhar, se juntam, e para isso movem terra e mar, e passam a correr lado a lado  como “as paralelas dos pneus na água da chuva ”,descritas na poesia musicada de Belchior.Que também é romântica. Nada melhor do que chover em eventos importantes. Início de namoro, casamento, no reencontro depois da briga...É como o ungir sobre nossas cabeças, da benção do Pai das Luzes, quem sabe o prenúncio do florescer da primavera que se apresenta...

 

Namorados há que são lúdicos. Brincam o tempo todo em seu estado de graça. Casais românticos, dizem que são poucos, diz a canção, não acredito...vejo-os por toda parte. Acho sim, que são loucos, como diz a música do Chico César. Por isso, não há como seguí-los, completaria Salomão em Eclesiastes...  Faço gosto do meu amor. Porque contém tudo isso. Mesmo tantos anos depois do primeiro beijo, não conseguimos ficar longe um do outro. É a mística de Vênus. Às vezes uma paixão, tipo terremoto de sete graus na escala de Richiter, outras vezes, um gostar doce e calmo, como as águas puras e borbulhantes de uma nascente. Que, mais a frente,  será um forte , caudaloso e revolto rio.

 

Sorrio quando lembro de nossas viagens, do nosso amanhecer juntos, e, de nossos cafés da manhã aos domingos. Quer coisa pior de que uma manhã de domingo longe de casa, e/ou brigados/separados? Como bem ilustrou uma nova compositora do nosso cancioneiro popular, ao descrever o desespero da solidão de quem ama, e se vê nesta situação: “ Vou bater na tua porta, completamente  nua, quem sabe então assim, você repara em mim”. Desespero faz  parte. ” É paixão, é amor”.

 

Se você não tem um amor, arranje um. Há sempre um chinelo, que se adapta a  um pé descalço e carente, filosofava com sabedoria, meu saudoso pai. Todavia se, após muitas tentativas, nada deu certo. Relaxe. Ande na chuva. Leia poesias. Cante uma canção. Normalmente o amor chega nestas horas, e se apresenta de formas imprevisíveis, para quem está fértil e pronto. Às vezes,  aparece  numa pessoa que sempre esteve do seu lado, e que, por você ainda não estar preparado pelo “cupido”, “ nem a via  sob este olhar mágico". Ou , supremo prazer, um velho romance antigo, que não deu certo, agora  reaparece no “palco de ilusões”, para se tornar realidade. E, quando isso acontecer, siga seu coração ,que nunca deixou de ser romântico, porque, após tantos anos de seca no deserto da afeição, beberá dessa fonte, primeiramente como quem tem muita sede,sem educação nenhuma...Sôfregamente... Depois, aos poucos, saciados e completos, compartilharão a vida um do outro, ou como lembra Vinícius de Moraes: “posto que é chama, que seja imortal enquanto dure”. A partir daí, beije...muito!

E que assim seja!

 

        José Carlos Nunes Barreto

Pós-doutor e editor executivo da Revista Sciencomm

 

terça-feira, 29 de junho de 2021

Viver não dói, Dr Bernardo!

 

Algumas experiências acontecidas, desde que passei a escrever com frequência, e durante o período de 2003 à 2016, no jornal  “O Correio” de Uberlândia, são muito interessantes, cativantes...

 

 E por serem por demais significativas, é impossível guardá-las só para mim. Quando escrevi “Hotel Ruanda” recebi um e-mail de alguém ligado à raízes islâmicas-lindo-dizendo que eu seria a voz também do seu povo. Não há dinheiro que paguem uma palavra de carinho de uma leitora. que se viu em algumas linhas escritas, por este escriba ano passado, em “Namorado”. Semanas atrás escrevi sobre ”O absurdo do assédio moral” e citei como exemplo o professor Bernardo Bernardino. Um negro.

 

  Recebi e- mails do movimento negro pedindo os telefones de Bernardo,  que eu não tinha. Depois fiquei sabendo ,com alegria que o mesmo se recuperara ,através de um e-mail de agradecimento do próprio Bernardo. Que me emocionou. E por isso divido esta emoção com vocês leitores: “Agradecimento. Prezado amigo Barreto, muito obrigado pelo seu artigo e pela consideração de um velho e bom amigo. A vida foi cruel demais para comigo quando entrei para a lida sindical. A humilhação constante a que fui submetido pela direção do Centro Universitário XX, chegou até a minha alma. Foi quando aconteceu aquele “acidente” comigo. Mas já estou  me recuperando. Estou na casa de minha mãe (dá o endereço e o  telefone).Mas vou ter de me tratar com psicólogo e psiquiatra por dois anos além de tomar remédios muito fortes. Estou vindo do INSS e não pude ser atendido porque a instituição não deposita o mesmo desde 2001.Tive de voltar em casa e levar todos os meus holerites para provar que o mesmo foi tirado do meu salário. Acho que amanhã vão fazer uma auditoria lá. Reze pela minha recuperação. Um abraço Bernardo.”

