Muitos editores me honram com republicações de artigos. Este é um deles, em que infelizmente, fiz uma profecia que agora, 5 anos depois , se cumpre...
O Tsunami daqui
Por José Carlos Nunes Barreto – Professor doutor – debatef@debatef.com
24/03/2012 8:19
Leio nas mídias sobre a recuperação do Japão após um ano de terremoto seguido de tsunami. É impossível não comparar com o que aconteceu em Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. A magnitude do terremoto de 9 pontos – o maior da história no Japão – e os valores envolvidos na reconstrução, em torno de US$ 1 trilhão, mostram o quanto temos de aprender sobre gestão de calamidades com esta nação, que já se ergueu várias vezes neste século após seguidos eventos e semidestruição. Por que, até agora, nenhuma das 75 pontes comprometidas na região serrana foram entregues? Por que do total de US$ 1,1 bilhão anunciado pelo governo federal, menos de 25% foram efetivamente usados? Por que essa Síndrome de Macunaíma que nos faz menor, quando muito podemos?
Algo estrutural e ruim está sendo construído neste país na era pós-Lula e nem os economistas sabem explicar bem o que é. A face visível é a mudança da política econômica vigente há 12 anos, e o “pibinho” comparado a toda América Latina, tipo “a montanha pariu um rato”, em que os “drivers” desta política dilmista erraram a mão feio, com medo da inflação de sete por cento em 2010 – fruto da gastança irresponsável do governo anterior, que, “a qualquer custo” elegeu a primeira mulher presidente do Brasil. Claro que a conta chegou. Naquele momento se exigia perícia no volante – e barberaram. Voltamos ao nível anterior à era JK, 15% em termos de participação da indústria no PIB – década de 50, quando a geração babyboomer nascia e, em seguida, enriquecia com o fordismo e os métodos de produção seriada da indústria e suas cadeias de suprimento.
Estamos em plena desindustrialização. Chegamos à era dos serviços sem completar o ciclo da industrialização. Não sabemos mais fazer navios -fizemos alguns que afundam – o mais notório foi batizado por dona Dilma na campanha presidencial, financiado pela Petrobras se mantém sem navegar por erros de projeto e manufatura. Compramos quase tudo feito lá fora: de carros a Ipads, de fraldas a calças jeans. E a um preço menor, pois nosso custo Brasil é exorbitante, já que parte dele se deve a propinas e desvios, obras dos nossos líderes e políticos atrasados. Com isso não desenvolvemos tecnologia, não ensinamos e treinamos, enfim, caso não revertamos este paradigma, não conseguiremos promover oportunidades de empregos no futuro para quem hoje se prepara, lançando dúvidas quanto a permanência de todas cadeias de valor que fazem do projeto ao parafuso.
Lamento informar, mas, se não agirmos a tempo, estaremos contratando uma crise de empregos e previdenciária idêntica à vivida pelos países da eurozona, um sério problema de segurança nacional para o futuro, um verdadeiro tsunami construído nestes governos petistas, e que deveria preocupar nossa líder, pois isso depende de ela e sua equipe resolverem e não choramingarem o outro – a enxurrada de dólares – lá fora, coisa que nem eles têm condições de controlar, já que fazem o que podem para livrar a pele, num salve-se quem puder global. Vale lembrar que as irresponsabilidades fiscais, nossas e destes países, no passado, foram o ovo da serpente draconiana de hoje, tal como nos ensinou o taumaturgo Henry Bataille: “O passado é um segundo coração que bate dentro de nós”. E o cancioneiro popular há de completar: – Haaa! Coração/se apronta pra recomeçar/Haaa! Coração esquece esse medo…”
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