sábado, 31 de dezembro de 2016

O Último Verso


                   

 

“ Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida  dos dicionários e do pântano enganoso das bocas.A partir deste instante, a liberdade será algo vivo e transparente, como um fogo ou um rio. E  a sua morada será sempre, o coração do homem.”

Thiago de Mello

 

Tempos difíceis atravessamos em 2016.Tempos em que o pântano enganoso das bocas,  dos políticos,magistrados e dos  lulocastristas, cansaram de tentar  subverter a ética da república, com uma agenda oculta da sociedade, a quem deveriam prestar contas.Parece que este será mais um daqueles anos que nunca acabarão,a exemplo de 1968,e 2001.Que venha logo 2017(feliz Ano Novo!), pois não é em qualquer ano que se faz uma “lava jato”,  que coloca de joelhos toda classe política corrupta  do País, emparedando magistrados macunados com ela. Se não bastasse isso,nele ainda prendemos o terceiro na linha de poder , e fizemos com sucesso o empeachment da presidente da república, antes que o estado derretesse como na Venezuela... Também não é simples viver num ano, em que se estabeleceu a pior recessão do Brasil neste século, gestada e administrada, pelo PT. Todavia não vivemos um mar de rosas com  Temer, que assumiu levando uma quadrilha para dentro do Palácio do Planalto e, teve que mudar um ministro por mês, enquanto a sociedade, atenta, sabe que precisa deste governo tampão, para sanear as finanças públicas.

Feliz o povo que consegue a tempo e à hora,  fazer um “dow sizing” de suas caras estruturas fiscais, e ousa reverter estas despesas para atender, às áreas constitucionais de educação,saúde e segurança, e à previdencia, cujas reformas precisam acontecer, antes que viremos uma Grécia  dos trópicos .

Muitas perdas nas fotos deste ano...12 milhões de empregos, o time da Chapecoense , o poeta Ferreira Gullart,e o jornal Correio de Uberlândia...Sobre a ùltima é até difícil falar.Foi aqui que ousei expressar sentimentos, e mover mentes e corações através da palavra escrita,  eu que sou um engenheiro-professor.Graças a esse espaço criei asas e voei, através de  arrazoados ,e me conectei com milhares, nas alturas de debates, cobranças,poesias e canções.Fiz amigos e desafetos, fui processado, julgado e absolvido , tive muitas alegrias .Cheguei às academia de Letras do Brasil Central e de Uberlândia, embora não me reconheça merecedor desta honraria.

Mas a vida é assim...ensinava meu pai.Vc pode ser o que quiser, desde que se dedique e corra atrás... corri atrás do conhecimento e  cheguei ao pós doutorado, corri atrás do amor e  formei uma família linda, corri atrás das palavras, e encontrei  versos e canções, que dividi com meu paciente leitor, que foi, afinal, o oleiro deste escritor que vos fala, com voz embargada  na  despedida,desta imprensa – mãe , e que agora deixa de existir...

Me socorro, então no verso de Carlos Drumond de Andrade, ao dar  esse adeus:

  Por que Deus permite/que as mães vão-se embora?/Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,/luz que não apaga/quando sopra o vento/e chuva desaba,veludo escondido/na pele enrugada,/água pura, ar puro,/puro pensamento.

Morrer acontece/com o que é breve e passa/sem deixar vestígio./
Mãe, na sua graça,/é eternidade./Por que Deus se lembra
- mistério profundo -de tirá-la um dia?/Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:/Mãe não morre nunca,/mãe ficará sempre
junto de seu filho/e ele, velho embora,/será pequenino/feito grão de milho.

José Carlos Nunes Barreto

Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)

Debatef@debatef.com

 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Entendendo à insegurança



Entendendo à insegurança

por Ponto de Vista - Jornal Correio de Uberlândia

 