 

Liguei depois e falamos por 10 minutos. O encorajei a continuar vivendo. Mas em casa refleti, e resolvi tomar emprestadas as palavras do  poeta Carlos  Drumond de Andrade. Peço vênia para citá-lo a seguir:

 

“Viver não dói.

Definitivo, como tudo que é simples.

Nossa dor não advém das coisas vividas,

Mas das coisas que foram sonhadas

E  não  se cumpriram

 

 

Sofremos por quê?

 

Porque automaticamente esquecemos

O que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções

irrealizadas,  por todas as cidades que gostaríamos

de ter conhecido, ao lado do nosso amor e não

conhecemos, por todos os shows e livros e silêncios,

que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos

por todos beijos cancelados,

pela eternidade.

 

Sofremos, não porque

nosso trabalho é desgastante e paga pouco,

mas por todas as horas livres

que deixamos de ter para ir ao cinema,

para conversar com um amigo,

para nadar, para namorar.

 

Sofremos não porque nosso time perdeu,

mas pela euforia sufocada.

 

Sofremos não porque envelhecemos

Mas porque o futuro está sendo

 Confiscado de nós

impedindo assim que mil aventuras

nos aconteçam

todas aquelas com as quais sonhamos e

nunca chegamos a experimentar.

 

 

Como aliviar a dor do que não foi vivido?

A resposta é simples como um verso:

 

Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo,

Mais me convenço de que o

Desperdício da vida

está no amor que não damos,

nas forças que não usamos,

na prudência egoísta que nada arrisca,

e que, esquivando-se do sofrimento,

faz perder também a felicidade.

 

A dor é inevitável

O sofrimento é

Opcional”.

 

      José Carlos Nunes Barreto

Pós-doutor e diretor da DEBATEF Consultoria

 

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Por uma nova Utopia

 “ Faça as coisas o mais simples que você puder, porém não as mais simples” Albert Einstein

 

Desconforto. Indignação. Revolta. Clamor público por justiça.

Falta de misericórdia. Crime de lesa humanidade.  É preciso dizer algo sobre os sanguessugas (chefiados na época por um ministro da saúde, e atual senador petista-hoje na CPI do Coronavírus) que não seja lugar comum. Mas como? E acontecer isso logo na saúde tão combalida deste País!

Face ao fiasco da referida CPI da Covid,,  enquanto pesquisador, me lembro de um dos projetos que coordenei na academia, que parou por falta de recursos: ”Saúde Pública em cidades do Interior”. Pesquisa que abrangeu 120 cidades,  num raio de até 400 Km de uberlândia, durante os anos 2000 à 2003. Através de perguntas básicas, levadas por meus alunos dos cursos de Saúde de um centro universitário da região, às secretarias de saúde de suas cidades de origem, com o objetivo de caracterizar IDHM-ïndice de desenvolvimento Humano no Município. Onde se  indagava pelo número de leitos de hospital, qualidade e quantidade de profissionais de saúde contratados, número e tipos de aparelhos públicos de lazer existentes, número de mortos por  causas externas(violência),por doenças infecciosas, cardio-respiratórias entre outras. Perguntávamos também sobre a expectativa de vida ao nascer, percentual de desempregados e salário médio(renda) da população.

Como subproduto desta pesquisa, percebi o despreparo das secretarias, em responder estas questões. Principalmente por colocar apaniguados políticos, sem nenhum conhecimento de Saúde nos cargos. Também obtive outro importante subproduto: a posse   e uso abusivo de ambulâncias, em locais onde faltavam leitos de hospital, equipamentos dos mais simples, e até médicos e enfermeiros. Estas ambulâncias com o nome do “benfeitor” estampado me incomodaram. Tinham como endereço certo a cidade de Uberlândia, que ficou de tempos para cá “inundada”, de doentes enviados por hospitais que não curam sequer unhas encravadas. Um modelo demolidor e perverso para o SUS, que ,agora sabemos, se repetiu em todos centros metropolitanos do País, incentivado  pelas emendas parlamentares, só para ambulâncias!