  •  
    Este é o tema do livro emprestado por um amigo que é coronel da PM e especialista em segurança, a quem de publico agradeço e afirmo que já posso devolvê-lo. Os autores do mesmo, Lúcio Santo e Amauri Mereles são felizes em explicar de forma direta e sem rodeios o que cada vez mais nos preocupa: a falta de segurança nas cidades do Brasil, notadamente em Uberlândia que completa no mês de outubro 140 mortes violentas em um ano que ainda não acabou, ou seja, poderemos chegar até ao final do ano com o triplo do que a OMS recomenda como sinal amarelo de epidemia, qual seja, 8 assassinatos por 100 mil habitantes.
    Ou falando mais claramente estamos quase como Medelin no tempo de Pablo Escobar – traficante e escroque colombiano que marcou a década de 80, e estas mortes chegam num circulo concêntrico cada vez mais perto de cada um nós: nesta semana foi assassinada uma aluna minha, orientanda de projeto PMI/PMBoK, do curso de administração – Leandra, a quem homenageio pela coragem com que enfrentava a vida- talvez por isso num acesso de raiva, naquele segundo de ira cidadã, tenha enfrentado o ladrão muito menor que ela, uma mulher forte e decidida com quase um metro e oitenta, recém formada em administração e com um futuro brilhante pela frente, cai com três tiros, vitima de latrocínio por causa de 8 reais – é quanto vale uma vida para esses meninos monstros – que nossa sociedade permitiu fossem criados e que agora se voltam assustadoramente contra ela matando, roubando, seviciando, extorquindo e vendendo drogas e armas.
    Todos jovens de 19 a vinte e poucos anos, a maioria não foi à escola, e conviveu desde muito cedo com a violência e a desordem, em regiões excluídas da atenção do poder público, que se corrompeu de várias formas, porém a principal e causa deste estado de coisas, a meu ver, é a corrupção de prioridades, das lideranças que preferiram construir viadutos e palácios nababescos, a levar educação decente às escolas e segurança à população. Os autores mostram brilhantemente, a famosa teoria das janelas quebradas, onde destacam que uma vidraça de janela quebrada por muito tempo sem consertar, é um convite para que outras sejam depredadas, e se estabelecer assim o “status quo” da desordem, passo inicial para outros crimes. Esta teoria foi inspiradora do projeto ”tolerância zero” na década de 90, que tirou Nova York de uma situação parecida com Uberlândia, em alguns de seus bairros como Bronx, e os reduziu a um dígito por cem mil habitantes. Todavia lá a desigualdade social, não era tão impactante como aqui e, tenho certeza, antes deste projeto teremos mesmo de realizar o programa fome zero total, e sem ONGs espertinhas.
    O que dizer diante da barbárie instalada? Quando bandidos daqui da cidade abordam ônibus interestaduais como se assaltavam diligências no faroeste americano? Tudo na vida é questão de escolha. As elites uberlandenses e de Brasília escolheram prioridades que levaram a esta situação e muitas delas agora se escondem, forjam números, e tocam seus projetos pessoais ,fazendo como Luís 14 – rei da França: “O Estado sou eu”! Eu e minhas prioridades, eu e minhas circunstâncias.
    Triste Uberlândia dos viadutos, dos palácios, belos jardins e da insegurança que tira nossas vidas. Adeus Leandra, e meus pêsames a seus pais e familiares.
    José Carlos Nunes Barreto
    Professor doutor –Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia (ALU)
     debatef@debatef.com
     

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

A Agenda Oculta.



Lula e Dilma foram ao funeral de Fidel Castro,onde confabularam com bolivarianos. Deixaram de ir ao funeral da chapecoense que uniu colombianos, brasileiros e o mundo.  Maduro está louco e a Venezuela derrete,mesmo assim esta agenda permanece no lulodilmismo.



 

 

Todo mês ficamos a espera dos rendimentos auferidos pelas atividades que nos sustentam, quer sejam trabalho,investimentos ou aposentadorias.Todos  auferidos de forma honesta,pelo menos para a esmagadora maioria dos incluídos, socialmente falando.Existe uma minoria que trafica influência,entorpecentes, fauna e gente.Para esses não existe espera porque os ganhos são enormes, e a curva da riqueza se torna exponencial em pouquíssimos anos.No meio destas duas situações,perdido, está o socialmente excluído.Quem não tem rendimento nenhum. Zero de grana,vivendo seja de bolsas do estado, de ONGS, doações ou de favor.Alguns chegam a beira do desespero  da fome, e entram no mundo do crime por absoluta falta de opções.São bilhares no mundo,milhões aqui no Brasil da bolsa esmola- que deve ser dada sim, mas aliada a um programa sério de educação profissional para inclusão  social. Na França  da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, três gerações de imigrantes africanos,latinos e turcos amargam a falta de oportunidades,e sobrevivem na periferia com o bolsa família de lá.A falta de possibilidade de sonhar, nos jovens faz crescer a revolta social e  as chamas da violência sobre Paris.Nos morros do Rio, armamentos de última geração, financiados com dinheiro de drogas municiam uma guerra suja, de sangue e de palavras. Para os governos do Estado e da cidade do Rio, vale  dizer para o poder público, o importante é criminalizar a favela, vociferar que só nascem bandidos lá. Uma agenda para ocultar a ineficiência do estado em subir nos elevadores sociais  das avenidas beira mar, e flagrar  os “incluídos” consumindo as drogas do morro nas festas noturnas, após terem participado pela manhã, de passeatas contra a violência, de que são vítimas pelas armas do tráfico. Nestas festas, delegados, professores universitários, artistas , juízes etc., juntamente com suas famílias ,  se confraternizam , fazem “networking” e traficam influência após alguns uíques e algo mais.E não são criminalizados por financiarem o tráfico de armas, que matará algum dos seus nos próximos dias.Há uma importante agenda oculta neste comportamento da sociedade  incluída,qual seja “ na noite tudo se pode e tudo se sabe”. Me faz lembrar os versos de Thiago de mello:“ Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida  dos dicionários e do pântano enganoso das bocas.A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio. E  a sua morada será sempre o coração do homem.” A tal  liberdade como pântano enganoso das bocas, na visão do poeta, se exacerba e só os fará  acordar amanhã, entre lençóis de cetim azul e pontos de interrogações, tipo o que eu fiz? E quem é você? Presa a grilhões da dor da dependência e ao choro contido do arrependimento. Quantas “mentiras sinceras”  são levadas em conta pela sociedade afim  esconder “ verdades inconvenientes”? Por exemplo, que o mensalão do governo tucano de   minas gerais em 1998,não roubou o estado para tentar reeleger-se. Que há liberdade na Venezuela de Chavez, e que não há agenda oculta no Foro de São Paulo .Concluo divagando sobre como seria o mundo, sob as asas da liberdade  do ideário republicano, não nas bocas , mas nos corações, qual fogo a inflamar verdades e gerar soluções para todos.

 

José Carlos Nunes Barreto

Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)

debatef@debatef.com

 

 

 

Na Casa do Pai



                                                  


“Meu pai perdi no tempo, e ganho em sonho./Se a noite me atribui poder de fuga,/sinto logo meu pai e nele ponho/o olhar, lendo-lhe a face, ruga a ruga.


Está morto, que  importa? Inda madruga/e seu rosto, nem triste nem risonho,/é o rosto, antigo, o mesmo. E não enxuga/suor algum, na calma de meu sonho.


Oh meu pai arquiteto e fazendeiro!/Faz cinzas de silêncio, e suas roças/de cinza estão maduras, orvalhadas.


por um rio que corre o tempo inteiro,/e corre além do tempo, enquanto as nossas/murcham num sopro fontes represadas.”



Este belo poema de Carlos Drumond de Andrade,  inspirou -me lembranças da infância e de meu pai- aliás por cauda dele parei pra pensar também, na figura um  pai e no que ela representa em nossa cultura judaico cristã. Vários exemplos bíblicos de amor de pai me sobrevieram: o próprio Deus no Eden após Adão e Eva se esconderem por descobrirem que estavam nus, matou uma ovelha e os vestiu ,como que de afeto e consideração, e  é notório o fato  das vestes estarem ligadas a reencontros com a autoridade do Pai. O filho pródigo ao retornar maltrapilho como estava ,recebeu de seu pai um”smooking” de festa juntamente com as celebrações dignas de um rei. José, filho de Jacó, antes de ser traído por seus irmãos, ter suas roupas rasgadas e ser vendido como escravo ao Egito, ganhou uma caríssima túnica de cores variadas de seu próprio pai, caracterizando na época que este  tinha um apreço especial por esse filho. Que ,íntegro, recusou a mulher de Potifar, mas usou os dons que Deus lhe dera para interpretar sonhos - o que fazia de bom grado para todos na prisão, motivo pelo qual foi indicado a Faraó. Quando o rei o chamou, tomou banho, se barbeou  e fez o que? Vestiu novas vestes, que o levaram até o governo do Egito( e aqui elas  significaram o início de um novo ciclo) após decifrar o famoso sonho de faraó: sete vacas feias e magras que engoliam sete vacas belas e gordas, sete anos de abundância que José usou para planejar e estocar alimentos a fim  atravessar sete anos de escassez, seca e fome no mundo de então. Um exemplo de gestão para governos brasileiros, lulopetistas ou não.