Voltemos nosso olhar para o que acontecia no executivo, e no Congresso, naquela época, momentos antes da Polícia Federal fazer estourar esse escândalo  do governo lulopetista. Havia um quadrado mágico do PMDB, tentando esconder da sociedade o que se descobriu. O Presidente do senado, Renan Calheiros, rechaçou o pedido do grande Gabeira, só o aceitando depois de muita pressão. O Líder do Senado, Ney Suassuna(recebeu comprovadamente 200 mil reais de propina) .No executivo o ministro Saraiva Felipe ,  operava o esquema, tendo contratado a funcionária ligada aos Vedoin - operadores privados do esquema criminoso... Aí vem o senador Welington Salgado, integrante da CPMI pelo PMDB, e diz que não vai assinar o documento final. Ulisses Guimarães devia estar se revolvendo em seu túmulo no mar. Que vergonha senhores parlamentares  que ainda continuam neste congresso-aviltado e apequenado! E o seu Lula na presidência, fingindo que não era com ele. Não é lindo? E quer voltar!

Assim não dá. É preciso lutarmos por uma  nova utopia: Construir o homem integral na política e na sociedade. Mente com visão humanista, e talento burilado pela educação. Coração com muita paixão pelo outro. Corpo com necessidades supridas( não roubar)- auto-discipina. E, por fim,  construção do espírito através da consciência. Este é meu projeto de nação,  sugerido aos candidatos a cargos eletivos, para os governos e Parlamentos do Brasil.

Tenho dito.

   

              José Carlos Nunes Barreto

          Pós-doutor e Sócio da DEBATEF Consultoria

 

 

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Colunas do Meu Sacerdócio

“Um homem não pode fazer as coisas certas em um departamento de sua vida, enquanto erra em qualquer outro. A vida é um todo indivisível” MAHATMA GANDHI

 

Leio nos evangelhos a purificação do templo, feita por nosso senhor Jesus Cristo. A fúria com que Ele investiu sobre os mercadores e cambistas. “A minha casa será chamada casa de oração, e não covil de salteadores”. Comparo isso ao que leio na crônica policial, a respeito de um certo apóstolo e sua bispa ,  fundadores de uma igreja neopentecostal em SP. E, constato : são salteadores do povo de Deus. A própria justiça humana, já está dando um jeito, quanto mais a divina...E eles roubaram muito! - segundo o ministério público de SP, cerca de 20 milhões, sem considerar o que está escondido em nome de laranjas, o que deve elevar em muito essa conta. Observando melhor, e participando de comunidades e igrejas no presente século, de novo percebo que existem os pastores e bispos  bandidos ,chamados  ladrões de galinha .Ou seja, roubam miudezas, porcarias a seus olhos: uma reputação aqui, durante um sermão, uma paz ali, durante uma visita a contragosto. Existem até aqueles que, são  vetados na comunidade, para batizados e casamentos de alguns fiéis, mais antenados e espertos. Outra purificação o Senhor precisaria fazer, portanto, nos dias de hoje, porque há um  deserto seguido de um enorme precipício, entre o que esses falsos profetas pregam, e o que fazem na própria vida, e nas de milhares de pessoas inadvertidas .Falta integridade. Falta caráter.

A propósito destas duas palavras, por demais significativas, estou nas férias lendo o livro de  Stephen Covey “O oitavo Hábito: Da eficácia à grandeza” ed. Campus. Nele, o autor define a integridade como um princípio, que indica que estamos integrados aos fundamentos morais, e às leis naturais, que em última análise, governam as consequências de nosso comportamento. Consiste em falar a verdade, e cumprir as promessas feitas a nós, e aos outros. Covey escreveu também, “Os sete hábitos eficazes” ,cuja leitura é recomendada antes. Como chegar à confiabilidade, e gerar confiança? Como desenvolver todas as dimensões das inteligências física, emocional, intelectual e espiritual? Como desenvolver a maturidade, e a mentalidade de abundância, sempre presentes na alma dos verdadeiros líderes? todas estas respostas, são aos poucos respondidas, trazendo luzes e complemento ao que aprendemos nos catecismos .Mas deixo claro que, o que acontece com bispos e pastores, também é o que  presenciamos em engenheiros, advogados ,juízes , médicos ou qualquer atividade onde esteja um homem (ou uma mulher).Num exemplo marcante,  o autor cita uma entrevista do seu genro, para residência  de medicina. Lhe perguntaram o que preferia: um cirurgião honesto, mas incompetente, ou um que fosse competente embora desonesto. Vejam a sua boa resposta:  “tudo depende do problema. Se eu precisasse ser operado, iria querer o competente. Se se tratasse de saber se tinha de ser operado ou não, preferia o honesto” Claro que o fundamental, é que um médico tenha as duas qualidades, pois isoladamente elas são insuficientes...