David também era o favorito do Pai, mas por ser filho ilegítimo            ,não estava à mesa quando o profeta Samuel procurou seu pai para cumprir a missão de ungir um novo rei para Israel. Estava no campo, com vestes de pastor de ovelhas, e saiu dali para vestir armaduras de guerreiro, além de púrpura e linhos finos, próprios para  um imperador.


Mas nem só de  belas e novas vestes se vive , e todos sabemos como faz bem um tênis já rodado e amaciado nos pés, mesmo quando se ganha um novo de presente, como lembrança de alguém de que se ama.


Daí, escuto e anoto uma velha canção do conjunto “Roupa nova” informando que “da água da fonte cansei de beber pra não envelhecer” e que “Talvez eu seja simplesmente como um sapato velho, mas ainda sirvo, se você me quiser.


Basta  você me calçar, que eu aqueço o frio de seus pés.” Puro afeto: como o alegre vestir   de um filho que nasce, ou com lágrimas, resignado,  o colocar do terno no pai já morto.


José Carlos Nunes Barreto


Professor Doutor e presidente da ALU-Academia de Letras de Uberlândia


debatef@debatef.com


 

Mães para Sempre.


        
Dia das mães sempre chega,  e representa depois do Natal, a segunda data mais importante  para o comércio em geral. E a dura realidade, é que deixamos todos de refletir sobre o imaterial e sagrado, representado em nossas mães, para ceder ao consumismo desenfreado, frouxo de afetos e mutilado por culpas.


               Mães para Sempre.

Oh, maternal amor, amor que reparte e multiplica.” (Victor Hugo)


 Escrevi meu artigo anterior, falando sobre a “Casa do Pai”, e evoquei a cultura judaico cristã - houve quem perguntasse, porque não “Casa da Mãe”? Então respondo com este arrazoado, afirmando claro e bom som, que a casa é dos dois - um de cada vez e respeitando suas individualidades. Para tanto, relembro duas mulheres da bíblia. A principal delas é Maria, mãe de Jesus, e a outra veremos a seguir.

 A Pietá de Michel Ângelo, que tive o prazer de curtir dentro da Catedral do Vaticano, inebria e nos faz parar no tempo, não somente  porque é uma obra de arte- mas pela aura da paixão de Cristo, e do sofrimento de sua mãe, Maria,  ali representada amparando seu filho Deus, desfalecido- uma mãe nunca desampara um filho - mesmo alguém que era Deus e fez milagres como o multiplicação dos pães,  deu vistas ao cegos, ressuscitou mortos, e estava na criação do mundo com o Pai e com o “Espírito que pairava sobre as águas”.
 Mas a bíblia não nos permite esquecer outra mulher, que está na linhagem do salvador do mundo, e era uma prostituta-Raabe- que apesar desta condição, fez o seu papel na história, de tal forma que gerou descendentes e o mais importante deles é o Senhor  - queiram ou não os exegetas domingueiros  , loucos por “power point”  vazios, calvinistas ou não.
Mas neste artigo consagrado à quem deu à luz, homenageamos a mulher excepcional e linda, que pode ser uma leitora, ou minha mulher, por exemplo. Pensar que de cada uma de vocês , saiu pessoas que constroem  dia a dia o futuro; e que seu útero, casa de todos nós , é o refúgio psicológico de todo ser humano que foge da crise, da dor , da solidão e  da falta de amor.
Bem ensinava Vitor Hugo : Deus dá  nossa mãe, como um pão –maná de amor, que reparte e multiplica ,o que a sabedoria e simplicidade de meu avô,  traduzia assim: uma mãe cuida de oito filhos-como a minha, adorada , e aqui reverenciada- mas oito filhos não cuidam de uma mãe; e filhos há que até fogem delas quando envelhecem, não dão o pão de cada dia e remédios, e muitas vezes  as depositam num frio asilo, onde morrem por causa do desprezo.
Todavia, graças a Deus, para a maioria de nós, filhos, o que queremos é uma mãe for ever, tal como magnificamente registrado no poema “Para Sempre”, do imortal Carlos Drumond de Andrade, que me ajuda a finalizar este  artigo, como um presente para todas elas:
Por que Deus permite/que as mães vão-se embora?/Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,/luz que não apaga/quando sopra o vento/e chuva desaba,veludo escondido/na pele enrugada,/água pura, ar puro,/puro pensamento.

Morrer acontece/com o que é breve e passa/sem deixar vestígio./
Mãe, na sua graça,/é eternidade./Por que Deus se lembra
- mistério profundo -de tirá-la um dia?/Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:/Mãe não morre nunca,/mãe ficará sempre
junto de seu filho/e ele, velho embora,/será pequenino/feito grão de milho.
José Carlos Nunes Barreto
Professor doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia(ALU)
debatef@debatef.com
 
 

Stress e a qualidade de vida no trabalho


O stress é a doença prevalente no século 21, e a busca pela qualidade de vida, é a grande moeda de troca- valorizadíssima- nos bens e serviços disponíveis no mercado. Todavia ,poucas organizações atentam para este paradigma ao empregar  seus colaboradores... 

Stress e a qualidade de vida no trabalho

 

 

Seria o stress no trabalho uma epidemia global? Para responder a esta e outras questões sobre qualidade de vida no ambiente laboral, os professores Ana Maria Rossi, James Campbell Quick e Pamela L. Perrewé escreveram em conjunto com vários colaboradores, todos, como eles, doutores - o livro “Stress e Qualidade de Vida no Trabalho”, publicado pela Ed. Atlas em 2008. Os autores narram a vivência do stress relacionado ao trabalho em diferentes ocupações. Utilizam para isso, uma ferramenta de breve avaliação do stress, que segundo descrições mede uma série de estressores relacionados ao trabalho, além de aferir também as conseqüências do stress, que são a falta de bem estar psicológico, a perda da saúde física e a insatisfação no emprego.

O motivo para o meu interesse, e de outros pesquisadores por este tema, se dá em virtude dos indícios de aumento de ocorrências do stress prolongado ou intenso, no local de trabalho no Brasil, e via de conseqüência, de seus impactos negativos sobre a saúde mental e física dos indivíduos, principalmente como narrado pelo HEALTH AND SAFETY EXECUTIVE do Reino Unido, em que os resultados apontam para um nível de stress tal, que meio milhão de ingleses

estarão completamente doentes, em virtude disso. Alertam também, para o fato de que cerca de cinco milhões de pessoas disseram na pesquisa, sentir-se muito ou extremamente estressadas com seu trabalho ,e,  conforme resultados publicados anteriormente no “Journal of Managerial Psychology” número 20 de 2005, o stress relacionado ao trabalho ,custa àquela sociedade cerca de 3,7 bilhões de libras esterlinas todos os anos. Quanto estaríamos gastando por aqui?

Uma sociedade avançada se preocupa em como reduzir o stress negativo do trabalho(sim, porque há o stress positivo, do qual não devemos abrir mão), enquanto nós ainda contamos nossos mortos aos milhares, em acidentes de trabalho - foram segundo o IBGE, 2950 em 2009 - enquanto no cenário mundial este número chega a dois milhões de mortes por doenças ocupacionais e/ou acidentes, com um custo associado estimado em 1,5 trilhão de dólares /ano.

Sensibilizado pela questão, trato do assunto em minhas aulas de “Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho” que ministro em vários cursos de Pós graduação, e tenho com isso conseguido alguns discípulos seguidores, que realizarão no futuro muito mais do que tenho feito, ao unir este tema, ao da qualidade dos processos e à qualidade ambiental. Jean Tófoles Martins Bernardes é um deles e seu brilhante artigo de TCC “ A Incidência de Stress

em Executivos de um Grupo Empresarial e suas particularidades”- disponível em WWW.SCIENCOMM.COM.BR -,me honra como seu orientador. Ele mostra em sua pesquisa que o andar de cima está doente com o stress (alguns já morreram), e as mulheres são as que mais sofrem principalmente com os sintomas psicológicos. Os dados mostrados em seu trabalho, corroboram com as pesquisas científicas do grupo acima citado, que destacam a

vulnerabilidade de trabalhadores que exercem função de liderança, quanto à convivência com o stress organizacional.Propõe programas voltados para saúde mental nas organizações, voltados principalmente para essas lideranças,essenciais - segundo suas palavras - para suas empresas atingirem metas financeiras e corporativas. Parabéns Jean!