 Caráter e competência : duas colunas do sacerdócio de um profissional cristão, inclusive bispos e pastores, e  que levam à confiabilidade, à sabedoria e à eficácia.

 

                 José Carlos Nunes Barreto

             Pós-doutor e Sócio da DEBATEF Consultoria

 

segunda-feira, 31 de maio de 2021

Filhos do Universo - Desiderata, poema de Max Ehrmann’s: “Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa...


 

A propósito da tensão entre as duas Coréias . E dos testes nucleares da Coréia do Norte a lançar brumas de guerra no horizonte, me lembro do muro caído de Berlim . Dos carros todos iguais do lado oriental passando em levas para o lado ocidental. Em 1990 estive lá a tempo de tirar uma lasca do muro e  de viajar pelo lado oriental, para ver de perto a obra do atraso comunista: escassez de alimentos, degradação ambiental, atraso institucional, tecnológico e   político. O mesmo observamos hoje no lado norte coreano. Com ajuda de um satélite qualquer à noite, vemos a Coréia do  sul, totalmente iluminada. Pelo progresso e pela sociedade livre. O norte jaz  em trevas. Da falta de investimento em energia. Do pensamento único. Da falta de oportunidades e de liberdades constitucionais. Todos tem um dono. Um falso Deus.(Que já foi simpático à maioria)Pequeno e obtuso, hoje tira dinheiro da alimentação de seu povo para construir armas nucleares. A lição a seguir, vai principalmente para os que ainda precisam usar o ”bolsa família” e sucedâneos , que apesar dos ditadores, chegou até nós a partir de 1927 –Desiderata, poema de Max Ehrmann’s:

 “Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa,
lembrando-se que há sempre paz no silêncio.
Tanto que possível, sem humilhar-se, viva em harmonia
com todos os que o cercam.
Fale a sua verdade mansa e calmamente e ouça a dos outros,
mesmo a dos insensatos e ignorantes
– eles também tem sua própria história.
Você é filho do Universo, irmão das estrelas e árvores.
Você merece estar aqui e mesmo que você não possa perceber
a Terra e o Universo vão cumprindo o seu destino.
Evite as pessoas agressivas e transtornadas, elas afligem nosso espírito.
Se você se comparar com os outros
você se tornará presunçoso e magoado, pois haverá sempre alguém inferior
e alguém superior a você.
Viva intensamente o que já pode realizar.
Mantenha-se interessado em seu trabalho, ainda que humilde,
ele é o que de real existe ao longo de todo tempo.
Seja cauteloso nos negócios, porque o mundo está cheio de astúcia,
mas não caia na descrença, a virtude existirá sempre.
“Você é filho do Universo, irmão das estrelas e árvores.
Você merece estar aqui e mesmo que você não possa perceber a terra e
o universo vão cumprindo o seu destino.”
Muita gente luta por altos ideais e em toda parte
a vida está cheia de heroísmos.
Seja você mesmo, principalmente, não simule afeição
nem seja descrente do amor;
porque mesmo diante de tanta aridez e desencanto
ele é tão perene como a relva.
Aceite com carinho o conselho dos mais velhos,
mas seja compreensível com os impulsos inovadores da juventude.
Alimente a força do Espírito
que o protegerá no infortúnio inesperado, mas não se desespere
com perigos imaginários,
muitos temores nascem do cansaço e da solidão.
E a despeito de uma disciplina rigorosa
seja gentil para consigo mesmo. Portanto esteja em paz com Deus
como quer que você o conceba e
quaisquer que sejam seus trabalhos e aspirações,
na fatigante jornada da vida, mantenha em paz com sua própria consciência.
Acima da falsidade, dos desencantos e agruras,
o mundo ainda é bonito, seja prudente.
Faça tudo para ser feliz.”

 

       Jose Carlos Nunes Barreto

Pós-Doutor e Editor Executivo da revista Sciencomm