José Carlos Nunes Barreto

 Professor Doutor e Presidente da Academia de Letras de Uberlândia (ALU)

debatef@debatef.com

 

Cuidar bem de pessoas é a meta


A crise fiscal do estado do Rio de Janeiro escancara, as tragédias pessoais de pessoas que, de repente ficam sem seus salários,  deixam de pagar suas contas, comprar seus remédios, alimentos,  e mostram como a imprevidência e irresponsabilidade de governantes, aliados à corrupção e desvios de recursos, podem vitimar as populações no Brasil e em qualquer parte do mundo, vide a Grécia. Precisamos dar um tempo, e buscar lideranças que cuidem bem de gente. Esta é a meta.

Cuidar bem de pessoas é a meta
Estive de férias por alguns dias, refletindo em uma praia chamada Itacoatiara, que faz parte de uma reserva florestal  bem próximo ao turbilhão do Rio de Janeiro e fincada junto à. pedras monumentais que seguram as ondas do atlântico, ao lado de uma preservada vegetação de mangue. Todas as vezes que isso acontece, há um produto : Estar sozinho consigo mesmo, às vezes dá medo, mas é inspirador. Tomar chuva e sol-ficar no sereno , Descobrir depois ser um animal com fome, e sede de justiça ,exige coragem, mas nada como  voltar à tenda à noite  e curtir o netinho de 2 anos.
Agora  entendo por que no caminho da Santiago de Compostela , na Espanha, muitos mudam a vida. Descobrem vocações. E tomam decisões cruciais para suas vidas, suas famílias e suas empresas. A correria dos dias que seguem como torrente tempestuosa a escorrer pelas calçadas da vida ,nos anestesia. Faz tudo parecer igual, pasteurizado e sem brilho. E pior é  não poder observar as diferenças nas cores, nos sons, nos ambientes (carregados ou leves) e nas pessoas (alegres ou tristes). Principalmente, nelas. Um pai ou uma mãe que desaprende a percepção da linguagem do corpo e do tom de voz dos filhos, perde, segundo especialistas 80% da comunicação com eles. No trabalho e na vida somos muitas vezes cantores de um samba de uma nota só (com o perdão ao Tom Jobim e seu ao belo samba-arte). Não sabemos  escutar. Gente. Cachoeiras. Pássaros. O vento. Não temos tempo.
Anos atrás, achei interessante e novamente comento , a entrevista do antropólogo Wilian Ury - especialista em técnicas de negociação - , intitulada "O Inferno somos nós". Respondendo se concordava com Jean-Paul Sartre que cunhou "o inferno são os outros", Ury respondeu que o outro somos nós e quando dizemos que o inferno são os outros, na verdade estamos olhando para o nosso próprio inferno interior. Na negociação, o fundamental é ouvir o outro. Nos treinamentos de nossa consultoria (lançamos em 2012  um MBA em Gestão de pessoas em parceria com a UNIUBE) e ministramos cursos de extensão sobre o tema  para executivos e funcionários que, como afirma Ury, querem aprender a negociar. Porque a democratização de algumas  instituições(são poucas ainda – normalmente aquelas campeãs como melhor lugar para se trabalhar) está exigindo deles ouvir a outra parte. Por isso gastam mais de 50% do tempo com este item e sentem que não estão preparados para lidar com o intangível: o capital intelectual .Todos diagnósticos empresariais dos últimos anos mostram  que as grandes perdas de produtividade e via de conseqüência de mercado, se dão justamente por não começarmos por aí. Não há falta de recursos. Há desperdício.. Equipamentos errados são modernizados. Instalações são aumentadas quando não há demanda para isso.. Tudo sem cuidar das pessoas e  do clima organizacional. E a  lição de casa que fica é  ir conversando com seu "chão de loja", ”chão de fábrica” ,desenvolvendo talentos humanos, e  os bons resultados .não tardarão a acontecer. Para finalizar - ainda pensando sobre tudo que aprendemos nestes últimos anos, ao analisar essa  inversão de valores, e a ausência da ética da diversidade nas empresas- nada melhor que a velha poesia da canção de Raul Seixas. "Prefiro ser esta metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.", mesmo revisitando um artigo de seis anos atrás.
José Carlos Nunes Barreto
Professor-doutor
Uberlândia (MG)


Qualidade pessoal x Desempenho


Terminei neste final de ano meu primeiro pos - doc em Engenharia Mecânica, no LEPU(Laboratório de Pesquisa e Ensino em Usinagem da UFU) dentro da proposta de implantar na sociedade, uma produção sustentável - Aquela que produz com qualidade, sem agredir o meio ambiente, e preservando a segurança e a saúde ocupacional de quem produz  riquezas neste País: o trabalhador. Para tanto se espera das lideranças, qualidade pessoal e ética, para melhoria do desempenho dos processos, e estímulo para que as inovações ocorram , em ambiente adequado, e com o SIG-Sistema Integrado de Gestão- baseado nas normas ISO 9001,ISO14001 e OHSAS 18001.


Qualidade pessoal x Desempenho



Interessante a visão de um coach após o sucesso de seu trabalho: aquela pessoa insegura quanto ao rumo a seguir, de tempos atrás, é hoje o principal executivo de uma multinacional. Naquele momento ele soube que a estratégia traçada por seu cliente, com a sua ajuda, se fez vitoriosa. E qual seria esta estratégia? Elevar o seu desempenho até próximo do ideal exigido para sua qualidade pessoal (que é a satisfação das exigências e expectativas técnicas e humanas da própria pessoa e das outras), base da qualidade departamental, e da qual por fim dependeria a qualidade da empresa para manter os clientes satisfeitos, e é isso que
ministro sempre, aos meus orientandos de especialização e mestrado: o ciclo virtuoso da melhoria contínua, a roda de DEMING: planejar primeiro, executar em seguida, checar, e agir por último, quer para melhorar, quer para manter a qualidade pessoal conquistada. O nosso case, por exemplo, só chegou lá porque rodou o PDCA diversas vezes, o que elevou primeiro sua performance pessoal. Os peritos em qualidade só tem, infelizmente e tradicionalmente, focado a qualidade em produtos, quer seja bens ou serviços, e esquecem que, dificilmente o mercado ficará satisfeito com o desempenho global de um departamento, uma empresa ou organização, a menos que cada um de seus componentes produza com alto nível de qualidade.
Estive esta semana numa banca de especialização do pós em gestão de pessoas que coordeno na UNIMINAS, avaliando com meus pares o orientando Ernane Oliveira, e me senti como o coach acima, ao perceber a altura que chegou meu aluno, quando discorria sobre seu trabalho “Análise de Desempenho - Uma Visão Ética”, fundamental para a melhoria pessoal dos operadores, e início de um processo que leva qualquer empresa ao sucesso.
Dele: “Hoje a velocidade das mudanças é assustadora, e o dinamismo empresarial constante, a fim de se  sustentar neste mercado hiper-competitivo. Portanto a avaliação de desempenho, torna-se indispensável porque as empresas têm necessidade de obter e manter a competitividade, o que requer uma metodologia que avalie a contribuição das pessoas para esse resultado. A razão dela ser cada vez mais utilizada no âmbito das empresas, mostra
que sem uma avaliação adequada, não há sistema integrado e eficaz de gestão empresarial”;
O homem é um ser que possui necessidades, desejos e sentimentos que precisam ser considerados e analisados, pois influenciam o comportamento e o desempenho dos funcionários da organização. É preciso compreender que o funcionário para produzir o esperado, ter uma evolução profissional e conseqüentemente melhorar seu desempenho,
precisa estar satisfeito com o trabalho realizado, e com sua organização.
Concluo como ele: “Desenvolver pessoas é uma tarefa árdua e que toma tempo. Implica em diagnosticar as competências exigidas pelos cargos, e confrontá-las com as de seus ocupantes, suprindo as lacunas existentes através do estabelecimento e acompanhamento de planos de desenvolvimento “; concisos, específicos,mensuráveis, factíveis, voltados para resultados”;. E dou os parabéns pelo conceito A e nota 96.
* Professor doutor
debatef@debatef.com.br
Gazeta do Triângulo
http://www.gazetadotriangulo.com.br/site Produzido em Joomla! Criado em: 6 September, 2010, 16:41